A distância que cultivou uma paixão

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 11259 palavras
Data: 06/01/2017 10:08:22

A distância que cultivou uma paixão

Meu avô materno tinha um jeito pomposo de fazer comunicados a família. Quanto mais sério o assunto, mais cerimoniosa era sua fala. Por isso, naquele dia em que os três filhos, as noras, o genro e, também minha avó estavam reunidos ao redor da mesa de refeições, eu pouco compreendi do que ele estava falando. Pudera, eu era o mais novo dos netos e muito do que os adultos falavam ainda era um enigma para minha pouca idade. Mas, pela expressão de todos e pela conversa acalorada que se seguiu às palavras proferidas pelo meu avô, eu percebi que se tratava de algo importante.

- Agora que estou aposentado, vou começar a fazer dinheiro. Porque até o momento, eu só trabalhei, mas pretendo ganhar dinheiro de agora em diante. – todos o olhavam esperando que concluísse seu pensamento. – Comprei uma fazenda e pretendo criar gado e implantar uma lavoura em parte da fazenda. A mãe de vocês e eu vamos nos mudar para lá dentro de poucos meses. Preciso estar presente para tocar esse negócio de perto. – disse, determinado.

Um falatório sem precedentes irrompeu após seu comunicado. Sem ter a menor ideia da dimensão daquelas palavras, acabei me distraindo com o sorvete de baunilha que, ao se derreter lentamente, ia se infiltrando entre os morangos que eu devorava com a gula típica da idade. Meus primos fizeram o mesmo ao perceberem a minha compenetração e, também porque o assunto dos adultos não os interessou.

Eu só percebi os resultados práticos daquele dia algum tempo depois, quando não era mais possível ir à casa dos meus avós todos os finais de semana, coisa que eu adorava, pois sempre havia algum presente e algumas gostosuras esperando por mim no aparador da sala de jantar.

- Quando chegarem as suas férias na escola você pode ir à casa do vovô. – disse minha mãe, cansada da minha insistência para ir visita-los.

Elas demoravam a chegar, mas aos poucos, fui compreendendo que não morávamos mais na mesma cidade, que era preciso viajar para encontrar meus avós, e que os dias que eu passava com eles eram ainda mais animados, pois agora a casa deles ficava dentro de um jardim muito maior que o anterior e que havia uma porção de bichos para a gente ver. Foi assim que, entre meus oito e quatorze anos, tudo se aclarou em minha cabeça.

Os meus primos já moravam no interior e, essa mudança, acabou os favorecendo, pois agora eram eles que desfrutavam dos cuidados dos meus avós. Embora residissem na cidade, a fazenda não distava muito de lá. Como filho único, fui crescendo mais isolado e numa realidade que divergia bastante daquela vida campestre. Eu vivia entretido com meus games, meu computador, os amigos da escola e, o único animal com o qual eu me relacionava era meu sabujo Harris, que veio dentro de uma enorme caixa parda, ainda filhote, depois de eu quase ter deixado meus pais loucos de tanto implorar por um cãozinho. Ele me olhou assustado quando removi a tampa da caixa, mas em seguida, encheu minha cara de lambidas festivas. Apaixonamos um pelo outro e, desde então, ele era a minha sombra. Eu era um garoto essencialmente urbano e, naquela tenra idade, a vida rural representava para mim apenas a liberdade de um enorme espaço onde havia uma gama de possibilidades para se divertir.

Quando eu chegava à fazenda parecia um peixe fora d’água. Tudo era tão diferente da cidade. As pessoas, a rotina da fazenda, meus primos, todos mais velhos, ambientados com tudo, o rio caudaloso que cortava a propriedade, enfim, tudo me parecia um pouco assustador. E, à medida que eu ia crescendo e tomando mais consciência dos perigos, mais retraído eu me sentia naquele ambiente.

- Você é um cagão mesmo! É só uma cobrinha, ela já está fugindo. – debochavam meus primos; quando eu, paralisado de horror, quase tinha uma síncope, enquanto vasculhávamos os arredores a procura de aventuras e nos deparamos com uma cobra rastejando entre a relva.

