"Irresistivelmente Cretino" 1

Um conto erótico de Bennett Ryan
Categoria: Homossexual
Contém 5322 palavras
Data: 17/04/2017 23:05:36

BENNETT

Minha mãe sempre me disse para encontrar um pessoa que fosse equivalente a mim, em todos os sentidos. “Nunca se apaixone por alguém que coloque você em primeiro lugar. Encontre alguém que seja tão destemido e enérgico quanto você. Encontre uma pessoa que faça você querer ser uma pessoa melhor.” Eu definitivamente encontrei minha cara-metade, o homem que transformou minha vida em um inferno e que vivia apenas para discutir comigo. O homem cuja boca eu queria tapar com fita adesiva… ou com um beijo. Meu namorado, meu ex-estagiário, o sr. Daniel Bennitiz. Um cretino irresistível. Pelo menos, era assim que eu o enxergava na época em que eu era um cego idiota, perdidamente apaixonado por ele. Eu certamente encontrei o homem que me fazia querer ser uma pessoa melhor, e estava encantado com aquele garoto destemido. Acontece que, na maioria dos dias, eu mal conseguia ficar mais de dois minutos a sós com ele. Minha vida resumiu a finalmente a conquistar o meu garoto; e nunca conseguir ficar com ele de verdade.

Eu passei a maior parte dos últimos dois meses viajando em busca de um bom espaço para a filial que a Ryan Media Group está abrindo em Nova York. Daniel tinha ficado em Chicago, e embora nosso recente – e raro – fim de semana juntos na cidade tivesse sido cheio de amigos, tardes ensolaradas e lazer, o tempo que passamos sozinhos simplesmente não foi o bastante. Encontramos vários amigos o tempo inteiro, desde a manhã até depois da meia-noite, e voltamos exaustos para meu apartamento, mal conseguindo tirar nossas roupas antes de transar em um clima silencioso e sonolento. A verdade era que o sexo – que com o passar do tempo se tornou mais íntimo e selvagem, nos permitindo só o mínimo de sono – nunca parecia ser suficiente. Eu esperava sentir, em algum momento, que tínhamos estabilizado nossa vida sexual, encontrado uma rotina sólida. Mas isso nunca aconteceu. Eu permanecia em um constante estado de saudade e desejo. E as segundas-feiras eram os piores dias. Nas segundas havia reuniões o dia inteiro e todo o trabalho da semana pela frente: um trabalho melancólico e desprovido de Daniel.

Ouvi o familiar cadência do seu sapato batendo no chão de ladrilhos e ergui a cabeça enquanto esperava a impressora terminar de imprimir alguns documentos. Como se tivesse ouvido minha súplica interna, Daniel se aproximou de mim, vestindo uma calça social preta, uma camisa azul-escuro justa. De manhã, quando saí para preparar a reunião das oito horas, a única coisa que ele estava vestindo era um pálido raio de sol que entrava pela janela do quarto.

Segurei um sorriso e tentei não parecer desesperado demais, mas eu nem deveria ter me dado ao trabalho. Ele conseguia ler todas as minhas expressões.

– Então você encontrou a máquina mágica que pega o que você faz no computador e coloca num pedaço de papel, usando tinta – ele disse.

Coloquei a mão no bolso da calça, mexi em algumas moedas e senti uma pontada de adrenalina ao ouvir o tom provocador em sua voz.

– Na verdade, descobri essa maravilhosa invenção no meu primeiro dia aqui. Acontece que eu gostava dos momentos felizes de silêncio quando eu mandava você sair da minha sala para buscar documentos em outro lugar.

Ele avançou sobre mim, com um sorriso largo e olhos maliciosos.

– Filho da puta.

Sim, porra. Venha pra mim, garoto. Dez minutos na sala de xerox? Eu posso facilmente alegrar o seu dia em dez minutos.

– Você vai ter que suar muito hoje à noite – ele sussurrou ao dar um tapinha na minha bunda e continuar andando até o corredor.

Fiquei olhando sua bunda enquanto dava uma reboladinha e esperei que ele voltasse para me torturar mais um pouco. Mas não voltou. Só isso? É só isso que eu recebo? Um tapinha na bunda, uma conversinha safada e uma rebolada? Pelo menos hoje vamos ter nossa primeira noite inteira juntos em semanas. Fazia mais de um ano que tínhamos nos apaixonado, e ainda não tivemos mais do que um fim de semana sozinhos desde a viagem para San Diego. Suspirei e puxei meus papéis da impressora. Nós precisávamos de umas férias.

