Os Primos (Capítulo 07)

Um conto erótico de RafaelQS
Categoria: Homossexual
Contém 3719 palavras
Data: 12/02/2017 20:01:16
Última revisão: 12/02/2017 20:04:01

Aquele colchão era firme e ao mesmo tempo macio, me fazendo pensar que minhas costas nunca foram tão agraciadas. Respirei fundo e senti o cheiro do garoto que eu mais amava, ao meu lado, me aquecendo, além do calor presente em todos os natais brasileiros. Cauã dormindo como um anjo, tranquilo, como se desfrutasse de um lindo sonho, apesar da luz entrando no quarto através da janela, a qual esquecemos aberta na noite anterior. Eu não quis me mexer, ficaria ali observando seu sono até acordar, permitindo sua cabeça continuar encostada no meu ombro. Seria um pecado desmanchar aquela expressão serena de sua face. Acompanhei sua respiração profunda e lenta pelo elevar e abaixar do peito nu, liso, com mamilos de aréolas perfeitamente rosadas em contraste com a pele pálida. Aproximadamente meia hora depois, ele se espreguiçou, esfregando os olhos com os punhos fechados.

Olhou nos meus olhos e sorriu.

-Ressaca? – Perguntei.

-Deveria? Nem me lembro o quanto eu bebi...

- O bastante para querer dormir pelado.

Rimos.

- De qualquer forma, você me deu sorte. Não sinto dores de cabeça.

Cauã beijou minha bochecha e andou até o banheiro, o acompanhei. Depois de escovar os dentes, tomamos uma ducha juntos e nos divertimos embaixo do chuveiro. Me obrigou a chupar seu pênis, gozando na minha boca em tempo recorde. Engoli o líquido adocicado.

Retornamos ao quarto para nos vestirmos. O som estrondoso de um rojão me assustou. Natal. Aniversário! Como poderia estar me esquecendo...? Caminhei até minha bolsa e retirei o presente.

Colei meu corpo ao dele em um abraço. Cauã ficou paralisado, provavelmente se perguntando o porquê da reação repentina.

-Feliz aniversário! Eu não poderia esquecer... – Coloquei a caixa com um colar de Estrela de Davi em suas mãos. – É simples, mas significativo, pelos menos para mim.

Abriu a embalagem e se deparou com o colar que comprei na joalheria. Seus olhos brilharam. Logo, o tirou da caixa e esforçou-se para pôr no pescoço, eu o ajudei a prender a corrente.

- É lindo. – Disse, correndo a porta do guarda roupa para admirar o belo pingente no espelho.

- Eu me recordo dos meus cinco anos de idade. Meu pai tinha um igual e andava com ele constantemente no pescoço. Vezes ou outra quando tirava para tomar banho eu o pegava para admirar, é como se fosse uma joia muito rara, eu imaginava, papai quase o nunca tirava do corpo. Ele percebeu a admiração que eu tinha pelo objeto e me prometeu que quando eu fosse mais velho me daria um igual. E cumpriu, você já deve ter me visto com um colar igual.

Cauã assentiu.

- Recordo do dia que fomos ao shopping. Eu tinha dez anos. Ele me levou a joalheria e compramos uma estrela de Davi igual a dele. A princípio o objeto falava por si só: O brilho, luminosidade, o ouro misturado a prata. Mas no carro, enquanto voltávamos para casa, percebi que não havia perguntado a origem daquela estrela... Já havia a visto em alguns lugares, mas não tinha ideia do que representava. Meu pai sorriu e disse que eu me perderia no meio de tantos significados a ela atribuídos. Mas o principal deles é proteção. Desejava que aquele objeto fosse símbolo de seu amor por mim, e suas palavras ficaram comigo: “Quem ama cuida, e eu desejo que nenhum mal jamais te atinja, você é o ser mais importante para mim no mundo”. Depois ele ficou quieto, e eu percebi que ele havia falado com o coração, e na quietude refletia sobre a profundidade de suas palavras, ambos refletimos, na verdade. Algumas raras vezes nós costumamos deixar a alma se comunicar por nós.

Os olhos de Cauã reluziam, eu conseguia enxergar uma camada de lágrimas se formar.

-É isso que eu desejo a você. Proteção. Que nenhum mal jamais inflija a sua paz. E, além disso, que nada atrapalhe o nosso amor, nada e ninguém no mundo.

