Os Primos - O Casamento (Capítulo 05)

Um conto erótico de RafaelQS
Categoria: Homossexual
Contém 3565 palavras
Data: 22/06/2017 02:02:51
Última revisão: 22/06/2017 09:23:46

Cinco da tarde, lagoa do taquaral. Esse é um espaço destinado aos moradores da redondeza ou habitantes em geral da cidade de Campinas, famoso por ter estrutura propícia a realização de caminhadas ao redor do rio e pessoas se exercitando todas as tardes. Corpos bonitos, homens malhados, forte presença do público homossexual (segundo boatos existe pontos de pegação em determinados espaços, contudo nunca tive certeza plena).

O espaço localizava-se alguns quarteirões abaixo da casa de Cauã, e um tanto distante da minha.

-Eu tenho um propósito. Preciso te mostrar algo. -Disse Rogério, meu amigo do Rio de Janeiro. -Por isso te chamei para esse passeio.

Caminhávamos ao entardecer meio a uma grande quantidade de pessoas fazendo o mesmo trajeto. Ele usava uma camisa regata que lhe caia muito bem, deixando o corpo saliente e as pernas peludas descobertas devido a um short preto esportivo.

-O quê? -Perguntei, curioso, acreditando que Rogério teria me ligado horas antes propondo um rolê apenas para esticar as pernas e conversar um pouco.

- Como eu disse no nosso último encontro, meu amigo Matheus veio do Rio a Campinas para reconquistar Milenna. Há alguns dias eles estão mantendo contato e segundo Matheus, sua amada está bem balançada emocionalmente. Me parece que Milenna ainda tem dúvidas quanto a esse casamento. Eles estavam conversando através do Whatsapp e marcaram um encontro hoje. - Rogério me encarou. -Preciso te mostrar o quanto existe de afeto, isso pode aliviar sua culpa diante da situação com o seu primo. Cauã e Milenna não estão prontos para subir ao altar, e francamente, acredito que nunca estarão.

No dia em que vi Matheus, quando esperançosamente fui à casa de Cauã devolver a carteira, enxerguei o nervosismo de alguém apaixonado, não muito diferente de mim. Se Milenna estivesse sentindo-se da mesma maneira por seu antigo namorado, Rogério teria toda razão, o casamento seria concretizado sem amor por ambas as partes.

-Nós iremos aguardar, em poucos instantes eles devem aparecer ali, próximo a as duas árvores. -Ele disse, apontando para um espaço. -Devemos ser discretos.

Esperei ansiosamente. Olhei cada pessoa do parque buscando a fisionomia esbelta de Milenna ou os cabelos dourados de Matheus. Com um pouco de atraso os dois vieram a aparecer quinze minutos mais tarde, ela estava com os cabelos soltos e olhava para os lados de instante a instante.

-Rogério… Você e Matheus combinaram de provocar essa cena a fim de me convencer que existe uma recaída por parte da Milenna… -Supus.

-Exato. -Concordou.

-O que vocês esperam que eu faça?

-Conte a Cauã. Estamos te dando a oportunidade de aliviar a culpa dele por ainda gostar de você. Com sorte, o casamento não acontece e vocês terão a oportunidade de ficar juntos.

-Acho que eu não teria coragem…

-Johnny, desde a primeira vez que nos encontramos vejo dentro dos seus olhos o quanto você gosta do Cauã, você tem que lutar por aquilo que deseja, por seu amor. Eu acredito cegamente que as pessoas seriam mais felizes se batalhassem por esse sentimento. É por isso que estou ajudando Matheus, o qual é praticamente um irmão para mim, e a você também.

A mão de Matheus escorregou e segurou a de Milenna. Ela quase recuou, porém estabeleceu olhar fixo com o amante, como se estivesse sendo hipnotizada.

-Eu já fiz tudo o que deveria ter feito. Não posso ceder mais uma vez. Peça desculpas a Matheus, eu abandonei essa luta. - Justifiquei, deixando Rogério desapontado.

