Unloved Ones - Como aprender a se masturbar

Um conto erótico de Bryan
Categoria: Homossexual
Contém 2025 palavras
Data: 12/08/2018 20:41:10
Assuntos: Gay, Homossexual

Nós sempre guardamos para nós mesmos tudo que enfrentamos na vida. A primeira vez que gozamos, a primeira pessoa que beijamos, o primeiro homem que amamos... São tudo memórias que carregamos e continuaremos carregando ao longo de toda uma vida. Até que um dia o tempo nos consuma e nossas memórias cheias de segredos tão preciosos, sejam tão esquecidas quanto nós.

Então apresento a vocês, minha história de vida: Unloved Ones.

A ideia era ter um capítulo para cada homem que dormi, mas fui tão detalhista nos dramas da minha juventude que acabei estendendo demais os eventos em meio a minha descoberta do prazer, da masturbação e da aceitação. Eventualmente, todos eles pesaram em quem me tornei. Aviso aqui que esse capítulo será dramático, triste. Leiam se quiserem, não reclamem da tristeza depois nos comentários.

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Essa história é real. E acabo deixando para vocês momentos jamais compartilhados que vivi. Minha vida sempre cambaleou entre o bom e o ruim, tornando-se agridoce antes que eu pudesse antever. Com os homens que conheci e que vocês em breve conhecerão, vivi os melhores momentos e os piores.

Nunca fui do tipo que conseguia apenas transar; eu precisava ir fundo nas pessoas. Cada um desses homens arrancaram uma parte minha e eu amei ser despedaçado por eles. Nenhum deles poderiam me dar algo real e era isso que mais me atraía e apaixonava neles. A fuga impossível da realidade era sustentado pelo platonismo de meus romances.

Não me conceba errado, dormi com poucos, pouquíssimos, apesar dos muitos que me atraíram. O primeiro foi meu primo Daniel, mas minha história começa bem antes de nos envolvermos.

Era primavera de 2008, minha família era composta de meu pai, minha mãe, meu irmão quatro anos mais novo e eu, com dez anos na época. Tínhamos feito uma grande viagem em família, minha mãe anunciava ruidosamente para os parentes paternos sua nova gravidez, um motivo bom o bastante para que ela voltasse a viajar para o interior do Paraná rever os familiares após uma longa briga que teve com minha avó. O clímax? No mesmo dia que voltamos de viagem, minha mãe começou a passar mal e sentir um incômodo na garganta, em consultas na mesma semana descobriu que era um câncer maligno.

Eu pouco me lembro desses acontecimentos; era jovem demais para compreender a fatalidade das doenças apesar de temer mais que tudo perdê-la.

Eu sempre soube que gostava de garotos. Sempre via os homens na televisão e me atraía por suas belezas, via as mulheres sendo tocadas e protegidas por esses homens e gostava de me imaginar no lugar delas. Esses sentimentos, tão comuns desde minhas mais remotas memórias, era o intento da minha confusão. Era obrigado a crescer cuidando de meus modos e palavras, sorrindo quando me davam carrinhos e brincando por um dia com eles antes de largá-los. Um hétero jamais saberia o que é passar por isso desde criança, nem como é ouvir um comentário maldoso de suas tias sobre homossexuais quando você temia exatamente ser um. Nenhuma criança entende de sexualidade, nem em sexo, mas as afeições que temos por determinados gêneros já nos são silenciosamente oprimidos.

Crescemos ouvindo piadas sobre aqueles que amam o mesmo sexo quando não críticas abertas ao ver um casal de mãos dadas numa novela ou comercial. Aliás, não é pertinente ao conto, mas é uma memória que tenho guardado até hoje. Eu sentado na varanda da casa da minha avó materna enquanto ela conversava com sua irmã, ambas falavam sobre meu futuro.

_Ele poderia ser um estilistas_ Comentou minha avó.

_Não! Não são todos bichas?

Era algo inofensivo, impensado. No entanto, aquilo martelou na minha cabeça, o preconceito que definiria até minha profissão. Meu coração acelerava quando ouvia essas coisas ou quando via outros gays. Andava certo dia na rua, quando meu pai brigou comigo por rebolar. Oras! Eu nem sabia o que era rebolar!

E nesse ambiente de perigos e cuidados, comum a todos nós, creio, eu crescia. Crescia confuso e desejando ardentemente não ser diferente. Quando minha mãe descobriu a doença me perguntava tarde da noite enquanto todos dormiam se tinha sido eu o responsável. Era uma punição de deus? Um castigo?

