Quando os sonhos acontecem Ep 07

Um conto erótico de Bielzin <3
Categoria: Homossexual
Contém 3940 palavras
Data: 12/06/2017 01:43:04
Última revisão: 12/06/2017 02:07:09

- Céus! Eu beijei Dylan Mersey! - Mark sussurrou quando saiu da loja.

Ele o beijara como se sua boca estivesse em chamas e a língua dele fosse a única coisa que pudesse salvá-lo.

Mark marchou pela rua como um autômato, certa de que ele o observava. Lágrimas caíam de seus olhos, deixando-o furioso. Sempre que estava cansado, frustrado ou furioso, era assaltado pelas lágrimas, o que aumentava a frustração que, consequentemente, resultava em mais lágrimas... Com o canto dos olhos, discriminou a figura de um homenzinho saindo da farmácia.

Engoliu as lágrimas e tentou manter a expressão neutra. Quando se aproximou, reconheceu o rosto familiar. Pond. James Pond.

Mark quase correu os últimos passos até a porta da loja, sem a menor disposição de falar com ele. Aquele vigarista o enganara direitinho! De repente, um pensamento desagradável cruzou a mente de Mark.

E se o estelionatário tivesse visto ele e Dylan se beijando? Seria capaz de chantageá-lo pelo resto da vida! Ele irrompeu pela porta da loja, sentindo o rosto afogueado, e mais excitado do que nunca estivera na vida.

Ao mesmo tempo, seu coração se esfriou ao lembrar-se da forma com que Dylan se despedira. Ele praticamente o expulsara! Megan, parada no meio da loja com as mãos na cintura, virou-se quando ouviu os sinos da porta tilintaram.

- Aí está você! - saudou com um sorriso que se desmanchou ao ver a expressão do amigo. - Mark, qual é o problema?

Mark sentiu que os últimos dez minutos que ele vivera estavam escritos em seu rosto.

- Nenhum - respondeu com voz incerta. - Eu estou... estou surpresa que você esteja aqui, só isso. Saí por um minuto para... para...

Ele se calou antes de dizer alguma bobagem que levantasse suspeitas.

E se Megan tivesse visto alguma coisa através da vitrine? E se estivesse esperando por uma confissão? Ele baixou a cabeça e uma mecha de cabelos cobriu os olhos, escondendo seu constrangimento.

Colocou o cãozinho no chão e deixou que corresse livremente, imaginando se voltaria para Dylan.

- Onde você estava? - Megan se aproximou e o encarou com olhar grave. - Fiquei preocupada quando entrei e vi que a loja estava vazia. Você está bem?

- Estou bem. - Ele forçou um sorriso.

- O filhote escapou e saí para apanhá-lo. Ele voltou a entrar lá. - Estendeu o polegar na direção da loja de Dylan, sem conseguir sequer dizer o nome dele, com medo de se denunciar.

Mark sentiu-se subitamente confuso. Afinal, fora apenas um beijo! Por que se sentia como um criminoso que tivesse acabado de cometer o pior delito do mundo?

- Ele foi para a loja de Dylan? Mark assentiu e atravessou a loja como se fosse feita de vidro.

Sentou-se na banqueta diante da caixa registradora e abriu a gaveta. Ocorreu-lhe que poderia ter sido roubada enquanto estava fora, pois levara mais tempo do que havia antecipado.

Então, pôs-se a contar as células do caixa, tentando agir normalmente diante da amiga para não aumentar a preocupação dela.

- É a segunda vez que ele entra naquela loja - comentou com naturalidade forçada. - Não sei como consegue fugir! Acho que ele gosta mais de Dylan Mersey do que de mim.

- Filhotes gostam de qualquer um - Megan tranquilizou- o. - Veja meu cachorro, por exemplo. Ele é apaixonado por Sutter, que não lhe dá a mínima atenção.

Mark fechou a gaveta do caixa e apoiou o rosto nas mãos, pensativo.

- Você acha que isso só funciona com cachorros? Quero dizer, quando uma pessoa não gosta da outra, significa que não vale a pena insistir? - ele perguntou com voz hesitante.

Megan se aproximou e estudou-o demoradamente.

- O que há com você, Mark? - Relanceou o olhar sobre o ombro, na direção da loja do outro lado da rua. - Aconteceu alguma coisa entre você e Dylan Mersey?

- É claro que não! Céus, Megan! - O rosto de Mark queimou. - Você sabia que ele é um ex-detento?