Deixei a lagoa pouco tempo depois, chateado. Quis chorar mas contive as lágrimas. Minha vontade era pegar o celular e dizer a Cauã sobre a cena que eu havia presenciado. Porém, tudo em nossas vidas necessita de um limite e devemos saber reconhecê-lo. Cauã preferiu ficar com a noiva e, consequentemente, o filho, portanto eu deveria saber respeitar sua escolha.

Auto controle. Essa palavra me guiou na derradeira semana antes do maldito evento. Meus pais não tocavam no assunto mas os percebi próximos demais. Me convidavam para assistir TV na sala todas as noites ou pediam para eu falar sobre o meu dia na esperança de que eu desabafasse com eles. No entanto eu fingia que nada estava acontecendo, até para mim mesmo, como se vivesse na mais perfeita paz. E estava,até determinado ponto.

Após um dia exaustivo de trabalho, na sexta-feira, deitei no sofá (inclusive com os pés no estofado, coisa que mamãe repudiava) aproveitando o silêncio da casa vazia. Mamãe chegaria dali alguns instantes, portanto aproveitaria os minutos restantes descansando naquela posição. Escutei alguém me chamar no portão: Flávio parecia um gato indefeso miando para que eu o socorresse.

-Está tudo certo? -Perguntei, vendo-o cabisbaixo.

-Numa pior. Acho que mamãe quer me enforcar.

Levei-o para o meu quarto, deitamos na cama, conversamos.

-Preciso de uma nova vida. Algum lugar para viver longe daqui, não suporto mais fingir ser esse bom rapaz. Estou me recusando a ir ao culto, percebo que estava envenenado com as palavras daquele pastor. - Disse ele, pousando a cabeça na minha barriga.

- Sabe que estou aqui para te apoiar. -Falei, passando os dedos em seus cabelos.

- Você tem alguma novidade sobre aquele seu primo? -Perguntou. -Vai rolar mesmo o tal casamento?

-Eu preferia não conversar sobre isso, é uma ferida aberta.

-Tudo bem, mas estive pensando… Você deveria ir atrás dele, se esse cara realmente significa algo, talvez valha a pena.

-Cauã já fez sua escolha, está com casamento marcado. - Justifiquei.

-E ele ama a pessoa com quem vai casar?

-Talvez…

-Eu penso que você não conseguiu o convencer. Se quiser eu posso te ajudar a…

-Flávio, está tudo bem. O melhor que faço é esquecê-lo de uma vez por todas. - O interrompi, sentindo um mal estar.

-Desculpe, entendo o quanto está tenso. -Flávio colocou as mãos finas sob meus ombros e passou a massageá-los. -Acho que você está um pouco estressado demais.

Tirou minha camisa. Beijou minha boca delicadamente, beliscando a ponta do meu lábio inferior. A mão correu pelo meu peito e massageou as duas aréolas. Esse toque mexia comigo e gradativamente meu pau endurecia. Lambeu a ponta de meus mamilos e encarou-me de um jeito selvagem que só existia dentro dele, mascarado pela cara de santo. Sorriu ao perceber que dava-me prazer, os dentinhos brancos e retos aparecendo, exibindo satisfação. Se pôs de pé à minha frente, abrindo o zíper da calça social, a mesma usada para ir aos cultos. O pinto enorme surgiu depois de abaixar a cueca. Coloquei nas mãos e antes de ter o impulso para pô-lo na boca, contemplei alguns instantes o formato bem elaborado pela natureza.

Escutei passos no corredor. Droga, alguém estava chegando e eu sequer tinha trancado a porta. Notei como havia percebido o som tarde demais. Agarrei minha camisa enquanto Flávio fechava o zíper da calça.

A pessoa que abriu a porta do quarto era um tanto inesperada. Corri para recebê-la.

-Johnny, eu pensei bem sobre o que me disse e acho que vou aceitar, eu não… -Falou Cauã, mas parou na metade da frase quando viu Flávio sentado na minha cama tentando disfarçar o volume entre as pernas (o que era quase impossível).

-E então? - Tentei forçá-lo a continuar, e, ao mesmo tempo, tentava encaixar a camisa no corpo.

