Descobrindo o amor (87)

Um conto erótico de Dr. Romântico
Categoria: Homossexual
Contém 5227 palavras
Data: 10/02/2018 15:03:00

Guigo, Pois é, se tem um jeito dela descer o nível, pode ter certeza que ela vai descer.

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Ana&dres., acho que esta bem fácil adivinhar quem é a pessoa misteriosa. Essa pessoa só apareceu uma única vez, no primeiro capítulo. Que bom que você acha isso da história, a ideia é exatamente essa, fazer os leitores sentir e viver o que esta acontecendo. Fico feliz de ter conseguido isso.

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Geomateus, Pois é, você acha mesmo que ela teria um pingo de escrúpulo? Os grandes vilões são o Marcelo e a Alice. O Marcelo que foi o responsável por ter inventado o falso Guilherme e ter infernizado a vida do Antônio, já a Alice foi a responsável por infernizar o Rodrigo.

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VALTERSÓ, fundamente seu comentário. Esse capitulo foi um pouco menor até porque a história já está próxima do final, não adianta eu escrever capítulos enormes, a maioria só lê as últimas linhas mesmo.

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Plutão, pois é, ela esta acuada, então esta atirando pra todos os lados. Já defini o final da Alice e acho que será maravilhoso. Mas antes disso ela dará sua cartada final e nem preciso dizer o que ela vai fazer né? Ou pelo menos tentar fazer.

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Bruno Del Vecchioo, ela vai aprontar até ter o final merecido. Obrigado pelo elogio e que bom te encontrar novamente aqui.

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neterusso, a ex esposa do Rodrigo esta morta. Se a pessoa é realmente o ex marido da Maria, trazer ele de volta servira para tumultuar a vida do Rodrigo, do Antônio, dos pais, qualquer coisa que prejudique eles pra Alice já é motivo de vitória. Ele não pode ser preso, pois ele já foi condenado por ter esfaqueado a Maria, quando a Cris e o Bruno desvendaram que o Antônio e o Rodrigo eram irmãos, eles foram a delegacia e viram a ficha do pai deles, onde dizia que ele tinha sido preso um tempo depois. Os documentos que você se refere são referente ao pai deles, afinal ela precisou investigar onde ele estava, morava, pra poder traze-lo de volta. Grande abraço.

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A pessoa deu um sorriso, estendendo a mão para Rodrigo.

Meio desconfiado Rodrigo esticou o braço, apertando sua mão.

Antônio estava próximo dali brincando com algumas crianças e ao ver a cena ficou paralisado, sentindo uma onda de medo dominar todo seu corpo.

Rodrigo permanecia com sua mão sendo apertada, começando a ficar sem graça.

Rodrigo – Desculpa, mas nós nos conhecemos?

- Nossa, você está tão diferente Guilherme.

Ele nem teve tempo de ter a sua resposta.

Como uma leoa Maria avançou sobre os dois, empurrando o filho para trás, desfazendo aquele contato físico.

Maria – Saia de perto do meu filho, seu monstro!!!!

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Capítulo 87

Tremendo muito Maria se colocou a frente de Rodrigo, tentando protege-lo como se ele fosse um garotinho indefesso, enquanto encarava aquela pessoa nada desconhecida.

- Como vai Ana?

Maria – Saia de perto do meu filho.

Antônio foi tomado por uma sensação horrível, como se o ar fosse lhe faltar a qualquer instante.

Ao ver o estado de pânico do amigo Cris começou a ficar preocupada.

Cris – Tonio, o que houve? Você está branco.

Antônio não disse nada e antes que suas forças sumissem ele foi rapidamente para fora da casa, na tentativa de conseguir respirar ou de achar que tudo aquilo não passasse de um terrível de pesadelo.

Respirando ofegante Antônio, imediatamente as terríveis lembranças da sua infância vieram à tona como se fosse um avalanche prestes a derruba-lo.

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- Sai daqui moleque.

Antônio - Não bate nela.

Ana - Volta pro quarto filho, leve seu irmão.

Antônio - Vocês estão brigando. Não machuca a mamãe.

- Já mandei sair daqui sua peste.

Guilherme correu chorando para o quarto enquanto Antônio, sem ação, olhava nos olhos do pai, que estava prestes a lhe espancar também. Mesmo sentindo fortes dores, Ana levantou-se, jogando-se contra o marido, defendendo o filho como uma leoa defende seus filhotes.

Ana - Foge Antônio, corre meu filho.