De volta à minha sala, deixei os papéis na minha mesa e olhei a tela do computador, que, para minha surpresa, mostrava uma agenda quase vazia. Eu trabalhei até altas horas nos últimos dias apenas para chegar em casa mais cedo hoje e ficar com Daniel, então, com exceção da reunião da manhã com o RH, minha agenda estava livre. Porém, Daniel estava claramente ocupado em sua nova posição. Eu sentia falta de tê-lo como meu estagiário. Sentia falta de mandar nele o dia inteiro. E realmente sentia falta dele retrucando minhas ordens. Pela primeira vez em meses, eu tinha tempo de sentar em minha sala e literalmente não fazer nada. Fechei os olhos e centenas de pensamentos passaram pela minha mente em questão de segundos: a vista dos escritórios vazios em Nova York pouco antes de eu sair para o aeroporto. A perspectiva de empacotar tudo em meu apartamento. A perspectiva muito mais favorável de arrumar tudo em um novo lar com Daniel. E, então, meu cérebro seguiu seu caminho favorito: a visão de Daniel nu em todas as posições possíveis. O que me fez pensar em uma de minhas lembranças favoritas de nós dois: a manhã seguinte à sua apresentação. Depois que admitimos não estar mais apenas transando casualmente, mas interessados em algo mais, surgiu uma tensão e tivemos uma de nossas maiores discussões. Eu não o via há meses, então apareci de surpresa em sua apresentação final do MBA, para ver ele arrasar. E ele arrasou. Mas depois disso, apesar de tudo que dissemos na sala de reuniões, ainda havia tanta coisa para conversar. A realidade de nossa união ainda parecia algo muito novo, e eu não sabia direito em que página estávamos.

Assim que chegamos na calçada, eu olhei em seu rosto: olhei para os olhos, os lábios, o pescoço, que ainda estava um pouco vermelho dos beijos que eu dei alguns minutos atrás. A maneira como ele passou a ponta do dedo em uma marca que eu havia deixado enviou um impulso elétrico do meu cérebro direto para o meu pau: a conversa estava ótima, mas está na hora de levá-lo para casa e fodê-lo de jeito no colchão. Mas eu não sabia se estávamos na mesma página quanto a isso. À luz do dia, ele parecia estar prestes a desmaiar. É claro que estava. Conhecendo Daniel, ele provavelmente se preparou e aperfeiçoou a apresentação pelas últimas setenta e duas horas direto, sem dormir. Mas eu não o via fazia tanto tempo… será que eu poderia me controlar e esperar que ele fosse para casa descansar? Se ele só precisasse tirar uma soneca, eu poderia ficar por perto e esperar, não é? Eu poderia me deitar ao seu lado e me tranquilizar sabendo que ele realmente estava ali e que nós estávamos acertando os ponteiros e então… Faria o quê? Acariciaria seus cabelos? Que merda. Será que eu sempre fui um esquisitão assim? Daniel jogou no ombro a bolsa do computador, e o movimento me tirou dos meus pensamentos. Mas, quando foquei os olhos novamente, vi que ele estava olhando o horizonte, na direção do rio.

– Você está bem? – perguntei, abaixando o olhar para encará-lo. Ele assentiu com um pequeno sobressalto, como se tivesse sido flagrado.

– Estou bem… só me sentindo sobrecarregado.

– Um pouco atordoado?.

Seu sorriso exausto despertou um sentimento amoroso em meu peito, mas a maneira como lambeu os lábios soltou uma faísca mais abaixo no meu corpo.

– Eu estava tão triste pensando que não te veria hoje. E de manhã andei o caminho inteiro entre o escritório e aqui pensando como seria estranho fazer isso sem você, ou o Elliott, ou qualquer pessoa da Ryan Media. E então, você apareceu, e claro que acabou me irritando, mas também me fez rir – ele inclinou a cabeça e estudou meu rosto. – A apresentação aconteceu exatamente do jeito que eu queria, e depois vieram as ofertas de trabalho… e você. Você disse que me amava. Você veio!. Ele estendeu o braço e pousou a palma da mão em meu peito. Sei que podia sentir meu coração batendo com toda a força. – Minha adrenalina está baixando e agora eu só… – Daniel afastou a mão e fez um aceno antes de deixá-la cair como se estivesse totalmente sem energia. – Não sei como a noite de hoje vai funcionar.

