Escrito em Azul - Capítulo 26

Um conto erótico de Gatinha 007
Categoria: Homossexual
Contém 1562 palavras
Data: 10/04/2018 23:33:43

O domingo chegou e Anna-Lú esteve o tempo todo com Marina, finalmente chegara o grande dia do noivado, o jantar correu feliz e esses momentos de descontração e amor no ar serviram como bálsamo para a relação Carol e Anna-Lú. Depois disso passou-se quase um mês sem que Maggie as perturbasse, o que deixou Carol um pouco mais tranquila naqueles dias. Pois, por mais que tentasse jamais conseguia enfrentar a mãe de fato, todas as vezes que Maggie decidia humilha-la alcançava seu objetivo sem muito esforço, pois ao que parecia a inercia que se instalava em Carol era como um vírus destrutivo, um câncer que a paralisava roubando-lhe todas as forças e principalmente sua dignidade.

Em uma sexta-feira pela manhã, Anna-Lú e Carol concentraram-se em tarefas diferentes, e por isso, não se viram. Carol retornou primeiro a sala da presidência e Miguel avisou-a de seu compromisso em levar Alicia para a retirada do gesso. Deixando um bilhete sobre a mesa de Anna-Lú, Carol rumou para a clinica onde Flávia e Alicia a encontrariam. Depois de todos os procedimentos e recomendações médicas Alicia finalmente estava livre do gesso, ainda sentia a perna formigar, mas tudo dentro do esperado. Decidiram almoçar juntas e aproveitar a carona da mãe e fazer uma visita para Anna-Lú, pois Alicia estava doida para mostrar a novidade a ela.

Carol saiu do elevador com Flávia e Alicia logo atrás. Dirigia-se ao inicio do corredor que levava a sala da presidência quando viu Henning olhando em sua direção, Henning avistou Carol ao mesmo tempo. E começou a caminhar até ela numa empolgação quase palpável, Carol sentiu um arrepio como de um mau presságio percorrer sua espinha. Alarmada, Carol estacou. Podia ver e ouvir seu ex-noivo se aproximando cada vez mais, se retraiu ao pensamento do que Henning poderia fazer assim que a alcançasse.

Quando Henning venceu a distância entre eles, parou em sua frente. Carol encarou seu ex-noivo o olhando de modo interrogativo. Sem emitir aviso algum Henning avançou suas mãos ao contorno da cintura de Carol, a suspendeu e rodopiou com ela no ar exibindo uma gigantesca felicidade. Ao notar novamente seus pés no chão, Carol sentiu-se aliviada, mas logo seu alívio se converteu em terror assim que sentiu os lábios de Henning pressionando os seus. E como desgraça pouca é bobagem, a sua veio de malas e cuias. Não demorou muito para que escutasse a voz de Anna-Lú logo atrás de si.

— Por bondade, será que poderia ajuda-los, oferecendo um local um pouco mais reservado? — perguntou Anna-Lú num tom que pareceu muito educado para Henning que apenas sorriu, mas que para Carol era totalmente sarcástico. Um misterioso silêncio desceu sobre a recepção da Síntese Publicitá. Se dando conta do constrangimento iminente Alicia resolveu intervir.

— Porque não vamos todos até a sua sala mamãe? — perguntou. Carol saiu daquele estado de “demência” em que se encontrava e tratou de conduzir a todos até sua sala. Era mais que evidente o desagrado de Anna-Lú em ter que acompanha-los.

Ao adentrarem a grande sala até mesmo o costumeiro alvoroço de falas e mais falas cessou, o único que sorria o tempo inteiro era Henning. Foi necessário muito autocontrole por parte de Carol para continuar ali, mas aquilo era preciso depois conversaria com Anna-Lú e esclareceria as coisas com ela, coisas essas que nem para si estavam claras. Perguntas como “O que Henning pretendia estando ali?”.

— Estou contente por ter me enviado um recado com seu endereço, vim assim que cheguei de Milão — disse Henning em um português carregado de um sotaque estrangeiro, acomodando-se em frente à mesa de Carol — Desculpe por tê-la agarrado assim no meio da recepção, mas é que eu estava a morrer de saudades — completou sorrindo e Anna-Lú notou um súbito rubor no rosto de Carol.

“É impressão minha ou dentes dele até brilham quando sorri pra Carolina?”, pensou Anna-Lú totalmente enciumada. E enervou-se mais ainda quando o sujeito descaradamente cortejava sua namorada tirando de sua carteira uma fotografia.

— Aqui está uma fotografia nossa que guardo com muito carinho, lembra-se Car? Era nosso passeio favorito quando íamos a Paris — falou olhando-a nos olhos — visitar a Torre Eiffel! — dizia com os olhos brilhando.

— Sim — respondeu seca e realmente incomodada com aquela conversa. Aquilo para Anna-Lú foi o fim da picada já não aguentava mais ficar ali, e dar um escândalo ou rodar a baiana estava fora de cogitação, jamais brigara por mulheres, elas é que o faziam por ela, mas ali era diferente. Sentia-se diferente. “Melhor eu me retirar antes que perca a paciência”, pensou.