- Aqueles bois estão vindo em nossa direção. Eles vão nos pegar! – eu gritava apavorado, acompanhando com o olhar petrificado, uma meia dúzia de garrotes galopando em nossa direção dentro do piquete. As risadas pipocavam de todas as direções, enquanto meus primos me seguravam sem permitir que eu corresse até a cerca onde estaria a salvo.

Era assim que, a cada período de férias que eu passava na fazenda, os perrengues se sucediam sob o deboche e tiração de sarro dos meus primos. Eu gostava tanto de estar naquela liberdade toda que ia tentando superar meus medos e meu jeito atrapalhado de acompanhar as estripulias deles. Muito embora, eles, às vezes, se mostrassem bastante cruéis comigo. Isso era particularmente verdadeiro com relação ao meu primo mais velho, Claudio, que tinha pouca paciência para lidar com meus vacilos.

- Já vou te avisando, vamos cruzar o rio e o barco vai chacoalhar bastante, se você tiver um faniquito eu faço você chupar meu pau quando chegarmos do outro lado, está entendido? – ele sabia como me intimidar. E o pior, cumpria suas ameaças. Tanto que eu já tinha colocado aquele caralhão peludo umas duas ou três vezes na boca, sob o olhar espantado e gozador dos outros primos.

Minha determinação, no entanto, era maior que o meu juízo e também que os meus receios. Eu encarava tudo que vinha pela frente, embora nem sempre as coisas saíssem como eu esperava. Aí era esperar pelas gozações e, tentar me defender, com socos, daquele brutamontes que se ria da minha valentia inglória.

À nossa trupe de garotos a caça de aventuras, juntava-se o filho do administrador. Bernardo tinha a mesma idade do meu primo e, de todos nós, era o que tinha o físico mais avantajado. Também era o mais intrépido e destemido, ele circulava por aquele ambiente com a mesma segurança que eu sentia dentro do meu quarto. Quando menor eu achava que ele era apenas mais um a tirar sarro da minha cara e das minhas trapalhadas. Mas, desde as férias passadas, eu comecei a reparar naqueles músculos se movendo insidiosamente a cada movimento dele. À noite, quando estava sozinho em meu quarto, eles vinham a minha mente e um calor incontrolável tomava conta do meu corpo. Eu já experimentava esses mesmos afogueamentos com outros caras da escola. Contudo, com o Bernardo a coisa era ainda mais séria. Ficava difícil me concentrar no que quer que fosse quando aqueles músculos estavam diante dos meus olhos, me hipnotizando.

O verão no qual completei catorze anos foi particularmente importante na minha vida. Como de costume, eu havia ido passar as férias com meus avós acompanhado apenas da minha mãe, pois meu pai estava finalizando os preparativos para nos mudarmos para os Estados Unidos, movidos pela promoção que meu pai tinha conquistado na empresa em que trabalhava. Apesar de toda a alegria que as férias sempre suscitavam em mim, aquelas tinham um clima de despedida e, por vezes, havia dias em que me sentia acabrunhado por saber que não viria meus avós com tanta frequência.

Desde aquele dia em que meu avô fez seu comunicado à família, algumas coisas haviam mudado. A fazenda já não era única. Há dois anos ele adquirira outra, maior que a primeira, num município distante pouco mais de duzentos e cinquenta quilômetros daquela em que moravam. Com isso a criação de gado se mudou para lá, ficando na primeira apenas o setor de reprodução de matrizes e touros, além do cultivo das culturas sazonais. O Claudio havia entrado na faculdade e já não se interessava tanto em ficar rodopiando pela fazenda com um bando de pirralhos. E, quando o fazia, continuava arredio comigo. A sua postura em relação a mim havia sido transmitida ao meu outro primo, filho do outro irmão da minha mãe, o Felipe, que se encarregava de me impingir castigos quando eu dava uma vacilada com alguma coisa. Com isso, eu também acabei conhecendo muito intimamente o cacetão dele. Aliás, era desse dote avantajado que ele se vangloriava junto aos irmãos e aos ouros primos. A ousadia e a safadeza dele não conheciam limites. É certo que todos estávamos numa idade onde a testosterona falava mais alto que o juízo, mas nele isso assumia contornos bizarros. Numa ocasião, eu assisti assombrado ele tirando o caralhão para fora da bermuda, colocando uma camisinha e metendo aquela jeba enorme entre os lábios vaginais de uma bezerra, passando a fodê-la com uma tara animalesca. A bezerra se limitou a alguns mugidos e, parece que aquele cacetão não produzia mais do que algumas cócegas nela.