Como a noite iria funcionar? Eu sabia exatamente como iria funcionar. Nós conversaríamos até anoitecer, depois transaríamos até o sol nascer. Estendi o braço e envolvi seu ombro. Deus, era tão bom abraçá-lo.

– Deixa que eu me preocupo com isso. Agora vou levar você para casa.

Dessa vez, ele balançou a cabeça, voltando a se concentrar no momento.

– Tudo bem se você tiver que voltar para o trabalho, nós podemos…

Franzi a testa e grunhi:

– Não seja ridículo. São quase quatro horas. Não vou voltar para o trabalho. Meu carro está aqui e você vai entrar nele.

Seu sorriso se acentuou nos cantos.

– E eis que surge o Bennett Mandão. Agora eu definitivamente não vou com você.

– Dan, eu não estou brincando. Não vou deixar você sair da minha vista até o Natal. Ele apertou os olhos debaixo do forte sol de junho.

– Até o Natal? Isso parece tempo demais para você me deixar amarrado no porão.

– Se você não gosta desse tipo de coisa, nossa relação pode não ser a coisa certa para você, afinal de contas… – eu provoquei. Ele riu, mas não respondeu. Em vez disso, aqueles profundos olhos cinzas me encararam, sem piscar e difíceis de interpretar. Eu me senti desacostumado a nossos joguinhos, e mal conseguia esconder minha frustração. Coloquei as mãos em seu quadril e me inclinei para dar um pequeno beijo em sua boca. Merda, eu precisava de mais! – Vamos agora. Nada de porão. Apenas nós dois.

– Bennett… Eu o interrompi com outro beijo, paradoxalmente relaxado por essa pequena discussão.

– Meu carro. Agora!.

– Tem certeza que não quer ouvir o que eu tenho a dizer?

– Certeza absoluta. Você pode falar o quanto quiser quando eu tiver com seu pau enfiado na minha boca.

Daniel concordou e me acompanhou quando eu tomei sua mão e gentilmente o puxei em direção ao estacionamento. Porém, sorriu misteriosamente durante todo o caminho.

Durante toda a viagem até seu apartamento, ele passou a ponta dos dedos pela minha coxa, lambeu meu pescoço, passou a mão por cima do meu pau e descreveu a cueca box vermelha que tinha vestido pela manhã, quando pensou que seria bom um impulso na autoconfiança.

– Sua confiança vai se abalar se eu rasgar sua cueca? – perguntei, me inclinando para beijá-lo quando paramos em um semáforo vermelho. O carro atrás de mim buzinou justo quando estava ficando bom: quando seus lábios davam lugar a mordidinhas e seus gemidos preenchiam minha boca, minha cabeça – merda –, meu peito inteiro. Eu precisava tirar sua roupa e montar nele. A subida no elevador foi selvagem. Ele estava aqui, puta merda, ele estava aqui!!, e eu tinha sentido tanta saudade dele! Se dependesse de mim, aquela noite duraria três dias. Ele subiu em mim, encaixando suas pernas ao meu redor e pressionando meu pau duro no dele.

– Vou fazer você gozar muito – eu disse.

– Humm, promete?

– Prometo. Impulsionei meu quadril contra ele e Daniel quase perdeu o folego ao sussurrar:

– Certo, mas antes… As portas do elevador se abriram e ele se livrou de mim, colocando os pés de volta ao chão. Com um olhar hesitante, arrumou a calça, era nítido o quanto ele estava excitado, seguiu na minha frente até seu apartamento. Senti um frio na barriga. Não estive aqui desde o dia em que enganei o porteiro para ele me deixar subir e falar com ele, na época em que estávamos separados. Eu acabei tendo essa a conversa toda do lado de fora do apartamento. Agora, me sentia estranhamente ansioso. Em nossa noite de reconciliação, eu queria sentir apenas alívio, e não ficar pensando em tudo que perdemos nos meses longe um do outro. Para me distrair, abaixei a cabeça, chupei a pele debaixo de sua orelha e comecei a abrir o zíper da calça dele enquanto ele procurava as chaves. Ele abriu a porta com força e se virou para mim.