Um abraço e um beijo vieram em seguida.

...

Antes de descermos para preparar o café da manhã, meu celular disparou um bipe. SMS. Provavelmente algum torpedo de um familiar desejando-me feliz natal ou uma nova promoção da operadora, pensei em ignorar, mas poderia ser mamãe fazendo alguma recomendação, era melhor verificar. Peguei o celular enquanto Cauã me perguntava o que eu desejava para o café.

- Um misto quente e suco. – Respondi, observando-o acenar e deixar o quarto.

A curta mensagem de texto, cuja o remetente era Leandro, dizia:

“oi, to com sdds daquela noite, podemos nos encontrar?

Bjs na boca e feliz natal”

Senti um nó no estômago e imediatamente larguei o celular sob a escrivaninha. Desci as escadas ainda um pouco embaraçado pelo que acabara de ler. Leandro havia sumido por meses, ouvi dizer que tinha arrumado uma nova namorada, e agora retornava com uma mensagem de texto. Eu o conhecia bem, mesmo que eu ignorasse sua mensagem, ele não desistiria de me procurar.

Me debrucei sob a mesa enquanto observava Cauã prensar o pão na sanduicheira.

-O que houve? – Perguntou, percebendo minha postura reflexiva.

-Nada. Estou apenas te observando preparar. – Disfarcei. – Você lida muito bem com a cozinha.

-Digamos que esse é um dos meus segredos. – E piscou o olho direito.

Um toque polifônico soou ao longe, logo Cauã desligou a sanduicheira, que naquele momento finalizava o misto quente e foi em busca de seu celular no andar de cima. Terminei de pôr a mesa enquanto o esperava para comermos juntos.

Poucos segundos ele retornou com um ar sério, e sentou-se à mesa, abocanhando a comida.

-Recebi um convite. O pessoal da escola está organizando uma festa. Na verdade, o Pablo, irmão do Vitor está no comando. Parece que a ideia é escapar das comemorações de família e ir para casa deles, já que os pais estão viajando.

Ele evitava me encarar. Imaginei que estava planejando abortar nosso plano de “natal juntos” para se unir à sua turma.

- Não está querendo ir até lá, está?

Cauã franziu a testa. Estava clara a resposta.

- Johnny, nós vamos perder isso? Está todo mundo lá.

“Todo mundo, que maravilha! ” Pensei, imaginando os rostos de Diana, Jéssica, Maysa e todos aqueles que se achavam “populares” no colégio. Duvido que alguém como Mariana e eu, por exemplo, teria sido convidado para aquela festa.

Visivelmente chateado terminei de comer e ajudei a lavar a louça sem dizer nenhuma palavra.

...

Ficamos prontos em menos de uma hora. Eu me perguntava se estava bem vestido dentro de uma camisa regata azul e uma bermuda jeans. Me juntar à turma do colégio não era uma das minhas pretensões para aquele final de semana, não tinha separado roupa para esta ocasião. De qualquer forma, Cauã se vestiu exatamente igual, exceto pela cor da camisa, uma regata branca estampada. Obviamente as roupas caiam bem melhor nele, fazendo com que eu o admirasse dos pés à cabeça.

Chamamos um taxí, o qual nos levou de Barão Geraldo ao centro de Campinas em poucos minutos. Descemos em frente a um sobrado branco decorado com madeira mogno e cercado por um muro alto. Alguns carros estavam estacionados em frente a garagem, lotada por ao menos três automóveis e duas motos. Cauã tocou a campainha, ninguém utilizou o interfone para perguntar nossa identidade, o portão abriu automaticamente.

Entramos no que parecia ser uma enorme mistura de jovens de diferentes idades. Logo entendi que não estavam presente apenas os alunos do nosso colégio que eram amigos de Vitor, mas também uma turma mais velha convidada pelo seu irmão, Pablo.

O grande espaço da sala de estar parecia escasso em meio a tantas pessoas misturadas. Nós entramos na aglomeração, desviando dos corpos de outros que se exprimiam. Cauã tomou a frente, me conduzindo por entre as brechas enquanto eu me perguntava para onde estávamos indo. A música tocava tão alto quanto as vozes entusiasmadas dos convidados que gritavam palavras impossíveis de serem decifradas. Pouco a pouco comecei a reconhecer alguns rostos dos alunos do colégio, uns me olhavam como quem pergunta “o que ele está fazendo aqui?” Ergui a cabeça e continuei encarando a multidão.

