Como Não Me Apaixonar especial 12

Um conto erótico de John
Categoria: Homossexual
Contém 2022 palavras
Data: 05/12/2017 21:02:31

12  A Recuperação

– Narrado por Bernardo –

Eu só conseguia gritar o nome dele. John olhava em minha direção, o sangue escorria pelo seu rosto, ele estava com uma cara confusa até me dar um sorriso, desmaiando em seguida. Por um segundo pensei que ele estivesse morto, mas eu conseguia ver sua respiração, porém isso não aliviava a culpa que eu sentia naquele momento. Eu o amo demais e não suportaria perde-lo.

Acho que se passaram dez minutos até à chegada dos bombeiros junto com uma equipe do SAMU. O casal que estava no outro carro estavam bem. O lado do carro onde John estava sofreu o maior impacto, por isso sua gravidade era maior, retiraram-no primeiro por estar desacordado, e em seguida a mim, imobilizaram-nos e fomos para o hospital. Eu não conseguia parar de chorar durante o trajeto, eu olhava para ele, tão sereno na maca, parecia estar dormindo. Fomos encaminhados ao Hospital Estadual São Lucas.

Eles o levaram para a emergência enquanto eu era levado para a sala de exames. O médico fez um check-up e eu só estava com ferimentos leves devido ao impacto e aos vidros quebrados, fiz os curativos e fui liberado. Imediatamente implorei para o médico me ajudar a encontrá-lo, ele me acompanhou até a recepção onde eu descobri que John estava na UTI. Pedi ao médico para vê-lo, falei o quanto o amava e me sentia culpado pelo acidente então ele permitiu, mesmo que contra as regras, vê-lo por um rápido momento.

Ao ver o amor da minha vida naquele estado eu não me contive e tornei a chorar novamente. Ele estava dormindo em uma cama, em um quarto coletivo com mais sete pacientes, estava com vários hematomas pelo corpo e vários curativos nos braços e na cabeça. Eu o observava quando um médico chegou perto de mim.

– Olá, sou Dr. Fernando, responsável pelo paciente, o senhor é o que do nosso paciente? – indagou o médico.

– Sou o... Um amigo dele. Bernardo. Estávamos no carro voltando de uma festa quando tudo aconteceu.

– Não se preocupe, eu vi as alianças. Seu namorado está fora de perigo, foram apenas hematomas devido ao impacto e ao capotamento do veículo. A pancada na cabeça foi uma preocupação nossa, mas não houve sequelas, agora ele está dormindo.

– Muito obrigado doutor, estou muito feliz em saber disso. – disse o abraçando instintivamente.

– Todos nós estamos felizes, vocês deram sorte. Agora poderia me acompanhar? Você deve preencher uma ficha e ainda não avisarmos aos familiares.

Segui o doutor e fui resolver toda a burocracia, ligar para os pais dele foi a pior parte, eles se desesperaram, mesmo sabendo que ele está bem. Não contei que a culpa de tudo foi minha, eu não tinha coragem para isso, ainda mais por telefone. Uma hora depois meu pai e os pais do John estavam conosco. Nós sentamos nas cadeiras do corredor e conversamos por umas horas, meu pai queria me levar para casa, mas eu não iria embora sem o John.

Já eram 10hrs da manhã quando meu pai foi resolver como ficou meu carro e o conserto do carro do casal e o pai de John foi para casa, ficando somente eu e a mãe dele. Ela olhou para mim e para a minha aliança e começou a chorar.

– Tia? – era como eu a chamava – O que houve?

– Não sabia que vocês estavam namorando, mas devia ter imaginado, pois ele vive na sua casa. Sei que ele te ama, nunca vi meu filho tão feliz, fiquei com tanto medo de perder o meu menino dos olhinhos brilhosos, era assim que eu o chamava quando criança.

– Eu sinto muito pelo acidente, amo demais o John e não queria jamais ser o responsável pela dor dele. Eu o amo como nunca amei ninguém.

– Eu acredito nisso, por isso te peço, cuide dele, ele é ingênuo demais para este mundo.

– Eu prometo cuidar dele para sempre. – disse enquanto segurava suas mãos.

Passaram mais duas horas e já estava no horário de almoço. Eu já estava cochilando na cadeira quando chega quem eu menos queria ver, Nicholas.

