Deixa eu cuidar de você (2)

Um conto erótico de Felipe
Categoria: Homossexual
Contém 2295 palavras
Data: 11/04/2017 14:37:46

Obrigado a todos pelos comentários, dá muita vontade de continuar. Continuem acompanhado e comentando :*

A noite nunca pareceu tão longa, eu demorei muito a dormir. Minha mãe veio até o quarto e viu que ainda não tinha dormido. Estava chovendo bastante.

- Está sem sono, filho? – ela perguntou.

- Sim, estava aqui pensando em tudo – falei – Não vejo a hora de poder voltar a andar.

- Se Deus quiser logo você vai poder andar normalmente – ela falou e passou a mão em meus cabelos – Não fica ansioso, lembra que o doutor Renato falou que exige muita paciência.

Ela falou em doutor Renato e lembrei-me do nosso beijo, aquilo revirou meu estomago.

- Filho, eu fiz uma sopa de acém com batata e cenoura – falou – Você adora, vou buscar um pouco para você.

Eu concordei, afinal, eu amo sopa. Minha mãe voltou com uma quantidade significativa de sopa, daria para alimentar duas tribos inteiras.

- Que exagero – falei brincando.

- Te conhecendo, sei que vai comer e ainda vai pedir para repetir – ela falou.

Eu sorri e realmente aconteceu o que ela falou, acabei repetindo. Ficamos conversando e falei para ela que quando voltasse a andar, o primeiro lugar que gostaria de ir era a praia. Minha mãe ficou comigo até eu adormecer, acordei mais cedo e fiquei ouvindo música. Logo minha mãe chegou acompanhada do doutor Renato, ela me deu um beijo na testa e ele estava em pé sorrindo.

- Bom dia – ele falou com um sorriso largo – Tudo bem?

- Estou bem sim – falei meio apreensivo.

Percebi que lá fora estava tudo molhado por conta da chuva, o doutor Renato estava com o cabelo molhado e a barba um pouco mais curta do que ele sempre usava.

- Bem, eu estava conversando com sua mãe e expliquei a ela que devido a sua melhora, o ideal é você começar alguns exercícios lá na clinica. Por conta da aparelhagem e etc. – ele explicou alguns procedimentos e ficou combinado que minha mãe me levaria à clínica e não teria mais acompanhamento domiciliar.

Por um lado, estava feliz, afinal eu finalmente poderia praticar exercícios mais rigorosos e que me ajudariam a voltar a andar normalmente. Por outro lado, estava triste, gostava de ter sua companhia diariamente. Fiquei até pensando se isso era pelo que ocorreu na noite anterior. Mas foquei na minha recuperação. Ela insistiu para que tomássemos café da manhã e com muito custo ele aceitou. Ele sentou de frente e minha mãe ficou preparando sanduíches e servindo. Em casa minha mãe sempre gostou de cozinhar e sempre assumia essa tarefa em eventos de família também. O doutor Renato tentava disfarçar, mas por várias vezes o seu olhar repousava sobre o meu e eu sentia meu rosto arder e eu percebia que ele ficava vermelho também. Neste primeiro dia, minha mãe não nos acompanhou até a clínica e fui apenas com o doutor Renato. Mas, Durante o trajeto, ele deixou uma música tocando e comentava uma coisa ou outra que víamos no trajeto. Não comentou sobre o beijo e eu também não comentei.

A clínica era muito bonita, descobri que ele tinha mais um sócio e que havia deixado as atividades na clínica para acompanhar o meu caso a pedido da minha mãe. Ele falou que eu deveria fazer alguns exames e que logo daríamos continuidade com os exercícios. Fiquei aguardando e ele voltou com uma papelada, fomos até outra sala onde havia diversos aparelhos. Ele me passou algumas orientações e pedia a todo o momento que eu o informasse imediatamente caso eu sentisse alguma dor. Os exercícios eram puxados e mentalmente desgastantes, a falta de equilíbrio e força, me causavam desespero. Embora havia melhorado, eu não podia sair correndo e diversas vezes me desesperei. O doutor Renato era muito paciente e me manteve calmo durante os exercícios. Em um desses exercícios, ele tinha que apoiar na minha cintura e me auxiliava a caminhar. Sentir as suas mãos em mim, me causava um frio enorme na barriga e uma hora perdi a concentração e quase caí.

- Cuidado, Felipe – ele gritou desesperado.

Conseguiu me segurar, mas comecei a sentir um pouco de dor. Ele me ajudou a deitar na maca e por conta do grito que ele deu vieram ver se estava tudo bem. Eu e ele respondemos que sim.

- Que susto – eu falei – Perdi o equilíbrio.

- A culpa é minha – falou – eu deveria ter prestado mais atenção e não ter exigido tanto de você.

- Claro que não – falei – Você não tem culpa.

