Pai, homem, carrasco, amor - pt 13

Um conto erótico de Hubrow
Categoria: Homossexual
Contém 3349 palavras
Data: 07/06/2017 20:12:36
Última revisão: 08/06/2017 20:58:54

Só após a despedida de Tia Amélia que entendi mais claramente o que ocorrera naquela noite e como ela mudaria nossa rotina. No três dias que minha tia passou conosco, tudo correu bem. O que mais me marcou foi a desfaçatez com que meu pai planejava, desempenhava e convencia ao interpretar uma grande simulação como aquela. Num momento, cheguei a pensar que talvez as más lembranças da infância e da adolescência pudessem ser apenas fruto de uma obstinação sua em manter a dignidade comigo. Ele sabia como ser convincente.

Naqueles três dias, nem uma só vez permitiu uma troca de olhares comigo, cuja cumplicidade poderia ser notada por minha tia. Não hesitou em qualquer frase; não se atrapalhou com tantas mentiras; não se contradisse nem de raspão; não esqueceu o menor detalhe na casa que pudesse denunciar alguma ambigüidade na relação de nós dois. Ele tinha vocação para cometer o crime perfeito, sem rastros.

Tia Amélia acabou ficando mesmo em nossa casa. No dia seguinte, no almoço que papai dissera ter sido feito por uma vizinha que lhe devia uns galhos, reclamou do hotel – que, embora reformado, não passava mesmo de uma hospedaria para caixeiros-viajantes. Aquela cidade certamente nunca tinha visto um turista sequer. Depois da refeição, papai mandou que eu fosse pegar as coisas dela e fechasse a conta com o seu Manezinho.

Quando eu batia o portão para sair, veio a mim, quase no meu ouvido:

- Te segura que quando tua tia for embora tiro o atraso contigo. E vou te dar o que tu finge que não está querendo.

Não entendi e fiquei embatucado com aquela promessa. Foi o suficiente para ter de enfrentar pelos menos vinte metros de calçada sem saber como esconder o volume sob a calça. Mas a rua estava deserta, como é comum em cidades menores.

Dormi no sofá da sala de TV e ela no meu antigo quarto – onde, por precaução, papai já havia mandado, muito antes, eu guardar tudo o que era meu. Também tinha determinado que eu colocasse coisas minhas no banheiro do corredor, até o xampu. Passei os três dias praticamente grudado com ela, que achou tudo maravilhoso.

- Seu pai era muito distante de você. Estou contente de ver como vocês estão tão amigos. Ao menos para isso serviu a partida de sua mãe – disse, numa das vezes que fizemos o lanche da tarde na padaria, já que meu pai garantira que nem café eu fazia direito e que, por isso, só usávamos o solúvel quando a empregada estava ausente.

Quando tocava nestes assuntos – sobre eu e meu pai, sobre minha infância –, era nítido que ela era uma fonte rica de detalhes que talvez me fizessem compreender mais as coisas: a minha vida até ali, o comportamento de meu pai, a nossa distância. Mas eu tinha medo de pôr tudo a perder – e o sangue-frio que papai demonstrava em toda a encenação, em vez de me estimular, me tornou mais inseguro. Eu jamais teria a desfaçatez e a eficiência dele.

Tentei, algumas vezes, puxar algum fio das lembranças dela de quando eu era pequeno, mas eu mesmo cortava os assuntos que iniciava. Quando percebia que chegava perto do que estava procurando – alguma informação, alguma cena, uma fala que fora apenas curiosa no passado, mas que pudesse ter novo significado agora –, eu paradoxalmente mudava de assunto. O que eu procurava era justamente o que me dava temor de me fazer falar demais. Poderia dar-lhe algum indício do que hoje ocorria naquela casa e que ela jamais poderia vir a saber.

Na convivência comigo, por várias vezes papai pareceu agir como eu fiz com tia Amélia, quando tangenciávamos esses assuntos. Ele mesmo puxava o fio que, logo em seguida, repunha no lugar:

- Até hoje ainda não sei como você saiu de mim. Tu é muito diferente.

Fez uma pausa, num beijinho.

- Mas eu gosto assim.

- Dizem que, olhando bem, sou parecido com você.

- Por isso que não é ainda mais bonito do que já é. Mas é o pouco que tem de mim.

Fez uma pausa, olhando as mãos, compenetrado:

- E o andar.

- Ãhn?

- Teu andar. Você anda igual a mim.

- Tenho o teu andar?

Não respondeu de imediato. Quando o fez, permanecia como se atento às próprias mãos.