- Ela não tá nem aí com você seu tarado! – observei desdenhoso. – Esse pauzinho não deve nem fazer cócegas nela. – acrescentei jocoso, tentando me vingar das vezes em que ele me obrigara a chupar aquela rola.

- Ah é! Quer experimentar o que esse ‘pauzinho’ pode fazer no seu rabo? – devolveu zangado.

O Bernardo apenas se limitava a rir das invertidas que eu levava dos meus primos e, isso me irritava profundamente.

- E você seu babaca! Fica achando graça das besteiras que esse palhaço fica fazendo. Não sei onde tem algo de cômico nas atitudes desse pervertido. – protestei, diante da indiferença dele.

- Eu não tenho nada com isso. Se você e seu primo ficam se estranhando, eu é que não vou me meter nisso. – respondeu ele, me deixando ainda mais irritado com ele.

Durante todas as férias eu vinha experimentando um sentimento ambíguo em relação ao Bernardo. Tinha momentos em que me derretia de ternura por ele e, em outros, eu me pegava sentindo uma baita raiva dele. Boa parte desse sentimento confuso tinha origem na indiferença que ele tinha pelo que eu sentia por ele. O tonto parecia não enxergar o quanto eu estava gostando dele, e eu não sabia o que fazer para ele perceber isso.

Entramos na última semana de janeiro. O verão castigava os dias com um calor difícil de suportar. Também era a última minha última semana de férias. Meu pai viria nos buscar no final daquela semana. Eu tinha ficado um pouco mais reservado e calado. Meu ânimo para sair com os outros também tinha diminuído.

- O que é que há, Rodrigo? Cadê aquela vontade toda de brincar por aí até o anoitecer? – perguntou meu avô, presenciando eu me recusar a sair com meus primos pela terceira vez em dois dias.

- Nada, vô! Não estou com vontade de ficar nesse sol quente. – respondi, não o convencendo.

- Você sempre gostou de andar por aí feito um dos meus garrotes. O que aconteceu? – insistiu, com a docilidade de sempre.

- Eu não queria ficar longe de você e da vovó. Vou sentir muita saudade. E, nem sei se vou gostar de morar lá. – retruquei, abrindo o jogo.

- Nós também vamos sentir muita falta de você. Mas, você logo vai fazer uma porção de amigos novos por lá, como fez aqui na sua escola. E, nas férias você sempre pode vir nos visitar. Agora a gente pode até conversar pelo computador. Eu já deixei o daqui de casa prontinho para poder falar com você e com sua mãe todos os dias. – tentou argumentar.

- Eu sei vô. Só que não é a mesma coisa que ficar aqui com vocês. – na verdade, todas essas mudanças iminentes estavam me deixando triste.

- Vá tomar um banho na cachoeira. Você não adora ficar brincando por lá? Vá chamar seus primos e vão se refrescar naquela água deliciosa. – insistiu.

Quando deixei a varanda onde estava conversando com meu avô, não tinha a menor ideia de onde meus primos estavam e, nem o que estavam aprontando. Saí caminhando a esmo, tentando fugir do sol abrasador serpenteando por entre a sombra das árvores. Encontrei o Bernardo acompanhando o pai na lida com um fornecedor de adubos.

- Oi ‘seu’ Carlos! Oi Bernardo! – cumprimentei quando entrei no galpão onde eram armazenados os suprimentos da fazenda.

- Oi garoto! O que faz perdido sozinho por aqui? – perguntou o pai do Bernardo.

- Tô dando uma volta. Não sei onde meus primos foram se meter. – respondi.

- A última vez que os vi, estavam indo em direção à represa, acho que foram pescar. – esclareceu ele. – E, por que essa tristeza toda? Vá lá com eles, talvez consigam pegar alguma coisa para o jantar. Falo para a Fátima fazer os peixes para vocês. – ele era mais do que só o administrador do meu avô. Havia se tornado um amigo da família.