- Ah, é isso... - Megan balançou a cabeça com desaprovação. - Achei mesmo que você ficaria chocado.

- É claro que fiquei! - Mark respondeu em tom defensivo. - Como você reagiria se soubesse que o dono da loja do outro lado da rua é um criminoso?

- Você está sendo preconceituoso, Mark. Dylan Mersey é um perfeito cavalheiro, e se ele é um ex-detento - Megan frisou o prefixo -, significa que já pagou pelo que fez.

- Aliás, você não respondeu. Sabia que ele já esteve preso?

- Sim, eu sabia. No dia em que nos encontramos por acaso no balcão do departamento de licença da prefeitura, vi sem querer quando o funcionário abriu a ficha de antecedentes dele e comentou sobre a prisão. - Megan sorriu, sem disfarçar a admiração. - Dylan reagiu como um verdadeiro lorde! Simplesmente confirmou que estivera detido e observou ao funcionário que, como constava na ficha, cumprira a pena e voltara a ser um cidadão americano com os mesmos direitos que todos os demais.

- Bem, não posso negar que a imagem de criminoso não combina com ele - Mark teve de admitir. - E talvez você esteja certa. Estou sendo preconceituoso.

- Como você soube? Ele contou alguma coisa?

- Não. Carson me contou depois que chamei a polícia.

- Você conhece Carson. Ele é superprotetor até com as árvores de Fredericksburg. Dê um bom desconto ao que ele diz.

- Pode ser, mas isso não exclui o fato de que se trata de um ex-presidiário.

- E não exclui o fato de ser um perfeito cavalheiro - Megan rebateu.

- Você tem razão. Mesmo com esse pequeno incidente desagradável entre nós, Dylan foi muito gentil. Chegou até a fazer um cartaz para descobrir de quem era o filhote que invadiu a loja dele. E quando me devolveu, disse que não se importaria se acontecesse de novo. E aconteceu de novo! - Ele gemeu, baixando os olhos. - O danadinho apareceu lá hoje cedo, e foi por isso que você não me encontrou aqui quando chegou.

Ele se abaixou para apanhar o cãozinho e o suspendeu no ar. Ele agitou a cauda freneticamente e a língua molhada alcançou o rosto de Penélope.

- Parece que ele não consegue ficar longe de Dylan. Por um momento perturbador, ele percebeu que fazia o mesmo. Sentindo o rosto corar, colocou o filhote no chão e suspirou.

- É a segunda vez que ele entra na loja. Não sei o que fazer. Se eu tiver de ir buscá-lo outra vez, acho que não vou conseguir me... - controlar, ele quase deixou escapar, e calou-se abruptamente.

Megan ficaria horrorizada se soubesse da atração que ele sentia por um marginal... ou ex-marginal, o que não vinha ao caso.

Megan o estudou por um longo momento, durante o qual Mark evitou encará-la.

- Mark, o que está acontecendo? Você está agindo de forma estranha. Espero que pare com essa bobagem de achar que seu cachorro... - Megan arqueou uma sobrancelha em sinal de censura -, que aliás precisa urgentemente de um nome, gosta mais de Dylan. Ele deve ter achado alguma coisa interessante naquela loja, e é por isso que volta para lá.

- Tem razão. Estou sendo uma tolo. Acho que estou confuso. Às vezes, Dylan é muito gentil. Em outras... - é irresistível, completou em pensamento, odiando-se por admitir.

- Não sei por que está tão preocupado com Dylan Mersey. Você não tem motivo para se importar com ele... ou tem?

A pergunta sugestiva deixou Mark sem ação. Por um segundo, teve vontade de se abrir com a amiga, mas refreou o impulso. Afinal, fora só um beijo num momento de fraqueza.

Nunca mais aconteceria outra vez.

- Você tem toda a razão, Meg. Não importa mesmo. - Ele tentou sorrir. - Convidei Glenn para jantar hoje à noite.

- Seu ex-marido? - Megan balbuciou, boquiaberta. - Aquele Glenn?

- Ele mesmo.

Se ele tivesse dito que havia se atirado nos braços de Dylan Mersey, a amiga não teria ficado tão horrorizada, ponderou ao ver a expressão perplexa de Megan.

- Mark, você está maluco?! Aquele homem já provou que não é capaz de fazê-lo feliz. Você não pode... - Megan riu, constrangida. - Desculpe. Não estou sendo muito educada, não é? O que eu quis dizer foi...

