Entre Reinos - 2

Um conto erótico de Beto Paez
Categoria: Homossexual
Contém 1694 palavras
Data: 18/08/2017 22:06:46
Última revisão: 14/12/2017 16:10:55

Não sabia como reagir diante daquela revelação. O Bernard, meu grande amor, estava de volta. E, o pior, ele voltou com a esposa, uma Condessa, a partir do casamento com ele, uma Princesa de Voker.

- Vocês sabiam desse retorno dele? - Falei.

- Sim, meu filho, mas não sabíamos que seria hoje.

- Mãe, como vocês puderam esconder isso de mim? Eu não sei mais o que pensar do senhores, meus próprios pais...

- Hugo, você precisa entender o seu pai. Tudo isso é pelo Reino, pela nossa Casa, nossa tradição.

- E a minha opinião e desejos pessoais não contam?

- Não quando se carrega o peso de uma Nação e o destino de um povo numa Coroa. E o peso não recai apenas sobre os seus ombros, mas sobre sua cabeça.

Eu me levantei indignado e comecei a andar de um lado para o outro.

- Mamãe, posso te dar muitos beijos e ficar aqui com a senhora até sua melhora? - Falou Mily, quebrando o silêncio e a tensão do momento.

- Mas é claro, meu amor. Vamos ficar bem juntinhas até eu melhorar.

- Maravilhoso, mamãe!

Quando paro de andar e vejo a Mily com a minha mãe, logo me desarmo e esqueço dos problemas. Eu me juntei as duas e nos abraçamos.

Alguns minutos depois nós fomos interrompidos.

- Majestade, Altezas - o Mordomo-Real, Johan, se curvou ao falar -, com licença.

- Fale, Johan. - Disse minha mãe.

- Sua Majestade solicita a presença de Vossa Alteza, o Príncipe Hugo, na Sala do Trono.

- Vá, meu filho. Ouça o seu pai, o seu Rei. - E beijou minha mão.

Dei um beijo na testa da minha mãe e um na Mily e saí do quarto em silêncio. Andei em direção a Sala do Trono com o coração na mão.

- Majestade, o Príncipe Hugo.

Meu pai me chamou com a mão e fui cumprimentado pelo Primeiro-Ministro que se curvou ao me ver entrar.

Frente a frente com meu pai, fui tentando buscar algumas palavras em minha defesa, mas estava disposto a ouví-lo.

- Pai, o senhor deseja falar comigo?

- Hugo, nossa comitiva partirá no fim da tarde, e eu preciso que ouça minhas instruções. - Meu pai se levantou do Trono e veio em minha direção. - O Reino de Vajor é distante e levaremos dois dias e meio para chegarmos até lá. Nós partiremos do porto em dois navios. O Primeiro-Ministro irá aconselhar-lhe durante os dez dias que ficaremos longe. Como falei antes, ficaremos cinco dias em Vajor, mas entre a ida e a volta, levaremos mais cinco dias. Você terá poderes totais como Regente, portanto, caso o Parlamento aprove alguma Lei, você tem total poder para sancioná-la ou vetá-la, devendo, como manda à Constituição do Reino, ouvir o Primeiro-Ministro, o Gabinete e os Conselheiros. Além disso tudo, até lá você será o Chefe de Estado, não podendo se ausentar do Reino até o nosso retorno. Sua irmã tem apenas cinco anos e não pode ser Regente. Prometa-me que cuidará do Reino durante a minha ausência e a da sua mãe.

- Claro, pai. Farei tudo pelo nosso Reino. Ainda que custe a minha própria felicidade, o meu próprio bem estar, está em meu destino servir ao povo desse País. Os cidadãos de Austo estão em primeiro lugar.

- Não esperava outra resposta sua. Duque Alferno, leve ao Parlamento à procuração da Regência. - Meu pai deu a ordem ao Primeiro-Ministro.