Antônio parou na porta da rua, olhando para a mãe, e chorando muito viu seu olhar de desespero. Suas mãos já estavam cheias de sangue mas o pior foi quando seu pai ergueu o braço, empunhando aquela faca, descendo com tudo sobre Ana.

Tampando o rosto com as mãos, não teve coragem de olhar aquela cena, apenas escutou o grito abafado da mãe e com muito medo saiu correndo naquela escuridão, descendo pelas vielas daquela favela, enquanto a água da chuva se misturava com suas lágrimas.

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Cris foi atrás do amigo e ficou apavorada ao ver seu estado.

Cris – Meu Deus, o que houve com você? Você está suando, está tremendo muito.

Cris – O que aconteceu? Você conhece aquele homem que foi falar com o Rodrigo?

Cris – Fale comigo Antônio!!

Cris – Espera, espera, eu estou reconhecendo ele...

Cris – Ele...

Com o rosto assustado e os olhos lacrimejando, Antônio olhou para a amiga.

Cris – Aquele homem...

Antônio – Aquele homem é o meu pai.

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Rodrigo – Calma mãe, se acalme.

Maria – Saia daqui seu monstro, saia daqui!!!

- Que isso Ana...

- Eu te procurei tanto Guilherme.

Rodrigo não entendia nada e ficou ainda mais confuso quando o homem lhe chamou por Guilherme.

Rodrigo – Porque você está me chamando por esse nome? Quem é o senhor?

Bruno também começou a se lembrar do rosto daquele homem.

Bruno – Espera, eu estou lhe reconhecendo...

Adorando a confusão, Alice tomou as rédeas da situação, disposta a dar seu grande show.

Carlos e Stela notaram e confusão e se aproximaram deles.

Alice – Você quer saber quem é esse homem?

Alice – Esse senhor aqui é o seu pai.

Rodrigo olhou para Maria, que ainda estava a sua frente, tentando lhe proteger.

Rodrigo – Meu pai??

Alice – Seu pai, seu verdadeiro pai.

Alice – Esse é o grande presente que lhe dou nesse dia tão especial, o seu pai.

Carlos – Pare com isso Alice!!!

Rodrigo – Mãe, o que ela está falando?

Maria – Eu vou te proteger meu filho.

- Eu te procurei tanto meu filho.

O homem tentou toca-lo mas Maria avançou sobre ele.

Maria – Saia daqui seu assassino.

- O que é isso Ana, eu já paguei pelos meus erros.

Maria – Va embora daqui Laercio.

Alice – Mas como assim? Você não vai dar nem um abraço no seu pai Rodrigo?

Maria estava totalmente descontrolada, Rodrigo ficou surpreso com aquele homem a sua frente mas no momento sua maior preocupação foi com o estado de saúde da mãe.

Rodrigo – Calma mãe, você não pode ficar nervosa.

Maria – Não deixa essa coisa se aproximar de você meu filho, prometa.

Laercio – Você não tem o direito de falar assim comigo Ana, eu já paguei toda minha dívida com a justiça.

Laercio – O Guilherme é meu filho e o procurei por todos esses anos.

Maria limpou as lagrimas e olhando sério para o ex marido, tomando uma atitude que chocou todos naquela sala.

Maria – Você já pagou pelo que fez?

Maria abriu parte do seu vestido na região da barriga e exibiu seu abdômen todo mutilado, deixando todos horrorizados.

Maria – Olha o que você fez comigo!! Mas ainda assim isso aqui não é nada por todo mal que você causou para os meus filhos.

Alice – Que estrago hein!!! Essa sua família é da pá virada hein maninho.

Alice não perdia a chance de tripudiar, não importava quem fosse a vítima.

Carlos – Chega!!!

Carlos puxou a filha com tanta força a ponto de machucar seu braço.

Carlos – Vá para seu quarto agora se não eu te dou uma surra na frente de todos.

Alice – Tudo bem, já dei o meu presente, agora façam bom proveito.

Maria começou a passar mal e Rodrigo a levou para um quarto.

Enquanto isso a criançada se divertia na parte externa, alheia a todas aquelas confusões.

Cris – Toma essa água, vai ficar tudo bem!!

Antônio – O que ele está fazendo aqui?

Antônio – Na época que eu procurava o Guilherme, fui a delegacia e vi a ficha dele, mas só de pensar em procura-lo me revirava o estomago.

Antônio – Mas agora ele está aqui? Como ele veio parar aqui? E minha mãe? Ela deve estar muito nervosa.

Cris – Calma, você está nervoso. Você precisa se controlar primeiro pra depois ajuda-la.

Cris – Mas eu consigo muito bem imaginar como ele veio parar aqui nessa casa.