- Desde pequeno.

- Você nunca me disse isso, pai.

- Nunca te disse muitas coisas.

Bufou, talvez impaciente consigo mesmo.

- Tua mãe dizia. Mas mandei ela parar.

- Por que?

- Porque eu não queria te conhecer.

Soltou novamente o ar com força. Abraçou. Tascou-me um beijo para que eu não perguntasse mais. E assim foi também outras vezes.

Papai não tinha como ficar todo o tempo comigo e com tia Amélia. Ela não viera num fim de semana porque não teria quem cuidasse de seus gatos. A vizinha se dedicava à família nesses dias, e não quis se comprometer; só oferecera nos dias que o marido e os filhos trabalhavam ou estudavam. Por isso, ele não tinha o dia todo livre para estar com ela, como desejaria.

Mas se esforçou: ía e vinha da obra, tentando curtir a presença da irmã. Viam-se pouco, por causa da distância entre a cidade que ela nascera e a que adotara quando partira, já depois dos vinte anos. Além do ônibus até a capital, ela tinha ainda de pegar um avião para chegar. Eles se falavam com certa regularidade ao telefone. Gostavam-se muito. Por vezes, ela era quase maternal com ele, até porque suas idades tinham uma década de diferença.

Quando retornamos da rodoviária, após termos deixado tia Amélia dentro do ônibus da volta, entrou em casa mandando que eu me despisse. Usava um blazer que desencavara do armário. Durante a visita da irmã, tinha se vestido de forma mais cuidada que o normal, assim como eu fizera a seu mando, mas achei que naquele último dia tinha exagerado – só bem depois eu compreenderia a razão. Mas, de qualquer forma, estava mais bonito ainda: o paletó lhe valorizava os ombros e, embora o corte nada tivesse de especial, ele parecia maior, até mais alto. Muito elegante.

- Acabou a farra – disse, com os olhos cravados nos meus, após mandar despir-me. – Ou melhor: vai começar a farra de verdade.

Ficou me observando tirar a roupa ali mesmo, na sala. Quando terminei de dobrar as peças, foi amável ao me dar outra ordem:

- Tira já essa mesa pra eu te comer gostoso, garoto.

Eu obedeci, levando parte da louça para a cozinha. Quando retornei, continuava de pé, fumando.

- Ué, você não vai tirar esse blazer? Não vai se trocar? – eu disse, com uma ligeira animação na voz que se somou ao meu pau empinado.

Ele não respondeu, apenas sorriu e olhou o cigarro aceso. Notei que, estranhamente, voltara a abrir a porta e a mantivera assim, entreaberta.

Não deixou que eu terminasse meu trabalho doméstico. Pegou-me pela cintura e forçou-me de costas contra a parede, firme, mas não propriamente violento. Beijava-me a nuca enquanto suas mãos, ainda meio grossas mesmo anos após ele ter deixado a lida como peão, percorria meus flancos, apertava meu peito e logo iam até sua calça. Eu gemia, e então me dei conta de que poderiam nos ver da rua.

- Só se alguém parar aqui em frente, querendo nos ver.

- Então pelo menos apaga a luz, pai – pedi, já percebendo que ele enchia a mão de cuspe e molhava o caralho.

- Dá para ver se alguém se esgueirar e olhar entre as plantas, Mateus. Só assim.

Pedi que ele me deixasse dar uma revisada na higiene, pois não a estava fazendo com tanto cuidado naqueles dias. Mantive o costume de estar sempre preparado para ele, para evitar que me pegasse desprevenido num improvável arroubo de tesão, mas temia que tia Amélia percebesse. Ela poderia estranhar eu tantas vezes me demorar no banheiro. Então, me apressava.

Não deixou, e meteu fundo. Ele me cobria com o tecido de sua roupa farfalhando entre nós. “Quem está na chuva é pra se molhar”, sussurrou. Parecia me deixar ainda mais frágil vestido daquela forma.

- Pai... a porta...

- Acha que alguém está te vendo? – sussurrou novamente.

- Não sei... Mas...

Ele segurava forte em minha cintura. Não machucava, mas me mantinha preso sob suas roupas.

- Sente vergonha, garoto?

Arfei.

- Talvez um cara esteja te olhando agora – cravou forte. – E agora viu teu rostinho de tesão.

Meu coração se acelerava.

- Do que tem mais vergonha? De eu estar te metendo aqui? Tu nu sendo enrabado pelo coroa que acabou de chegar? Ou de eu te expor assim pra ele? Ele na rua, acariciando a pica em cima da calça suada do dia inteiro, talvez passando a mão na camisa para alisar o peito...