- Com sua licença, Majestade e Alteza. - Curvou-se e saiu.

O dia estava passando muito rapidamente e já estava quase na hora do almoço. Era chegado o momento em que encontraria o meu primo e grande amor, o Príncipe Bernard.

Como se estivesse de mal comigo, o tempo passou tão rápido que nem cheguei a me dar conta. A mesa do almoço estava posta: Meu pai estava na cabeçeira da mesa com minha mãe ao seu lado; do lado direito, estavámos eu e Mily; do lado esquerdo estavam os Ministros do Reino e seus cônjuges. Na outra cabeceira da mesa, estavam meu tio, Príncipe François e a Princesa Catarina, sua esposa.

Quando o meu pai ordenou que o almoço fosse servido, meu tio pediu a palavra.

- Majestades, Altezas, Senhoras e Senhores, eu quero compartilhar com todos o retorno do meu amado filho, Príncipe Bernard. Meu filho, como todos sabem, casou-se recentemente com uma Condessa de Palonte, um Reino amigo do nosso. Sua nobre esposa, agora Princesa da Casa de Voker, é uma mulher linda e culta, a altura da nossa família. Com a permissão do meu irmão, apresento-lhes o Príncipe Bernard e sua esposa, a Princesa Merísia.

Meu primo entrou na sala do banquete com sua esposa. Quando o casamento aconteceu, nosso Reino estava em um momento difícil, então o Rei e sua família não puderam comparecer, mas fomos representados pelo Primeiro-Ministro e pelo meu tio e pai do noivo.

Ao ver o Bernard de mãos dadas com sua esposa, quase não pude reconhecê-lo. Meu primo estava mais alto, mais forte, com o cabelo e a pele mais escuros.

Bernard sempre foi um ávido guerreiro, com um corpo muito em forma e um rosto que destoava completamente da figura de um guerreiro. Ao invés de um rosto bruto e marcados pelas lutas, Bernard tinha traços suave, herdados da sua mãe. Nisso nós tínhamos muito em comum. Meu rosto sempre teve mais traços maternos que o contrário. Mas os olhos, esses eram os dos nossos pais.

Sua esposa, Merísia, era alta, magra, com os cabelos castanhos e compridos. Usava uma pequena tiara, que, certamente, pertenceu a nossa avó, a Rainha Dúlia. Estava com um vestido verde esmeralda, feito com a mais pura seda, assim como os da minha mãe e os da minha tia, Princesa Catarina. Ela era dona de uma grande beleza.

Eles cumprimentaram o meus pais e os demais convidados e logo vieram em minha direção.

- Merísia, esse é meu primo, Príncipe Hugo, o futuro Rei de Austo.

- Muito prazer em conhecê-lo, Alteza. Ouço muitos elogios sobre o senhor.

- O prazer é todo meu. Não precisa me chamar de "senhor", poupemos essa formalidade. Você é uma Princesa agora. Sua beleza é admirável.

- Perdoe-me, Alteza. Em Palonte o protocolo exige esse tratamento aos Herdeiros diretos da Coroa. Muito obrigado pela sua gentileza.

- Aqui também, mas protocolos podem ser quebrados. Estamos em família.

Em seguida nós fomos almoçar. O almoço ocorreu de maneira desejada. Meu pai flagrou algumas trocas de olhares entre mim e Bernard, mas não aconteceu nada.

Algum tempo depois...

Estava em meus aposentos quando recebo o chamado para acompanhar o Cortejo Real até o porto da Capital do Reino, Caluz.

Coloquei meu traje real, embanhei a espada e coloquei minha coroa.

Ao chegar em frente ao castelo, o Lírico já estava pronto para ser montado. Eu tinha dispensado minha carruagem e segui o Cortejo atrás da Carruagem Real. A multidão de súditos nos saudavam com acenos, gritos e com o balançar de bandeiras e lenços. Vi muitos jogando flores a medida que íamos passando.

