Paixão Irlandesa - EP04 e EP05

Um conto erótico de Menino do Rio
Categoria: Homossexual
Contém 2014 palavras
Data: 05/03/2017 19:25:07
Última revisão: 05/03/2017 20:01:44

Surpresas que só a vida sabe nos reservar

Acredito não ter feito uma cara muito feliz quando ele me apresentou Mary, pois logo ele perguntou

- Está tudo bem?

Respondi que sim, que apenas havia me perdido em meus pensamentos. Saímos os três, chegando ao local onde o David iria se apresentar me encantei completamente com tudo ali. A atmosfera era mágica, sem dúvidas eu estava num autêntico pub irlandês, tudo ali era decorado de forma rústica e bem elaborada, como chegamos cedo a maioria ainda estava sóbria mas ainda assim o tom das conversas eram altas e em alguns momentos quase não se ouvia a música que tocava. Me sentia uma criança na Disney, David me deixou com Mary enquanto ia arrumar alguns instrumentos para tocar mais tarde. Enquanto eu fiquei a sós com ela conversamos sobre quase tudo, menos sobre o David, temia ter que ouvir a história de romance dos dois e estragar a minha noite.

Certa hora foi inevitável tocar no assunto relacionamento, Mary quis saber como era a paquera no Brasil, como eram as meninas se realmente eram atiradas e ali comprovei, de fato a fama das brasileiras não é muito boa, tentei explicar que não é muito assim, que somos bem animados, expansivos e calorosos. Por bem David chegou a tempo de evitar questionamentos mais pessoais. Ter ele próximo a mim era uma sensação de estar ao sol, ele irradiava um calor que me viciava cada vez que ele chegava próximo.

Pude então conversar melhor com ele, não me cansava de olhar aquele conjunto perfeito, corpo, olhos, sorriso, simpatia e pude então notar que estava completamente apaixonado por ele. Nos conhecendo melhor pude notar o quão humilde ele era, não cansava de elogiar suas músicas, notei que Mary me olhava diferente enquanto eu conversava com David, o que imaginei ser ciúmes, sem dúvidas minha cara de bobo me entregava, eu estava muito na dele.

Chegada a hora em que Davi iria tocar e não pude me conter, cantei todas as músicas e pude jurar que enquanto ele cantava “See the sun”, onde ele compara encontrar o verdadeiro amor à observar o pôr do sol, ele me olhava diretamente nos olhos o que me causou um forte arrepio. Saldo da noite foi de bebedeira, Mary que não saia de perto dele e eu ali que mal disfarçava minha alegria por estar perto dele, na volta para casa vim bem preocupado pois bêbado dirigindo é risco de morte, mas não tinha como negar a carona. Na saída do carro nos despedimos e algo me chamou a atenção, David me deu um abraço, hábito pouco comum entre os europeus e principalmente entre heteros, senti um abraço apertado e longo acompanhado de agradecimentos pela noite.

- Obrigado por vim de tão longe ouvir minha música! -disse David com a voz meio enrolada.

Ainda sem soltar dele respondi

- Eu que agradeço a carona! - ri sentindo as bochechas corarem.

Me despedi de Mary sem muitas delongas e entrei em casa. Ângelo com todo seu jeito animado veio logo tirando sarro da minha cara

- Que cara de bobo e essa? Já tá apaixonado pelas irish? - perguntou em tom de gozação

- Que nada, só estou feliz por estar aqui! - respondi tentando disfarçar.

- E o cantor te tratou bem ?

- Sim, o cara é super gente boa, a noite foi ótima! - respondi.

Ângelo deu uma risada alta e disse

- Toma cuidado com os caras daqui!

Ele falou isso já indo em direção ao quarto dele e sem me dar chances de perguntar o porquê, estava bem cansado, mas não poderia me esquecer de perguntar isso a ele no dia seguinte. Ainda meio enrolado com o fuso horário diferente acordei zonzo com o telefone tocando, atendi sem dar atenção a qual nome indicava na tela.

- Alô?

- Ainda está dormindo? - ecoou aquela linda voz que me despertou de uma vez.