A batida de Yeah!, música do Usher, tomou conta do ambiente, convidando todos a levantar os braços para o alto. Eu contraía o rosto olhando as tantas mãos para cima, temendo que alguém me acertasse no rosto. Sentindo uma pontada de desconforto, levei os dedos até o ouvido com vontade de abafar o som, no mesmo instante que Cauã finalmente encontrou o que estava procurando. Vitor, chacoalhando o corpo no ritmo da música, parou a dança desengonçada para nos cumprimentar.

-EAI MANO, TUDO BEM? – Gritou no meu ouvido.

Acenei positivamente com a cabeça. Vitor e Cauã trocaram algumas palavras que só os dois conseguiam ouvir em meio a toda barulheira. Tentei decifrar fazendo leitura labial, sem sucesso. Ao fim, ele disse algo como “Divirtam-se”, e sumiu no meio da galera. Cauã se voltou para a minha direção e seu corpo entrou em sincronia com a música, ele pousou a mão em meu braço e me forçou a fazer alguns movimentos dentro do ritmo. Era engraçado pois eu nunca havia sido desafiado a me mover em uma festa de verdade, e meus passos de dança eram muito semelhantes à de um robô mal projetado. O corpo dele foi empurrado para próximo do meu por algumas pessoas que precisavam de caminho livre para passar. Por quase trinta segundos ficamos emendados um ao outro para fornecer espaço aos que transitavam.

-Vai parar de sentir vergonha ou vou ter que te ensinar a dançar? -Ele gritou no meu ouvido.

-Não estou envergonhado. - Menti, com as bochechas queimando.

-Vamos lá, tente me imitar. - Ele falou, desempenhando uma dança semelhante a que os outros acompanhavam.

Meus pés pareciam feitos de chumbo. Não é fácil tentar se soltar em um lugar onde ninguém lhe parece amigável. Enquanto arrastei alguns passos agitados, fui chacoalhado pelas mãos de Cauã igual uma marionete que precisa de um titereiro para ganhar vida. Ele passava sua energia terna de modo que quebrava minha timidez e aos poucos me desconectava com a situação ao redor e me convidava a investir minha atenção em apenas nós e a música. Nessa hora Saturday Night, sucesso de The Underdog Project soou, me deixando ainda mais à vontade. A canção era uma motivação para que eu continuasse, pois adorava seu ritmo e costumava desenvolver coreografias para ela sozinho em meu quarto. Cauã sorria ao ver que finalmente eu me desprendia da timidez. Aquele instante foi uma libertação, eu não era diferente daquelas pessoas, eu tinha o direito de me expressar com o meu corpo. É injusto quando tentamos punir a nós mesmos e dizer que estamos ridículos executando uma dança na frente dos outros, se eles dançam, nós também podemos. E conforme os meus braços iam ao alto, ninguém me olhava diferente, não havia censuras, nem mesmo daqueles que eu conhecia.

- Viu só, você dança muito bem. - Disse Cauã, encostando o lábio na minha orelha e segurando meu pescoço.

Poderia jurar que ele fosse me beijar em seguida, mas algo fez com que ele me soltasse e redirecionasse seu olhar para a outra direção. Duas garotas exageradamente maquiadas vieram o cumprimentar. Uma delas puxou seu braço e então o conduziu em meio às pessoas, ignorando a minha presença. Jéssica e Maysa me roubaram Cauã, uma de cada lado, dizendo algumas palavras que para mim eram inaudíveis. Segui-os bem de perto, de modo que fizesse com que elas percebessem que eu estava lá também. Andamos até o que parecia ser a cozinha, grande, onde o volume do som não incomodava tanto. Paramos próximos ao fim do cômodo que levaria até o quintal da residência, lá existia uma porta de correr de vidro aberta revelando uma piscina onde alguns adolescentes se banhavam.

- Vamos, vai ser rápido, prometo. – Disse Maysa, segurando a mão de Cauã.

Aquela proximidade estava me deixando irritado. Um ciúmes agudo surgia dentro de mim.

- Tudo bem, tudo bem! – Respondeu Cauã, visivelmente sem jeito.

- O que está havendo? – Perguntei rispidamente.

- Eu vou subir no andar de cima com elas, em breve estou de volta, prometo!

Jéssica e Maysa olharam para mim como se fosse a primeira vez que haviam me notado naquele lugar.