– Bennett… – ele começou a falar, mas eu o empurrei para dentro até pressioná-lo contra a parede mais próxima, silenciando sua voz com minha boca. Merda, ele tinha um gosto incrível, uma mistura da limonada que tinha tomando com o familiar sabor de menta suave e lábios famintos e macios. Meus dedos começaram apenas provocando na parte da frente da calça, mas eu logo perdi a delicadeza e quase arranquei o zíper ao puxar o tecido inteiro para o chão, imediatamente subindo minhas mãos até seu terno. Por que diabos ele ainda está vestindo essa porra? Por que não está completamente nu? Debaixo de sua camisa branca, os mamilos endureceram sob meu olhar vidrado, e aproximei um dedo para circular aquela perfeição. Ele ofegou profundamente, chamando atenção dos meus olhos.

– Senti falta disso. Senti falta de você.

Sua língua molhou rapidamente os lábios.

– Eu também. – Merda, eu te amo.

Quando beijei sua garganta, seu peito subiu e desceu rapidamente, e eu não sabia como prosseguir, não sabia como ir mais devagar. Será que eu deveria possuir ele aqui mesmo, rápido e furiosamente, ou deveria carregá-lo até o sofá, ajoelhar e apenas chupar ele? Pensei nisso por tanto tempo – imaginando cada cenário possível – e neste momento me sentia paralisado diante da realidade: ele finalmente estava aqui, em carne e osso. Eu precisava de tudo. Precisava sentir seus gemidos sua pele, precisava me perder no conforto de sua mão me envolvendo, precisava observar a gota de suor que descia em sua sobrancelha enquanto ele me cavalgava, mostrando o quanto também sentia minha falta. Eu perceberia a maneira como quebraria seu ritmo quando estivesse perto de gozar, ou como me apertaria quando eu dissesse seu nome com aquele sussurro que ele tanto gostava. Minhas mãos tremeram quando abri cuidadosamente um botão da camisa. Uma pequena parte do meu cérebro racional ainda funcionava e me alertou para não destruir a roupa que ele usou na apresentação. Além disso, eu também queria saborear o momento. Queria saboreá-lo.

– Bennett?

– Humm? – abri outro botão e corri a ponta do dedo por sua garganta.

– Eu te amo – ele disse, com olhos arregalados e as mãos tocando meus braços. Meus dedos perderam a força e eu quase parei de respirar. – Mas… você vai odiar o que tenho pra dizer.

Eu ainda estava paralisado pelo “Eu te amo”. Meu sorriso parecia um pouco fora de controle.

– O quê…? O que quer que você tenha a dizer, eu tenho certeza de que não vou odiar.

Ele estremeceu, virando para olhar o relógio na parede. Foi a primeira vez que me ocorreu dar uma olhada no apartamento. Dei um passo para trás, surpreso – o lugar não se parecia com nada que eu podia esperar. Tudo que dizia respeito à Daniel sempre era impecável, elegante, moderno. Mas seu apartamento não poderia estar mais longe disso. A sala de estar estava arrumada, mas cheia de móveis velhos e coisas que não se pareciam com nada que ele pudesse ter. Tudo era marrom e bege; os sofás pareciam confortáveis, mas feitos com o enchimento usado em ursos de pelúcia. Uma pequena coleção de corujas de madeira ficava ao lado de uma televisão minúscula e, na cozinha, o relógio que ele olhou tinha uma grande abelha sorridente que dizia, em letras garrafais, “Seja Feliz!”.

– Isso… não é o que eu esperava.

Daniel seguiu minha atenção ao redor do apartamento e então soltou uma risada alta. Era a mesma risada que costumava soltar antes de me destruir verbalmente.

– O que você esperava, sr. Ryan?.

Dei de ombros, sem querer insultá-lo, mas curioso sobre essa discrepância.

– Apenas esperava que seu apartamento se parecesse um pouco mais com você.

– O que foi, você não gosta das minhas corujas? – ele perguntou, sorrindo.

– Eu gosto sim, é só que… – comecei a falar, passando a mão no cabelo.

– E os sofás? – ele interrompeu. – Você não acha que poderíamos nos divertir neles?