Cris sentou-se de frente para Antônio, segurando seu rosto.

Cris – Poxa meu amigo, você não superou mesmo todos esses seus medos né?

Cris – Mas Tonio, já passou. Você é um adulto, feliz, inteligente, esse homem não pode fazer nada contra vocês.

Cris – Você não é mais aquele menino indefeso, você é um homem, forte, e com muito amigos pra lhe proteger.

Antônio se acalmou mas sabia que estava prestes a enfrentar um dos seus maiores medos.

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Carlos – Eu não quero ver você fora desse quarto.

Alice – O que foi pai? Ficou com ciuminho por que o Rodrigo finalmente conheceu o pai dele de verdade, o homem que botou ele no mundo?

Carlos – Não me desafie Alice, você extrapolou todos os limites.

Carlos – Você viu o estado da Maria? Esse homem é um bandido.

Alice – Então você deveria ter pensado mil vezes antes de trazer pra dentro dessa casa o filho de um bandido.

Carlos saiu do quarto e sem mostrar nenhum arrependimento Alice começou a sorrir, gargalhando sem parar.

Alice – Meu Deus, eu sou o máximo.

Alice – Pelo menos animei essa festinha careta.

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Rodrigo levou Maria até seu antigo quarto. Stela e Telma foram juntas, ficando a disposição para qualquer emergência

Rodrigo – Fique calma mãe.

Maria – Prometa que você não vai chegar perto daquele homem e nem deixar que ele se aproxime de você.

Maria – Ele não presta.

Telma – Você precisa se acalmar Maria.

Stela – Eu não vou deixar que ele se aproxime do Rodrigo, eu lhe prometo.

Maria apertava a mão do filho, tentando segura-lo a qualquer custo.

Rodrigo – Ninguém vai fazer nada contra mim mãe.

Maria ficou calma, ao ver que Rodrigo não tinha sido influenciado pelo jeito de coitado que o ex marido aparentou ter.

Maria – Ele é perigoso.

Stela – Temos seguranças nessa casa, não vai acontecer nada.

Telma – Tome esse calmante, você vai se sentir melhor.

Maria começou a ficar calma, sem parar de repetir para o filho não se aproximar de Laercio.

Rodrigo – EU já lhe prometi e outra eu sei me cuidar.

Maria arregalou os olhos, voltando a ficar assustada.

Maria – Cadê o Antônio?

Maria – Rodrigo, proteja seu irmão.

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Com a confusão na sala, Laercio foi para o escritório de Carlos e ficou olhando as fotos de Rodrigo e também a decoração luxuosa da casa.

Ele contava que Alice aparecesse para ajudá-lo em uma nova reaproximação com Rodrigo.

Distraído enquanto se deslumbrava com todo aquele luxo, nem percebeu que não estava mais sozinho naquele lugar.

Laercio – Ah, me desculpe, não vi você entrar.

Laercio – Estou esperando a mocinha que me trouxe aqui, Alice o nome dela.

Antônio estava sério, com o coração acelerado, enquanto encarava o pai falar daquele jeito todo bondoso.

Laercio – Não tem problema eu ficar aguardando aqui né?

Laercio – Só queria conversar melhor com o meu filho. Onde será que o Guilherme está?

Antônio não respondia nada, mantendo aquele olhar sério, e afastado ao máximo dele, como se o pai tivesse um doença contagiosa.

Laercio – O que foi?

Laercio – Eu não estou fazendo nada, só estou aqui esperando...

Laercio olhou para Antônio e sua feição foi mudando, ficando mais sério.

Laercio – Você é o Antônio, não é?

Antônio – O que você está fazendo aqui?

Diferente do entusiasmo que teve ao ver Rodrigo, Laercio tratou Antônio de maneira normal, sem grandes alardes.

Laercio – Como vai meu filho?

Antônio – Eu não sou seu filho. Assassino!!!

Antônio se armou até os dentes, deixando claro o seu sentimento pelo pai.

Laercio – Antônio, tudo que aconteceu é passado. Eu já paguei pelo o que eu fiz e já até perdoei sua mãe por ter escondido o Guilherme todos esses anos..

Laercio – Digo, por ter escondido vocês dois, meus filhos.

Antônio – Perdoar minha mãe? Eu não estou acreditando no que estou ouvindo.

Laercio – Nos éramos jovens, eu bebia, estava desempregado, daí você um dia acaba perdendo a cabeça e faz uma bobagem.

Antônio – Bobagem? Você chama de bobagem o que você com a minha mãe?