Ele estava com os olhos vermelhos, parecia ter chorado muito, sua expressão era de tristeza e raiva, e eu sabia o porquê disso. Ele veio em minha direção, parecia que iria me bater, mas ao ver a mãe de John do meu lado ele se conteve. Apresentando-se como um amigo, ele conversou com ela uns minutos se informando do estado do meu garoto e ignorando totalmente a minha presença, até pediu para visitá-lo, mas ainda não eram permitidas visitas.

Ele sentou-se nos bancos conosco e ficou conosco em silêncio. Após mais algumas horas eu pedi para a mãe de John ir para casa que eu poderia ficar ali sem problemas até ela descansar. Inicialmente ela recusou, porém o cansaço falou mais alto.

Permaneci ali ao lado de Nicholas por mais um longo tempo, me surpreendi com o fato dele não ir embora, queria poder mandá-lo sair, mas nosso conflito era a razão de estarmos ali. Estava perdido em meus pensamentos quando o médico retornou a nossa procura, informando que John havia sido transferido da UTI para o leito comum para recuperação e já poderia estar com um acompanhante. Queria poder ir sozinho, mas depois de tantas horas ali Nicholas merecia entrar comigo, mesmo contra minha vontade.

– Vem, vamos entrar para vê-lo. – disse olhando em seus olhos, ele nada disse e apenas me acompanhou.

Nos aproximamos de John, que ainda dormia, olhei para Nicholas e vi-o começar a chorar, instintivamente eu me aproximei dele e o abracei.

– Eu nem sei o que dizer Bernardo, eu amo ele com todas as minhas forças, e olhar ele assim, mesmo sabendo que ele está bem, me destrói por dentro. – disse Nicholas retribuindo o abraço.

– Você estava certo, eu só faço mal a ele, nós podíamos estar mortos agora e a culpa toda é minha.

– A culpa é nossa, eu provoquei ontem, mas vamos esquecer isso, agora não é o momento.

– É o momento sim! Se você o ama tanto, por que fez tudo aquilo? O abandonou sem explicações, isso não é coisa de quem ama tanto assim.

– Bernardo, eu amo ele, mas muita coisa aconteceu. Minha mãe me pressionou muito contra o que eu sentia e descobrimos que ela está com câncer. Eu não podia trazer mais problemas para ela, por isso fui fraco e me afastei do John, mas agora eu sei que eu não deveria ter feito isso.

– Eu... Eu sinto muito pela sua mãe, mas por que foi tão mal com ele?

– Se eu não fosse ele não seguiria em frente.

– Bom, quanto ao John, eu só quero que ele melhore logo, amo muito ele, quero casar e envelhecer ao seu lado. Ele é tudo para mim.

– Isso se ele ainda quiser ficar contigo. – disse Nicholas me provocando.

– Ta querendo apanhar de novo? – disse bravo.

– Lembro-me de ter te imobilizado na festa, se não houvesse nos separado quem apanharia era você.

– Seu merda. – ia partir para cima dele quando ouço John falar algo.

– Bernar... Bernardo... – John sussurrava desorientado.

– Meu amor, eu estou aqui. – disse enquanto tocava suas mãos. – Me perdoa, me perdoa pelo acidente e por tudo o que eu fiz. – comecei a chorar. Ele me olhava sem entender o que eu dizia.

– Acidente? – ele olhou confuso para Nicholas e para mim em seguida tentando se levantar.

Antes que eu pudesse falar algo eu o vi sentir uma dor na barriga, começando a se contrair na cama gritando de dor. Nicholas ficou em choque com a cena, e eu rapidamente corri até o corredor para trazer ajuda. Alguns segundos depois, que para mim pareceram horas, eu trouxe alguns médicos junto com o Dr. Fernando que rapidamente atenderam o meu amor, transferiram-no para outra ala do hospital deixando a mim e ao Nicholas ali, perdidos a espera do melhor.