- Você vem Bernardo? – ele estava lindo sem camiseta, com o jeans metido no cano das botas de couro. Eu também não o veria mais depois da nossa partida. Senti um aperto no peito e precisava caminhar para extravasar todo aquele sentimento.

- Então vamos! – respondeu de pronto.

A represa a que o senhor Carlos se referiu era uma grande lagoa que havia se formado com o represamento de um córrego, e onde meu avô tinha mandado colocar alevinos de tilápias, matrinchãs e pacus. Com o passar do tempo a lagoa se encheu de peixes e não era difícil pescar um bocado deles depois de algumas horas sentado nas bordas da água ou num trapiche de madeira que chegava quase até metade da largura da lagoa. Era onde nós garotos costumávamos saltar dentro da água ou jogar as iscas para fazer o tempo passar.

Enquanto o Bernardo e eu caminhávamos, e ele me perguntava como eu achava que seria a minha vida depois de me mudar para os Estados Unidos, percebi que não estávamos nos dirigindo para a lagoa, e sim, para a cachoeira que ficava um bocado distante da casa sede e da lagoa. Não fiz nenhuma objeção, pois estava curtindo aquele tempo só com o Bernardo. Fazia dias que eu sonhava em ficar a sós com ele. O sol se punha tarde por aquelas bandas durante o verão. Já passava das seis da tarde, o calor ainda era intenso e parecia brotar do chão. Nenhuma folha das árvores se movia. Bandos de papagaios e araras sobrevoavam nossas cabeças numa algazarra alegre. Outras aves também começavam a procurar abrigo nas copas das árvores. O céu tinha uma infinidade de tons alaranjados e terrosos, enquanto o sol, como uma bola incandescente, ia descendo lentamente no horizonte. De repente, chegamos aos pés da queda d’água, onde ela despencava intensa gerando marolas cobertas por uma espuma branca que se refletia com os raios do sol. Antes de seguir seu curso dentro do rio pedregoso, as águas pareciam fazer uma pausa entre uma espécie de bacia cercada de pedras de todos os tamanhos e formas. Era ali que costumávamos nos banhar. A água era fresca, até um pouco gelada, dependendo da estação do ano, o que tornava um mergulho ali uma forma de purificar a alma.

- Vamos cair na água. – disse, puxando o Bernardo pelo braço.

- Não! Eu não estou usando sunga debaixo do jeans. – retorquiu, sentando-se sobre uma das pedras.

- Fica pelado! – sugeri, depois que aqueles músculos brilhando ao sol da tarde começaram a encher minha cabeça de pensamentos libidinosos.

- Deixa de ser besta! – revidou indignado.

Eu tirei a camiseta e depois a bermuda e a cueca, deixando as peças caírem bem ao lado dele. Eu sempre tive uma bunda grande e roliça, que agora estava bem marcada pela sunga que deixara a pele muito branca bem contrastada com o bronzeado das coxas grossas. Ele olhava para mim enquanto eu descia pelas pedras até a água. Não dava para decifrar o que aquele olhar significava, mas ele estava estagnado em mim.

- Vem, seu bobo. A água está uma delícia. – provoquei, enquanto jogava a água que estava em minhas mãos unidas em concha.

- Para com isso! Não estou a fim de me molhar. – resmungou irritado.