-Então irei com você.

Jéssica veio até mim e colocou a mão em meu ombro.

-Não precisa, o Cauã vai ficar muito bem. – E me empurrou um pouco para trás, em seguida sussurou em meu ouvido. – Estamos organizando uma homenagem de aniversário para ele, por favor não estrague tudo! – O tom dela não era amigável.

- Vamos subir. – Disse Jéssica, andando e levando a mão de Cauã consigo.

- Preciso ir, me desculpe. – Ele gritou para mim.

Os três desapareceram, me deixando sozinho em uma festa que eu não queria estar. Eu me saia bem sendo um perfeito idiota aquele instante. A essas horas eles estavam indo de encontro a Diana que com certeza tentaria fazer as pazes com Cauã e sabe-se lá o que mais. Senti o ímpeto de subir as escadas, procurar onde estavam e não sair de próximo do garoto que eu amava, mas isso desencadearia uma confusão ridícula. Precisava ser paciente e confiar em Cauã. Acreditar que a única intenção delas era organizar uma homenagem.

Do lado de fora existia um sofá cor creme há poucos metros da espaçosa piscina. Me sentei na ponta dele e fiquei olhando as pessoas brincarem na água. Ao menos dois casais se beijavam ao mesmo tempo enquanto outro brincava com uma bola de vôlei.

É tão entediante quando outros estão curtindo muito o momento, menos você. Eu formulava alguns pensamentos depressivos quando uma coisa caiu de súbito no meu colo.

- Desculpe. Eu estou bêbado, eu acho... – Disse Vitor, com a cabeça encostada na minha perna. – Preciso descansar um pouco. – E riu.

O garoto segurava uma garrafa de champanhe.

-Bebe aí. É muito boa. É da coleção dos meus pais, eles vão arrancar meu braço, mas to pouco me fodendo. – Disse, erguendo a garrafa para que eu pegasse.

- Não obrigado, não estou afim.

- Ah qualé!? – Vitor inclinou a garrafa de modo que um pouco de champanhe caiu no chão.

- Cuidado, isso vai derramar! – Repreendi, tomando o objeto de sua mão e colocando em uma mesinha ao lado.

- Onde está a sua amiga? – Ele perguntou, tentando me encarar, mas seus olhos pareciam cansados e embriagados demais, como quem bebia desde a madrugada. Seu corpo cheirava a suor, álcool e um perfume fortemente adocicado.

- Viemos apenas Cauã e eu.

- Verdade cara. Na próxima não posso esquecer de chamar a Marina...

- Mariana. – Corrigi.

- Ela mesma. Ela é tão bonita, me desculpe, mas é muito avantajada na frente. – Disse, colocando as duas mãos no peito.

Dei uma risada curta a respeito da indagação do garoto. Ele se aninhou no meu colo (aquela posição em que se encontrava era ridícula, mas não o rejeitei).

- Desculpe, desculpe... Eu sei que vocês dois namoram...

Eu e Mariana, namorados? Rechacei a ideia ridícula:

- Nem pensar!

Vitor arregalou os dois olhos vermelhos.

-Então arranja ela pra mim? Mano, ela é perfeita. Melhor que aquelas amigas da Diana.

Com certeza era.

- Sabe. A Jéssica... quer me forçar a ter um relacionamento... com ela. Deve pensar que sou igual o Cauã. – Vitor falou com a voz embargada, cada vez mais a bebida fazia efeito sob ele. – A Diana quer ter ele de volta a qualquer custo... Foi por isso que organizou isso tudo. Quer dizer, se isso fosse na casa dela o Cauã teria sacado que essa festa foi armação... Ela vai fazer uma comemoração de aniversário para o queridinho dela, saca?

Maldita, a ideia da festa era dela. Estava tudo arquitetado, estragou meu dia, obrigou-me a estar ali, sentado no sofá, enquanto fisgava o meu amado.

- Ela chamou o Cauã para ir até o andar de cima. O que exatamente ela quer? – Perguntei, contando com a sinceridade alcoólica de Vitor.

- Parece que vai encher ele de presentes, como ela costuma fazer. Ou talvez tenha um... Easter Egg... – Ele parou e riu por alguns segundos. – Entende?

Lembrei dos presentes e cartões que estavam dentro do guarda-roupa de Cauã na noite anterior, um mal-estar me tomou ao imaginar ele recebendo mais objetos e na possibilidade de estar sendo seduzido...