Eu me deixava fuder com força, sem esconder que queria mais. Os braços estirados contra a parede às vezes fraquejavam, mas resistiam aos golpes. Falava em meu ouvido, numa atitude que não lhe era comum: ele, como um animal, rugia, rosnava, gemia, resfolegava. Mas não costumava falar quando se dedicava ao coito.

- E ele te olha todo; esse teu corpo magrinho que não consegue escapar... Será que vai entender que nem preciso tirar a roupa pra te tomar pra mim? Será que tá vendo que tu gosta? Que tu é uma putinha que arranjou um puto pra te dar jeito? É disso que tu tem vergonha, Mateus? Do teu pai ter você pelado pra te meter quando quiser, sem nem precisar tirar a roupa? De você desfilar pela casa preparadinho, doido pra levar vara do jeito que eu quiser? É disso, Mateus?

Minha cabeça pendeu para frente, de tão excitado que estava. Puxou-a para trás, tapando minha boca para abafar os gemidos que eu não conseguia controlar e que iam ficando mais altos. Senti-me febril com o roçar da manga do paletó em meu rosto, o punho da camisa branca próximo do meu olho. O cinto na calça aberta batia em minha pele de vez em quando, fazendo a fivela tilintar.

Pareceu concentrado em admirar meu arrebatamento; diminuiu um pouco o ritmo das metidas. Retomou, seguro e viril. Fui entrando num êxtase cada vez maior e ele foi explorando minha próstata e depois tirando tudo, botando de novo, voltando a exercitar minha excitação como havia aprendido tão bem. Tive um primeiro orgasmo, e depois outro, e outro que emendou em mais um. Ele apertava meu peito e mordia meu pescoço, me dominando sem pena, e cochichou que a partir daquela noite não me queria mais vestido; que eu estava obrigado a ficar permanentemente nu, mesmo com ele em casa.

Pegou-me pela cintura e levou-me para o quarto, sem que durante o trajeto desencaixasse o cacete. Jogou-me na cama e me virou de frente. Abriu minhas pernas, cravou o falo novamente e espalhou-se sobre mim, cobrindo com suas roupas minha nudez forçada. Eu agora gemia baixinho, como se não tivesse mais forças para tanto desejo. Senti que melava sua camisa após uma sucessão de novos orgasmos, mas ele não se importou.

Agora, o macho me enrabava naquele seu silêncio intenso, interrompido pelos sons algo primitivos que emitia no calor do tesão. Eu ouvia o chiado dos movimentos de sua roupa, o ruído do cacete usando meu cu, enquanto seus culhões batiam contra minha bunda. Pôs um gozo farto em meu canal, como eu e ele sabíamos que iria fazer.

Eu mesmo pedi que ele se colocasse de pé na cama. Queria contemplá-lo daquele jeito, tão enorme diante de mim. Observei as ombreiras que não mais do que enfatizavam seu poder sobre mim, o passivo que ele havia tomado exclusivamente para si. As calças ainda se mantinham alinhadas mesmo agora, escancaradas para dar vez à mata dos pentelhos escuros, sob a qual pendia o caralho finalmente saciado e os bagos que enfim haviam voltado a produzir leite após três dias. O couro preto dos sapatos contrastava com o lençol, e eu os alisei, acariciando-os como se fossem uma extensão de seu corpo.

Ele seguiu pisando o lençol e foi ao banheiro. Voltou com o cacete pingando a água que sobrara após desligar a torneira do lavatório. Pôs-se novamente diante de mim, ofegante, mas resoluto: queria mais ainda. Tomei aquele falo na boca, tentando imitar como ele fazia para tomar meu corpo, meu coração, a mente, a minha vida inteira.

Com o dedo, eu buscava seu esperma dentro de mim. Espalhava em minhas bordinhas e pelo entorno, tornando mais gostosos os carinhos que eu fazia deslizar em mim mesmo. O cheiro daquela porra grossa se propagava pelo quarto. Ele foi se recobrando aos poucos. Eu não sabia se continuava a mamada ou não, com medo de parecer pressioná-lo para que me cravasse mais. Sua mão pesada, guiando meus lábios pelo cacete que novamente crescia, tirou minhas dúvidas.

Jogou-se na cama e me puxou sobre ele, sem se importar se nossos fluídos poderiam manchar sua roupa. Avançou novamente.

- Só eu me visto nessa casa. A ordem agora aqui é essa – confirmou, assim que entrava no banho, pela manhã.