– Lindo, nós poderíamos nos divertir em qualquer superfície deste lugar, estou apenas tentando dizer que eu esperava que seu apartamento fosse menos…

Merda. Por que eu ainda estava falando? Olhei para ele e vi sua mão na frente da boca, tentando disfarçar uma risada.

– Calma – ele disse. – Aqui era o apartamento da minha mãe. Eu amo este lugar do jeito que é, mas você está certo. Nada disso é meu. Quando eu estava na faculdade, não achei que fazia sentido vender essas coisas ou comprar tudo novo.

Dei outra olhada ao redor, curioso.

– Você gasta cem dólares com cuecas, mas não com um sofá novo?

– Não seja tão arrogante. Eu não precisava de um sofá novo. Mas frequentemente precisava de cuecas novas – ele disse baixinho, cheio de insinuação.

– Sim, precisava mesmo.

Com esse perfeito lembrete, dei um passo em sua direção, retomando o gentil ataque aos botões de sua camisa. Empurrei a camisa por seus ombros e braços e olhei para ele na minha frente, agora vestindo apenas uma cueca vermelha da Gucci.

– Diga o que você quer – implorei, sentindo um pouco de desespero ao tirar uma mecha do seu cabelo da testa. – Meu pau? Minha boca? Minhas mãos? Deus, vou fazer tudo isso com você hoje, mas por onde começar? Faz meses que não te vejo e sinto que estou perdendo a cabeça.

Tomei seu braço, trazendo-a para mais perto.

– Lindo, coloque as mãos em mim.

Ele correu os dedos em meu pescoço e segurou meu rosto. Eu podia sentir sua tremedeira.

– Bennett.

Apenas quando ele disse meu nome dessa maneira – como se estivesse tímido ou talvez até ansioso – eu lembrei que ele queria me dizer algo além de eu te amo. Algo de que eu não iria gostar.

– O que foi?

Seus olhos estavam enormes, buscando os meus e cheios de desculpas.

– Acabei de terminar minha apresentação e…

– Ah, merda, eu sou um idiota. Eu deveria te levar para jantar…

– … prometi para Julia e o Sam que nós iríamos sair…

– … talvez a gente possa sair para jantar depois que eu fizer você gozar… – eu disse, atropelando ele.

– … para beber depois que eu terminasse.

– … só preciso ouvir você gozar uma vez, daí podemos ir. Só me dê… – fiz uma pausa enquanto digeria as palavras dele. – Espera, o quê? Você vai sair com a Julia e o Sam? Hoje?

Ele assentiu, apertando os olhos.

– Eu não sabia que você iria aparecer. E realmente quero ligar e cancelar. Mas acontece que não posso fazer isso. Não depois deles terem sido tão bons comigo nos últimos meses… quando eu e você estávamos…

Soltei um grunhido, apertando meus olhos com as mãos.

– Por que você não me disse isso antes que eu tirasse sua roupa? Merda, como posso ir embora agora? Vou ficar duro por horas.

– Eu tentei falar – justiça seja feita, ele parecia tão frustrado quanto eu.

– Será que nós temos tempo para… – balancei a cabeça, olhando ao redor, como se a resposta estivesse enterrada naquela mobília antiga. – Eu poderia dar conta de nós dois provavelmente em, tipo, menos de dois minutos.

Ele riu.

– Não sei se isso é uma coisa da qual você deva se orgulhar.

Claro que era. Sua pequena exclamação de surpresa foi roubada por meus lábios quando eu a beijei, com língua e dentes, sem me importar se tínhamos apenas poucos minutos. Poucos minutos seriam suficientes. Deslizei minha mão sobre a pulsação em seu pescoço, segui para o meio do peito até a barriga. Baixei ainda mais, encontrando aquele familiar e favorito ponto, onde ele estava quente e duro como ferro. Então o céu podia desabar sobre mim e eu não notaria porque, meu Deus, nada existia além dele e de seus gemidos e sussurros que me pediam para continuar, continuar…

– Bennett – ele gemia –, por favor.

Comecei a abrir minha própria calça e tinha acabado de começar a falar quando… Fui interrompido por uma batida na porta.

Uma voz familiar soou no corredor.

– Já chegamos, sr. Formado em Administração, e estamos prontos para beber uns drinques!

