HIENAS – A DEBANDADA

Um conto erótico de Nassau
Categoria: Homossexual
Contém 2362 palavras
Data: 05/03/2017 12:46:41

Então o estalo do tapa que foi dado ecoou por todo o estacionamento...

Não foi o tapa que normalmente acontece quando uma hiena mais forte deseja subjulgar a outra. Apesar de também pertencer ao reino das greludas, aliás, com um grelo muito maior do que a da irmã, Noélia, assim como Letícia quando estapeou Renata, não tinha o menor conhecimento do que aquilo significava e, no seu caso, o ódio que nutria contra Letícia foi a mola propulsora que levou a armar todo aquele esquema para agredir aquela que tinha como inimiga, porém, que na verdade se tratava apenas de ciúmes exacerbado, uma vez que nutria um desejo mal disfarçado por Neila.

Sem nenhum resquício de moral, urdiu seu plano envolvendo não só a irmã, mas convencendo a essa que envolvesse também à Morgana nele. Apesar de primário, sem requintes de imaginação, o plano dera certo eEntão o estalo do tapa que foi dado ecoou por todo o estacionamento...

No segundo seguinte ao da agressão, uma sucessão de reações envolvendo as seis pessoas, as cinco componentes do bando de Letícia e Noélia ocorreu de forma a alterar a vida futura dessas seis pessoas. Rosana, em seu apartamento pequeno num bairro afastado de repente ficou com a sensação de que estava tudo errado na sua vida sendo acometida de uma saudade incrível de sua pequena cidade e de sua família, se perguntando o que estava fazendo ali naquela cidade grande aonde não tinha amigos e poucos conhecidos.

Renata, que já se deitara e estava quase sendo dominada pelo sono, de repente teve um sobressalto que a deixou completamente alerta. Sem nenhum sono, olhou para o lado e viu o marido ao seu lado, absorto na leitura de um livro, se dando conta do quanto aquele homem era importante para ela. Uma sensação gostosa lhe correu a espinha e sentiu uma umidade na xoxota e, sem nenhum aviso prévio, arrancou o livro da mão do homem ao seu lado, atirando-o longe e o atacou, beijando seu corpo inteiro e arrancando a roupa dele, bem como a camisola que usava, entregando a um sexo louco e desvairado que durou por quase a noite toda, arrancando do marido extenuado de tanto gozar um comentário que a fez sorrir com felicidade: “Seja bem-vinda de volta meu amor, eu amo você!”.

Das outras quatro presentes na cena, a reação de Morgana foi a mais surpreendente. Olhando para Letícia, assistindo a transformação que via acontecer na outra, se deu conta que cometera um grande erro na sua vida. Nesse momento, ficou claro que Morgana, apesar de fazer parte do bando de hienas de Letícia, não era uma hiena. Como uma estranha no ninho, participara das orgias no escritório de Renata, chegara a ir ao motel na companhia dela e de Neila, porém, agora ficava claro que o único motivo que a levara a isso era o amor que nutria por aquela mulher loira que a cativara. Essa era a verdade revelada, Morgana dedicava a Letícia um amor completo, total e sem barreiras e restrições e agora, ali na sua frente, via o alvo de seu amor ir se transformando em uma coisa que ela não reconhecia. Sentindo uma pontada no coração, Morgana não conseguiu conter as lágrimas que banharam seu lindo rosto moreno.

Neila, talvez a mais indiferente a tudo aquilo que assistia, só percebeu de repente que não sentia a menor atração por Letícia, arrependendo-se de ter se entregue a ela com tanta volúpia e tesão e sem conseguir encontrar uma explicação plausível para isso.

A maior transformação de todas, sem dúvida nenhuma, aconteceu com Letícia. Da sua expressão segura, de quem está acostumada a comandar, não restou mais nada. O que se via era uma expressão de entrega total, com um olhar de adoração a Noélia. Suas narinas estavam dilatadas e seus lábios entreabertos deixavam a mostra duas fileiras de dentes perfeitos, onde o ar expelido chiava numa espécie de assovio baixo. Seus olhos verdes brilhavam numa intensidade incrível, como se fossem dois faróis guiando uma nau perdida em uma noite borrascosa a um porto seguro e seu corpo tremia como se ela estivesse ligada a uma tomada elétrica, pois a eletricidade que exalava de seu corpo era quase visível.