Senti vontade de provoca-lo e testar o limite de sua paciência, por isso não parei com a brincadeira. Não demorou e ele começou a tirar as botas, depois o jeans e, só então, percebi que ele não estava usando cueca. O cacetão grosso e enorme se destacava entre os pentelhos densos e negros. Ele saltou da pedra e mergulhou, fazendo com que a água espirrasse no meu rosto. Antes de emergir, senti que ele agarrava minhas pernas tentando me fazer perder o equilíbrio. Eu coloquei minhas mãos sobre as omoplatas dele e procurava empurrá-lo mais fundo dentro da água. Minhas forças não eram páreo para as dele e logo eu estava caindo dentro da água e procurando desesperadamente me agarrar às pedras da borda. Até chegar a uma delas e conseguir me firmar, engoli um bocado de água. Ele me empurrou contra a pedra fazendo força com a pelve contra a minha bunda. Ao mesmo tempo em que me encoxava, seus braços envolviam meu tronco e cerceavam meus movimentos tentando me libertar. O peito dele era cabeludo e, os redemoinhos que os pelos faziam ao redor dos mamilos desciam numa trilha pela barriga dele até se fundirem com o chumaço de pentelhos em sua virilha. Tudo isso estava encostado nas minhas costas e nas minhas nádegas, roçando minha pele e me deixando num tesão febril. Senti-lo tão junto de mim fez com que eu parasse de me debater. Havia tempo que eu queria sentir aqueles músculos me apertando, eu finalmente consegui que ele me notasse e, não tinha a menor intenção de sair daquele abraço. As preliminares dele foram breves, uns chupões na minha nuca, uma esfregação da jeba no meu rego, umas sacanagens sussurradas no ouvido, uma pressa em chegar aonde ele queria. Tudo mais afoito e grosseiro do que propriamente carinhoso. Na quinta tentativa a pica conseguiu driblar as contrações espasmódicas das minhas pregas, e se alojou entre os esfíncteres do meu cuzinho. Eu soltei um grunhido pungente e, entre a dor que se espalhava pela minha pelve, senti o caralhão latejando dentro de mim.

- Já vai começar a choramingar outra vez, seu viadinho? – gemeu ele no meu cangote. Não havia agressividade em seu tom de voz, e tudo o que eu queria naquele momento era ser o viadinho dele, por isso não me senti ofendido.

- Não estou choramingando! É que está doendo. – respondi, não querendo que ele percebesse minha aflição.

- Vou meter mais devagar nesse cuzinho lisinho então, está bem? – a voz dele saia como um assobio gutural por entre os dentes cerrados.

Ele bombou meu cuzinho num ritmo contínuo e vigoroso. As estocadas faziam meu ventre se esfolar na pedra áspera, enquanto meu pau endurecia e era comprimido de encontro à superfície da pedra. Eu havia imaginado algo mais romântico, mais carinhoso da parte dele, mas era inegável o prazer que ele estava me proporcionando. À medida que a rola se embrenhava nas minhas entranhas, provocando uma dor quase insuportável, eu me rendia a ele, tão irrestrita e submissamente que ele quase não suportava o próprio tesão. Meus gemidos contidos faziam aflorar seus instintos primitivos, carnais e, quase animalescos, que iam se concentrar em sua virilha, aumentando a intensidade e a cadência das estocadas. A cabeça do meu pau havia aflorado do prepúcio e sofria na aspereza da superfície da pedra. Em meio à ardência da mucosa eu gozei na água fria, e meu esperma foi se diluindo nela. Pouco depois o Bernardo me apertou com mais força em seus braços, estava até difícil de respirar. Parecia que ele tinha receio de que eu deslizasse por entre seus braços e escapasse como a água que seguia rio abaixo. A rigidez que feria meu bojo anal estremeceu por alguns segundos, a respiração dele se acelerou e, com movimentos curtos, ele despejou os jatos de porra no meu cuzinho. Ele mordia a pele na minha nuca e, não fosse eu gemer mais alto, acho que teria perfurado minha pele com os dentes cerrados. Minhas pernas tremiam, estavam tesas como se fossem sofrer uma câimbra. Eu estava cada vez mais molhado por dentro, mas, ao invés do frescor da água na qual as minhas nádegas estavam imersas, um fluido tépido se espalhava pelo meu cuzinho. O peso do corpo dele caiu sobre mim e, mergulhados num transe gratificante, sentíamos o cacetão dele amolecendo, lentamente, agasalhado pelo calor das minhas pregas apertadas. Ele deixou o pau deslizar para fora com meu cu, e eu senti como se uma cratera houvesse se formado entre as minhas coxas. Havia um vazio enorme entre elas. Foi difícil escalar as pedras até alcançar o lugar onde eu havia deixado as minhas roupas. Parecia que, ao abrir as pernas, algo se rasgava dentro de mim. Ele me ajudou a escalar as pedras e, quando consegui me firmar sobre as pernas, estava quase colado ao peito dele. Nossos rostos estavam tão próximos que eu sentia o calor emanando dele. Espalmei minhas mãos sobre os pelos do peito dele e toquei de leve meus lábios nos dele. A caminhada até em casa foi árdua e vagarosa, meu cu ardia como se uma brasa estivesse entalada nele. Passava das oito quando chegamos à varanda da casa sede, dava para ouvir o burburinho vindo da sala de jantar onde estavam todos reunidos. Toda a volta foi feita em silêncio. Não sei se por não encontrarmos um assunto, ou se para não quebrar o encanto do que havíamos feito. Estávamos no canto da varanda mais mergulhado na escuridão da noite que se aproximava. O Bernardo tinha as mãos nos bolsos do jeans e olhava para os próprios pés. Segurei seu rosto entre as mãos e beijei três ou quatro vezes o queixo e o pescoço dele, antes dele me puxar para junto de si e colar sua boca na minha. A língua dele me penetrou e eu a chupei. Nossas salivas se misturavam enquanto nossos lábios se esfregavam furiosamente. Ele me soltou e saiu caminhando em direção a casa dele que ficava a pouco mais de quinhentos metros da sede. Acompanhei o gingado das costas largas dele até que ele desaparecesse na curva que o caminho de terra fazia entre o arvoredo do pomar.