– Isso é uma piada. Diga que isso é uma piada! – eu disse, olhando no seu rosto. Ele negou com a cabeça, tentando esconder um sorriso. – Não estou com humor para dividir você agora. Você tem que estar brincando comigo.

– Quase me esqueci do quanto eu adoro quando você fica irritado assim.

Ele andou até a porta usando apenas a cueca abriu uma fresta antes de se virar e correr para o quarto, me deixando sozinho para receber ao intrusos. Mas que grande merda!

– Volto daqui a pouco! – Daniel gritou por cima do ombro, sua bunda perfeitamente esculpida desaparecendo dentro do quarto. Julia assoviou alto, entrou pela porta e parou por um segundo antes de me ver e cair na risada.

– Uau, eu não esperava que você nos recebesse só de cueca, Dani – Sam entrou, com uma mão cobrindo os olhos e a outra estendida tateando cegamente. Ele agarrou minha camisa aberta e soltou um grito quando abriu os olhos e viu quem estava segurando.

– Sr. Ryan!

– Olá, Pessoal – eu disse, sem expressão na voz. Arrumei minha camisa e ajeitei a gravata.

– Ops, nós interrompemos alguma coisa? – Julia perguntou, com olhos arregalados e provocadores.

– Na verdade, sim. Nós estávamos… voltando a nos conhecer melhor.

Dan gritou do quarto dizendo para nos servimos com o champanhe da geladeira, e eu tentei ignorar a maneira irônica como o olhar de Julia desceu até meu zíper. Fiquei parado, deixando que ela desse uma boa olhada. Minha ereção já tinha acabado, de qualquer maneira. Ou quase.

– Eu não sabia que seria uma noite só dos Amigos – eu disse, quando o silêncio pareceu se arrastar eternamente. Sam deu um passo para trás, lutando para manter o olhar acima dos meus ombros, e explicou:

– Acho que ninguém esperava que você estivesse aqui e… fosse passar a noite.

Eu definitivamente queria passar a noite. Dentro do Daniel, de todas as maneiras. Julia me estudou por um minuto e então sorriu.

– Admito que eu tinha quase certeza de que o Bennett estaria aqui.

Não pude evitar um sorriso igual ao dela. Afinal, foi ela quem me convenceu a aparecer na apresentação do Dan. Ela estava obviamente do meu lado. Mesmo tendo interrompido minha tentativa de transar com Dan pela primeira vez em um século. Eu me virei e fui para a cozinha lavar as mãos. Julia me seguiu, e atrás de mim eu a ouvi abrir o champanhe. O som da rolha e do borbulhar que veio em seguida me lembrou o quanto eu queria abrir aquela garrafa sobre o corpo nu do Daniel e lamber a espuma se derramando em sua pele.

Julia continuou:

– Acho que nós todos deveríamos sair para celebrar, e ele pode ficar com ele o quanto quiser – ela serviu quatro taças de champanhe e me entregou uma. – Você vai ter que esperar até mais tarde para… voltar a conhecê-lo novamente.

Daniel surgiu de seu quarto usando um jeans preto hiper-ultra-mega-power- justo, tênis preto uma regata azul escura do Red Hot Chili Peppers, uma jaqueta preta na mão e os cabelos uma bagunça terrivelmente sensual. Se ele saísse vestido assim, eu não conseguiria manter minhas mãos longe dele, de jeito nenhum.

– Daniel… – comecei a falar, andando até ele e deixando meu champanhe no balcão da cozinha, com a mão trêmula. Estremeci ao ver como a calça tinha a cintura baixa, o cinto de taxinhas prateadas brilhava, eu conseguia ver o cós branco da cueca que ele usava. Seus olhos brilhavam, se divertindo, e ele ficou na ponta dos pés para falar ao meu ouvido.

– Você pode me amarrar com o cinto mais tarde.

– Pode contar com isso.

– Você quer rasgar minha cueca? – ele perguntou, beijando a ponta da minha orelha. Confirmei balançando a cabeça, com os olhos fechados. – Ou prefere me comer de quatro na sua cama?.

Pequei minha taça de champanhe novamente e tomei um gole.

– Digamos que sim, para todas as opções.

