Felipe e Guilherme - Amor em Londres - 14 - A Verdade que dói

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 3754 palavras
Data: 07/05/2017 20:09:36

Negativo. Esse era o resultado que Leopold conseguia para um possível tratamento para Guilherme. Os médicos se negavam a mexer em um tumor que era inoperável. Novos exames mostraram que o tumor traria muitas consequências para a vida do jovem. O médico tentava ser sensível, mas como explicar para uma pessoa que a única saída é a morte?

Guilherme: - Eu tenho seis meses?

Médico: - É muito difícil dizer. Pode ser mais, ou menos. Guilherme… ainda não desistimos do seu caso, mas ninguém está 100% seguro quanto a qual procedimento usar.

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Guilherme: - E o que vai acontecer?

Médico: (respirando fundo)

Guilherme: - Se eu morrer… quero saber como…

Felipe e Celestina: - Guilherme.

Celestina: - Filho é melhor não incomodar o médico.

Felipe: - Amor…

Médico: - Tudo bem. O tumor vai se expandir… você vai sentir fortes dores de cabeça, ele também pode causar alucinações, náuseas… eu… sinto muito, filho.

Guilherme: (com os olhos vermelhos) – Não foi tão difícil viu.

Felipe: - E quanto aos remédios? Para aliviar as dores?

Médico: - O pai do Guilherme já está fazendo isso agora. Os medicamentos serão prescritos pelo neurocirurgião.

Celestina: - Pergunta se esses remédios vão ser fortes?

Felipe: - Ela quer saber se só medicamentos vão ser fortes ou ter algum tipo de efeito?

Médico: - Depende muito. O corpo do Guilherme pode reagir de várias maneiras.

Felipe: (olhando para Celestina) – Vai depender do corpo do Guilherme.

Guilherme: (ouvindo um zumbido, ele olhava para as coisas, mas não conseguia ouvir nada, desmaiando)

Celestina: - Meu filho. (baixando para ajudar Guilherme)

Felipe: - Amor. (apoiando a cabeça de Guilherme) – Você está bem?

Médico: (pegando um telefone) – Traga uma equipe para o meu escritório agora… e uma maca. Agora!

Steve contou com a ajuda de Paris para organizar seu apartamento. Paris tinha um talento nato para decoração, então ele deixou tudo nas mãos de sua namorada. A jovem chamou uma amiga arquiteta para pegar algumas dicas de cores, principalmente para lugares apertados. Na hora do almoço, Paris passou na Escola de Intercâmbio, ela queria ver o painel que Nariko estava fazendo, e também para se certificar se Tchubirubas precisava de algo.

Tchubirubas: (abanando o rabo) – Felipe? Guilherme?

Paris: (entrando) – Oi, lindinho.

Tchubirubas: (parecendo desanimado)

Paris: - Puxa Tchubirubas… poderia apenas fingir que está feliz em me ver?

Tchubirubas: (deixando em sua caminha)

Paris: - Está com saudades dos teus pais, né? (pegando o pote de ração e colocando na vasilha do cachorro)

Tchubirubas: - Estou sim.

Paris: - Vai ficar tudo bem. O Felipe é um garoto forte. Ele vai conseguir superar tudo. Agora seja um bom garoto e coma tudo. Agora o que eu preciso fazer? (pensando) – Ah, tá. Limpar a sua caca. (fazendo cara de nojo)

Sim. Em momentos cruciais as nossas amizades são de suma importância. Felipe e Guilherme conseguiram todo o apoio necessário. Leopold ficou muito feliz ao saber que os amigos de seu filho estavam preparando uma surpresa, ele continuava esperançoso de achar algum médico que pudesse operar o tumor de Guilherme.

Anastácia: - Boa tarde querido. Está melhor?

Leopold: - Estou ótimo. Fiquei sabendo que o Guilherme passou mal novamente?

Anastácia: - Sim. Ele já está em casa. (pegando a bolsa)

Leopold: - Vai sair?

Anastácia: - Eu e o Felipe vamos comprar alguns remédios para ele.

Leopold: - Quer saber… eu vou. Fique. Você está muito cansada meu amor… precisa deitar um pouco.

Anastácia: - Tem certeza?

Leopold: - Fiz uma besteira com o rapaz. Acho que precisamos ter uma conversinha.

Anastácia: - Acho justo. O que você fez foi desprezável. O Felipe realmente ama o nosso filho.