– Narrado por John –

Eu parecia pesar uma tonelada, ainda sentia algumas dores, e o meu corpo cansado pedia para eu não acordar, mas com dificuldade comecei a abrir os olhos e, após o ofuscamento devido à claridade do ambiente, eu pude ver a minha frente Bernardo e Nicholas. Eu não falei nada, os dois estavam abraçados e com sorrisos nos rostos que disfarçava a expressão de quem chorou muito há pouco tempo. Eles se separaram e se aproximaram de mim, um de cada lado da cama, Bernardo acariciou meu rosto enquanto Nicholas segurava minha mão.

– Como se sente meu amor? – perguntou Bernardo, com uma voz rouca.

– Sinto algumas dores. Estamos em um hospital? E o que vocês fazem juntos? – falei com a voz baixa.

– Nós estamos no São Lucas, vocês sofreram um acidente depois da festa, eu fiquei sabendo pelo jornal no outro dia e vim para cá o mais rápido que pude. – disse Nicholas.

– Alguém se machucou? – perguntei.

– Só você mesmo... Você chegou a acordar antes, mas ouve uma complicação, porém agora está tudo ok para sua recuperação. – respondeu Nicholas.

– Ainda bem, não saberia lidar se alguém houvesse se machucado. – disse baixo.

– John, eu sinto muito por tudo, eu fui um idiota e o acidente foi culpa minha, você merece alguém melhor que eu. – disse Bernardo chorando baixinho

– Você está terminando comigo Bê? Eu te amo. Eu poderia sofrer mil acidentes que isso não mudaria o que eu sinto. – falei segurando sua mão, o impedindo de retirar a aliança.

– Nicholas, fala tudo o que você me contou. Este é o momento. – disse Bernardo segurando o choro.

– O que está acontecendo? – perguntei confuso.

– John, eu te amo, eu te amo muito. Muita coisa aconteceu e eu te devo muitas explicações. Depois daquele dia lá em casa, minha mãe me pressionou muito, brigamos por horas, ai ela me contou que ela está com câncer. Eu não podia trazer mais problemas para ela, por isso fui fraco e me afastei de ti, mas a verdade é que eu não posso viver sem você, e depois desse acidente eu soube que eu não deveria ter te deixado. Por favor, me dá outra chance? Eu quero provar todos os dias o quanto eu te amo. – disse Nicholas.

– Você está de brincadeira comigo Nicholas? – disse bravo, mesmo que isso causasse dores em meu corpo.

– Não John, me desculpa por ser fraco, me perdoa.

– Depois de tudo que passei, depois de finalmente estar feliz você quer retomar este sentimento? Vai embora Nicholas. – disse enquanto meus olhos marejavam devido às emoções do momento.

– Você voltará a ser meu John. Eu te amo e você verá isso. – disse ele tocando minha mão e se retirando do quarto.

– Como você pode pensar em desistir de nós Bernardo? – falei me entregando de vez ao choro.

– Me perdoa amor. – disse ele me beijando – Depois de tudo não queria causar mais dor a você.

– Jamais desista de nós, me prometa Bernardo!

– Eu prometo. Eu te amo meu amor.

– Também te amo minha vida.

Ficamos juntos por um tempo até minha mãe aparecer, depois que minha mãe me contou que ele não saiu do hospital desde que tudo ocorreu, pedi para Bernardo ir para casa. Eu ainda não sei o que dizer, está tudo muito confuso na minha cabeça, Nicholas encontrou um péssimo momento para acordar seus sentimentos. Eu amo o Bê, não vou mentir para mim mesmo e dizer que o que Nicholas disse não mexeu comigo, sofri muito e meus sentimentos eram reais, portanto não posso ignorar tudo o que sentimos no passado, mas Bernardo era minha vida agora, e eu não queria mais ninguém além dele.

Fiquei dois dias em observação e fui liberado para ficar de repouso em casa. Em minha mente rondava tudo o que houve nos últimos dias, a briga na festa, o acidente, Bernardo querendo desistir de mim, Nicholas querendo se reaproximar, eram tantas coisas que minha cabeça chegava a doer. Estava confuso demais e eu precisava fazer um balanço de tudo antes de tomar uma decisão sobre minha vida.

Após eu estar algumas horas em casa eu estava começando a colocar meus pensamentos em ordem. O passar do tempo ajuda a ver certas situações por diferentes ângulos, porém perco meus pensamentos ao vê-lo entrar em meu quarto, Marcos.

- Continua -

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