- O que você quis dizer foi exatamente o que disse. E você está certa - Mark admitiu. - Mas, se quer saber por quê, vou lhe dar a versão mais curta. Já que não vou mesmo ter filhos, talvez tenha terminado meu casamento pelo motivo errado. Vou tentar consertar o erro. - Ele passou a mão pelos cabelos. - Você sabe que nunca me senti bem por ter me divorciado. Quando fiz os votos do casamento, estava sendo sincero. Então, se eu pudesse reatar com Glenn...

Ele ergueu os ombros e forçou um sorriso de falsa esperança.

- Será como se o divórcio nunca tivesse existido? - A expressão de Megan denotava preocupação.

Mark suspirou e assentiu.

- Mark, quero lhe perguntar uma coisa... Mas antes, saiba que sou sua amiga e que amo você como se fosse uma irmão. Não quero deixá-lo furioso.

- É claro. - Mark fez um gesto de rendição com as mãos. - Vá em frente.

- Tem certeza de que você não está pensando que Glenn pode estar mais aberto para ter filhos com você, agora que já é pai?

Mark não respondeu e se ocupou arrumando as canetas da vitrine.

- Espero que não, amigo, porque o casamento dele fracassou, e desconfio que foi exatamente por isso. A cidade inteira sabe que Glenn nunca aceitou o nascimento de Britney. Portanto, quero ter certeza de que você sabe o que está fazendo.

- Não se preocupe, Meg. Eu sei o que estou fazendo.

O cachorrinho pulou na perna de Megan, e ela o pegou no colo. Apertou-o de encontro ao peito e beijou-o no topo da cabeça.

- Eu adoro o cheirinho de filhote! - Ela riu quando recebeu uma lambida no nariz e acomodou-o no colo como se fosse um bebê.

- Mark, tem mais uma coisa séria que quero perguntar, além de quando você vai encontrar um nome para este rapazinho.

- Já tenho um nome para ele. - Mark sorriu, aliviado pela mudança de assunto. - Mister Darcy.

- Oh! É um nome muito original. Olá, Mister Darcy! Prazer em conhecê-lo. - Ela suspendeu o cãozinho no ar e esfregou o nariz no focinho dele.

- Pelo que vejo, você leu Orgulho e Preconceito.

- Lily tinha razão. Depois que li o primeiro capítulo, não consegui mais parar. Aliás, vi o filme também. É maravilhoso. - Ele acariciou o pelo macio do filhote, satisfeito por ter finalmente encontrado um nome.

- Meg, você disse que tinha outra pergunta. Qual é?

- O que você acha de ser meu Padrinho de honra, no casamento?

Mark arregalou os olhos, e as lágrimas brotaram com facilidade. - Você está falando a sério?! - Ele contornou o balcão para abraçar a amiga.

- É claro que aceito! Obrigado. É uma honra.

- A honra é minha - Megan afirmou. - Você é meu melhor amigo desde que me mudei para cá. Não sei o que faria sem você.

- Eu digo o mesmo, Meg. Estou encantado. E agora, conte-me que tipo de stripper você quer na sua despedida de solteira.

***

As mãos de Mark estavam úmidas e ele sentia gotículas de suor na testa. Respirou fundo e abriu a porta da frente para receber o ex-marido. Ele correu do portão para a varanda, tentando escapar da chuva torrencial que caía.

- Oh! Quando começou a chover?

Ele olhou para as nuvens carregadas no céu, espantado ao ver que o clima havia mudado. Somente então percebeu que estivera tão preocupaida em preparar o jantar perfeito para Glenn que se esquecera do mundo ao seu redor.

- Há uma hora. - Sem sequer cumprimentá-la, Glenn tirou o casaco e estendeu-o para Mark. Frustrado, apanhou-o e fez um gesto para que o ex-marido entrasse.

Ficou ainda mais decepcionado ao ver que ele não havia levado flores ou vinho e estava vestido com o terno com que fora trabalhar. Mesmo assim, estava ali, e mais atraente do que nunca. Os cabelos escuros, molhados pela chuva, pareciam quase negros, num contraste harmonioso com os olhos azuis. Ela pendurou o casaco no cabideiro do hall e conduziu Glenn para a sala de estar.

Ele se sentou no sofá sem a menor cerimônia, como se estivesse em casa.

- Quer beber alguma coisa? - ofereceu, fazendo um gesto nervoso com a mão.

