UM CONVITE CHEIO DE MALÍCIAS

Um conto erótico de Ehros Tomasini
Categoria: Heterossexual
Contém 1440 palavras
Data: 21/02/2017 00:33:50
Última revisão: 21/02/2017 00:37:35
Assuntos: Anal, Heterossexual, Oral

A ESCRITORA DE POEMAS ERÓTICOS - Parte OITO

Eu e a sarará demoramos mais do que o necessário para recuperarmos o fôlego. Bateu-me aquele torpor gostoso, principalmente porque não fazia muito tempo que eu havia gozado para a poetisa. Depois, ela caminhou até o banheiro, com passos muito femininos, quase me fazendo ficar excitado de novo. Voltou com pedaços de papel higiênico e limpou-me o sexo. Perguntou-me sem nenhuma cerimônia:

- Você havia se masturbado antes de vir aqui no prédio? Senti cheiro de gozo em seu pau antes de chupá-lo. Se tivesse fodido com alguém, o odor seria diferente...

Sorri da sua argúcia. Ela merecia saber a verdade. Disse que havia visto uma mulher nua se masturbando num dos apartamentos daquele edifício, e isso me deixou excitado ao ponto de bater uma bronha. Aí ela me disse quase irritada:

- Ah, deve ser aquela mulherzinha do quinto andar. De vez em quando recebemos reclamação dos escândalos dela, quando recebe visitas de machos. E não sei como ela consegue sobreviver sem trabalhar. Com certeza é sustentada pelos homens que traz ao seu apartamento ou por aqueles com quem sai.

- Acha que ela é uma prostituta? - perguntei temendo a resposta.

A bem da verdade, a poetisa não me parecia uma mulher da vida, apesar de eu achar seu comportamento um tanto atrevido. Seus textos, no site de escritores, também eram extremamente eróticos. E eu gostava de mulheres decididas, principalmente as que trepavam bem.

- Se for uma prostituta, é daquelas de luxo - respondeu a faxineira de pronto - mas ela não tem maus modos. Parece-me uma pessoa culta. Dizem que é escritora e publica livros de safadezas.

- E por que insinuou que ela vive de homens? - Eu quis saber.

- Ah, desculpa. Despeito de mulher. Achei que estava interessado nela e passei a agredi-la. Eu não tenho esse direito...

Dei-lhe um beijo carinhoso na testa e ela ficou toda feliz. Disse que precisava se apressar, pois ainda tinha que varrer o andar onde estávamos e mais outro. Iria descer comigo, para o porteiro não cobrar a demora em mostrar-me o apartamento que estava por desocupar. Perguntei-lhe como tinham a chave de um apartamento onde ainda morava alguém. Ela disse que, como fazia faxina em alguns, os inquilinos lhe deixavam uma cópia das chaves. Mostrou-me um grande molho, gabando-se de que fazia limpeza em quase todos, daquele andar e do de cima, e com isso ganhava uma grana extra. Mas logo mudou de assunto. Perguntou se nos encontraríamos novamente. Eu respondi que iria pensar em sua proposta de dividirmos o aluguel, caso ela ainda estivesse de pé. Ela me beijou, felicíssima. Disse que era tudo que queria na vida: que morássemos juntos. Eu vi sinceridade nela. A sarará havia mesmo gostado de mim.

Ela tomou um banho rápido, sem molhar os cabelos, e vestiu-se. As roupas lhe deixaram desinteressante, de novo. Ninguém diria que sob aquela farda havia um monumento feminino. Empurrou-me na cadeira de rodas com cuidado e saímos do apartamento. Demoramos a pegar o elevador. No térreo, um grupo de curiosos se aglomerava no pé da escada. O porteiro também estava ali e mostrava-se aperreado. A faxineira perguntou o que havia acontecido. Ele apontou para o corpo de uma mulher caído nos degraus.

Quando vi a a mulher de olhos vidrados e pescoço quebrado caída ali, um arrepio percorreu-me a espinha. Tratava-se da pobre Lia. Estava morta. E, para um bom observador, a posição em que estava deitada indicava que havia sido empurrada escada abaixo. Aproximei-me do corpo e estiquei o pescoço para ver mais de perto. Não me convinha deixar que aquelas pessoas soubessem que eu podia andar sem ajuda da cadeira de rodas. Percebi que a irmã de minha faxineira tivera o pescoço quebrado antes da queda, pois havia marcas de mãos nele. Como se alguém a tivesse estrangulado até a morte e depois a jogado escada abaixo. O porteiro falou para os curiosos que rodeavam o corpo:

- Deixe esse homem se aproximar. Ele é detetive - referia-se a mim.

Eu, no entanto, preferi conversar com ele:

- Como aconteceu? Você a viu cair na escada? Sabe quem é essa mulher?