Antônio – Você é um assassino, um rato de esgoto que deveria estar mofando dentro de uma cadeia.

Laercio mudou seu olhar, olhando com raiva para o filho. No mesmo instante Antônio recordou daquele olhar, era o mesmo que sempre lhe causou medo na infância, o mesmo olhar que sempre estava estampado no rosto do pai quando ele chegava bêbado e espancava a mãe.

Laércio – Me respeita, seu moleque, eu sou seu pai.

Diferente de quando era criança e morria de medo do pai, Antônio estufou o peito e finalmente disse tudo que estava a 30 anos engasgado em sua garganta.

Antônio – Você não é meu pai.

Laercio – Embora você deteste essa verdade, eu sou seu pai e se você existe hoje é porque eu coloquei você no mundo.

Antônio – Eu te renego. Eu sinto desprezo por você.

Laercio – Tudo bem, eu também nunca morri de amores por você.

Laercio – E olha que sempre quis ter um filho homem. Mas sua mãe te estragou, sempre mimando, sempre de frescurinha.

Laercio – Eu via você crescendo e não me reconhecia em você. Até que ela ficou gravida do Guilherme.

Laercio – Eu ia fazer diferente, criar ele do meu jeito, ensinar ele ser forte, a ser mais parecido comigo.

Antônio – Se minha mãe fez tudo isso, então é mais um motivo pra eu ama-la ainda mais.

Antônio – Eu iria detestar ser parecido com você.

Antônio – E tem mais, o Guilherme não existe mais. O nome do meu irmão é Rodrigo e sinto lhe informar, mas ele não tem nada que faça lembrar o seu caráter.

Laercio – Cale a boca, não me desafie moleque.

Laercio – Eu andei sabendo de tudo que aconteceu com vocês, aquela mocinha, a irmã dele me contou sobre vocês.

Laercio – Eu devia ter adivinhado só de olhar pra você que eu ia ter um filho veado.

Laercio – Se eu soubesse disso eu te jogava na primeira lata de lixo antes mesmo da sua primeira mamada.

Laércio – Se eu tivesse te criado eu teria te curado dessa sem vergonhice, nem que fosse de baixo de porrada.

Antônio passou a mão nos olhos, limpando as lágrimas.

Laercio – E você não se contentou em ser um indecente e ainda arrastou o seu irmão pra esse pouca vergonha.

Laercio – Mas agora eu estou aqui e vou ensinar ele a ser homem, a ser como o pai dele, como o pai de verdade dele.

Antônio – O que você tem a ensinar pra alguém?

Antônio – Como você tem coragem de voltar depois de tantos anos e agir como se nada tivesse acontecido?

Antônio – Você disse que ama tanto o Guilherme mas você sabe como ele foi encontrado depois da covardia que você fez?

Antônio – Ele estava no chão, atrás de uma porta em estado de choque, com as mãos, o rosto sujo com o sangue da nossa mãe, em estado de choque ao vê-la daquela jeito.

Antônio – Ele ficou meses sem falar por causa desse trauma.

Antônio – E eu??? Você sabe o que aconteceu comigo? Claro que não né? E nem interessa, mas eu vou falar.

Antônio – Eu fiquei semanas perambulando pela rua, sozinho, com medo, com fome.

Eu cheguei a ser adotado por uma família, que me maltratou e fui novamente parar em outro orfanato.

Antônio – Eu cresci sozinho, sem minha mãe, sem meu irmão.

Antônio – EU até hoje tenho pesadelos daquela imagem da minha mãe levando aquelas facadas.

Antônio – Você tem ideia do que é ser uma criança de 5 anos e passar por tudo isso?

Antônio – Você tem ideia do tamanho do mal que você me causou? Do tanto que você me fez sofrer?

Antônio estava muito emocionado, chorando enquanto falava todas aquelas coisas.

Mas surpresa maior foi a reação de Laercio que não esboçou nenhum tipo de compaixão com o sentimento do filho.

Antônio – Você tinha que cuidar de mim, eu era uma criança. Você me batia, você fazia eu ter medo de você.

Laercio – Realmente você é um fraco Antônio.

Laercio – Você puxou mesmo a sua mãe.

Antônio – Não fala a minha mãe.

Antônio – Você não tem moral pra falar nem da pior pessoa que existe na face da terra.

Antônio foi para cima do pai, ficando cara a cara com ele.

Antônio – Porque você não é gente.

Antônio – Você é um lixo, um monte de merda, você é a escória.

Laercio – Olha como você fala comigo.

Antônio – Aquele menino que morria de medo de você, dos seus gritos, não existe mais.