- Tenho vinho, ou posso preparar um martíni. Esperava que ele fosse à cozinha com ele, ou talvez se oferecesse para preparar os martínis, como costumava fazer quando eram casados. No entanto, não fez nada disso.

- Um martíni seria ótimo. - Ele colocou os pés sobre a mesa de centro e suspirou alto. - Tive um dia exaustivo.

Mark franziu a testa e seguiu para a cozinha. Se aquele era o primeiro encontro, como seriam os próximos? Ele não ficaria impressionado se Glenn ligasse a televisão e pedisse uma cerveja, como costumava fazer quando estavam casados.

Afinal, o fato de tê-lo convidado para jantar fora uma forma sutil de marcar um encontro romântico. Ou teria de ser mais explicita?

Ele preparou os drinques e tentou não pensar no assunto. Na certa, Glenn tivera um dia difícil no trabalho, ponderou, tentando amenizar a frustração. Entregou-lhe o martíni e sentou-se perto dele no sofá. Perguntou como fora o dia, e ouviu com paciência enquanto o ex-marido contava todos os detalhes do processo em que trabalhava no momento, exatamente como costumava ser antes de se separarem.

Mark não reconheceu os nomes dos novos clientes. Sempre se esforçara para decorá-los, assim como cada caso, como se também trabalhasse no escritório de advocacia do marido. Porém, percebeu que sua disposição para fazer os comentários certos não era mais a mesma.

Glenn pediu o segundo drinque e, dessa vez, acompanhou-o até a cozinha.

Ele riu ao ver os azulejos amarelos e fez um comentário divertido a respeito.

Então, ele se lembrava! Mais animado, Mark serviu o jantar, satisfeito quando recebeu muitos elogios.

Glenn conversou sobre banalidades e usou toda a energia mental para tentar se focalizar nele, obrigando-se a não pensar no erro que cometera naquela tarde ao beijar Dylan Mersey. Seu futuro era com Glenn.

Ele também era o seu passado, mas talvez tivesse amadurecido nos anos em que estiveram separados, depois do divórcio.

Ao menos, ele havia aprendido muito naquele período. Quando estava casado, Mark desempenhara à perfeição o papel de "rainha do lar" , apelido sarcástico que ele recebera das amigas. Geórgia, Lily e Megan sempre insistiam para que ele não fosse tão dependente do marido. Porém,

Glenn não permitia que trabalhasse fora. Para preencher o tempo livre, ele passava as tardes no clube de campo, e se ocupava com eventos promovidos pelo Círculo Cultural, um grupo de esposas de homens ricos e bem-sucedidos que, assim como ele, se dedicavam às artes para preencher o vazio.

A verdade era que Mark nunca se sentira dona do próprio destino, fora a conclusão a que chegara pouco antes de se decidir pelo divórcio.

Dedicara sua vida a fazer Glenn feliz, e se esquecera das próprias necessidades.

Depois da separação, no entanto, ele ficara assustado ao descobrir que o padrão de vida que costumava ter era impossível de se sustentar.

Tinha de trabalhar e abrir mão das tardes ociosas no clube.

E fora então que investira todos os esforços em abrir a loja e descobrira que nada o deixava mais feliz do que se dedicar ao seu próprio negócio.

Imersa em seus pensamentos, Mark via os lábios de Glenn se movimentando sem registrar o que ele dizia.

A conversa perdeu o ânimo quando ela levou a sobremesa: bolo gelado, como a mãe dele costumava servir.

Mark percebeu que não tinha nenhum assunto que pudesse interessar Glenn. Seria somente porque fazia muito tempo que não se viam, ou não haveria mais nada em comum entre eles?

- Megan Rose me convidou para ser Padrinho de honra no casamento dela - comentou, incomodado com o silêncio. - Não é maravilhoso?

- É mesmo? - Os olhos de Glenn brilharam com súbito interesse. - Você será Padrinho de honra no casamento de Sutter Foley?

- Bem, o casamento é da minha amiga.

- É fantástico! Esse casamento será a notícia do ano. Todos estão comentando quem será convidado pelo milionário mais famoso da região.

- Bem, eu estou entre eles, e tenho certeza de que Lily e Geórgia também estão na lista de Megan. Mas não sei quem está na lista de Sutter. Imagino que irá convidar os familiares que moram na Inglaterra.

Glenn assentiu e estudou-o com atenção.