Leopold: - Estranho ouvir isso, mas… as coisas são o que são. (pegando a carteira na escrivaninha)

Felipe parecia um vigia, Guilherme dormia profundamente. Ele se assustou quando sua barriga roncou, ele lembrou então que não havia comida nada. Apesar da fome, ele não saiu de perto do namorado. Celestina entrou e avisou que Leopold o esperava na sala. O coração de Felipe disparou, ele desceu as escadas receoso, mas queria ajudar em tudo que pudesse.

Leopold: - Vamos filho? Temos que evitar o trânsito.

Felipe: - Claro. Vamos sim.

Felipe era o campeão de momentos embaraçosos, mas aquele realmente era o MOMENTO. Eles foram até a farmácia que mais parecia um supermercado, compraram o remédio e seguiram viagem. No caminho, a barriga de Felipe roncou tão alto que foi inevitável Leopold não rir. O pai de Guilherme resolveu parar em um drive-tru e aproveitou a oportunidade para conversar com Felipe.

Leopold: - Eu posso fazer uma pergunta?

Felipe: (tentando não comer como um desesperado) – Pode.

Leopold: - Pra onde vai tanta comida?

Felipe: - Nem eu sei. (rindo sem graça)

Leopold: - Brincadeira. Felipe, eu… eu quero pedir desculpa pela forma como tentei te persuadir no outro dia.

Felipe: - Eu entendo senhor. O Guilherme é seu filho. O senhor quer o melhor para ele.

Leopold: - Você conhece a minha mãe, certo?

Felipe: - Sim. Ela é assustadora… (percebendo a besteira que falou) – Eu digo… assustadora no bom sentido e…

Leopold: - Ela é assustadora sim. Então, eu aprendi com ela a ser desse jeito. A Anastácia foi um divisor de águas na minha vida. Devo muito a ela. E vejo que você faz a mesma coisa com o Guilherme.

Felipe: - Obrigado senhor.

Leopold: - Mas eu ficaria feliz… em saber… qual crime você cometeu… eu digo… você entrou na minha casa, e apesar tudo, não me sinto confortável em saber que você foi responsável pela morte de uma pessoa.

Felipe: - Senhor… (deixando lanche de lado) – É algo muito grave… e…

Leopold: - Eu não estou aqui para te julgar Felipe. Você pode contar comigo.

Felipe: (respirando fundo) – Começou quando eu tinha 8 anos. A minha família sempre foi feliz, e nem sempre fui pobre. O meu pai era um bancário respeitado na cidade, mas ele tinha um problema.

Leopold: (prestando atenção) – Hum.

Felipe: - Ele era um pedófilo. A primeira vez que ele me estuprou eu tinha 8 anos, eu não entendia o que estava acontecendo… (ficando com a voz embargada)

Leopold: - Oh, eu… eu… (chocado)

Felipe: - Ele falava para mim… (com os olhos vermelhos) – Ele falava para mim…. Que se eu contasse para a minha mãe ou outras pessoas ele ia nos machucar. Quando eu fiz 13 anos, o meu pai se cansou de mim, ele pediu para eu levar um dos meus irmãos pequenos. Eu não queria… eu não podia deixar ele machucar meus irmãos.

Leopold: - E a sua mãe?

Felipe: - Ele dopava a minha mãe. Ele dava alguma medicação forte… ela apagava. Até que um dia, eu percebi isso e mudei os remédios. Naquele dia… (chorando)

Leopold: - Não… não precisa mais contar…

Felipe: - Tudo bem. (respirando fundo) – Naquele dia… ele me levou para o meu quarto, e quando estava me violentando… a minha mãe entrou no quarto. Ela começou a chorar e a gritar… ele foi violento… bateu nela… bateu muito. Meus irmãos acordaram assustados e chorando…. A minha mãe travou uma luta com ele… até que ela acertou a cabeça do meu pai com um abajur. Ele apagou. A minha mãe nos pegou e tentou nos tirar da casa, mas meu pai apareceu e nos atacou novamente. O meu irmão mais velho tirou todo nós de casa, mas a minha mãe continuou lá. Eu tive que voltar. Encontrei a minha mãe apunhalando meu pai nas costas.

Leopold: - Felipe… eu…. Eu sinto muito. (chorando) – Você era apenas uma criança…

Felipe: - Sim. Mas eu fiz esperto o suficiente para tirar a minha mãe de cima do meu pai, limpar as digitais dela da faca e colocar as minhas. Quando a polícia chegou e viu tudo… a minha mãe continuava em choque… meus irmãos assustados… eu fui levado para a Febem. Passei um tempo lá e depois saí.

