A entrega, parte I

Um conto erótico de Fetish Lover
Categoria: Heterossexual
Contém 1834 palavras
Data: 13/04/2017 07:18:48

Talvez fosse intenção dele, em certo momento, e de próprio punho, narrar a história que lerão, caros leitores, a seguir. Todavia, e creio que o próprio decorrer da história justificará verossímil e indubitavelmente o fato, ele não pôde fazê-lo. Essa é uma história que descreve a voluntária desumanização de uma pessoa. Transformada num objeto a serviço do prazer de outrem, num animal servil, mais precisamente, que encontrou prazer nas formas mais degradantes de sexualização. A história de uma entrega aos ímpetos da vontade mais obscuros e ocultados. Essa é a história de Lucas.

Lucas era um jovem comum, relativamente bonito, não muito magro, mas em forma, sem um “porte atlético”, mas que as garotas consideravam, de forma geral, atraente.

Já na época da faculdade, após algumas aventuras sexuais relativamente satisfatórias (para ambas as partes), Lucas, ainda assim, sentia-se deslocado. O sexo era bom, as pessoas com quem o teve interessantes e de boa aparência e compleição física, mas parecia faltar algo. Lucas sempre teve um flerte velado com o extremo. Era como se houvesse ali, no sexo de até agora, o prazer, mas faltasse aquilo que metamorfoseasse o prazer em catarse, em nirvana. Lucas sempre fora obcecado pelo raro gozo (nalgumas ocasiões relatado) em que a dimensão entre o consciente e o inconsciente se confunde, em que se perde o palatável do concreto.

Suas taras, já cedo descobertas, começaram na podolatria. Sempre atraiu-lhe a constituição do pé feminino. Ver nos corredores da faculdade alguma moça com o pé numa sandália aberta, ou alguma que, por passar muito tempo na faculdade, nalgum momento de intervalo retirasse os tênis e as meias, sentada numa cadeira ou banco, e deixasse-os ali, nus, descobertos, úmidos, expostos publicamente era para ele motivo de regozijo. Gostava-os de quase toda forma, de unha virgem, pintada, meio sujos, limpíssimos, com algum adereço (como uma tatuagem, ou um anel ao dedo), meio mal cheirosos, perfumados, grandes, menores, de dedos compridos, mais delicados... nunca entendera muito a restrição geral que alguns faziam sobre o apreço sexual acerca de algo, como: “só gosto de loiras, de tal tipo, com tal peso, tal metragem de cabelo, assim de busto, assim de bunda...” para ele assuntos desses só podiam ser descritos com um adjetivo: medíocres. Provavelmente seguido do complemento “tediosos”. A ele não havia nada mais prazeroso que precisamente ir descobrindo a beleza e o aspecto particular de cada singularidade dos corpos, sem amarras de antemão estabelecidas.

Já com uma moça com quem tinha relativa intimidade, pois a lume uma fantasia que era recorrente em sua cabeça. Era uma garota de pele bastante alva com quem ele saia vez ou outra (sem muito compromisso), a quem ele já havia sugerido, por mais de uma vez, que o vermelho era a cor que destacava-lhe a pele e as subtilezas do belo, moça que, por sua vez, acatando a sugestão, passou a pintar as unhas dos pés de um tom vermelho escarlate. Lucas estava certo, vermelho era a cor dela.

Depois de um sexo gostoso (ainda que sem grandes floreios), revelou a ela sua vontade. Sacou do frigobar que mantinha no quarto uma travessa abarrotada de morangos. Ajoelhou-se frente à cama, com ela sentada de frente a ele, na beirada. Posicionou a travessa ao chão, abaixo dos pés dela, ligeiramente erguidos. Ainda que não fossem demasiado moralistas ou pessoas fechadas, ele estava um pouco retraído. Não tanto por vergonha daquilo que queria, mas mesmo por saber como colocar a coisa sem ela soar brega, ou artificial. Acariciou os pés dela, macios e com um cheiro ligeiramente neutro pendendo para o suado, mas sem odor forte (transpirados por conta do sexo que haviam acabado de performar).