- Sutter precisa de um círculo de amigos na cidade. Deve ser difícil. Sendo tão rico, como saber com quem realmente pode contar, e quem se aproxima apenas por causa do dinheiro?

- Nunca tinha pensado nisso, mas aposto que é difícil para ele fazer amigos - Mark concordou. - Ainda mais sabendo que a amizade é baseada em experiências compartilhadas. Quem compartilha a experiência de ser bilionário?

- Sutter não chega a tanto. Acho que ele é só milionário.

Os dois riram, e ele se sentiu mais à vontade.

Notou que Glenn estava ligeiramente alcoolizado quando o acompanhou à porta, e atribuiu ao fato de estar nervoso e ter excedido na bebida para se acalmar.

- O jantar estava ótimo, Mark.

Ele sorriu e pousou a mão no braço dele.

- Obrigado por vir, Glenn. Eu acho que nós...

O restante da sentença ficou no ar quando ele colou os lábios aos dele.

Mark foi pego de surpresa e recuou um passo, rompendo o contrato.

Mas Glenn o procurou novamente e cobriu a boca com possessividade, envolvendo-o com os braços para puxá-lo de encontro ao peito. Incerto sobre o que fazer, Mark se deixou levar. Entreabriu os lábios e fechou os olhos, sentindo no beijo o gosto de martíni.

Glenn aumentou a pressão sobre os lábios dele, e quando as mãos deslizaram sob a blusa, ele o empurrou.

- Vamos deixar um pouco para o segundo encontro, está bem? - sugeriu, plantando a palma da mão com firmeza no peito dele.

- Agora vou chamar um táxi para você.

_____

Narrativa de Dylan. _____

- Eu acho que pode funcionar. Quero dizer, já temos uma história e nos sentimos à vontade juntos. Ele também pareceu interessado. Aposto que terminaremos na cama em breve. Dylan olhou para Glenn, incerto sobre o que ele estava falando.

Seu companheiro de corrida passava de um assunto para outro com a mesma a facilidade com que mudava o peso do corpo de um pé para o outro.

- Quem? - perguntou sem perder o ritmo da corrida. - Meu ex-esposo. Lembra-se de que comentei que ia jantar com ele ontem? - E Glenn prosseguiu sem esperar pela resposta: - Tenho certeza de que ele está a fim. Acho que foi por isso que me convidou. Ele é do tipo que prefere voltar para alguém conhecido a admitir alguém novo em sua vida. Especialmente em questões de sexo.

- Se tudo o que ele quer é sexo, o que houve de errado ontem?

- Ele tem rígidos princípios morais. Ele não admite querer apenas sexo. Precisa acreditar que estamos namorando. Se há alguma coisa que sei a respeito do meu ex-esposo é que ele quer ser seduzido.

- E como sabe que ele não quer alguma coisa a mais, como alguém para consertar o encanamento da cozinha?

Glenn o encarou de soslaio. - Você já foi casado?

- Não sou um bom partido. Não tenho dinheiro, moro num apartamento minúsculo, meu carro mal consegue andar, e minha ideia de um jantar romântico é pedir uma pizza. As pessoas não acham nada disso atraente, não sei por que razão.

- Muitas mulheres e homens gostam do tipo bad guy. Eles adoram a ilusão de salvar um homem. No entanto, há outras como o meu ex. Ele tinha mais orgulho do meu trabalho do que eu próprio, e valorizava minha educação como se eu fosse o único na face da Terra que se formou em Princeton. Pelo menos, no seu caso, é possível saber quando a pessoa está realmente interessada em você.

- Bem, tudo que posso dizer é que sei quando eles não estão.

Glenn riu e pousou a mão no ombro dele.

- Confesso que eu nem sempre percebo. Meu ex tem deixado claro que está querendo reatar. O problema é que nunca ouvi falar de casais separados que voltam a se entender. Você já?

- Para falar a verdade, não.

- Bem, ele pensa que quer refazer nosso casamento, quando, no fundo, deseja o mesmo que eu: um pouco de proximidade física.

Dylan não fez nenhum comentário. Quase todas as pessoas que conhecia queriam um relacionamento, mesmo quando afirmavam que era apenas sexo.

Em vez de comentar, ele preferiu poupar o fôlego enquanto subiam pela colina íngreme.

- Sutter Foley mora naquela mansão, não é? - Dylan apontou para a luxuosa construção no topo da colina.