Antônio – Porque hoje você é um velho, um fracassado, uma pessoa que se morrer agora não irá fazer falta pra ninguém.

Laercio – Eu já lhe avise, meça suas palavras pra falar comigo, eu ainda sou seu pai.

Antônio – EU odeio você, odeio você por tudo que você contra a minha família.

Antônio – Eu queria que você morresse.

Laercio se transformou e estendeu a mão para agredir Antônio.

Sua mão ficou presa no ar e no mesmo instante o velho olhou para trás e viu Rodrigo, que segurava seu braço.

Rodrigo – Experimenta tocar em um fio de cabelo do meu irmão e eu arrebento você.

Laercio ficou sem graça ao ver o filho e Carlos que estava logo atrás.

Laercio – O Antônio me disse coisas. Ele desde criança gostava de me desafiar.

Laercio – Guilherme, nós precisamos conversar.

Laercio – Eu estava com tanta saudade de você filho.

Rodrigo – Não existe nenhum Guilherme.

Rodrigo – Meu nome é Rodrigo Santarém.

Rodrigo – Filho de Ana Maria Pereira e Stela Santarém.

Rodrigo – E meu pai, meu único pai, se chama Carlos Santarém, o homem que me criou desde pequeno.

Rodrigo se aproximou de Antônio e o abraçou.

Carlos – Saia dessa casa, você não é bem vindo aqui.

Rodrigo – Vai embora, você já fez mal de mais pra nossa família.

Laercio – Você tem que me ouvir Guilherme. Você precisa ouvir a minha versão da história.

Laercio – Eu estou velho, doente, eu preciso de sua ajuda.

Laercio – Eu...

No mesmo instante apareceram dois seguranças e Laercio não teve opção se não sair com o rabo entre as pernas.

Laercio – Não pense que eu desisti de você. Eu sou seu pai e ainda temos muito o que conversar.

Sozinho com Antônio, Rodrigo voltou a abraça-lo.

Rodrigo – Está tudo bem agora.

Antônio – Eu falei pra ele tudo que eu tinha vontade de falar.

Rodrigo – Eu sei, eu escutei.

Antônio – Nós não somos como ele Rodrigo, nós somos diferentes.

Rodrigo – Não vamos deixar que isso estrague nosso dia. Hoje é dia de festa.

Antônio – Mas já estragou.

Rodrigo – Só vai estragar se nós deixarmos.

Antônio – Cadê a mãe?

Rodrigo – Tomou um calmante e dormiu.

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A festa ainda rolava mas ainda tinha muita coisa pra acontecer.

Alice estava linda e leve no sossego do seu quarto, quando a porta quase foi arrombada.

Alice – Mas o que é isso?

Cris – Você não achou que ia escapar de mim, achou?

Alice – Saia do meu quarto agora.

Cris – Eu fico me perguntando que espécie de monstro é você.

Cris – Tudo tem limite garota, você desceu baixo demais.

As palavras de Cris nem afetava Alice, que ficou o tempo todo com um sorriso debochado.

Cris – Trazer aquele assassino do ex marido da Maria pra vir até aqui, numa festa de criança. Você tem noção do que fez?

Cris – A Maria está doente, você não tem a menor consideração pelos outros, não tem respeito, compaixão.

Simone apareceu no quarto e ficou na porta assistindo a discussão.

Alice – Ai não estou com a menor paciência pra esse papinho. Era só o que faltava, uma cabelereira da periferia vir me dar lição de moral.

Alice – A Maria está doente, tadinha!! Será que ela morreu?

Alice voltou a sorrir e não fazendo nenhuma questão de manter o controle, Cris partiu para o ataque.

Cris – Você é muita vagabunda.

Cris foi para cima de Alice, esbofeteando sua cara.

Alice sentiu a face queimar, ficando tonta, quase caindo no chão. Ao ir pra cima de Cris, levou outra bofetada, mais forte ainda, a fazendo cair no chão.

Cris – Minha mão estava coçando a tempos pra enfiar nessa sua cara de biscate.

Alice estava no chão, com a mão no rosto.

Alice - Eu vou chamar os seguranças.

Cris – Você só aprende mesmo na base da porrada né.

Alice saiu correndo do quarto mas Simone colocou o pé na sua frente a fazendo cair novamente.

Simone – Está achando que vai onde?

Simone grudou Alice pelo cabelo e a arrastou para o quarto, a atirando na cama.

Cris – Isso ai cunhadinha.

Alice – O que foi? Vão se juntar pra me bater? Suas covardes.

Simone – Eu bater em você?