Senti uma necessidade se acumular em meu estômago e fiquei dividido entre querer quebrar algo ou arrastá-lo até o quarto e arrancar aquele jeans de suas pernas. Absolutamente nenhuma parte de mim queria passar a noite bebendo vinho, comendo queijos jogando conversa fora. Não sabia se eu tinha forças para aguentar. Como se tivesse ouvido meus pensamentos, ele sussurrou:

– Essa espera só vai fazer nossa noite melhor quando voltarmos.

– Duvido que isso seja possível.

Seus dedos arranharam de leve o meu peito.

– Senti falta dessa carinha ranzinza.

Ignorando eu perguntei:

– Que tal se você for até meu apartamento depois? Saia com seus amigos e se divirta bastante. Estarei lá esperando, quando você estiver pronto.

Ele se esticou e deslizou um longo e macio beijo pela minha boca.

– O que aconteceu com a ideia de não me deixar sair da sua vista até o Natal?

Achei que íamos a uma boate, talvez algum lugar chique com drinques a vinte dólares, cheio de estudantes em vestidinhos pretos. O que eu não esperava era um bar discreto nos subúrbios, com dardos e rock alternativo... meu namorado era um bad boy sexy.

Julia descreveu o lugar como “a melhor carta de cervejas em Illinois”. Desde que me fizessem um gimlet com vodca e eu pudesse ficar em contato físico constante como Daniel, a noite talvez não fosse um desastre total. Segui eles até o interior do bar, lançando olhares intimidadores para todos os outros babacas que estava comendo meu namorado com os olhos, idiotas modo brutamontes ativado.

Julia sentou em um banco de couro, gritando algo para a barwoman sobre trazer “o de sempre” para eles e “algo rosa” para o “bonitinho aqui”. Pensando bem, esta seria uma longa noite.

Sam – que claramente ainda estava um pouco nervoso com a minha presença – sentou do outro lado de Daniel e o fez contar todos os detalhes da apresentação. Daniel contou sobre o diretor Clarence Cheng, sobre como eu apareci de surpresa e agi como um idiota, sobre ter apresentado os dois projetos e sobre a oferta de emprego.

– Foram duas ofertas de emprego – eu corrigi, encarando-o para deixar claro que eu esperava que ele aceitasse o maldito emprego na RMG. Ele revirou os olhos, mas ninguém deixou de notar seu sorriso orgulhoso. Eles ergueram suas cervejas e eu ergui meu drinque rosa, e brindamos o sucesso do Dan. Ao meu lado, ele tomou a cerveja e então saltou para fora do banco.

– Quem está a fim de jogar uns dardos?

Sam levantou a mão dando um pulinho. Após uma única cerveja, ele já parecia meio alto e relaxado o bastante para não agir mais como se estivéssemos no escritório. Deslizei meu olhar pelo corpo do Daniel. Eu gostei da ideia de assistir ele se esticando naquelas roupas apertadas para jogar os dardos.

– Você vem junto? – ele perguntou, virando para mim e pressionando o a mão junto a minha virilha. Safado maldito.

– Daqui a pouco, talvez – deixei meus olhos se demorarem em seus lábios antes de abaixá-los até onde sua mão estava. Sua risada fez minha atenção voltar para seus lábios vermelhos – ele percebeu e fez um beicinho.

– Bennett está se sentindo meio ansioso?

– Bennett está se sentindo muito ansioso – eu disse, puxando-a entre minhas pernas e beijando a curva de sua orelha. Eu queria ser paciente e deixá-lo aproveitar a noite, mas a paciência nunca foi meu forte.

– Bennett quer Daniel nu chupando seu pau.

Com uma risadinha, ele rebolou até os fundos do bar, com o braço enlaçado ao de Sam. Julia deu um leve soco em meu ombro, olhando rapidamente atrás de nós para ter certeza de que o Daniel não podia ouvir.

– Você fez a coisa certa.

Eu me sentia desconfortável discutindo assuntos pessoais com a maioria das pessoas, e essa conversa mais do que pessoal era a última coisa que eu queria ter com uma quase estranha. Ainda assim, Julia se deu ao trabalho de me procurar para ajudar Daniel. Definitivamente, foi preciso coragem para isso.

– Obrigado por me ligar – eu disse. – Mas quero que saiba que eu ia atrás dele de qualquer maneira. Não conseguia mais ficar longe daquele jeito.