E ali, bem a sua frente, estava o objeto de seu desejo. A sua nau desgovernada em águas bravias, Noélia. Sem conseguir entender o que estava acontecendo com ela, a loirinha, quase réplica de sua irmã mais velha, se dividia entre um impulso louco de se atirar sobre Letícia e beijar-lhe a boca e a repulsa provocada pelo ódio que lhe devotara por tanto tempo. Suas mãos estavam cerradas em punhos e suas pernas entreabertas também tremiam. Seus olhos, confusos diante da indecisão, procurou pelos olhos da irmã que, ao se sentir olhada, fez um ligeiro aceno de negação com o rosto, aumentando ainda mais a confusão que lhe ia à mente. Em seu âmago, o amor total e irrestrito que devotara a irmã por tanto tempo agora entrava em conflito com o desejo sexual de atacar aquela beldade a sua frente e, num centésimo de segundo, lhe ocorreu que, beleza por beleza, sua querida e adorada Neila não ficava muito a dever para Letícia e esse foi o fator que acabou por influenciar sua decisão. O amor venceu e, provando mais uma vez que amor e ódio são duas faces de uma mesma moeda, invocou o ódio que nutrira por meses e despejou maldosamente todo o seu veneno para cima de sua vítima, dizendo:

– Vá embora daqui sua riquinha metida. Vai se foder com alguma biscate por aí e nos deixe em paz. Vá e nunca mais apareça!

– Mas eu,... Por favor... Não faça isso comigo! – Entre lágrimas, Letícia implorava, o que exaltou ainda mais a raiva que Noélia conseguira invocar, a ponto dela avançar para a outra na clara tentativa de esbofeteá-la novamente.

Foi Neila que, se dando conta do efeito que uma nova agressão faria, potencializando ainda mais o desejo de Letícia por sua irmã, que interferiu, segurando o antebraço de Noélia e dizendo:

– Para Noélia, deixa essa aí para lá. Nem vale a pena mexer com isso aí.

A voz de Neila era carregada de desprezo e raiva. Ninguém diria que, ainda no dia anterior, ela tivera tanto prazer com os carinhos daquela que agora destratava. Tanto prazer e fizera questão de retribuir cada um deles. Noélia atendeu ao apelo da irmã e deixou se levar dali. As duas se afastaram da cena abraçadas de uma forma que mostrava haver ali muito mais que o simples carinho de uma irmã pela outra.

Letícia olhava as duas se afastarem e não consegui abafar o soluço que lhe vinha do fundo da alma. Na verdade, ela não olhava as duas, pois sequer se dava conta da existência de Neila, pois seu olhar, sua atenção e todos os seus sentidos se concentravam no objeto de desejo que lhe ia a mente, Noélia. Assim, sequer ouviu a voz de Morgana que a chamava para saírem dali. Mas quando a morena segurou seu braço, toda a consciência do que havia se passado a tomou de assalto e a revolta que adveio a isso quase lhe arrebenta o peito. Sem conseguir sequer pronunciar uma palavra, livrou-se da outra com um safanão e saiu em disparada para onde deixara seu carro, sem ouvir a voz suplicante de Morgana:

– Letícia, por favor, me espere. Eu tenho que te explicar...

Mas já era tarde. Cantando pneus, o carro saiu em disparada dali, abandonando o estacionamento.

AS CONSEQUÊNCIAS...

Não é demais repetir que, quando a líder de um bando é dominada por outra fêmea, aquele bando se desfaz imediatamente, cabendo à nova líder começar a arrebanhar as integrantes de um novo bando.

No que foi relatado até aqui, os relacionamentos ocorreram apenas entre as fêmeas, porém, isso não quer dizer que os machos não atuam de forma nenhuma em uma matilha. Na verdade, eles atuam de uma forma subalterna, ou seja, eles ajudam na caça, porém, só comem depois que as fêmeas estão saciadas, o que explica a fama de que as hienas só comem carniça. Com relação ao sexo, eles participam sim, porém, apenas quando são solicitados e agindo de forma submissa, ou seja, a fêmea está sempre no comando, em todos os momentos da vida de uma matilha, pois trata-se de um animal que vive no sistema de Matriarcado.

Se nesse conto o relato só se restringiu ao relacionamento entre as fêmeas foi uma simples opção do narrador, tanto é, que houve um lance de Renata com seu filho Lucas e o episódio de Letícia ter desmaiado nua, se masturbando, e depois acordar na cama, coberta e segura. Quem teria cuidado da loirinha?

Isso é um assunto para o futuro.

Se todos se lembrarem, Letícia teve na figura de Renata uma instrutora que foi orientando seus passos como líder da matilha, o que facilitou em muito sua vida. Esse seria o procedimento normal. Porém, ao desprezar Letícia, apesar do desejo que sentiu por ela, Noélia abriu mão dessa prerrogativa e, por consequência disso, de uma instrutora que lhe instruísse. Talvez Renata fosse a mulher que pudesse preencher essa lacuna, mas não foi isso que aconteceu.