- Sim, ainda estou confuso com os horários - brinquei.

- Quer vir jantar aqui em casa hoje? Garanto que ainda não comeu uma comida irlandesa de verdade.

Fiquei completamente sem jeito mas aceitei o convite, senti nele a tão falada receptividade que os irlandeses têm com seus visitantes, combinamos o horário que ele me buscaria e pontualmente ele estava lá, os meninos já o conheciam e festeiros como sempre, o receberam como um velho amigo, ao sairmos Ângelo brincou dizendo

- Juízo os dois!

Senti o David responder a brincadeira um pouco corado e saímos. De Dublin até a cidade de David era cerca de uma hora de estrada onde me encantei ainda mais com esse país, que mesmo a noite consegue ser muito lindo. Chegando a casa do David pude notar que era uma casa bem tradicional em sua arquitetura, tudo ao redor tinha um ar de fazenda, a cidade por ser mais de interior tinha um ar muito diferente da capital, o silêncio era quase enlouquecedor para quem está acostumado com a agitação das grandes cidades. Entrando em sua casa logo avistei uma jovem senhora de cabelos ruivos trajando um avental de cozinha e um ar maternal incomparável, na mesma sala ao seu lado estava um senhor aparentando seus cinquenta anos, careca de olhos claros e um semblante de total calmaria, ambos vieram em minha direção a mãe de David logo exclamou:

-Bem Vindo! Você é o famoso Pedro! É mais lindo que eu imaginava! - disse a simpática senhora me abraçando.

Aquela frase foi totalmente chocante para mim, enquanto ouvia sua mãe falar David havia mudado de cor ligeiramente, como se estivesse sem saber o que dizer. Aliás quem não tinha o que dizer era eu, como assim mais lindo que ela imaginava? Como assim famoso? Será que ele falava tanto de mim assim??

5 - A doce sensação do quase...

Entrei e me acomodei na sala, numa poltrona próxima a que o pai de David estava, o simpático senhor se chamava Antony era filho de italianos que haviam imigrado para o interior da Irlanda durante a Segunda Guerra, lá ainda jovem conheceu dona Kyara e a 35 anos vivem uma história de amor digna de um romance daqueles que viram best seller, me sinta bem confortável com a forma extremamente atenciosa que eles me tratavam, seu Tony, como gostava de ser chamado, só faltou soltar fogos quando comentei que também era descendente de italianos refugiados da Segunda Guerra, por alguns instantes era visível a nossa emoção, da minha parte por relembrar tantas histórias que meu avô me contava de tudo que ele viveu para fugir e como foi a vida dele assim que chegou no Brasil, da parte do Sr Tony por encontrar nas minhas lembranças muitas similaridades com as de sua família. Sem notar estávamos conversando em tom de voz alto e em italiano como se estivéssemos em um final de tarde tomando vinho ao pôr do sol da Calábria, região de nossos antepassados. Dona Kyara e David nós olhava assustados, capaz que os vizinhos acharem que fosse uma discussão, mas era apenas mais uma boa conversa de conterrâneos, logo notamos os olhares espantados de ambos e caímos numa deliciosa gargalhada, certamente nenhum dos dois entendiam italiano e não fazia menor ideia do que falávamos tão animadamente, para ser franco nem eu me recordava ter um italiano tão afinado, mas tudo ocorreu com tanta naturalidade que transferi para aquele senhor de meia idade a figura do meu avô já falecido a alguns anos. David não perdeu a chance de tirar uma com a minha cara.

- Vocês se conhecem a quantos anos ? Não sabia que já tinha vindo aqui em casa! - disse David em tom de desconfiança e rindo e sua própria piada.

- O sangue calabrês se reconhece em qualquer lugar do mundo e em qualquer época! - respondi rindo.

- Quem veio daquela terra não nega o sangue, os laços são eternos - completou Sr. Tony.