Simone – Bobagem, você já está liquidada, só você não percebeu ainda

Simone – E questão de semanas, ou até dias, pra você ser enxotada da empresa e ir parar atrás das grades, pagando por tudo que você fez.

Cris pegou Alice pelo cabelo e esfregou a cara dela na parede.

Alice – Me larga, você está me machucando.

Cris – Estou te machucando? Você ainda não viu nada.

Cris – Simone, queria ter essa sua classe, mas sabe, minha mão coça quando vejo um rostinho de biscatinha como esse.

Alice – Me larga!!!

Cris empurrou Alice sobre um móvel, a fazendo cair novamente.

Cris – O aviso está dado.

Cris – Da próxima vez eu vou unhar tanto essa sua cara que nem um cirurgião plástico vai conseguir consertar.

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Mais calmo, Antônio ficou sentado no jardim olhando as crianças brincarem. Rodrigo apareceu com um prato de bolo oferecendo a ele.

Rodrigo – Trouxe pra você.

Antônio – Estou sem fome.

Rodrigo – Como assim sem fome? É bolo de chocolate e o Antônio que eu conheço jamais negaria um bolo de chocolate.

Rodrigo – E além do mais, o primeiro pedaço eu ia dar pra você, mas pra evitar falatório acabei dando para as tripas.

Antônio olhou para o irmão, dando um sorriso.

Rodrigo o abraçou, esfregando a mão nos seus cachos, bagunçando seu cabelo.

Antônio – Me larga!!! Não é porque é seu aniversário que vai poder ficar me pentelhando.

Antônio – Você fez o pedido na hora do parabéns?

Rodrigo – Eu poderia pedir tanta coisa, mas pedi pra mãe ficar boa logo.

Antônio – E qual o outro pedido que você teria feito?

Rodrigo – Acho que já tenho tudo. Acho que uma das coisas mais legais que aconteceram nesses últimos tempo foi eu ter ganho um irmão.

Antônio sorriu todo bobo ao escutar aquilo.

Rodrigo – Ter um irmão é maior legal.

Antônio – Eu sei, por isso te procurei esses anos todos.

Sidney – Olha os dois.

Telma – O que foi?

Sidney – Você acha normal isso?

Telma – Por favor Sidney, hoje não.

Sidney – Alguma coisa me diz que eles estão se relacionando novamente, e os nossos netos morando na mesma casa.

Telma – Mas eles são irmãos, é normal demonstrarem carinho um para com o outro. Você não ve o Rafael e o Arthur grudados o tempo todo?

Sidney – Ahh Telma, nem se compara uma coisa com a outra né.

Sidney – Já imaginou como vai ficar a cabeça do Rafael e do Arthur, além de terem um pai gay, também tem o pai cometendo incesto com o próprio irmão.

Deixando de lado toda carga negativa que o pai trouxe para dentro daquela casa, Rodrigo e Antônio se juntaram as crianças e foram para a piscina de bolinhas.

Mas ao contrário dos pequenos, os dois não conseguiram ficar mais que 10 minutos brincando.

Bruno – Vocês estão velhos mesmo hein.

Rodrigo – Nossa, não sei como essa molecada consegue ficar pulando desse jeito.

Antônio – Eu me rendo, estou velho mesmo.

Stela e Carlos ficaram sentados olhando toda aquela festa.

Stela – Obrigado por você ter posto aquele homem pra fora.

Carlos – Eu estou aqui Stela, protegendo a nossa casa.

Stela – Tenho que confessar uma coisa. Apesar dessa confusão, acho que nunca tivemos uma festa tão animada como essa.

Carlos – Você tem razão, todos estão se divertindo de verdade.

Carlos segurou na mão da ex esposa e ficou assistindo os convidados se divertirem.

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Rafael – Tia Cris, a Ritinha...

Cris – O que foi meu anjo? Ela brigou com você?

Rafael – Não, ela não quer namorar comigo.

Cris – Meu bem, a tia não pode fazer nada, você tem que conquistar ela, agradar ela.

Rafael ficou pensando um pouco e logo teve uma brilhante ideia.

Rafael – Já sei, vou deixar ela brincar com os meus carrinhos e vou levar um monte de brigadeiro pra ela comer.

Cris – Ai ai, crianças, tão inocentes.

Antônio – Queria perguntar pra ele se ele sabe o que é namorar, mas morro de medo da resposta.

Cris – Deixa eu ir la resolver esse problema.

Antônio ficou sozinho com Bruno e o amigo aproveitou para ter uma conversa ele.