- Por onde você andou Rodrigo? Já ia mandar alguém atrás de você. Estamos todos esperando você para servir o jantar. – ralhou minha mãe, com meu sumiço e o atraso para a refeição, coisa que ela não gostava.

- Por aí. Vou tomar uma ducha e em cinco minutos já desço para o jantar. – respondi, seguindo direto para o andar de cima, pois achei que estava estampado na minha cara o que eu acabara de fazer.

Havia sangue na minha cueca quando me despi para entrar no chuveiro. Não era muito, havia formado uma mancha e, sobre ela, havia algo como um creme esbranquiçado. Cheirei aquilo e imediatamente a presença do Bernardo se materializou em todo meu corpo. Era a porra cheirosa e máscula dele.

Jantei calado, introspectivo. Espetava o garfo entre a comida e nem de longe saberia dizer sobre o que as pessoas a minha volta estavam falando. O Felipe estava sentado ao meu lado, para mexer comigo deu uma cotovelada nas minhas costelas. Depois, dirigindo o olhar para baixo entre as pernas, me mostrou uma ereção em curso, e deu um sorrisinho petulante. Por uns instantes temi que alguém pudesse ter visto o Bernardo e eu na cachoeira. Mas, logo me dei conta de que aquilo não passava de outra provocação do Felipe. Não deixei que ele pegasse minha mão e a levasse até a rola dele, encarei-o zangado quando vi que a cabeçorra estava saindo pela perna do short.

- Estamos jantando, deixem de gracinhas na mesa! – censurou minha avó.

Passei a noite rememorando o que tinha acontecido naquela tarde. Me sentia tão reconfortado entre os lençóis quanto tinha sido maravilhoso sentir a pele do Bernardo colada à minha. Comecei a sentir palpitações, a umidade pegajosa dele estava mais presente do que nunca nas minhas entranhas, uma ereção começou a se delinear lá embaixo. Aquela jeba entrando e saindo do meu cuzinho não sumia dos meus pensamentos. Pela primeira vez eu tinha um segredo, um grande segredo. Me sentia mais adulto por conta dele. Subitamente, percebi o quão frágil a verdade podia ser, bastava o Bernardo contar para alguém que tinha comido meu cuzinho e eu estaria perdido. Talvez ele se valesse disso como um trunfo ou, pior ainda, se vangloriasse diante dos meus primos ou de amigos de ter-me fodido. Decidi que a primeira coisa que faria no dia seguinte seria procura-lo, e fazê-lo jurar, por tudo que lhe fosse mais sagrado, que jamais revelaria isso para alguém.

Fui o último a descer para o café. A conversa rolava animada ao redor das guloseimas que as duas cozinheiras preparavam quando a casa estava cheia de visitas.

- Parece que você está com um peido entalado no cu. – provocou um dos meus primos, assim que me viu descendo as escadas com as pernas ligeiramente abertas. Meu cuzinho ainda estava ardido.