Julia tomou um gole da cerveja.

– Imaginei que, se você fosse mesmo igual a ele, estaria prestes a tentar de novo. Eu liguei apenas porque queria te dar a confiança necessária para chegar lá e bancar o cretino do jeito que só você sabe.

– Eu não era tão cretino assim – franzi a testa, pensando naquilo. – Pelo menos, acho que não.

– Claro que não – Julia disse pausadamente. – Você é o respeito em pessoa.

Ignorando a provocação, peguei meu drinque de mulherzinha e tomei de um gole só.

– Ele está tão feliz hoje! – Julia murmurou, quase que para si mesma.

– Ele está magro – olhei para onde Daniel estava, de pé, preparado para lançar um dardo. Ele parecia mesmo feliz, e isso me alegrava, mas a diferença em seu corpo era difícil de ignorar.

– Magro demais. Concordando, Julia disse: – Ele malhou e trabalhou demais – seus olhos buscaram os meus por um instante antes de acrescentar: – A situação não estava boa, Bennett. Ele estava acabado.

– Eu também.

Ela reconheceu isso com um pequeno sorriso. Afinal, a tristeza já era passado agora.

– Então, se você vai manter ele preso na cama pelos próximos dias, apenas lembre-se de fazer pit stops para a comida.

Concordei, movendo os olhos para o fundo do bar, onde meu garoto se preparou, mirou e jogou um dardo, que mal acertou na placa de madeira atrás do alvo. Ele e Sam caíram na risada, parando apenas para dizer algo que os fez rir ainda mais. E, enquanto ele jogava e dançava ao som dos Rolling Stones, eu senti o peso do meu amor por ele se transformar em um calor no estômago. Dois meses separados não era nada comparado com o que teríamos pela frente, mas, no contexto de nossa história, parecia uma eternidade. Eu queria compensar passando o máximo de tempo juntos. Eu precisava voltar a ficar próximo. Acenei para a barwoman e fiz um gesto pedindo a conta. Julia me impediu, levantando a mão na frente do meu rosto.

– Não estrague tudo. Ele é independente, e está sozinho há tanto tempo que nunca te dirá o quanto precisa de você. Mas ele vai te mostrar o quanto quer isso. Daniel é uma pessoa de ações, não de palavras. Eu o conheço desde que tínhamos doze anos, e você é o cara certo para ele.

Dois braços fortes me envolveram pela cintura, e senti um beijo do Daniel nas minhas costas.

– Sobre o que vocês estão conversando?.

Julia e eu respondemos ao mesmo tempo:

– Futebol.

– Política.

Senti sua risada e ele deslizou para debaixo do meu braço.

– Então vocês estavam falando de mim.

– Sim – respondemos juntos.

– Sobre como eu estava acabado antes e agora como pareço feliz, e como é melhor o Bennett não estragar tudo desta vez.

Julia olhou para mim, ergueu sua cerveja em um brinde silencioso e depois nos deixou sozinhos. Daniel virou seus olhos cinzas na minha direção.

– Ela te contou todos os meus segredos?

– Não mesmo – deixei meu drinque no balcão e passei meu braço em torno dele. – Podemos ir agora? Estive longe de você por tempo demais e estou atingindo o limite do quanto posso te compartilhar. Quero ficar sozinho com você.

Senti sua risada como um pequeno tremor em seu corpo, depois o suave som chegou aos meus ouvidos.

– Você é tão exigente.

– Estou apenas dizendo o que quero.

– Certo. Seja específico. O que você realmente quer?

– Quero você de joelhos na minha cama. Quero você todo suado e implorando. Quero ver seu pau babando enquanto eu chupo você.

– Merda – ele sussurrou, com a voz quase sumindo. – Já cheguei nesse ponto.

– Então, droga, Dan. Entra logo na porra do carro.

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Comentários

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Como sempre maravilhoso tomara que essa paz não acabe tão cedo mas do jeito que o Bennett e um cretino ele vai fazer alguma besteira

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Segredos do passado interferem no presente do casal recém criado?

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Confuso, parece q não haverá traição.

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ao que parece ainda é alguns dias depois da apresentação dele do MBA cara que conto fantástico to adorando

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Não entendi bem o início, com o meio e o fim do conto. Ficou meio confuso, mas adoro a história!

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