-Deixa pra lá. Eu ia falar besteira. -Disse, virando e indo embora. -Desculpe por entrar de repente, encontrei sua mãe no portão, ela estava abrindo a casa e disse que eu te encontraria no quarto, mas não me avisou que tinha companhia.

-Tem certeza que não vai me dizer algo? -Forcei, desejando saber o conteúdo da frase incompleta.

-Sim!

...

Lamentei pelo resto da noite. Se eu pudesse retornar no tempo teria dispensado Flávio antes de Cauã aparecer, assim teria o visto render-se a mim. Contudo, ninguém muda o passado, tudo estava feito. Todo meu ser repudiava essa conspiração contra nós dois, até mesmo os momentos de entrega insistiam em dar errado.

A tristeza perdurou. Uma ponta afiada de aflição arranhou meu coração a partir de então. As horas estavam contadas: ele concretizaria a união publicamente na manhã de domingo em uma igreja próxima a região central, a mesma que os pais casaram-se.

-Você não pretende fazer algo? -Perguntou-me Flávio, com as mãos metidas em um moletom na manhã fria de domingo. Tinha me visto sair para buscar pão ,e, com um assobio, chamou-me.

-O que posso fazer?

-Não sei, mas se aquele dia ele foi te procurar é porque pensava em voltar atrás. Talvez exista algo que você possa fazer. - Bateu o dedo no queixo. -Vamos invadir aquele casamento! Eu entro na igreja, chamo ele, enquanto você aguarda lá fora. Quando ele for conversar contigo é só convencer ele a não subir no altar.

-Que viagem, Flávio! Está maluco!?

-O mundo é dos loucos. Eu só não sei usar essa loucura para consertar a minha vida, porém estou disposto a te ajudar. Me sinto responsabilizado por Cauã ter nos flagrado.

-Chega, Flávio. Está tudo acabado. Eu fiz tudo o que poderia ter feito.

Entrei em casa, aborrecido, colocando o saco de pão e queijo sobre a mesa. Papai gastou minutos olhando minha cara nervosa.

-Alguma coisa não está bem. O que você viu lá fora? -Perguntou, sério.

-Nada. Eu estou perfeitamente bem, você está imaginando coisas… -Resisti, passando manteiga em uma fatia de pão.

-Ótimo. Hoje nós iremos passar o dia fora. Seu pai está pensando em irmos a aquela churrascaria ótima, próxima ao shopping Unimart. -Mamãe falou, revelando sua intenção em livrar-me da tristeza naquele dia difícil.

-Depois vamos à casa da minha irmã, ela fez o parto quinta e recebeu alta ontem. Conheceremos seu novo priminho.-Disse Gregório.

“Parto”, “priminho", mesmo longe do contexto, essas palavras feriam meu conflito interno, e desde a conversa com Flávio, existia uma bomba relógio pronta para explodir, marcando os segundos com ruídos altos dentro do meu coração.

-Filho, tá tudo bem mesmo? -Mamãe me cutucou. -Você está passando manteiga nesse pão há minutos!

Olhei para a minha mão, suja com gordura da manteiga.

-É verdade. -Soltei uma risada sem graça. -Agarrei o guardanapo para limpar-me.

-Tem alguma coisa escondida nesses seus olhos… -Disse Gregório, combinando o ofício de oftalmologista com o de pai.

Ele inclinou para me ver mais de perto e o colar de estrela de Davi acompanhou seu pescoço, balançando, como o pêndulo de um relógio antigo…

-Mãe, você recebeu o convite do casamento do Cauã, não é mesmo?

-Sim, no dia do noivado eles me entregaram um…

-A cerimônia está marcada para qual horário?

-Acredito que às 10:00 da manhã, mas eu não estou planejando ir de forma alguma.

-Obrigado mãe! Eu volto já. -Falei, correndo para o carro,escutando meus pais gritarem para eu voltar.

O tempo corria. Trinta minutos para o início da cerimônia, e desses, cerca de quinze eu usaria para chegar à igreja. Por sorte, esses eventos nunca começam na hora prevista, talvez eu tivesse uns minutos a mais para conversar com Cauã.

-Flávio! -Gritei, convocando-o para me ajudar.