- Deixe de implicar com seu primo logo cedo. – advertiu meu avô, que abriu os braços para me acolher num abraço que ele fazia questão de me dar toda vez que tinha vontade.

Mal havíamos tomado café e já começamos a caçar o que fazer. As possibilidades eram imensas, bastava se atirar numa delas. Mas, minha preocupação naquela manhã era outra, encontrar o Bernardo o mais breve possível. Fomos todos até o estábulo. As vacas já tinham sido ordenhadas e dois funcionários tratavam da limpeza e de soltar os animais no pasto. Fui até a casa do administrador, rondei-a por mais de quinze minutos, temendo ser inoportuno ao chamar pelo Bernardo. Estava quase desistindo quando a mãe dele me flagrou.

- Bom dia dona Fátima! – cumprimentei desajeitado.

- Bom dia Rodrigo! O que faz aqui tão cedo? Sua avó está precisando de alguma coisa? – perguntou, estranhando minha presença.

- Não! Eu .... eu só queria saber se o Bernardo está aí. – não era hora para ter vergonha.

- Ele saiu com o Carlos. Foram até a cidade fazer umas compras que seu avô pediu. – respondeu ela. – Devem estar de volta até o almoço. – acrescentou num sorriso amável.

- OK! Obrigado.

Voltei para casa e me atirei numa das redes da varanda. Não tinha ânimo para sair atrás dos meus primos e, muito menos, de aguentar as provocações deles. As horas demoraram a passar e, aquela paisagem estática diante dos meus olhos, não ajudava em nada. Tornava, ainda, tudo mais lento e demorado. Assim que vi uma nuvem de poeira amarronzada se levantando ao longe, vindo da porteira da fazenda, me coloquei de pé esperando que a picape aparecesse na estrada. Ela sumiu entre o arvoredo indo em direção a casa do administrador, enquanto a poeira se diluía no mormaço da manhã. Caminhei a passos largos no encalço dela, queria encontrar o Bernardo antes de ele entrar em casa e eu ter que bater na porta para chamá-lo. Seria difícil explicar minha insistência em vê-lo, uma vez que nunca tinha ido atrás dele.

- Oi! – de repente, as palavras tinham sumido da minha boca.

- Oi!

- Sua mãe me disse que vocês foram à cidade. – balbuciei inseguro.

- Sim.

- Vocês foram fazer compras para o meu avô. – como começar essa conversa? Estava me sentindo ridículo.

- Sim.

- Deu para comprar tudo que ele pediu? – ele também não estava colaborando em nada.

- Deu.

- Oi Rodrigo! – cumprimentou o ‘seu’ Carlos quando veio chamar o Bernardo para o almoço.

- Oi ‘seu’ Carlos! – retribuí envergonhado.

- Quer alguma coisa? – perguntou ele, colocando-me contra a parede. Seria impossível dizer que eu estava ali para pedir que o filho não dissesse nada a ninguém que tinha me comido o cuzinho.

- Não! Eu só .... eu só queria falar com o Bernardo. – gaguejei atrapalhado.

- Então entre! Venha almoçar conosco. – ofereceu sorridente.

- Não! Eu preciso ir, estão me esperando lá em casa. – menti apressado.

- Deixe de cerimônia! Eu ligo lá e aviso que você está aqui. – insistiu.

O Bernardo deu uma risadinha malvada, parecia que tinha adivinhado o que eu tinha ido fazer ali. Os pais dele me encheram de perguntas sobre a minha ida aos Estados Unidos, e eu passei o almoço todo respondendo as perguntas deles. Eu gostava muito de ambos, eles tinham me visto crescer junto com meus primos e conheciam minha história tão bem quanto eu. Mesmo assim, senti um alívio quando o almoço terminou e o pai dele sugeriu que fossemos dar um tempo daquele calorão no alpendre dos fundos da casa, que dava para uma horta viçosa e muito bem cuidada pela mãe dele. Ficamos sentados ali por mais de meia hora, tinha ficado mais difícil abordar aquele assunto, sabendo que a qualquer momento alguém podia aparecer. Por isso, reinou um silêncio tão pesado quanto aquele calor do sol a pino.