Eu amava-a mais que tudo. Durante o decorrer do ano seguinte, 2009, entrei num colégio estadual, quinta série. Amorosamente minha mãe gostava de todo dia me ouvir compartilhar tudo que acontecia comigo estudante no colégio no centro. E todo dia eu acompanhava vagarosamente sua deterioração, sendo obrigado a deixá-la sozinha toda tarde enquanto ia estudar. Mas não sem antes abraça-la forte e sair de casa com a garganta apertada.

Deprimente? Mas essa é minha história de vida. Junto com a doença da minha mãe, veio as constantes visitas de famíliares e evangélicos da igreja da minha família. Não éramos frequentadores afinco de cultos religiosos, mas a fé de minha mãe aumentava conforme a doença e, exatamente como toda minha família paterna, ela se tornava ainda mais devota. Em meados do primeiro semestre de 2009, minha fez as primeiras cirurgias. Resultou num coma. Minha mente parece ter apagado minhas reações ao afastamento meu com ela, ou a duração do coma. Mas nitidamente me sobresai as visitas do meu pai, meu irmão e eu nos tratamentos de quimioterapia dela que sucederam seu despertar do coma. O cheiro de desinfetante, os médicos pelos corredores, os pombos nas ruas, as tardes tornando-se noites, o flanelinha atraente que eu observava enquanto esperava algumas vezes no carro. Tudo isso são fragmentos, espalhados por uma época de lutas da minha guerreira.

Foi nessas mesma época, em que minha casa vivia cheia de parentes, que uma tia do interior veio morar três meses conosco para ajudar a todos. Talvez seja minha memória mais clara daquela época, uma noite que ela dormia no chão em frente a minha cama, meu irmão em outra cama, e eu assistindo filmes de bruço no colchão. Mal entendia de masturbação, mas naquele ano comecei a ficar de pau duro enquanto via os homens. Uma evolução da atração que eu sentia, que naquela noite apresentou-me ao prazer.

Deitado de bruços, com o pau excitado, me remexia na cama enquanto via jovens sarados de filmes dos anos 90 passando na televisão. Meu pau escapou a cabecinha para fora da minha calça enquanto me esfregava no colchão, sentindo formigamento e pequenos choques percorrerem todo o meu pauzinho enquanto meus movimentos juvenis naquela cama aceleravam conforme meu desejo por tocar, sentir a pele, o contato, daqueles homens na televisão. Em segundos, um enorme choque se espalhou do meu pau para todo o meu corpo cansado.

Eu não sabia o que era aquilo, apenas queria repetir outras vezes o prazer imenso que tinha acabado de sentir pela primeiríssima vez. Nos dias seguintes, continuei a me mover pela cama, com cuidados para não ranger a madeira dela enquanto minha tia e meu irmão dormiam. Minha pélvis esfregava-se no colchão, como se ele fôsse o corpo de um homem ao mesmo tempo que imaginava em cima de mim, o corpo de um verdadeiro homem.

Não que eu quisesse sem penetrado, nem imaginava isso. Mas a coceira, a eletricidade emanando do meu falo me implorava pela sensação que um macho me passava. Sem malícia, apenas seu toque me levaria ao prazer. Ainda hoje, em raras ocasiões, me esfrego em meus lençóis, relembrando essa parte da minha infância enquanto me imagino novamente como uma mulher para um homem.

Na segunda noite com essas brincadeiras, mal acabei de chegar ao orgasmo quando minha tinha se remexe um pouco acordada no colchão estirado no chão ao lado da minha cama. Por um momento tento disfarçar, petrificado com a ideia dela ter acordado antes com meus movimentos e percebido o que eu fazia. Ou talvez a malícia do que eu fazia nem passasse pela cabeça dela, afinal, eu tinha apenas dez para onze anos ainda. Era uma criança.

Meu tesão ficava ainda maior com o passar dos meses. Muitas vezes eu queria ainda de dia repetir aquela sensação, sem nem imaginar que ela se chamava masturbação. Em desespero com o tesão que me acumulava, eu chegava a pegar minha toalha e me esfregar com ela no chão do banheiro tentando alcançar as sensações que tinha a noite na cama. Funcionava um pouco, mas era em vão. Nunca chegava ao orgasmo desse modo bruto de repetir minha experiência de prazer.

Em novembro, minha mãe estava ótima. Em casa, parecia uma normalidade apesar dela ainda ficar muito em repouso. Parentes continuavam ajudando nos afazeres domésticos enquanto ela parecia ganhar ânimo a cada semana. Eu tinha parado de ir a escola antes do fim das aulas, afinal, minhas notas eram ótimas e não precisava comparecer até o último dia. Aproveitava esses momentos para, por vezes, brincar com meu vizinho. Ele era um ou dois anos mais novo que eu, mas tinha tanta malícia quanto. Eu tocava em seu pau, ele minha bunda. Tentava por vezes encaixar seu pequeno pinto na minha pequena bunda. Mas com o tempo, nos distanciamos e nunca mais nos falamos. Foram apenas pequenas brincadeiras, nada sério. Hoje o vejo na rua, mas somos como estranhos se cruzando.