Ele apareceu na janela da casa, sorrindo.

-Mudei de ideia, você ainda quer me ajudar?

-Só se for agora!

Dirigi o mais rápido que pude dentro dos limites de velocidade,afinal de contas gostaria de chegar ao meu destino vivo.

-Solta o pé nesse acelerador, caralho! -Gritou Flávio, me assustando.

-Mas que merda é essa? Você é a última pessoa de quem eu esperaria ouvir um palavrão!

-Esse é o problema, tô cansado de ser o mocinho. Agora acelera essa porra ou vamos encontrar ele subindo no altar.

Nos entreolhamos durante breves segundos e rimos feito dois adolescentes.

Carros último modelo, pessoas impecavelmente arrumadas trajando ternos, vestidos, blazer, sobretudo, enfeitavam a fachada da igreja.

Estacionei meu veículo do lado oposto da rua afim de impedir ser reconhecido por algum convidado, levando em consideração que membros da minha família estariam ali, incluindo titia Heloisa e Miguel.

-Segura o coração! Vou buscar seu primo lá dentro e discretamente peço para ele vir aqui, dentro do seu carro. Enquanto isso você prepara o discurso mais convincente possível, e, se não der certo, passe para o plano B e dê a partida, sequestrando ele! -Flávio estava elétrico e empolgado. -Fique atento no seu Whatsapp. Te mando mensagem caso a coisa não dê certo.

- Ok! -Consenti, vendo-o sair do carro e adentrar a igreja.

Comecei a suar frio. Nunca o tempo passou tão devagar. Mais uma vez eu estaria me sujeitando à Cauã,contudo os acontecimentos recentes precisavam ser levados em conta: 1) Cauã havia ido a minha casa, provavelmente rendido e afim de aceitar a proposta que eu o havia feito no domingo anterior. 2) Matheus e Milenna tinham algo não resolvido, o que a estava deixando em dúvidas com relação aos próprios sentimentos. Talvez, a cerimônia prevista para começar em dentro de dez minutos, fosse para celebrar um amor de fachada, inexistente, vazio.

Cinco minutos se foram, peguei o celular, tremendo, achando que a qualquer momento Cauã aparecia, em um terno chique,e entraria no carro decidido a fugir comigo. Contudo isso não aconteceu.

Flávio: Ele está dentro da sacristia, parece que o pai não sai do pé dele um minuto! Vou ter que me passar por coroinha (nem sei se casamento tem isso) e tirar esse homem daqui… Felizmente já fui católico e sei enrolar bem. Depois disso você entra e conversa com Cauã.

Eu: Ok!!!

Dois minutos depois.

Flávio: Estou enrolando o pai próximo ao altar, agora é a sua vez!

Flávio: Esse homem é lesado? Não para de falar sobre decoração... Aproveite o momento e agarra o bofe ;)

Felizmente estava usando um moletom com capuz, utilizei-o para cobrir parte do rosto, mesmo parecendo um delinquente escondendo a cara no meio de pessoas bem vestidas.

A sacristia localizava-se bem na entrada da igreja, não precisei andar muito, ou chamar a atenção por muito tempo. O medo de ser reconhecido fazia-me tremer, mas fui fundo.

Lá estava ele: sentado em uma cadeira de madeira, com as mãos no joelho, preocupado.

Seus olhos claros viram os meus. Senti um fogo dentro de mim e minha respiração acelerou, assim como meus batimentos cardíacos foram para o alto: ele estava muito bonito! Um terno preto em contraste a detalhes brancos, por dentro colete e gravata, elegantes e ajustados perfeitamente ao corpo cheio advindo da maioridade. Os cabelos penteados para trás, e um perfume que pude sentir de longe… O bálsamo que fazia cada célula do meu corpo vibrar.

Existia uma chave pendurada dentro da fechadura no lado exterior da sacristia, coloquei-a para dentro, tranquei a porta.

-O que está fazendo? -Perguntou assustado e surpreso.

- Precisamos conversar, sem interrupções, prometo que dessa vez será a última e você pode retomar sua vida depois, se quiser. - Esclareci, tremendo de medo. -Não da para ignorar que eu tô puta apaixonado por você, e você por mim. Sempre foi assim, desde a nossa adolescência, não é?