Tentei tranquiliza-lo, mas parecia impossível. Sua feição demonstrava preocupação e a dor que eu estava sentindo não passava. Ele me deu uma medicação e pediu para eu passar por uma sessão de massagem com uma de suas funcionárias, o que ajudou bastante. Assim que acabou a massagem, fiquei aguardando na maca e ele entrou na sala.

- Está melhor? – ele perguntou.

- Estou sim – falei – Vou querer massagem todo dia.

Ele sorriu e aproximou-se de mim, passou a mão nas minhas pernas para verificar a coordenação. Percebi que seu olhar estava triste.

- Por que está com essa cara? – perguntei.

- Eu quase te deixei cair, Felipe – ele falou.

- Já falei que não foi sua culpa – falei – Não precisa ficar assim.

- Eu não deveria ter exigido tanto de você – falei – acho que me empolguei.

Ele estava com a mão sobre o meu joelho, neste instante eu coloquei a minha mão sobre a dele e ele me olhou. Eu o encarei e o beijei lentamente, sem pressa e sem medo. Eu estava morrendo de vontade de fazer isso, desde quando vi ele pela manhã. Afastei-me e ele permaneceu de olho fechado, fiquei meio receoso com aquela cena.

- Venha, é melhor eu te levar para casa – foi a única coisa que ele falou e eu senti um gelo no coração.

- Me desculpe, não tinha intenção de causar isso – falei.

Ele me encarou, me puxou para um abraço e disse baixinho. Meu coração acelerou.

- Felipe, você não fez nada contra a minha vontade. – ele falou – Só é um tanto complicado.

- Eu sei, estou surtando – falei – Não consegui dormir direito, pensando no que aconteceu ontem. Pelo visto, não vou conseguir dormir hoje de novo também.

- Ficou sem dormir pensando no beijo de ontem? – ele perguntou e sorriu.

Eu fiquei envergonhado, nem respondi. Ele se aproximou de mim, me abraçou e disse em meu ouvido.

- Desde o dia que te conheci, eu desejei isso – falou – Você não tem noção do quanto mexeu comigo, só aceitei cuidar de você pela insistência da sua mãe e também porque depois de ter te conhecido, queria me aproximar de você. Mas não é tão fácil assim, eu planejei em passar o seu caso para um amigo meu e deixar que ele te acompanhasse, mas eu não consigo tirar minha preocupação de você.

Aquilo revirou meu estomago, meu coração ficou mais acelerado e parecia que tinha uma centena de elefantes pisoteando minha cabeça. Eu nem consegui responder, logo veio um barulho na porta e ele se afastou.

- Entra – ele falou.

A recepcionista entrou e avisou que tiveram um problema técnico e o técnico já estava fazendo manutenção. Por conta disso, meu exame ainda não tinha ficado pronto.

- Bem, o jeito é esperar – ele falou – Você está com fome?

- Um pouco – falei.

- Então, vou ligar para sua mãe não vir te buscar agora – falou com um sorriso – e se aceitar, vou te levar para almoçar e aproveitamos para conversar.

- Por mim tudo bem – falei.

Ele ligou para minha mãe e avisou que teve um problema técnico na clínica e por conta disso demoraria um pouco mais para liberar os meus exames. Avisou também para ela não se preocupar que ele estaria providenciando o meu almoço e que avisaria para ela vir me buscar. Minha mãe aceitou, ela idolatrava o doutor Renato.

- Ótimo – ele falou – Ela concordou. Vamos nessa?

Saímos da clínica e seguimos em direção a Av. Paulista, ele parou no restaurante Spot, bem conhecido na região. Sentamos em um local próximo a janela, onde eu conseguia ver a fonte de fora do restaurante. Sempre achei muito bonita. Ele de cara fez o pedido dele e eu fiquei escolhendo algo para comer, acabei escolhendo coxa de frango desossada e purê de batatas.

- Já aviso que nada de bebida alcoólica – falou devido eu estar observando a parte de bebidas – Você tomou medicação forte, então vamos de suco de laranja.

Eu sorri e concordei. Ele me olhava e sorria, isso me incomodava muito.

- Eu fico incomodado quando você me olha e sorri – falei sem receio algum.

Ele sorriu e colocou a mão sobre minha que estava sobre a mesa. Sem preocupar se estavam olhando ou não, embora eu não ficasse receoso.

- Não faço por mal, Felipe – ele disse ainda sorrindo – Você me deixa sem graça.

- Eu? Mas eu não faço nada. – resmunguei.

- Você mexe comigo, em tudo – falou mais pra ele do que pra mim – Você sempre tira minha atenção.

Eu fiquei sem graça e sorri. Nossos pedidos chegaram e realmente estava muito bom. Ficamos conversando e na hora de pagar a conta, a mesma insistência de sempre para ele me deixar pagar a minha parte. Com muito custo, ele deixou. No caminho de volta para a clínica, conversamos sobre diversas coisas e ele sempre com aquele jeito atencioso, às vezes colocava a mão sobre a minha perna ou no meu ombro. Chegamos à clínica e retomamos os exercícios, porém de forma moderada. Terminamos e ele avisou a minha mãe que os exames estavam prontos e que poderia vir me buscar. Ele aproveitou para me mostrar o restante da clínica, tinha uma parte com um jardim que era muito bonito e um pequeno tanque com carpas. Vi de longe minha mãe se aproximando. Ela me deu um beijo e brincou falando que era muita mordomia ficar indo almoçar fora com o doutor Renato.