Bruno – Que bom que a visita inesperada do seu pai não estragou totalmente a festa.

Antônio – Pois é, no fundo até serviu pra eu desabar tudo o que sentia.

Antônio – Só tenho medo pela minha mãe. Medo pelo Rodrigo, sei la, dele ter curiosidade em conhecer esse pai.

Bruno – Relaxa, no fundo o Rodrigo é como você. Ele tem aquele jeitão dele, mas vocês são iguais quando se trata de alguns valores.

Bruno – No começo eu estranhei um pouco o lance de vocês, achava errado mas hoje eu torço muito por vocês.

Bruno – Não existe Antônio sem Rodrigo e vice versa.

Bruno – O foda que perdi um amigo né, porque agora seu irmão vem em primeiro lugar.

Antônio – Você que é um traíra, pensa que eu não sei que você e meu irmão são cheios de segredinhos?

Bruno – Eu???

Antônio começou a dar risada e com a conversa com Bruno percebeu que as pessoas enxergavam ele e Rodrigo como um casal, mesmo estando separados, ou não assumidos publicamente.

Isso era bom até certo ponto, mas uma hora com certeza seria motivo de problemas.

Já estava anoitecendo e aos poucos os convidados foram indo embora. Shirley fez a contagem das crianças, colocando todos no ônibus.

Rodrigo – Curtiu seu aniversário?

Douglas – Eu adorei tio, eu sou o menino mais feliz do mundo.

O moleque abraçou Rodrigo, o deixando sem jeito.

Na verdade ele estava impressionado de como um gesto pequeno como aquele era capaz de proporcionar tanta felicidade para uma criança rejeitada.

Rodrigo – Obrigado por ter oferecido essa festa.

Stela – Essa casa é sua e sempre será

Carlos – Sua mãe tem razão.

Rodrigo – Vou procurar as duas tripas, já está ficando tarde.

Rafael e Arthur estava em uma sala abrindo os presentes que o pai tinha ganho.

Rodrigo – O que vocês dois estão fazendo?

Rafael – A gente está ajudando você abrir os presentes.

Rodrigo – Sei!!!

Rodrigo sentou-se no sofá e viu uma caixa com um laço bem bonito, sem cartão.

Rodrigo – Quem será que deu esse?

Arthur – Foi a gente.

Rodrigo – Vocês?

Rodrigo rasgou o papel e viu uma caixa de madeira toda trabalhada. Ao abri-la viu um monte de objetos para cozinha, material típico de cozinheiro.

Rodrigo – Nossa, que lindo!!!

Rodrigo – Vocês me deram isso?

Rafael – O vô levou a gente.

Arthur – É, mas ele não quis comprar o caminhãozinho.

Carlos apareceu na sala e os garotos saíram.

Enquanto isso Alice se preparava pra começar sua festa. Toda produzida a garota pretendia se esbaldar na noite, mas ela não contava com as surpresas que a aguardava.

Stela – Vai sair?

Alice – Mãe, olha só o que aquela cabelereira cangaceira fez no meu rosto!!

Alice – Eu devia chamar a polícia, essa gente desclassificada aqui dentro de casa. Essa criançada nojenta, devem ter passado meleca nos moveis.

Alice – Isso se não roubaram alguma saboneteira dos banheiros.

Stela – Pare com isso!! Eu vi aqui ter uma conversa séria com você, talvez a mais difícil de nossas vidas.

Alice – Impossível, já estou de saída.

Stela – Ah você vai me ouvir sim.

Stela – Eu vou fazer o que eu já deveria ter feito a muito tempo.

Stela olhou sério para Alice, que nem imaginava o que a mãe segurava nas mãos, escondidas atrás das costas.

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Rodrigo – Obrigado pelo presente, é muito bonito.

Carlos – Quase não consegui comprar nada, ir com os meninos ao shopping é uma verdadeira aventura.

Carlos – Mas que bom que gostou, foi por pouco que você não ganhou um caminhão ou uma girafa de pelúcia.

Rodrigo manuseava os objetos enquanto conversava com o pai.

Rodrigo – Só não entendi porque esse presente.

Carlos – São instrumentos profissionais e é pra você usar quando você abrir seu novo restaurante.

Rodrigo arregalou os olhos, virando-se para o pai.

Rodrigo – Meu restaurante?

Carlos – Sim, esse não é um sonho seu?

Rodrigo – Sim, mas...você sempre quis que eu ocupasse seu lugar na empresa e agora que estou la, achei que você iria se esforçar pra me manter la.

Carlos sentou-se ao lado do filho, dando um sorriso, colocando a mão em sua perna.