- Sim. O lugar é magnífico por dentro. Meu ex é amigo da noiva de Foley. Ele será a Padrinho de honra dela. Se eu souber jogar minhas cartas, serei convidado para o casamento. Os contatos que fizer triplicarão meu negócio. Se Sutter Foley e os amigos dele ainda não tivessem advogados, não teriam chegado aonde chegaram.

Dylan pensou. Porém, manteve a opinião para si.

- Aquele homem tem mais dinheiro do que Deus - Glenn prosseguiu com evidente admiração. - É ele quem mantém a economia desta cidade.

Dylan manteve o ritmo, olhando de relance para a mansão que pertencia a um dos homens mais ricos da América.

Poderia morar em qualquer parte do país, mas escolheu uma cidade pequena como aquela.

Na certa, era alguém que havia trabalhado duro para chegar ao topo.

Ele conhecera a noiva de Sutter, Megan Rose, e ela parecera a última pessoa do mundo que poderia ser chamada de pretensiosa.

- E quanto a você? Tem namorada ou namorado?

Dylan balançou a cabeça em negativa. - Acabei de me mudar para cá.

- E não deixou ninguém para trás?

- Deixei tudo para trás.

- Sei o que quer dizer. - Glenn olhou para ele de soslaio. - Eu também já pensei em fazer isso, depois do meu primeiro divórcio. Foi um momento difícil. Nós dois pertencemos aos mesmos círculos sociais, e todos falavam a respeito. Então conheci minha segunda esposa. Foi o maior erro que já cometi. sim. Eu sou bissexual. e me casei com uma mulher.

- que legal. não pensou em sair da cidade depois do segundo divórcio

- Não. Seria exatamente o que ela queria. Além disso, temos uma filha. Eu tenho de ficar por perto para ter certeza de que ela não gasta a pensão com roupas e joias.

Quanto mais ouvia, mais Dylan ficava convencido de que era um erro fazer amigos em lojas de sapatos.

Aquele homem devia ter mais ou menos a sua idade e já havia se casado duas vezes, enquanto ele nunca tivera nem ao menos um relacionamento duradouro.

Estivera tão ocupado cuidando da mãe e tendo certeza de que não seria apanhado que não tinha sobrado tempo para prestar atenção às mulheres antes de ir para a cadeia.

Depois ocupara-se em não ser apanhado novamente, além de tentar se transformar num artista morando num bairro afastado de Baltimore com a mãe.

Não havia muitas mulheres que queriam ser parte de seu mundo.

- E você vai se casar de novo? - perguntou por mera educação, apenas para manter a conversa viva.

- Não sei. Talvez volte a me casar se encontrar alguém que valha a pena. Mas não quero mais filhos, isso é certo. Filhos são um problema no divórcio.

Dylan ponderou que divorciar-se não era pior do que desaparecer, como seu pai fizera.

- Não me entenda mal - Glenn continuou, alheio às reflexões dele. - Eu amo minha filha, mas não quero ser pai novamente. Foi por isso que fiz vasectomia.

- Espero que isso também faça seu ex-marido feliz, já que ele quer apenas sexo.

- Apenas a segunda. Abigail não quer nenhuma competição para Britney, minha filha. Mark, por outro lado, sempre quis ter filhos. Foi por isso que o nosso casamento acabou.

Dylan teve de se forçar a controlar o passo quando ouviu o nome. - Você disse... Mark ?

- Sim, meu primeiro esposo.

Continua.

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Comentários

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o conto é legal mas caro autor, procure revisar o que escreve, vc escreve Mark no feminino mtas vezes de forma q dá até pra se achar q se trata de uma mulher

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Suara. É isso mesmo. O gleen teve o mark como o primeiro esposo. E ai teve uma mulher como segunda esposa. Sim o gleen depois que se separou do mark . Ele se casou sim com uma mulher.

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Tá meio confuso esse conto...no primeiro capítulo vc narrou que Gleen teve um segundo esposo, agora nesse vc narrou que ele teve uma esposa. Se vc tá passando um conto hétero para um conto homo, cuidado, pq vc não ta revisando direito. A estória é interessante, mas tem que ser bem revisada, senão fica confusa.

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Cuidado com os erros moço, você troca muito ele por ela e fica tratando o personagem Dylan no feminino.

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O Mark não deve dar outra chance ao Gleen. Obs: Dá uma revisada melhor no texto antes de publicar, direto é trocado o gênero do personagem principal.

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