A História de um Hétero Apaixonado Cap.1

Um conto erótico de João Paulo Cabral
Categoria: Homossexual
Contém 1087 palavras
Data: 10/06/2017 06:30:34

Cap.1

“- Como você pôde ter feito isso comigo ?

Eram as únicas palavras que eu ouvia dela naquele momento. Mas não, ela não entendia tudo aquilo. Ela não entendia nenhuma parte, de toda essa história. Não entendia que eu havia tido motivos para ter feito aquilo.

-Você não entende... Eu não tinha escolha... Era isso ou eu iria parar na sarjeta ! – dizia, vendo ela chorar...

-Você não podia ter me enganado desta forma ! Nunca pensou nos meus sentimentos...

-Você sabe muito bem que nem eu, nem você tínhamos outra forma... – dizia eu, a olhando como vendo toda aquela história passar novamente a frente dos meus olhos. Aquela longa história, que me fez ser um homem sofredor e amargo ao longo dos anos. E que agora parecia querer renascer das cinzas. E que a partir de agora, estarei aqui contando !”

Eu me chamo João, tenho atualmente 30 anos. Aos olhos de todos, sou a pessoa mais feliz do mundo. Consegui me tornar um empresário de relativo sucesso na minha cidade, através de uma rede de drogarias, que montei depois de todo esse tormento. Sou casado, com uma mulher que todos veem como modelo de beleza. Moro atualmente em São Paulo, mas tudo isso começou bem longe daqui, no litoral, em Uberlândia, minha cidade natal. Tudo isso começou quando eu tinha 16 anos... Lembro me do rosto com espinhas, da barba rala, da voz ainda não totalmente firme que eu portava. E do quanto eu me sentia estranho, perdido e sem rumo.

“Era um almoço de domingo. Todos os meus familiares estavam na minha casa, reunidos. As tias fofoqueiras, os primos quietos, os primos exibidos, as primas bonitas. Era uma família até bem comum. Mas que se tornou a pior, após aquilo tudo. Eu era um rapaz como qualquer outro. Tinha um corpo até atlético, porquê sempre gostei de esportes. Estudava, tinha amigos, ia ao cinema, de vez em quando saía, mas tinha que voltar as 23h, se não meus pais eram terrivelmente chatos. Mas, sei lá, me sentia como se eu não fosse quem achava que era. Sentia que tinha algo que me diferenciava da maioria.

-O que foi João ? Não está se sentindo bem ? – minha mãe Larissa me perguntava no almoço.

-Não mãe, eu estou bem – dizia, sorrindo. Mas por dentro eu queria gritar, e sair correndo dali. Me esconder, por me sentir assim”

Minha família era bem conhecida na cidade. Meu pai era médico, minha mãe também, e eles tinham grande reputação. De modo que tinham grandes amigos por todos os lados. Apesar de parecerem cultos, evoluídos e educados, partilhavam de um lado que eu só vim descobrir anos depois. Querem saber o que estava me causando todo esse sentimento ruim ? É complicado...

“Eu estava em plena adolescência. Hormônios a flor da pele, sentimentos aflorando, descobertas a cada momento, corpo crescendo, voz mudando. Nessa idade todo mundo começa a descobrir a sexualidade. Comigo não era diferente. Eu não era um rapaz de aparência ruim, de modo que era assediado. E não podia negar, adorava.

- Tem certeza que você não vai poder sair comigo ? – uma das garotas da minha sala, Daniela, me perguntava nos corredores.

-Mas porquê você quer tanto sair comigo ? Há outros garotos por aí... – dizia eu, a observando.

-Porquê eu gosto de você João ! – ela falava, me observando – eu quero sair com você...

-Eu vou pensar, tá bom ? Meus pais não estão me deixando sair muito, mas se eles deixarem eu saio com você – falei, sorrindo, enquanto voltava a andar.

Era como qualquer outro rapaz, admirava as garotas, sorria para elas, tentava seduzir...

-Ela tá te secando – Marcelo, um amigo, me dizia, me cutucando.

-Eu percebi – falei, sorrindo. Entretanto, logo comecei a notar também algo diferente. Enquanto eu estava observando a moça, um rapaz passou ao seu lado, loiro, alto, de corpo também atlético, vestia uma camisa de mangas compridas. Foi naquele momento que tudo começou a mudar dentro de mim, e eu percebi algo diferente – quem é aquele rapaz ali ? – perguntei ao Marcelo.

-Não sei... Acho que ele deve ser do segundo ano, vi ele com uma garota de lá esses dias. – ele foi o primeiro rapaz que eu reparei. Pela primeira vez reparava num rapaz. Quase que imediatamente, o estado de confusão se formou na minha mente”

Era estranho imaginar na minha mente um rapaz... Era estranho e diferente pra mim... Por isso eu me sentia assim. A partir dali, não sei porquê, mas comecei a reparar em outro rapazes que eu via por aí. Na aula de Educação Física, na rua, perto de casa, enfim...

“-Passa - um dos meninos gritava, enquanto corríamos atrás da bola no futebol. Logo eu dei a bola pra ele, e quando fui correr pra receber a bola, recebi um empurrão, e cai.

-Desculpa aí – o rapaz que me empurrou falou, me dando a mão para levantar. Por alguns poucos segundos, eu reparei nele... Sentia que algo estava se revelando dentro de mim. Algo que eu não conhecia. E que tinha medo”

Era diferente perceber que eu também reparava nos rapazes... Eu não entendia... Achava errado, achava que algo estava errado comigo... E que eu não deveria me sentir assim... E por isso eu ficava triste. Mas não conseguia evitar...

“Estava no banheiro, lavando o rosto, pois ainda estava com um pouco de sono. Olhava para o espelho...

-Mas que droga, quando é que essas espinhas vão sumir de vez ? – me perguntava, limpando com a toalha de papel o rosto. Até que de repente ouvi a porta do banheiro ser aberta. Quase que imediatamente olhei para ela, e vi aquele garoto loiro entrar. O primeiro garoto que eu reparei, e que chamava a minha atenção mais do que qualquer outro. Não demorou muito para ele sair de lá, e vir até a pia lavar a mão. Por algum motivo, eu reparava em cada movimento dele. Ele lavou rapidamente as mãos, mexeu no cabelo, olhou pra si, e então olhou para mim. Foi quando ele notou que eu estava reparando nele. Imediatamente me perdi, foi um desespero dentro de mim saber que a pessoa que eu reparava percebeu. Quando voltei a olhar pra ele, ele estava com um sorriso de canto. Não consegui aguentar mais a vergonha, e sai dali o mais rápido que pude. Só consegui respirar direito quando meus pés estavam fora. Eu não sabia, mas aquele sorriso seria o que guiaria o meu destino dali em diante...”

Continua

Olá pessoal... Gosto bastante de escrever, e decidi compartilhar aqui esta história. Espero que gostem. Beijos.

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Comentários

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Também gostei, ansioso pelo próximo capítulo.

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EXCELENTE INÍCIO. MAS ME PARECE QUE ESTÁ SE JUSTIFICANDO O TEMPO TODO. VAMOS VER...

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Bom começo. Apesar da expectativa de sofrimento no final, me parece que teremos uma grande história.

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muito bom...gistei da estoria...continua..

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