Deixei Vitor deitado no sofá, ajeitei sua cabeça em um travesseiro, em seguida ele fechou os olhos, exausto. Caminhei até a cozinha onde tinha uma entrada que daria para uma escada de granito. Subi, imaginando que ela me levaria até onde eu precisava estar. Enquanto isso acontecia, eu respirava, me preparando para o que estava prestes a ver. O segundo andar resumia-se a um corredor extenso e vários quartos. O primeiro deles era um cômodo bem decorado com uma enorme kingsize, supus que pertencesse ao casal que ali residia. Mais adiante haviam algumas portas fechadas. Cautelosamente passei por cada uma delas tentando identificar vozes ou barulho de movimentação humana, apesar da barulheira instalada no andar inferior. Chequei uma por uma, até que no último quarto eu consegui ouvir algumas vozes. A porta semicerrada me permitia uma visão para o que acontecia dentro do quarto, desde que eu aproximasse meus olhos da abertura. Foi o que fiz, tomando cuidado para que meus movimentos não atingissem a porta e chamassem a atenção.

Existia uma garota seminua, trajando apenas a roupa íntima de baixo. No exato momento em que comecei a observação, ela colocou o sutiã nos seios e o abotoou. Diana usava um vestido cor salmão quando escutei a segunda voz no quarto.

- Sem exageros Diana, você sabe que eu não gosto de extravagâncias. – Disse Cauã.

O ódio subiu rapidamente, me queimando por dentro. Que merda eles estavam fazendo? Senti vontade de socar aquela porta e entrar de supetão no quarto para tirar satisfações, mas quis observar um pouco mais com a finalidade de não tirar conclusões precipitadas.

- Me ajuda a zubir o zíper do vestido? É que esse é meio complicado. – Pediu a garota, de costas.

Ele andou até Diana e a ajudou, enquanto ela segurava os cabelos loiros.

-Agora precisamos ir. A surpresa que preparei deve estar pronta. –Ela alertou.

Percebi que Cauã segurava uma caixa nas mãos quando se virou para se dirigir à porta. Dei três passos para trás, mas optei por não me esconder, ele me veria quando a abrisse.

Aconteceu. Cauã tomou um susto quando me viu à espera do lado de fora do quarto. Percebendo minha presença, Diana interviu e segurou as mãos de Cauã dizendo que teriam de descer rápido pois algo estava à sua espera.

- O que você está fazendo? – Disse, com vontade de dizer mil coisas, mas tentando conter as palavras para não falar demais. –Eu confiei em você.

- Juro que não é o que parece. Eu não tenho culpa!

- Vamos Cauã! – Disse a garota, estúpida, puxando seu braço.

- Então me explica o que está acontecendo. Parece que todos sabem, menos eu! – Eu disse, com a voz dura, deixando transparecer minha frustração, incomodo e insatisfação.

- Johnny, em casa nós conversamos, eu prometo que explico tudo.

- Não, precisamos conversar agora!

Jéssica e Maysa apareceram no andar.

- Está tudo pronto. Estão todos esperando o aniversariante! – Avisou Jéssica no instante que a música parou de tocar.

- Mais tarde vocês conversam. Precisamos descer, agora!

Partido. Assim eu me sentia novamente depois de meses vivenciando uma relação tranquila com Cauã. Por que ele estava cedendo aos gostos daquela garota? A dúvida era insistente, eles teriam consumado alguma coisa dentro do quarto?

Atordoado, desci a escada depois que todos já tinham deixado o segundo andar. A maioria dos convidados agora estavam concentrados na sala de estar. Me espremi entre as pessoas para conseguir transitar em um lugar que naquele instante era muito concorrido. Apenas uma coisa havia se modificado no cenário: uma mesa coberta por enfeites vermelhos e pretos, sobre ela existia um bolo de dois andares com várias velinhas na superfície.

- Eu como organizadora tenho algumas palavras antes de cantar parabéns para o aniversariante. – Disse Diana, em um tom bem alto para que todos pudessem escutar. – Gostaria de dizer que você é a melhor pessoa que cruzou o meu caminho nos últimos tempos. Me ajudou em muitas coisas, esteve presente na minha vida pra me dar conselhos e espalhar amor, com esse rostinho lindo. – Afagou uma das bochechas de Cauã.