Leopold: - Eu… eu…. Preciso… (parando o carro e saindo)

Felipe: (chorando)

Leopold: (chutando a terra e gritando)

Sim. Certas coisas na vida não são fáceis de explicar. Leopold se arrependeu de ter feito aquela pergunta para Felipe, que pediu ao pai de Guilherme que não contasse para ninguém. Os dois voltaram para a casa dos Thompson calados. Leopold pegou a ficha de Felipe e queimou. Felipe levou o remédio para Guilherme que estava melhor.

Guilherme: - Eu tava pensando. (pegando na mão de Felipe) – Todos os planos que eu fiz, eles, eles não valem nada.

Felipe: - Sinto muito.

Celestina: (batendo na porta) – Com licença. Guilherme, você tem visitas.

Paris, Nariko, Kaity, Dylan e Wang: (entrando no quarto de Guilherme)

Felipe: (parecendo feliz)

Paris: - Se maomé não vai até a montanha, a montanha vem até maomé.

Guilherme: - Que entrada Paris.

Um silêncio mortal toma conta do quarto. Todos se olham, mas todos têm medo de fazer o primeiro contato. Afinal o que se pergunta para uma pessoa que está morrendo? Felipe até tentou quebrar o gelo, mas não obteve sucesso. Guilherme então resolveu agir.

Guilherme: - Qual é gente, eu tô morrendo, não virei comunista. (rindo)

Nariko: (pegando o painel e abrindo com a ajuda de Dylan e Wong) – Olha. Fizemos isso.

Guilherme: - Nossa que lindo. (levantando e olhando o painel) – Somos nós? Que lindo.

Paris: - Ahhh… e temos mais uma surpresa. (saindo do quarto)

Guilherme: - O que vocês estão tramando?

Felipe: - Eu não sei de nada.

Paris: (voltando com Tchubirubas nos braços que se solta ao ver Guilherme)

Guilherme: - Bebê. (em português, abaixa e abraça Tchubirubas) – Saudades. Faz um tempinho.

Paris: - Ele tá dando trabalho, mas eu consigo.

Kaity: - Ele é bonzinho.

Nariko: - Verdade. Mais obediente que o Wong.

(Todos riem)

Guilherme: - Ele pode ficar? (olhando para Felipe)

Felipe: - Claro. Pode sim.

Tchubirubas: (lambendo Guilherme)

Guilherme: - Te amo também. (abraçando Tchubirubas e chorando)

(Todos se olham)

Guilherme: - Desculpa… (limpando as lágrimas) – Desculpa gente.

Paris: (abaixando ao lado de Guilherme) – Você não tem motivos para pedir desculpa. Guilherme… você nos deixou tão preocupados.

Dylan: - Estamos aqui por você e para você.

Wong: - Sim, com certeza. A gente não tem ideia do que você está enfrentando, mas estamos do seu lado.

Kaity: (abaixando) – Amigo. (limpando as lágrimas de Guilherme) – Queremos ver o Guilherme corajoso.

Nariko: - Verdade. Olha… não importa o que os médicos digam… sempre há uma esperança.

Guilherme: - Obrigado gente. Isso é muito importante pra mim. Eu sempre fui garoto que não teve muitos amigos. (olhando para todos) – E nesse momento eu tenho apoio de cinco amigos e do meu namorado. (chorando) – Pela primeira vez não me sinto sozinho.

(As meninas abraçam Guilherme, depois os rapazes também se aproximam para abraçar o amigo)

Sim. Aquela visita fez bem ao Guilherme. Ele por um momento esqueceu sua luta contra o relógio. No hospital, o médico responsável pelo caso do jovem descobriu uma droga experimental que poderia reduzir o tumor na cabeça de Guilherme. Ele entrou em contato com Leopold que não perdeu tempo e correu para o hospital.

Leopold: - Existe mesmo uma chance? O senhor não está brincando?

Médico: - Não é uma chance. Esses estudos clínicos são instáveis, mas um amigo que é neurocirurgião disse que existe uma possibilidade.

Anastácia: - E quando podemos ver esse médico?

Médico: - Ele está vindo com uma equipe. Deve chegar aqui na terça-feira.

Leopold: - E quando o Guilherme pode tomar essas drogas? Na… na terça?