Quando tomávamos o café, comentei que tinha ficado curioso desde a chegada de tia Amélia, por causa de seu comentário de que, após a partida dela, iria me dar o que eu queria. Numa exceção rara, ele não havia me comido pela manhã, pois preferiu estender o sono para tentar recompor-se do abate que lhe tomara boa parte da madrugada.

Eu não dei um pio sobre minha nova situação. Estava me resignando a ela, ainda que me sentisse permanentemente embaraçado. Com o tempo, também iria me acomodar ao poder que ele tinha me tomado. Não tinha mais como cobrir-me na sua frente: as ereções me denunciavam sem perdão. Dali em diante, muitas vezes elas me fariam quase cair no desespero. Eu não queria que ele soubesse o quão certas pequenas coisas que dizia ou fazia mexiam comigo, mas não tinha mais como evitar.

Haviam se acabado os limites para que ele se apossasse de qualquer reserva que eu tivesse, por mais íntima e obscena que fosse. A facilidade com que tinha ereções, mesmo as mais passageiras, me entregava. Não era preciso que papai me bolinasse, acariciasse, se exibisse voluntariamente para mim: uma única frase, muitas vezes, era suficiente para que o membro indicasse que o caçador acertara a presa, ainda que por displicência.

Mesmo após adulto, eu mantive uma grande facilidade em ter ereções, mais comum na puberdade. Elas vinham a qualquer sinal do que eu percebia como sensualidade – e mesmo do que não sabia que via como tal. O fim da adolescência não levou consigo essa imaturidade de meu corpo. E a convivência com papai aflorara tal fragilidade como nunca antes ocorrera. Era como se meu pai ostentasse o descrédito com que meu pau encarava minha autoridade: endurecia quando bem queria, mesmo contra a minha vontade.

Não eram ereções necessariamente prolongadas. Era comum elas irem e virem, à medida que papai tocasse em algum ponto fraco da minha libido. Fora assim desde o início, mas a roupa me mantinha razoavelmente protegido. Mesmo que eu não tivesse controle daquela instabilidade, ela era contida pelas roupas que me preservavam. Mas não contava mais com elas.

Às vezes, papai simplesmente desviava o olhar com desleixo ou fazia uma piadinha amável, carinhosa. Ou soltava um sorriso discreto, em resposta ao vexame que eu sentia e tentava dissimular. Mas, em várias outras, ria de mim, como que zombando da incapacidade de eu disfarçar algum prazer embaraçoso, ou que devesse ser embaraçoso. E mais embaraçoso é que ele sabia o efeito que isso causava: tornava ainda mais longo o tempo de espera para que meu pau amolecesse.

Ele chegava a forçar situações para me expor, como fizera inicialmente, dias antes, com o sal e a pimenta – e descobrira meu segredo. E foi o que fez logo naquela manhã, depois que falei de minha curiosidade sobre seu comentário no portão:

- Era esse o presente que você disse que ia me dar?

Não respondeu de imediato: observou que a manteigueira estava quase vazia. Ele havia acabado de mencionar minha nova situação e que talvez a suspendesse quando me considerasse suficientemente amansado. Bastou esse comentário para que um frio na espinha se desandasse numa subida do meu pau. Eu e ele sabíamos que, ao repor a manteiga, na cozinha, minha nudez protegida pelo tampo da mesa estaria devassada. E eu teria de caminhar de frente para ele.

- Não, ainda não foi esse o presente – disse, enquanto eu saía para obedecê-lo.

- Mas o que é, então? Fala, pai – pedi, começando a tranqüilizar-me porque meu membro ensaiava retornar ao repouso.

- Calma, Mateus... É só esperar mais um pouco. Já tentei três vezes, mas ainda não consegui trazer.

- Tentou três vezes?

- É. Não depende só de mim.

Fiquei intrigado.

- Quem espera sempre alcança, garoto. Vai chegar a hora.

- Mas... que hora, pai? Por que é que tem que ter hora?

Ele apenas sorriu, me deixando mais curioso. Volta e meia, eu parava para pensar no assunto. Ainda insistia na hipótese das alianças, mesmo sabendo que era absurda. Mas não encontrava nenhuma outra suposição que se amparasse em algo palpável, para que pudesse levá-la em conta. Novamente, aquele mistério me ocupava.

Mas, na tarde em que ele me levou ao proctologista, eu não conseguia pensar em nada, apenas em repassar suas instruções. Não estava mais revoltado com o ridículo daquela consulta. Mas, durante aquele pouco mais de uma hora de estrada até chegamos à rua do consultório, permaneci tenso ante a possibilidade de o médico descobrir que o que encontraria em meu cu fora obra de ninguém menos do que meu pai, que estaria ali ao lado dele.