A semana do natal era minha época favorita. Amava o espírito natalino. Tinha comprado um pequeno presente para meu irmão, um simples brinquedo de uma loja de 1,99. Mas era importante, especial. Havia embrulhado e daria para ele no natal, como nos filmes e seriados e em qualquer família normal. Apesar de evangélicos, meus pais não ligavam muito pelas euforias de natal do meu irmão e eu. Enfim, foi quando subitamente minha mãe piorou.

Não faço ideia do que ela sentiu, apenas me lembro dela indo naquela semana para o hospital acompanhada por meu pai e pelos parentes. Ela mal entrou no hospital e já foi internada, eu a vi um pouco. Seu câncer havia se espalhado.

Me lembrei do começo do mês. Ela havia limpado seu guarda-roupa e dado para mim sua pasta cheia de seus desenhos tão caprichosamente feitos e colecionados durante toda uma vida. Me lembrei da carta que escrevi emocionado na semana seguinte, implorando por um perdão a ela por algo que eu nem mesmo havia feito. Perdão por ser um filho ruim, por desobedecê-la… Droga, estou escrevendo e chorando. Perdão por dezenas de coisas. E talvez fosse uma forma de pedir perdão por ser gay. Eu sabia que a decepcionaria se ela soubesse que eu não era quem ela esperava. Falhar com ela seria falhar na minha vida.

Sua reação a minha carta foi tão emotiva quanto a minha ao escrevê-la. Ela me abraçou forte e ambos nos emocionamos nos braços um do outro. Ela disse que não havia nada para me perdoar. Que me amava. E eu a amava.

Dia 24 de dezembro de 2009 eu fui ver ela no hospital junto com meu irmão. Ela estava péssima. Mas tão forte! Tão determinada por mim. E eu sei hoje que ela sabia como isso acabaria tanto quanto eu no meu subconsciente. Vou morrer com a lembrança de eu abraçando seu corpo tão magro e frágil pelo câncer. Das lágrimas dela e do quanto implorei para ela não me abandonar. Implorei tanto! Ela me confortou. Deus, estou completamente em lágrima, isso será deprimente para vocês lerem. Vocês vão odiar eu estar contando tudo tão detalhado, mas essa é minha vida e tudo que lhes conto são uma versão minha de eventos que me marcaram e que não são compartilhados com ninguém nem mesmo na minha morte.

No natal de 2009 ela morreu. Acordei com a notícia e quando vi meu pai emocionado na minha cama tentando encontrar palavras, eu já sabia o que ele queria dizer. Naquele natal eu não abri presentes nem meu irmão. Nem nos lembramos disso. É tudo um borrão.

Assim que chegou janeiro, viajamos para o interior, visitar a família do meu pai. Era uma cidade pequena aquela. Não trago dela nem uma única memória boa. Mal sabia eu que estava para sentir em pouco tempo o corpo de um homem. Ter a sensação de segurar um pau pulsante e quente e enorme nas minhas mãos. Aprenderia aquilo que jamais imaginei fazer: sexo.

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Comentários

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Muito tocante o teu texto. Vc conseguiu, por pequenos detalhes, por coisas desimportantes para os outros que viveram aquilo contigo, transmitir toda a confusão e culpa que vai sendo construída aos pouquinhos nas nossas cabeças e que, creio eu, todo gay viveu antes de descobrir-se - e, em geral, tendo de descobrir sozinho. Muito bonito.

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forte emotivo e sensual,me responda sua mãe estava gravida quando ficou doente,ela perdeu o bebe?

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Bryan, tua narrativa é forte, cheia de coisas que não ousamos dizer por aqui. Mas, fiquei cheio de emoções com a tua coragem de se "despi" assim. Um preâmbulo é sempre bem-vindo. Eu gosto disso de chegar devagar, sem ir direto ao sexo, histórias de vida são sempre dignas de leituras atenciosas. Continue, por favor...

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Prevejo todo mundo odiando essa história por toda a tristeza e drama. Então se você gostou, apesar desses poréns, deixem um comentário. É minha história de vida! Seria bom alguém ter lido e se emocionado ou passado por coisas parecidas ou simplesmente ter gostado de conhecer essa parte tão íntima minha. Estou escrevendo o próximo capítulo, "Unloved Ones - Como perder a virgindade com seu primo". Ela será mais picante, afinal, é sempre um prazer falar sobre o primo pauzudo dois anos mais velho. Já adianto, ele é o clichê de todo gay; hétero, dotado, filhinho de um pai rico e, claro, meu parente. Minha sincera gratidão pra quem leu até aqui e que me descobriu um pouco mais.

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