Na semana seguinte ao ataque sofrido por Letícia, seu namoro com Lucas que já era muito frio, encerrou de vez, com ele tomando a iniciativa de terminar o relacionamento. No dia seguinte a isso, Renata simplesmente a demitiu, como já havia feito com Neila dois dias antes. Como Rosana pedira demissão e voltara para sua cidade, até mesmo a aproximação que suas antigas integrantes tinham foi desfeito. Renata, por sua vez, se tornou uma adoradora de homens, deixando o marido extenuado todas as noites e não fora nem uma ou duas vezes que olhava demoradamente para o filho, admirando seu corpo malhado com os olhos plenos de desejos.

Noélia e Neila, por sua vez, não se desgrudavam. O fato de serem as duas o fruto proibido de uma para outra não dizia nada. Como usavam o mesmo quarto, dormiam sempre na mesma cama, não sem antes se esgotarem de tanto prazer. A princípio, Neila tivera um resquício de pudor em se entregar à irmã, porém, nada que uma bela bofetada não resolvesse. A partir daí e diante do carinho que Noélia lhe devotava e o prazer que atingia, muitas vezes até mais intenso do que quando se entregava à Letícia derrubara de vez toda a barreira e ela passara a ser mais ativa naquela relação incestuosa.

Letícia, sangrando por dentro, tendo sido desprezada por todos os suas antigas seguidoras, demitida e sem namorado, apenas curtia sua dor, levando uma vida praticamente vegetativa. As única reações que tinha de verdade era quando se recusava a atender ou a ter qualquer contato com Morgana que não se cansava de tentar um perdão para seu ato de traição, sendo sempre rechaçada. Até mesmo a mãe de Letícia, tentou interferir ao ver a aflição da amiga da filha, dizendo um dia:

– Filha, não sei o que aconteceu entre você e aquela moça, mas eu vejo a forma com ela age quando vem aqui e você se recusa a recebê-la e a aflição que sinto na voz dela quando atendo ao telefone é quase palpável. Por que você não aceita pelo menos conversar com ela?

– Pode esquecer isso Dona Ieda. Aquilo lá é uma biscate, falsa e maldita.

Assim a aflição de Letícia começava a influenciar sua vida familiar. Enquanto isso, Neila e Noélia viviam uma relação tórrida e proibida, o que sempre causava um arrependimento na primeira, enquanto a segunda não queria saber de nada a não ser usufruir do prazer e dar prazer ao objeto de sua paixão, sua própria irmã. Enquanto isso, apesar de se sentir plenamente saciada com a irmã, Noélia não conseguia se esquecer do desejo que sentira ao ver Letícia indefesa e lhe adorando e chegava a se imaginar tendo aquela mulher na cama. Com isso, apesar da relação com a irmã, ambas se sentiam incompletas, pois enquanto Neila se afligia com o sentimento de culpa, Noélia não conseguia parar de desejar ter Letícia em seus braços.

Enquanto isso, Morgana sofria. Apenas sofria e tentava disfarçar seu estado de espírito para os mais chegados, sem conseguir seu intento. Eles apenas fingiam que nada acontecia. Acontece, como já foi explicado antes, que Morgana não era uma hiena, mas apenas uma apaixonada por Letícia. Assim, era normal que ela sentisse ciúmes ao ver sua amada se entregando aos prazeres com outras mulheres. Ela mesma chegara a sentir prazer com essas outras, porém, quando estava sozinha, sonhava com os olhos abertos em ter Letícia só para si e foi esse desejo que a levou a aceitar participar da trama contra o seu amor.

O que ocorreu foi simples de entender. Neila, ao ver o sofrimento da irmã quando chegava em casa exausta, porém saciada, acabou por explicar para ela o mecanismo do funcionamento da matilha. Na verdade, ela também não conhecia profundamente isso, o que fez com que Noélia acabasse por ter uma ideia errada disso. Assim, a menina imaginou que, com a agressão a Letícia a matilha seria desfeita e ela poderia ter a irmã só para si. Usando de todos os artifícios, inclusive, fazendo chantagem emocional contra a irmã, acabou por fim por convencê-la, mesmo a contragosto. O passo seguinte foi conseguir mais uma cúmplice, o que Noélia resolveu assim que a irmã confessou que se incomodava com o relacionamento de Morgana e Letícia, pois a morena agia sempre com mais amor e paixão de que com tesão. Não foi difícil para ela convencer a irmã de que Morgana sentia um verdadeiro amor por Letícia e a convencer a morena de que, se o bando fosse desfeito, ela teria Letícia apenas para ela. Morgana, que não entendia nada da matilha, deixou-se levar por esses argumentos e aceitou participar da trama que só acabou por lhe dar dor e desespero.

Todos esses fatos, tudo o que acontecia, parecia ser consequência de um ato engendrado por uma pirralha de quinze anos. Porém, como tudo nesse mundo, as engrenagens do destino rolavam para uma nova rodada de aventuras.

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Comentários

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E vira mais uma rodada ou acabou?! Me surpreendi com tudo que aconteceu, gostaria de ver mais sobre essa mulherada!

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