Carlos – Eu não vou cometer o mesmo erro pela segunda vez.

Carlos – Eu planejei tanta coisa pra você, fiz tantos planos, mas tinha um problema...

Carlos – Eu nunca perguntei pra você o que você queria.

Rodrigo – Pai...

Carlos – Espere, espere, deixa eu falar.

Carlos – Eu não parava muito pra saber o que você queria da sua vida.

Carlos – Você foi tão desejado por mim e pela Stela, já tínhamos perdidos dois filhos e quando você apareceu em nossas vidas tudo teve um sentido novo.

Carlos – Mas eu errei muito com você. Na primeira e única vez que você me procurou para ter uma conversa de homem pra homem eu fiz tudo errado, eu ignorei totalmente os seus medos, sua duvidas e levei você naquele bordel e..

Carlos – Eu me arrependo tanto daquilo. Nossa relação começou a desandar desde aquele momento.

Rodrigo olhou com tristeza para o pai, imaginando como teria sido sua vida se tivesse se aceitado como homossexual desde a adolescência.

Carlos – Todas essas coisas que aconteceram com nossa família tem que ter um proposito, tem que servir pra melhorarmos, e é o que estou tentando fazer.

Carlos – Eu estou contente sim de você ter voltado para a empresa, mas sei que não é isso que te fara feliz.

Carlos – Eu só quero te ver feliz meu filho, independente das escolhas que você fizer.

Carlos – Eu vou estar sempre ao seu lado e espero que um dia você realmente me perdoe.

Carlos – Espero que um dia você acredite no meu arrependimento e possa novamente contar comigo como pai.

Carlos – Porque eu te amo muito meu filho.

Carlos – Eu tenho muito orgulho do homem que você se transformou.

Os dois ficaram se olhando por alguns segundos.

Rodrigo abaixou a cabeça, tentando disfarçar sua emoção.

Carlos ficou parado em frente a ele esperando uma resposta, um gesto, por menor que fosse, mas Rodrigo parecia uma estátua sem vida, olhando para o chão.

Naqueles poucos segundos Rodrigo relembrou todos os momentos bons e todas as brigas que teve com o pai, todas as discussões e ofensas.

Seu pensamento viajou até aquela tarde quando viu seu pai biológico na sua frente, vendo em carne e osso o homem que fez tanto mal a sua família.

Carlos – Me desculpa, hoje é seu dia não queria te aborrecer. Vou te deixar sozinho.

Carlos virou-se e antes que chegasse a porta Rodrigo o chamou.

Rodrigo – Pai!

Carlos olhou para Rodrigo e antes mesmo de dizer algo foi surpreendido.

Rodrigo atirou-se em seus braços dando um abraço apertado, agarrando com força o tecido de sua camisa, encostando seu rosto no ombro do pai.

Rodrigo – Eu te amo pai!!!

Continua...

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Comentários

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Será que antonio não é rilyo biológico da Maria e Laércio? Seria um sonho .... Stela vai dar uma surra na alice....sabe o Douglas poderia ser adotado por carlos e Stela... Adorei as bofetadas que a cris deu na Alice.

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Hum, muito interessante o comportamento do Laércio. Parece indicar que o Antonio não é filho dele.Se for assim, basta que o Antonio não seja filho biológico da Maria para não haver incesto (bom demais para ser verdade).Ainda espero a derrocada final da Alice, não apenas as cintadas que a Stela lhe dará. Adoraria vê-la num presídio tendo que conviver com a escória que ela tanto repudia e usa para prejudicar as pessoas. Um abrao carinhoso para ti.

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Será que eu entendi direito,. que um dos dois tem pai diferente

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PASSOU DA HORA DE SIDNEY REVER PONTOS DE VISTA E DEIXAR RODRIGO VIVER EM PAZ, JUNTAMENTE COM SEUS DOIS FILHOS.

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Aja coração,porque você demora tanto? Será que Stella vai dar uma surra em Alice? Se for eu vou gostar.

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VC demora, mas quando aparece, solta cada bomba, te adoro

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Eu sou um fã que desde sempre valorizou seu talento, seu respeito por nós leitores, desde o primeiro conto aqui na casa te prestigio e seu de sua dedicação a nós oferecer todo seu talento, atenção e respeito,o conto a três anos aqui, só serviu para emocionar, refletir e brindar, muito obrigado Dr romântico. Só tenho que agradecer.

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Aí, que capítulo emocionante. Encheu meus olhos de lágrimas com o desabafo do Antônio. Mas também ri muito com a surra que a Chris deu na Vacalice

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