-Você foi a pior crise que tive, eu nunca consegui resistir a você, acho que já te disse isso antes, lembra?

Meu peito vibrou, sim, recordava dessas palavras de anos atrás, no casamento de Renan, quando ele assumiu que gostava de mim.

-Lembro, essas palavras nunca sairão da minha cabeça.

-Nem da minha.

Segundos de silêncio, nos entreolhamos.

-Do que adianta essa vida se não somos sinceros com nós mesmos? -Perguntei.

-Na vida há circunstâncias…

Balancei a cabeça em negativa.

-Posso saber o que você tinha para dizer na sexta-feira quando foi a minha casa?

-Isso não vem ao caso agora, eu vi que você está tocando a sua vida. Não me dou o direito de sentir ciúmes, pelo contrário, fico feliz em saber que encontrou alguém.

-Ele não é meu namorado.

-Eu percebi… vocês dois estavam se relacionando…

-Não! Não vou negar que tive envolvimento sexual com Flávio, meu vizinho. Mas não passa disso.

-Tudo bem Johnny… não precisa dar explicações acerca da sua vida sexual.

-Eu só preciso saber o que você tinha para me dizer, e me dou por satisfeito.

-Eu ia aceitar a proposta de domingo passado e desistir desse casamento para ficar com você. Fugir até a poeira baixar, não sei… Mas depois pensei melhor: isso é insanidade, eu devo pensar na minha responsabilidade como pai.

-Cauã, você pode ficar comigo e mesmo assim continuar sendo pai. É um erro se prender a alguém sem amor.

-Eu gosto de Milenna, já te disse isso!

-E gosta de mim ao mesmo tempo?

Ficou sem resposta…

-Entendo que seu desejo é dar uma vida digna e de qualidade à criança, e isso só é possível fazendo uso do dinheiro do seu pai, mas ele não desprezaria um neto, mesmo estando brigado com você.

-Não consigo garantir. Talvez ele o despreze pois sabe que isso pode me atingir.

Tinha razão, Sérgio era ardiloso…

-De qualquer maneira, Milenna também não está sendo sincera com você. Ela está se encontrando com Matheus…

-O que você está falando?

-O ex-namorado dela e seu amigo. Ele veio do Rio e quer reconquista-la…

-E como você sabe disso?

-Tenho um amigo em comum com Matheus e foi através dele que descobri tudo…

-Então ela está me traindo…

-Na verdade, não sei. Não a vi fazendo nada demais com ele, apenas tiveram um encontro na Lagoa do Taquaral.

-Posso ser tudo nessa vida, menos hipócrita, não vou julgá-la. Teremos uma conversa em breve…

Existia um relógio na parede da sacristia, 10:10AM, a cerimônia estava para começar.

-Vem comigo, a gente fica um tempo longe até tudo se acalmar. Eu juro, vou te proteger. -A adrenalina fez meu coração ir a mil. Segurei o pescoço de Cauã e o trouxe junto a mim, nossas cabeças coladas, frente a frente. -Essa é a hora, vamos ser felizes juntos, não existe outra razão para viver além disso.

-Johnny, por favor, não faça isso comigo.

-Faço. Tô aqui, passando em cima do meu orgulho mais uma vez. Farei quantas vezes for necessário, porque acredito na nossa felicidade.

Nós nos beijamos calorosamente, com a boca, mão, corpo e alma. Nos envolvemos como nunca antes. Seria ali: ou um novo recomeço ou o término definitivo. Ao menos esperava que fosse.

-Cauã, a noiva vai chegar. Estamos te esperando no altar. -Sérgio tentou destrancar a porta, e, não conseguindo, começou a bater.

Nos soltamos. Sussurrei no ouvido dele:

-Qualquer coisa, saiba que existe o momento do “aceito”, você pode dizer “não".

Balançou a cabeça.

Entrei no armário onde os padres e coroinhas guardavam as túnicas, o espaço era suficientemente grande para eu me abrigar e esconder-me.

Escutei a porta ser destrancada.