- Ele, ainda aperreado, me disse num atropelo:

- Nunca a vi. Ela não mora nesse prédio. Nem passou pela portaria. Não sei como entrou aqui. Eu estava conversando com um novo inquilino, quando ouvimos o barulho na escada. Em seguida, vimos seu corpo estendido.

Nisso, dois dos sujeitos suspeitos que eu vi naquele prédio montando um rifle com mira telescópica vieram descendo a escada e um deles falou em alto e bom som:

- Somos policiais. Afastem-se do corpo.

Eu os encarei. Não tinham nenhuma pinta de policiais. Claro que estavam mentindo. O porteiro me apontou como sendo detetive e um deles caminhou em minha direção. Sisudo, abriu o paletó negro que vestia e mostrou um distintivo pregado na camisa de um branco encardido. Mas o que queria mesmo que eu visse era uma pistola enfiada na cintura. Olhei para a arma e reconheci minha pistola que Lia tinha levado sem me dizer. Gelei. Estava claro que aquele homem havia assassinado a irmã de minha faxineira. Resolvi não confrontá-lo. Até fingi simpatia. Despedi-me do porteiro e da sarará e saí do prédio. Fui até um ponto de táxi, ali perto, e o motorista me ajudou a subir no carro. Guardou minha cadeira de rodas no porta-malas e depois perguntou para onde eu queria ir. Demorei a responder, e ele seguiu em frente. Olhei pelo retrovisor e um dos homens suspeitos também havia saído do prédio e agora me acompanhava com o olhar. Só quando dobramos uma esquina, disse ao chofer:

- Vamos para o necrotério.

Eu conhecia o pessoal que trabalhava no necrotério desde que passei uns anos na Polícia Civil. Alguns, eram amigos de tomarmos cervejas, nas horas vagas. Foi só dizer que estava fazendo uma investigação e me liberaram para examinar com eles o cadáver de Lia. Mas este só veio chegar à morgue mais de duas horas depois, trazido por um dos sujeitos suspeitos. O cara mostrou o distintivo para o funcionário do necrotério e falou com voz autoritária:

- Não precisa fazer a autópsia. Logo virá um agente recolher o corpo e levá-lo até a sede da Polícia Federal. Estamos numa operação sigilosa e não queremos essa morte nos noticiários, por enquanto.

O rapaz assentiu com a cabeça e ajudou-o com a maca, levando o cadáver ensacado para a sala resfriada. Eu me escondi, para que não fosse visto pelo sujeito de paletó negro, igual ao que me havia enxotado do prédio. Esperei que ele saísse e me acerquei do cadáver. O funcionário abriu o zíper que percorria todo o saco plástico cinza. Qual não foi minha surpresa ao constatar que o corpo de Lia não estava naquele saco fúnebre?

A surpresa foi maior ainda ao descobrir quem substituía o corpo da linda mulata. Em seu lugar, estava o cadáver de minha ex-namorada, com quem eu havia discutido horas antes naquele prédio. Ela, no entanto, havia sido assassinada com uma punhalada no coração.

- Mataram-na com um estilete agudo no coração e depois guardaram o corpo em algum freezer. Ela está gelada e ainda há umas pedrinhas de gelo agarradas ao corpo - disse o legista do necrotério.

Estive algum tempo pensativo, depois resolvi ir embora dali. Dessa vez, desarmei a cadeira de rodas e peguei um táxi como se a tivesse comprado para alguém. Não precisava fingir que não andava, longe dos sujeitos suspeitos. Cheguei em casa e fui logo ligando a TV. A notícia de uma mulher desconhecida, que não pertencia ao condomínio do prédio da poetisa, estava em todos os telejornais. Diziam que o corpo já havia sido transferido para o necrotério, mas não noticiavam que o cadáver que havia chegado lá não era o de Lia.

Tomei um banho demorado e fui deitar em minha cama. Precisava refletir sobre todo aquele mistério. Então, percebi que a luz do quarto da poetisa estava piscando. Olhei naquela direção. Ela estava nua na janela, com outro cartazete onde se via escrito:

- JÁ QUE NÃO ME CONVIDOU, EU TE CONVIDO PARA UM JANTAR. VENHA AO MEU APARTAMENTO HOJE À NOITE.

O outro cartaz permanecia colado à janela. Anotei o seu número de telefone e liguei para ela. Ela atendeu toda contente. Já esperava mesmo a minha ligação. Marquei para chegar ao seu apartamento às nove da noite. Ela deixaria recado na portaria, avisando que eu podia subir sem me anunciar. E me pediu para que levasse um vinho bem gelado e um caralho bem quente. O cacete eu tinha sob a cueca. Quanto ao vinho, acho que havia uma garrafa guardada em minha geladeira.

FIM DO EPISÓDIO

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