Médico: - Ainda não sei. Olha, Leopold e Anastácia, vou ser bem sincero. Isso não vai ser nem um pouco fácil para o Guilherme… estou falando de dores… dores fortes.

Anastácia: - Mas isso pode ajudar?

Médico: - Se tudo der certo… talvez.

Leopold: - Vai dar. Vai dar sim. (tentando não se emocionar)

Os pais de Guilherme conseguiram falar via videoconferência com médico responsável pela droga. Eles se agarram naquilo para tentar salvar o filho. Naquela tarde, o casal fez algo que diferente, eles foram passear em uma praça. Leopold contou a história de Felipe para a esposa.

Leopold: - Me senti horrível.

Anastácia: - Nossa. Como existem pessoas capazes de fazer isso com os próprios filhos?

Leopold: - Fiquei tão revoltado que parei o carro e comecei a chorar.

Anastácia: - Oh meu amor. São muitas coisas para assimilar, né?

Leopold: - Sinto que estou num buraco e não consigo alcançar a borda.

Anastácia: - Vai dar tudo certo… esse… esse… tratamento vai nos ajudar.

Leopold: - Vai sim.

Uma forte tempestade caiu naquela noite. Felipe dormiu na casa de Guilherme. Ele não queria desgrudar do namorado. Enquanto dormia, o jovem teve um pesadelo com seu pai, ele acordou chorando e gritando. Guilherme se assustou, levantou e acendeu a luz. Ele se aproximou do namorado e o acalmou.

Guilherme: (abraçando Felipe) – Ei, passou. Foi apenas um sonho ruim.

Felipe: (chorando) – Ele estava aqui. (ofegante) – Ele estava me tocando.

Guilherme: - Quem?

Felipe: - Meu pai. Ele… ele….

Sim. Infelizmente Felipe precisou contar a Guilherme a história que tanto temia. Ele fez para que o namorado não soubesse de outra forma, e também porque não queria segredos entre eles. Guilherme ouviu a história e não conseguiu conter as lágrimas. Ele abraçou o namorado e disse que tudo ficaria bem.

Guilherme: - Felipe. Eu não fazia ideia meu amor. Me perdoa, me perdoa por ser tão injusto com você.

Felipe: (chorando) – Eu tinha vergonha. Guilherme, você tem tudo, você tem uma vida perfeita, eu… tive vergonha….

Guilherme: - Vida perfeita? Felipe. Eu vou morrer em seis meses. (passando a mão na cabeça do namorado) – Eu te amo. (virando o rosto de Felipe em sua direção e o beijando)

Felipe: - Sinto muito amor. Eu falando de problemas do passado… e você…

Guilherme: - Ei, não é bobeira. O que aconteceu com você foi algo horrível. E que muitas crianças acabam sofrendo por causa disso. É por isso que você quer fazer faculdade de medicina?

Felipe: - Sim, quero ser pediatra, mas olha pra mim… sou uma bagunça ambulante.

Guilherme: - Promete uma coisa pra mim? (olhando nos olhos de Felipe)

Felipe: - Não fala assim… (desviando o olhar) – Parece uma despedida…

Guilherme: - (pegando no queixo de Felipe) – Olha pra mim. Promete que não importa o que aconteça você vai realizar seus sonhos?

Felipe: - Prometo.

Guilherme: - Ótimo. Eu quero que você tenha melhor dessa vida meu amor. (beijando a testa de Guilherme)

Felipe: - Sem perceber você já me deu isso Guilherme Thompson.

Sim. Apesar das dificuldades, Guilherme e Felipe, conseguiram se entender e nenhum segredo ficaria entre os dois. Isso não era o caso de Paris que continuava a esconder seu relacionamento com Steve. Os dois decidiram jantar em um conceituado restaurante de Londres. Eles pediram uma das melhores mesas, e com comemoraram tomando o melhor champanhe, tudo estava bem, até Paris ver seus pais.

Paris: (cuspindo parte de champanhe)

Steve: - Você está bem.

Paris: (entrando para baixo da mesa)

Steve: (fazendo a mesma coisa) – O que foi?

Paris: - Meus pais…. Eles estão aqui.

Steve: - Paris. Desculpa, mas isso está ficando ridículo.

Paris: - Eu sei, mas eles precisam de tempo.

Steve: - E o tempo para nós?

Paris: - Amor. Me entende.

Steve: - Temos que aceitar o fato que os teus pais são racistas.

Paris: - Amor. Eles não são racistas… eles… eles…

Garçom: - Com licença?