_ Queria que me desse esses morangos à boca – ele diz

Ela, que já sabia (e já tinha de fato realizado algumas coisas com ele) da tara por pés, responde:

_ São um pouco grandes, não vão caber entre meus dedinhos...

_ Não precisam caber – ele replica, com os olhos meio ansiosos, meio receosos – você pode pisá-los todos e servir-me um purê de morangos...

Por óbvia que a solução fosse, ainda não havia passado no “imaginário sexual” da garota, que espantou-se de início, mas pensou a ideia divertida: dar de comer a um cara, que supostamente sentiria prazer naquilo, o substrato da força dos seus pés.

Ela não diz nada, e, levando os pés à travessa começa a pisá-los. Primeiro timidamente, sentindo a textura dos morangos sendo desfeitos por entre sua sola e espaços entre os dedos. Esmaga-os, gradativamente, com mais vontade, gostando da sensação (tanto no plano táctil quanto psicológico). Resolve, então, ampliar a dimensão psicológica do jogo:

_ Quer comer dos meus pés, então? – ela finalmente pergunta

_ Sim, quero muito – responde ele, algo surpreso, mas interessado.

_ E o que faria para isso?

Após uma pausa reflexiva, ele não esperava, apesar de intimamente querê-lo, que chegasse a tanto:

_ O que gostaria que eu fizesse?

Nessa altura os morangos já eram uma passa desforme por sob os pés dela, que, ao que era dado perceber, havia mesmo gostado da atividade. Ela pega o tênis ao chão que estava usando. Direciona-o ao nariz de Lucas:

_ Respire fundo. – ela diz

Ele puxa forte o ar para os pulmões, sentido o cheiro suave de chulé que emanava daqueles tênis que ela havia usado o dia todo.

_ Está cheiroso? – ela pergunta com um sorriso no rosto e um leve tom de ironia.

_ Maravilhoso – ele responde ligeiramente embriagado.

Ela, então, manda-o colocar a língua pra fora, comando a que ele responde prontamente, antecipando mentalmente o que estava por vir. Ela esfrega bem a sola do sapato na boca dele, descendo e subindo. Desejava experimentar tal experiência já há algum tempo, mas nunca havia encontrado alguém que julgasse disposto. Ao tirar a sola da frente do rosto de Lucas, ela mira a língua preta. A sola estava consideravelmente suja. Ela se aproxima, olha-o nos olhos, e dá uma escarrada bem funda na boca dele.

_ Engole

Ele o faz, movimentando bem a língua internamente na boca para que tudo descesse. Nessa altura ela ergue um dos pés, ensopado em morango.

_ Fome?

Ele só gesticula a cabeça afirmativamente.

_ Vem comer, então, putinho.

Ele praticamente engole os dedos do pé esquerdo dela. A sensação é incrível, a ereção retorna com tudo. Ela espraia bem os dedos dentro da boca dele, para que, com a língua, ele consiga aproveitar bem a pasta entre eles. Os movimentos com a língua são bem elaborados, para não perder nada. Quando os dedos já estão relativamente secos, ele parte para lambidas abertas, do calcanhar ao peito da sola, pegando bem cada pedaço. Seu pau está como pedra, de tesão, mas ele ainda não se toca, ainda não.

Ela troca de pé, mesmo processo, mas agora é ela quem, também, interessa-se em movimentar os dedos dentro da boca dele, como que fodendo-a. Ele engasga uma ou duas vezes com este movimento, mais pelo inesperado que por qualquer outra coisa, não demora se adaptar. Ela devolve o pés esquerdo à travessa, onde recomeça a besuntá-lo com o conteúdo ali presente. Ela retrai e espraia em movimentos repetitivos os dedos para poder acumular bastante pasta entre eles.

_ Quer mais, vermezinho?