Em meio toda aquela nostalgia dona Kyara nos lembrou do jantar, e nos convidou para continuar nossa conversa à mesa. A comida era realmente deliciosa, uma Torta de Batatas com carne de porco e de sobremesa Mince Pie umas tortilha bem tradicional na Irlanda. A conversa corria muito bem, até que em meio a risadas Dona Kyara solta de forma inocente:

- Acho que dessa vez o David acertou em cheio, você além de bonito e extremamente agradável! Já decidiu onde vai morar ?

Fiquei estático com o “ David acertou em cheio”, não que eu pensasse que eles eram uma daquelas famílias que sequestram jovens para rituais satânicos, mas pelo tom e a troca de olhares entre Kyara e David que a essa altura da conversa tinha no rosto um leve tom avermelhado e uma certa inquietação com a colocação de sua mãe. Só então me dei conta de que ela havia me feito uma pergunta e aguardava pela resposta.

- Aluguei um quarto para passar essas semanas, estou aqui de férias e irei retornar ao Brasil daqui a 3 semanas. - a respondi.

- Pelo que o David falou achei que viesse de vez - respondeu a gentil senhora com uma expressão tênue de desapontamento.

Neste momento foi inviável perguntar:

- Mas o que o David tanto falou de mim? Nos conhecemos a menos de uma semana - indaguei em meio a um riso tímido e confuso.

- É exagero dela, eu apenas fiquei muito feliz em conhecer um fã de tão longe. Até mesmo nem aqui eu tenho muitos, sou apenas mais um músico. - respondeu David atropelando as palavras como se quisesse evitar que sua mãe se estendesse o assunto.

O jantar terminou e a hora passou nem notarmos, ainda teríamos uma hora de estrada de volta a Dublin, me sentia incomodado pois David teria que dirigir até lá e depois ainda retornar para casa, com uma intuição materna dona Kyara sugeriu que dormisse por lá e evitasse uma viagem que não havia necessidade e era arriscada. Fiquei super sem graça mas de fato ela tinha razão, relutei por alguns minutos por educação porém acabei aceitando, liguei para meus colegas de casa e avisei que passaria a noite fora, quem atendeu foi Ângelo que de forma seca questionou se dormiria com David e ao ouvir minha resposta positiva ela apenas desligou sem ao menos se despedir. Achei bem estranha a atitude dele mas como não éramos íntimos relevei.

Subimos ao quarto de David onde dona Kyara iria arrumar uma cama para mim ao lado da de David, a casa era muito aconchegante, toda projetada para amparar seus moradores e os proteger dos severos ventos gélidos da Ilha Esmeralda. Para quem tem contato apenas com a cultura brasileira é bem estranho acomodar estranhos em casa, o que é plenamente justificável pela violência que estamos acostumados em nossas rotinas, já na Europa ao contrário é comum acolher viajantes, turistas e estudantes em suas casas, tanto que nas capitais europeias poucas casas são habitadas por apenas uma pessoa, o mais comum é que se alugam quartos e se divida as contas.

Ao chegarmos em seu quarto David logo pegou seu violão e começou uma espécie de show particular, novamente observando aquele homem lindo de sorriso largo e tímido tocando seu violão e cantando como se quisesse me falar algo não contive minhas lágrimas e sorriso que por certo aparentava grande satisfação pois David apenas continuou sua canção me olhando nos olhos como se sua intenção fosse me hipnotizar.

Certamente ficaria ali por dias, somente a presença dele me era necessário, me aproximei ainda mais calculando os riscos de minha aproximação, porém a energia que me puxava até ele era mais forte que a minha razão, estando a menos de meio metro dele e ainda mantendo nosso contato visual nossos rostos se aproximaram, pude sentir sua respiração se misturar a minha, seu hálito era fresco como uma brisa de primavera, seus olhos mais profundos e mais belos quanto o Cliffs of Moher… Aos que não conhecem o Cliffs of Moher aconselho uma breve busca no Google Imagens. Estávamos a centímetros de distância, nossos hálitos se misturando, arrisco a dizer que era audível suas batidas do coração que mais parecia uma bateria de escola de samba. Nossos narizes se aproximaram ao ponto de se encostar...

Continua...

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Comentários

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Viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaadooooooooooo que bom que voltaste, não demora a posta, estava louco aqui de ansiedade!

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