Sim. Naquele momento, Paris, precisou encarar uma verdade muito difícil de ser ingerida. E apesar de negar, no fundo a jovem sabia que o comentário de Steve estava certo. Ela levantou da mesa, e foi vista pelos seus pais ao lado do Steve. Maximiliano ficou vermelho como uma pimenta. Paris pegou na mão de Steve e os dois saíram do restaurante. A amiga de Guilherme foi até sua casa, pegou algumas roupas e escreveu uma carta para seus pais.

Steve: - Tem certeza disso?

Paris: - Você me ama?

Steve: - Sou louco por você… eu sei que eu não posso dar o que você merece, mas eu te amo e quero te fazer feliz.

Paris: (beijando Steve) – Eu sei disso. Por isso estou tão segura da minha decisão.

Steve: - Quero ver como você vai se virar no meu apartamento.

Paris: (olhando para o quarto) – Eu nem acredito. Passei tantas coisas aqui. (pegando na parede e respirando fundo)

Paris pensou muito a situação de Guilherme para tomar essa decisão. Ela saiu com a alma em paz, afinal, a única decisão que tomou foi abraçar o amor de sua vida. Não muito longe dali, Dylan e Kaity, também aproveitavam um momento de sossego.

Dylan: - A minha mãe me ligou.

Kaity: - Sério? Ela deve tá muito preocupada, né?

Dylan: - Sim. Ela falou com a mãe da Rebecca. Ela deve voltar em breve para o Texas.

Kaity: - E a tua faculdade?

Dylan: - Vou continuar… se eu realmente for pai… acho que preciso ganhar dinheiro, né?

Kaity: - Sim, mas não tem apenas isso… Dylan… essa criança precisa de carinho e amor…

Dylan: - Eu sei… é que nunca me imaginei ser pai… digo… tão novo.

Kaity: - É essas coisas acontecem… (encostando a cabeça no peito de Dylan)

Dylan: - Verdade. Verdade.

A equipe médica que faria os testes em Guilherme chegaram em Londres. De repente, toda a família e amigos do rapaz foram até o hospital. Guilherme precisou fazer novos testes e os médicos descobriram que o tumor cresceu dois centímetros em menos de duas semanas.

Especialista: - O Dr.Callister já deve ter falado sobre os efeitos do soro?

Leopold: - Falou, mas não chegou a ser especifico.

Especialista: (colocando um livro em cima da mesa) – São mais de 130 efeitos colaterais. O seu filho vai precisar de muita ajuda. Não vai ser algo fácil.

Guilherme: (olhando para a mãe)

Anastácia: (pegando no ombro de Guilherme)

Felipe: (apertando a mão do namorado)

Guilherme: - Mas existe uma chance… mesmo que mínima?

Especialista: - Isso só o tempo vai dizer. É um remédio beta… acabou de ser liberado para teste em humanos. Queremos que seja positivo.

Guilherme: - E vou ter que ficar no hospital?

Especialista: - No primeiro momento sim.

Guilherme: - E quando podemos começar?

Especialista: - Estamos só esperando mais alguns exames e acho que na segunda você já pode tomar as primeiras injeções.

Guilherme: (respirando fundo) – Vamos nessa.

Felipe: - Vai dar certo.

Celestina: (pegando no ombro de Guilherme) – Vai sim. Vai dar certo.

Guilherme não era um grande fã de agulhas, naquela tarde, o jovem precisou fazer vários exames e a maioria envolvia agulhas. Ele teve um ataque de pânico e seu pai precisou intervir.

Guilherme: (respirando fundo)

Leopold: - Ei. Eu tô aqui esqueceu? (ficando atrás do filho e o abraçando) – É só pra fazer um exame. Lembra… lembra daquela vez que você fez mair escândalo no hospital porque ia tomar vacina?

Guilherme: - Lembro. Eu sai correndo pelado no corredor.

Leopold: - Lembra que eu consegui alcançar… e….

Guilherme: - E o senhor disse que tudo ficaria bem, que seguraria a minha mão até acabarmos.

Leopold: (pegando na mão de Guilherme) – E eu nunca soltei ela. Mesmo quando pareceu que eu tinha soltado… eu não soltei… confia no papai?

Guilherme: - Confio.