-Por que você se trancou ai dentro? -Resmungou o pai, soando autoritário, como sempre.

-Estava rezando e não queria ser interrompido.

-Então vamos, estamos atrasados.

Silêncio. Esperei Cauã reagir, negar e desistir de subir ao altar, no entanto a sala esvaziou e em menos de dez minutos ouvi a marcha nupcial tocar.

Saindo da sala, vários minutos depois, tive a visão total da cerimônia. Muitos convidados, Milenna em um vestido perfeito e justo ao seu corpo, sorria de frente para o noivo, o qual lhe retribuía em um feliz semblante engessado.

Encontrei Flávio aguardando-me no lado de fora da igreja.

-Eai, como foi a conversa com o seu primo?

-Mais uma vez um fracasso…

-Tentei fazer o possível para manter aquele velho longe, foi difícil.

-Agradeço pelos esforços Flávio, você foi um ótimo amigo.

-Conte comigo para o que precisar, meu irmão.

Íamos deixando a igreja quando um homem apareceu. Fácil de reconhecer: cabelos loiros, quase dourados ao sol. Matheus. Uma chama de esperança queimou dentro de mim.

-Olá... Johnny? Estou certo? -Cumprimentou-me.

-Sim.

-O casamento começou?

-Está quase no fim.

Matheus entrou na igreja. Curioso para ver o que ele pretendia fazer, o segui.

Um padre gordo e barbudo de voz rouca celebrava a cerimônia. O momento da decisão final chegara:

-Milenna Muniz, você aceita casar-se com Cauã Audebert?

-Aceito.

-Cauã Audebert, você aceita casar -se com Milenna Muniz?

Tive um mini ataque cardíaco.

-Sim. -Disse, um pouco emperrado.

-Existe alguém presente aqui que é contra essa cerimônia? Fale agora, ou cale-se para sempre. - Eu jurava que essa pergunta não existia nos casamentos modernos, mas ocorreu.

Os convidados se entreolharam, e, no fundo da igreja, chamando a atenção por estar vestido de forma simples e distinta dos demais, Matheus ficou parado, encarando a noiva de longe.

Eu estava logo atrás, e, pegando carona na coragem de Matheus, resolvi não me esconder mais.

Cauã percebeu minha presença, assim como Sérgio na primeira fileira de bancos. O velho arregalou os olhos, mas ao ver que nenhum de nós se manifestou, a cerimônia seguiu.

Cauã e Milenna foram declarados marido e mulher.

...

Peço desculpas pelo atraso (grande) do conto. Meu computador vive em guerra comigo e às vezes isso dificulta meu trabalho. Àqueles que insistem em afirmar que meu conto está ficando cansativo, hoje lhes venho dar uma boa notícia: o fim está próximo, teremos apenas dois capítulos mais (talvez eu os desmembre em 3). ;)

Agradeço aos leitores que vierem a dedicar um tempo para realizar a leitura, e gosto de receber críticas de toda natureza (me refiro as construtivas), então, não deixe de comentar o texto, isso é muito importante para mim.

Também disponibilizei o texto no Wattpad, que proporciona uma leitura mais confortável, não deixarei o link pois o site Casa dos Contos Eróticos pode o censurar. Busquem no GOOGLE por "Os Primos (Romance Gay)" e cliquem no primeiro link.

Obrigado a todos!

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Comentários

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O capítulo foi muito bom ja estava a espera dele a muito tempo fico triste em saber que ja esta chegando no fim

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E mais uma vez Johnny foi feito de palhaço! Como disse no conto passado, o Cauã é indeciso, não tem voz e nem poder sobre si, é um boneco na mão do pai, ou pelo dinheiro dele! Triste, mas acho que Johnny tem que seguir a vida dele...

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NOSSA, COMO MATHEUS FOI E É UM COVARDE. GRANDE FDP, BABACA. MAS MUITO MAIS BABACA AINDA É JOHNNY QUE MAIS UMA VEZ SE HUMILHOU E FOI DE NOVO HUMILHADO. MATHEUS MERECE UMA VIDA INFELIZ AO LADO DE MILENA.

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