Ele nem responde com palavras, apenas articula um “uhum” por entre os dedos que preenchem sua boca. Agora ele leva uma das mãos ao pinto, começando alguns movimentos. Ela novamente troca de pés na sua boca, mas agora o direito não volta de pronto à travessa, ele se direciona ao saco de Lucas, removendo a mão deste do seu membro, e pressionando com força suas bolas. Ele suga o dedão, consome tudo por entre os dedos dela, chupa o peito do seu pé... está simplesmente em transe. Apesar de não ser uma pessoa que já tenha pensado muito sexualmente nos termos do BDSM, ela gostou do processo de submetê-lo e humilhá-lo. Resolve ampliar um pouco o repertório

_ Você estava mesmo com fome, ein, imbecil imundo...

“Uhum” é só o que, de novo, ele responde, com uma respirada funda. Ela retira o pé da boca dele, e fá-lo encontrar o esquerdo, no membro de Lucas. Começa a movimentá-los, um pouco desajeitadamente, mas o tesão é tanto que Lucas só consegue sentir prazer, com alguns movimentos involuntário do quadril em consonância com os movimentos dos pés dela.

_ Você quer gozar, idiota?

_ Quero...

Ela amplia um pouco a velocidade dos movimentos, o que o faz respirar ainda mais fundo.

_ Então goza, estúpido, goza na travessa, não quero ver um desvio...

Ela continua os movimentos. Aproxima seu corpo um pouco do dele, e olhando nos seus olhos, leva uma das mãos ao seu mamilo direito. Aperta-o com força, enquanto ele, ajoelhado, só consegue arfar em excitação. Após uns tremores advindos do tesão, vem o gozo. Apesar de ter gozado ainda um pouco antes (no sexo que tiveram), a quantidade de porra é relativamente relevante. É previsível o que vem pela frente. Ela ergue um dos pés e dá um tapinha com ele no rosto de Lucas.

_ Bom, nojento?

Ele, de olhos bem abertos, ainda no âmbito do gozo, apenas balança afirmativamente a cabeça. Ela retorna os pés à travessa, misturando o restante de pasta de morangos que ali está com a porra. Pra temperar a mistura, escarra também algumas vezes na travessa. Nisso, vai, novamente, espraiando e retraindo os dedos enquanto os afunda na mistura, para preencher bem os espaços entre um e outro.

_ Não se pode desperdiçar comida, não é? – pergunta ela ironicamente, erguendo o pé esquerdo na altura da boca dele. – Agora! – ela ordena.

Nem precisaria pedir. Ele cai de boca naqueles pés deliciosos, sugando e lambendo tudo que podia, sem desperdiçar nada. Nunca teve nojo da própria porra, mas ela ainda não sabia, e excitou-se bastante com a cena.

_ Creio que, já que me mostrou algumas coisas, possamos trabalhar algumas outras experiências, vermezinho – diz ela, ao que ele pronta e animadamente responde com um aceno de cabeça, enquanto continua a sugar os dedos dela.

Depois de terminarem, banharam-se, riram um pouco da situação e Lucas partilhou a vontade de seguir adiante com algumas brincadeiras daquele tipo. Clara (este era o nome da menina) responde que não tinha muita experiência nesses temas, mas tinha bastante imaginação e, também, iria pesquisar um pouco sobre, para surpreendê-lo com algo.

Ao final, já na saída, Lucas aproxima-se para beijá-la, movimento que ela rejeita. Ele não entendeu de imediato.

_ Quem serve meus pés, idiota, serve meus pés. – disse ela com o indicador apontando para baixo, agora para os pés já calçados.

Ele começa a entender que ela realmente quer ampliar as brincadeiras. Tem sentimentos ambíguos e algumas incertezas sobre isso, mas o tesão do momento fala mais forte. Ele se ajoelha e beija a ponta do tênis dela. Ela deixa-o naquela posição, na porta de casa, com um “até a próxima, traste”, e vai-se embora.

Mal sabia Lucas que esse era só o começo de um caminho sem volta.

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Comentários

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Muito bom o conto! Adoro essa parte de feeding e spit.

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