O rosto dele corou como acontecia quando ficava extremamente tímido. Os seus olhos correram a sala e pousaram em mim. Encarei-o com a expressão séria, dura, reprovando as atitudes da garota.

- Quero agradecer por tudo, e desejo que a nossa relação seja cada dia mais forte, intensa e sincera. – Falou como quem apresenta um programa.

As pessoas começaram a gritar “Beija, beija, beija, beija!”. Diana sorriu e corou, virando o rosto para a direção de Cauã.

Aquilo era demais para mim. Não ficaria mais um instante no meio daquela palhaçada. Andei depressa até a porta de entrada, empurrando as pessoas que não se tocavam que eu precisava passar e ficavam paradas na minha frente.

O ar fresco da liberdade batia em meus pulmões tentando me consolar. Lágrimas rolavam no meu rosto ao mesmo passo que eu as secava, tentando ser forte para ao menos chegar em casa e desabar. Peguei meu celular para ligar na central de taxis. Cruzei o portão que por sorte estava aberto. Ufa, não precisaria pedir para alguém abri-lo. Quando levei o aparelho até a orelha, Cauã surgiu, correndo até mim.

- Por favor, não vai embora.

- Por que não? Você acha que sirvo bem sendo trouxa diante de toda essa situação? – Devolvi, quase gritando.

- Eles queriam apenas me dar os parabéns. Por Deus! Até parece que você não conhece a Diana... Ela é teatral! Nós não temos absolutamente nada.

- Eu não acredito em você. – Fui grosso ao dizer essas palavras.

Diana e um grupo de gente atravessaram o portão. Não poderia mais ficar ali, dei as costas e sai andando para qualquer lugar longe daquelas pessoas.

...

Agradeço aos leitores que vierem a dedicar um tempo para realizar a leitura, e gosto de receber críticas de toda natureza (me refiro as construtivas), então, não deixe de comentar o texto, isso é muito importante para mim.

Também disponibilizei o texto no Wattpad, que proporciona uma leitura mais confortável, não deixarei o link pois o site Casa dos Contos Eróticos pode o censurar. Busquem por "Os Primos (Romance Gay)".

Obrigado a todos!

Obs: As postagens de novos capítulos ocorrem todos os domingos durante a noite.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive RafaelQS a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Nossa pelo visto essa quenga não vai desistir tão fácil

0 0
Foto de perfil genérica

IDIOTA CAUÃ QUE MUDOU OS PLANOS E MUITO MAIS IDIOTA VC POR TER CEDIDO E IDO A ESSA FESTA. MANDA O CAUÃ PRA PUTA QUE PARIU. ESSE BABACA. TÁ TE FAZENDO DE TROUXA. MAS ACHO QUE VC MERECE. AINDA O PRESENTEIA COM A ESTRELA DE DAVI. FAZ-ME RIR.

0 0
Foto de perfil genérica

Ai meu Deus, ta muito bom, iper mega curioso pra ler o resto

0 0
Foto de perfil genérica

Mano que raiva que hora foi essa pra cortar a história harg!!

0 0
Foto de perfil genérica

Que vontade de dar uma surra nessa quenga

0 0
Foto de perfil genérica

Amo esse conto RS ele deveria ter mandado o cauã se foder kkkk

0 0
Foto de perfil genérica

sinceramente, é complicado manter uma relação com uma pessoa que nem o cauã, um cara confuso e complicado, que nao se decide. johnny vc tem que procurar alguem menos confuso e que te ame de verdade, pois se continuar nessa relação vc vai sofrer muito.

0 0
Foto de perfil genérica

Esse Johnny é um otário por ainda ficar atrás desse Cauã, e Cauã é um babaca. Simples! Era para aparecer alguém que realmente goste do Johnny na vida dele. Esse babaca desse Cauã é um cachorrinho da Diana e vai continuar sendo. Mas como já sabemos, o Johnny vai continuar correndo atrás do Cauã né. Sempre a mesma coisa.

0 0
Foto de perfil genérica

Cauã pisou na bola e ainda vai pisar mais, se não se ligar, vai ser um cachorrinho pra Diana, ao qual ela faz o que quer, e o Leandro vai cair matando pra cima do Johnny.... Mas tudo que ocorreu foi decepcionante, Cauã não sabe o que quer e não vê que está machucando alguém... Ele só pensa em si mesmo!

0 0