Os navios já estavam prontos para o embarque de todos. Uma grande comitiva foi preparada. Tudo estava certo. Essa viagem mudaria minha vida para sempre.

- Filho, deixo o Reino e sua irmã sobre os seus cuidados. Preciso que você mantenha sua posição e que não envergonhe nossa família. Eu vi a forma como você e seu primo se olharam. Ele é um outro homem agora, e você é o Regente do Reino, o meu representante. Honre isso, meu filho. Pelo Reino.

- Tudo bem, pai. Mesmo triste e muito contrariado com tudo isso, honrarei o seu Trono. Quanto a cuidar da Mily, ela é tudo que tenho de mais precioso. Nada vai acontecer com ela.

- Não espero menos de você.

Despedi-me do meu pai e da minha mãe e os vi embarcando no Navio da Marinha Real.

Voltei para o castelo montado no Lírico com a Mily.

- Alteza, preciso que me acompanhe. - Disse o Conde Alferno assim que retornei ao castelo.

- Algum problema?

- Lá conversaremos, Alteza. É algo particular do Reino.

- Meu amor, preciso que você fique brincando. Assim que terminar de conversar com o Primeiro-Ministro, eu volto e fico com você, tudo bem? - Falei para a Mily.

- Volta logo, Hugo. Eu estou com saudade da mamãe e do papai. Não quero ficar sozinha.

- Alteza, se não se importa, a Princesa poderia ficar comigo. Eu adoro crianças e nós poderíamos passear pelo jardim do castelo.

- Merísia, se você puder ficar com a Mily, eu serei muito grato.

- Vai ser um prazer. Vamos, Alteza? - Merísia estendeu a mão para a Mily.

- Me chama de Mily. Eu não gosto de ser chamada de Alteza.

- Mily, ela só está sendo gentil. Vai com ela.

- A Merísia é linda e muito boa comigo. Quando crescer quero ser que nem ela.

- Você é uma preciosidade, Mily.

As duas saíram e eu fui com o Duque até o Gabinete Real.

- Qual o assunto, Conde?

- Alteza, a pedido dos Conselheiros, gostaria que assinasse esse comunicado ao Exército Real. Precisamos reforçar nossas fronteiras. Estamos em meio a uma tensão com o Reino de Honzel.

- Alguma ameaça ao Reino? Meu pai estava ciente disso?

- Sim, Alteza, mas com o seu casamento nós seremos auxiliados por Vajor nesse conflito diplomático.

- E qual o motivo do conflito?

- Eles reivindicam a posse de algumas áreas de mineração e agricultura. É uma longa história, muito antiga. O novo Rei está sendo muito intransigente. É complicado tratar com o Primeiro-Ministro de lá. Sua Alteza, vai assinar?

- Claro, eu assino. Eu quero ser informado imediatamente de qualquer novidade.

- Como quiser, Alteza.

Eu assinei o comunicado e entreguei ao Primeiro-Ministro.

- Algo mais, Duque?

- Não, Alteza. Tenho sua licença?

- Está dispensado, Duque.

Quando o Conde alferno sai, o Johan entra no Gabinete.

- Alteza, o Príncipe Bernard, solicita ser recebido.

- Mande-o entrar, Johan.

- Sim, senhor. - Johan abre a porta para Bernard. - O Príncipe Bernard, Alteza.

Eu estava de frente com o amor da minha vida. A sós.

- Hugo, nós precisamos conversar.

- Sim, Bernard, eu mereço uma explicação.

- E terá. Eu só preciso que você me entenda e que me receba de braços abertos.

Aproximou-se de mim e tocou em meu rosto. Sentir o seu toque reacendeu uma chama dentro de mim.

O que fazer? A felicidade do Reino pode se sobrepor a minha?

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Comentários

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Isso nao vai da certo pensava que vc ia rejeita ele no almoço e sai da mesa 😅😅

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