Hoje eu fui

Convenientemente pra nós dois

O que você denominou de mal feitor

Parti a cúpula envolvente entre você e eu

Estamos tão desnudos

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A médica tira o sangue de Guilherme. Leopold lembra de quando o filho era apenas uma criança inocente, que ele conseguia carregar no colo. Aquelas lembranças eram dolorosas para o pai de Guilherme. Ele sabia que o tempo de seu filho estava acabando e se arrependia de muitas coisas que havia dito ou feito para o jovem.

Médica: - Prontinho.

Guilherme: - Quando os resultados saem?

Médica: - Em uma semana talvez. Ainda precisamos ver se o teu sangue vai ter uma reação contrária a vacina. Com licença. (saindo)

Leopold: - Vai dar tudo certo.

Guilherme: - Pai. Obrigado. (abraçando Leopold)

Leopold: (retribui o abraço de Guilherme)

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Mas agora eu sei

O conto de encantos terminou

Afins, é hora de saber o que sobrou

Enfim, revigorar as portas desse campo amor

E os lírios que brotaram serão seus meu bem

E o mérito do sol transcende a cor que vem

E alastra uma mistura em nossa dor reféns

Enxugue esse rosto, não molhe o seu corpo

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Paris começou uma nova vida naquela tarde. Ela deixou para trás todo o conforto que já conhecia para uma aventura ao lado de seu grande amor. Steve preparou uma janta gostosa para a namorada, mas ela ainda se sentia muito triste por ter que escolher entre a família e o namorado.

Paris: - Será que eles encontraram a carta?

Steve: - Não sei amor, mas veja, eu entendo se você quiser voltar...

Paris: - Steve. Para. Eu te escolhi, não vai ter volta... eu sei que pareço mimada, mas sou mais forte do que você pensa.

Steve: - Não estou te subestimando, Paris. Eu amo você e estou feliz, mas eu não ganho tanto assim. E a partir de agora... as coisas vão ser diferentes.

Paris: - E quem te disse que eu não tenho dinheiro? Meu amor, eu sou amiga do Guilherme Thompson, ele me ensinou muitas coisas sobre investimentos. Eu tenho muito dinheiro, ok? Mas a questão não é essa. Eu estou com raiva da forma como o meu pai vê as coisas, ele é racista amor. (abraçando o namorado)

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Ah, quem de nós?

Vai enfrentar o caos?

Vai espantar o mal?

Ah, quem de nós?

Vai escolher a paz?

Tentar um pouco mais?

Não, não sei

Se tudo que eu falei recobra em mim

Só sei acordes e poemas de jardim

Pois bem, diálogos remetem ao melhor meu bem

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Kaity queria muito ser amiga de Rebecca, mas as coisas não eram tão simples assim. A jovem russa comprou uma linda roupa para o filho/filha de seu namorado e resolveu presentear a inimiga.

Rebecca: - Obrigada é fofo. (colocando o presente em cima de uma mesa e saindo da sala)

Dylan: - (sorrindo sem graça) - Paciência.

Kaity: - Ela já fez os exames?

Dylan: - Sim. Fez sim.

Kaity: - E ela não os mostrou para você?

Dylan: - Não, por que?

Kaity: - Nada não.

================

E a lágrima do choro já desceu, correu

Levou à minha boca um sabor neutral

A ânsia do desejo se afogou ao fim

Num céu sem estrelas e um véu de papel

Ah, quem de nós

Vai enfrentar o caos?

Vai espantar o mal?

Ah, quem de nós?

Vai escolher a paz?

Tentar um pouco mais?

================

Felipe: (entrando no quarto de Guilherme) - Oi, amor?

Guilherme: (distante)

Felipe: (se aproximando, mas tropeçando no tapete e caindo)

Guilherme: (se assustando e rindo) - Bobo.

Felipe: (levantando) - Que bela entrada. Você tava tão distraído.

Guilherme: - Tava pensando. Eu nunca conheci sua mãe e seus irmãos.

Felipe: - Mas já conversou com ela várias vezes.

Guilherme: - Conversar através de uma câmera não é conhecer de fato.

Felipe: - Entendi.

Guilherme: - Eu queria conhecê-la. Tenho uma semana antes dos testes começarem.

Felipe: - Você realmente quer isso? (abraçando o namorado)

Guilherme: - Quero sim. Quero conhecer a mulher maravilhosa que te trouxe ao mundo. (cheirando a roupa de Felipe)

Felipe: - Tudo bem, então. Vamos ao Brasil. (sorrindo)

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Atendi ao peso da composição

A dois trilhamos um laço de princípios

E depois, ao fim, um céu sem estrelas e um véu de papel

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