- Ele não queria me deixar pagar o meu almoço– falei e sorri, ele ficou envergonhado – Avise-o que são recomendações suas.

- Isso mesmo, doutor Renato – minha mãe falou séria – Não quero que fique gastando com ele não, agradeço muito a gentileza, mas não posso abusar do senhor dessa forma.

- Imagina, não é nenhum incomodo – falou.

- Nada disso – ela falou – Não concordo de forma com alguma

- Tudo bem – ele falou – Prometo que não pago mais.

- Ótimo – ela sorriu e deu um tapinha em suas costas.

Ele nos acompanhou até o carro e ajudou a minha mãe a me colocar no carro. Eu me sentia um inválido, toda vez que pensava isso... Eu queria me afastar de todos e ser largado em um canto. Acho que perder a liberdade de poder fazer tudo por sua própria vontade é algo muito forte, embora fizesse um tempo desde o acidente, eu não havia acostumado a depender dos outros para tanta coisa.

- Fica bem em? – ele falou enquanto eu estava perdido em pensamentos.

- Vou ficar – falei desanimado e ele olhou tentando me entender – Até mais.

- Até mais – ele falou e apertou minha mão.

Ter pensado nisso, me deixou mal. Mas lembrei que deveria focar na minha recuperação e ser paciente, havia o progresso, então eu tinha que ter fé. Pensei nas coisas boas do dia, em tudo o que ele me falou e eu me sentia um adolescente apaixonado. Ao mesmo tempo em que sentia que estava fazendo algo totalmente errado e me doía só de pensar em explicar um dia para os meus pais, tinha muito medo deles não entenderem. Lembro que na infância meu pai proibiu de brincar com um vizinho só porque o achava afeminado demais. Estava viajando em tantos pensamentos e a hora não passava, estava cedo ainda e eu já estava quase dormindo. Até ouvir alguém bater na porta.

- Filho, está acordado? – perguntou a minha mãe.

- Estou sim – falei – Por quê?

- O doutor Renato está aqui, falou que você esqueceu uma coisa no consultório e queria te entregar – ela falou – Posso falar pra ele entrar?

- Pode sim – falei.

Ela saiu e logo ele entrou no quarto. Falei para ele sentar e ele disse que não iria demorar. Entregou-me alguns papéis, peguei e comecei a ler. Não tinha nada a ver com nada, eram apenas alguns rascunhos e não eram meus.

- Mas isso não é meu – falei desconfiado.

- Eu sei que não é – falou e sorriu sem graça – Eu apenas queria uma desculpa para te ver e te perguntar por que estava estranho quando se despediu de mim?

Eu fiquei sem graça com aquilo tudo. Fiquei com vergonha de falar o que eu senti.

- Nada, estava apenas um pouco exausto – menti.

Ele não acreditou e fez uma cara de quem sabia que eu estava mentindo. Até que me senti pressionado em falar a verdade.

- Às vezes me sinto mal em ficar sendo carregado, sendo auxiliado para tomar banho e dar trabalho para os demais – falei – O que eu mais quero é poder retomar uma vida normal.

- Isso não é algo inédito em casos como o seu – ele falou pacientemente e sentou ao meu lado, passando sua mão pelos meus braços, arrumando os poucos pelos que ali tinha – Mas você tem que ser forte, seu tratamento está progredindo e logo você voltará a andar.

- Eu escuto isso há meses, doutor Renato – falei e fui interrompido por ele.

- Renato, aqui sou apenas Renato – ele falou com um sorriso e eu sorri também, sei que ele não quis ser grosso. – Não fica pensando bobagem, todos que estão do seu lado é porque te amam e querem o seu bem.

Eu assenti, embora o sentimento não saía de dentro de mim. Ele se aproximou e me beijou.

- Eu só te peço uma coisa – falou no meu ouvido e apertava a minha mão.

- O que eu? – eu perguntei.

- Deixa eu cuidar de você... – e me beijou forte, passando a mão no meu peito e eu pude sentir o calor do seu corpo também.

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Comentários

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O Felipe não falou em que ano aconteceu

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Estou acompanhando a saga. Um abraço carinhoso,

Plutão

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Legal... Mas acho tão estranho essas histórias. Pq não creio q um hetero deixaria um cara beijar ele de boa e ele ainda retribuir se isso já não era algo q ele desejava antes. Provavelmente já era gay. Só reprimia o sentimento. Talvez bêbado rolasse meio q sem perceber, mas de cara limpa acho q nenhum aceita.

Mas o conto tá legal

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Caramba pensa q não tem como melhorar....ai vx surpreende...

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