Antes de subirmos, ele rememorou tudo o que havia me instruído e que eu já havia decorado: como eu deveria me comportar, o papel de pateta que eu tinha de interpretar, o que eu podia ou não dizer – especialmente quanto à minha vida com ele. Mas notei que estava nervoso. Estranhei, porque o perigo ali era bem menos ameaçador do fora a visita de tia Amélia. Se ao passar três dias fingindo para ela ele se mostrara tão seguro de si, por que não agora?

- Mudei uma coisa de última hora, mas tu age igual.

- Que coisa?

- Umas coisas, mas não dá tempo de te explicar. E, do jeito que tu é teimoso, vai criar problema. Tu vê na hora. Confia no teu pai. É só tu ficar do jeito que te falei.

Mais uma vez, deu muita ênfase para que eu me dirigisse o mínimo possível a ele mesmo, concentrando-me apenas no médico. E, se fosse importante falar com ele, que medisse cada palavra antes de pronunciá-las – fosse qual fosse a situação. Estava agitado, e eu não atinava o porquê. Fiquei calado: ele não gostava de demonstrar fraqueza. Aquele nervosismo tolo era uma fraqueza tola. E que não lhe caía bem.

Determinou que eu não dissesse absolutamente nada na sala de espera, mesmo quando a recepcionista me chamasse para assinar a papelada do plano de saúde. Conversar com ele, nem pensar, por maior que fosse a demora que enfrentássemos até o atendimento. Fiquei sem entender por que tanta preocupação para que eu não dialogasse com ele: parecia até maior do que sua apreensão com o que eu falaria com próprio médico. Não explicou, e ficou tudo por isso mesmo.

A espera não foi nada longa, e não havia outros pacientes, exceto o que saía da consulta anterior. A recepcionista deve ter estranhado quando ele se levantou na minha frente, após ela indicar que chegara a hora de eu ser atendido. Segui atrás dele, evitando olhar para a mulher, envergonhado pelo vexame de ir a um proctologista acompanhado pelo próprio pai.

Ele entrou na minha frente e eu fechei a porta. No fundo da sala, o médico estava sentado atrás da mesa. Sua cabeça voltou-se para um, depois para o outro, enquanto papai puxava uma cadeira encostada à parede para que eu me sentasse, ao seu lado. O rosto do médico estampava uma indagação óbvia, que meu pai tratou logo de responder, estendendo-lhe a mão:

- O Mateus é ele. Vim apenas para acompanhar. Há problema para o senhor se eu participar da consulta? Vivemos juntos; sou o marido dele.

[continua]

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Comentários

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Perfeito! Perfeito! Perfeito! Mil vezes PERFEITO! Parabéns! Devorei sua história com um tesão descabido e com o coração cheio de ternura pela relação dos dois! Agora vou voltar nos trechos anteriores e dar nota DEZ _ Mesmo porque não posso dar nota superior :-( _ e repetirei o mesmo comentário! Abraços! Sua narrativa me fez MUITO FELIZ!

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cara estou amando esse conto por favor não demora para postar a continuação.

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O pai dele é muito doido kkkkk

Adoro♥👏👏👏

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Que escrita...perfeito. Se eu tinha suspeitas, não as tenho mais. Hehehe Mostrei seu texto pra uma pessoa amiga e ela concordou e foi além... Agora é ver no que dá. Acho que vc está conseguindo seu intuito, se for o q eu tô pensando, e mt bem.

Parabéns cara.

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MDS todo capítulo eu acabo incerto sobre o final da história haha agora tá parecendo que vc vai fazer eles ficar juntos... AAAAAAA Estou tão curioso para saber como terminará a história! Parabéns pela escrita, adorei saber que vc continuou coerente no texto e não se esqueceu de mostrar a consulta médica.

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Uhuuuuuulllllll.... Show de bola!!!! Vc manda muito bem!!!

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Ainda o acho meio estranho, mas to começando a achar um casal fofo, toda forma de amor, né! Uma alegria todo dia abrir o CDC e já ter mais um cap desse conto

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UAU. QUE DELÍCIA DE SURPRESA. VIRARAM MARIDO E MARIDO. MAS AINDA HÁ MUITA COISA Q ESSE PAI E ESSE FILHO DEVEM APRENDER SOBRE RELACIONAMENTO A DOIS.

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