— Bom, se me dão licença vou me retirar, parece que vocês têm muito a conversar e eu preciso revisar alguns trabalhos — falou Anna-Lú juntando alguns papéis de sua mesa. Enquanto isso Flávia e Alicia apenas observavam divertidas, toda aquela cena.

— Oh sim, desculpe não fomos apresentados — Henning apressou-se em dizer e levantou estendendo a mão para Anna-Lú e prosseguiu — eu sou Henning Andersen, noivo da Carolina. “N-OIVO?? COMO ASSIM NOIVO?? PODE ISSO PRODUÇÃO??”, pensou. Aquilo soou como uma dinamite que implodiu as estruturas de Anna-Lú.

— Como?! Não é bem assim – levantou-se Carol apressada.

— Não se preocupe você não tem necessidade de explicar-me nada “Car” — Anna-Lú respondeu ironicamente deixando a sala rapidamente. Obviamente, Anna-Lú sentia-se irritada com aquela situação, não podia crer que Carol havia escondido algo tão sério a respeito de sua vida, já estavam se relacionando a mais ou menos três messes e falar que tem ou teve um noivo é algo realmente importante de ser dito. Mas, antes que sua cabeça explodisse decidiu mergulha-la no trabalho, pois este sim lhe trazia muito mais prazer do quê decepção.

Já era bem tarde quando Anna-Lú voltou a Agencia, praticamente todos os funcionários já haviam saído, caminhou calmamente até sua sala, acreditando que Carol a esta altura já teria ido embora. Respirou aliviada, mas ao mesmo tempo desapontada por estar certa, já que não viu as coisas de Carol “Onde será que ela foi, ou melhor, com quem?”, era inevitável não imaginar baboseiras. Sentou recostando-se em sua cadeira e ficou pensativa, embora devesse ir também, quis ficar ali sozinha por mais alguns minutos. Pouco tempo depois, seu telefone toca, era Carol. Deixou que chamasse até cair na caixa postal, ligeiramente sentiu necessidade de não falar com ela logo de cara, deixou que isso acontecesse por mais cinco vezes até sentir que precisava atender, mas sem muito entusiasmo para que isso acontecesse. “Se ela ligar novamente eu atendo”, pensava. Logo seu telefone voltou a vibrar. Era Marina, para decepção de Anna-Lú.

— Oi Anna-Lú, já tá em casa? Estou preocupada com você, o Caio comentou que apareceu um “tal de noivo” da Carolina aí, isso é verdade? — perguntou Marina tão logo Anna-Lú atendeu.

— Oi Mari, é verdade sim, mas essa bicha é mesmo um “fifi”! — exclamou Anna-Lú.

— Dá um desconto, ele apenas preocupa-se com você não fique brava com ele. Mas, me fala como você está de verdade? — insistiu Marina.

— Bem — disse Anna-Lú suspirando — Você me conhece melhor que ninguém e sabe o quanto é fácil para eu tirar conclusões precipitadas quando se trata das coisas do coração e pra falar a verdade não sei de muita coisa, apenas que o tal Henning se apresentou como noivo dela e ela nem sequer o negou.

— Então a coisa é séria — ponderou Marina. — Mas, acho que o mais importante é que vocês conversem sobre isso, eu sei que agora é bem mais difícil, já que você está apaixonada, com qualquer outra você não daria à mínima, mas com ela é diferente não é?

— Se é! Eu sei que é bobagem, mas me sinto realmente afetada... Quando nos conhecemos ela comentou sobre ter rompido com um namorado antes de voltar ao Brasil, então não liguei pra isso, agora eu já não sei de mais nada. A principio eu não quis acreditar, e olha que eu o vi dar um beijo nela bem no meio da recepção, mas quando ele disse “SOU O NOIVO DA CAROLINA” e ela nem pra dizer que não era verdade, nossa... Foi um desapontamento total Mari — falava Anna-Lú com certo rancor em sua voz.

— Eu posso imaginar, mas é preciso calma nessas horas amiga. Vá para casa e descanse, amanhã é outro dia e aí você procura ela de cabeça fria, está bem? Quer que eu vá te buscar? — perguntou Marina.

— Não precisa, estou de carro, mas mesmo assim, obrigada. E pode deixar, já vou sair daqui, e vai lá que eu já ouvi o estressadinho do teu noivo a te chamar, beijos Mari e boa noite — respondeu.

— Boa noite cuida-te e até amanhã! — desligou.

Em um esforço para afastar os pensamentos do desconforto que estava sentindo, Anna-Lú reviveu a lembrança desses meses em que estivera apenas com Carol, todos os detalhes que ela aprendera amar em Carol, o sorriso, a determinação, a inteligência, o andar sexy, sorriu com este pensamento. E principalmente o olhar do mais infinito azul que já tivera oportunidade de vislumbrar. Fechou os olhos a imaginar aquele mar azul tão doce que amou desde a primeira vez. Abriu os olhos e encontrou do outro lado da sala a mesa impecavelmente organizada e... Vazia. Anna-Lú suspirou enquanto era ofuscada por algumas lágrimas teimosas que encheram seus olhos “Ora, ora dona Anna Luiza Garcia, quem diria que você iria virar uma dessas garotinhas ‘sentimentalóides’” falava para si mesma enquanto se preparava para ir embora.

Continua....

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Comentários

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Mto Bom continua.. saudades dos seus contos.

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