- Vou para casa! – disse num rompante, levantando-me da espreguiçadeira de ripado.

- Espere! – interrompeu-me ele. – Nunca vou comentar com alguém sobre o que aconteceu ontem. – continuou, afastando toda aquela tensão que estava martirizando meus ombros.

- Obrigado! – apressei-me a agradecer.

- Mas, eu ainda tenho uma pergunta para te fazer. – continuou ele, me surpreendendo.

- Aqui não é lugar para conversarmos sobre isso. – adverti ligeiro.

Ele me fez acompanha-lo até um arvoredo fechado que acompanhava as margens do rio quase nos limites da fazenda e bem distante de tudo. A sombra das copas das arvores amenizava a caminhada e garantia que ninguém nos visse.

- O Claudio ou o Felipe já comeram o seu cuzinho? – disparou ele, enquanto as folhas que forravam o caminho crepitavam sob nossos pés.

- Não! Claro que não! Que pergunta é essa? – inquiri indignado.

- E, um dos seus outros primos, ou alguém no seu colégio? – persistiu curioso.

- É obvio que não! Por que você está me perguntando isso? – me senti subitamente ofendido.

- É que eles aprontam com você. Não se esqueça que eu já vi você chupando o cacete do Claudio e do Felipe. – retrucou ele.

- Eles me obrigaram. Você bem sabe disso! Eles ficam zoando comigo o tempo todo. Eu nunca que ia chupar o pau deles por vontade própria. – revidei

- E ontem. Você não foi obrigado a fazer nada. Foi você que tirou a roupa e começou a me provocar.

- Eu sei! – Senti que meu rosto tinha ficado vermelho.

- Quer dizer que você deixou eu fazer aquilo por sua própria vontade. – quis saber, me encarando e me deixando ainda mais atordoado.

- Sim.

- E, você vai deixar eu fazer de novo se eu quiser? – ele estava conseguindo arrancar a verdade de mim, assim como tinha arrancado meu cabaço.

- Vou. – suspirei quase inaudível.

- Quando? – ele já estava com aquele olhar concupiscente que lançara na tarde anterior em direção a minha bunda.

- Não sei.

- Agora? – a mão dele deslizava sobre a bermuda e chamou minha atenção para a ereção que se impunha.

Dois passos foram suficientes para que ele passasse a mão pela minha cintura e me puxasse para junto dele. Meu corpo estava em brasa. O desejo brilhava no olhar dele. Nossas bocas se uniram num beijo demorado e impudico. Eu vi minhas roupas sendo despidas uma a uma, sem que eu esboçasse qualquer reação. Ele também se despiu e o caralhão enrijecido dele roubou toda a minha concentração.

- Quero que você me chupe. – disse ele, me encarando como num desafio.

Eu me agachei entre as coxas peludas dele e comecei a colocar a jeba na boca. Imediatamente senti o gosto marcante do fluido seminal se mesclando à minha saliva. Era muito gostoso, o mais gostoso que eu já provara. Ele gemeu quando eu lambi o orifício uretral dele, por onde o pré-gozo minava. Eu chupava e mordiscava toda a extensão da pica dele, enquanto a ponta dos meus dedos brincava com as bolonas ingurgitadas dele. Eu chupei demorada e vorazmente o cacetão que ele, aos poucos, começava a movimentar num vaivém entre os meus lábios. Ele agarrou meus cabelos e fez a rola se alojar na minha garganta. Eu respirava com dificuldade o pouco ar que entrava apenas pelas minhas narinas. Num frenesi de sensações, ele gozou na minha boca, me obrigando a engolir a porra para não me engasgar com todos aqueles jatos. Eu abri um sorriso para o rosto dele que me encarava satisfeito, e lambi a porra que ele havia colhido no canto da minha boca com os dedos que ele mergulhara entre meus lábios.

- Você é muito gostoso! – disse ele, enquanto me ajudava a levantar.

- Você também! – retruquei.

Ele passou a mão sobre um dos meus mamilos, onde os biquinhos formavam uma saliência intumescida e excitada. Eles estavam muito sensíveis e meu corpo estremeceu quando ele apertou um dos biquinhos entre os dedos. Ele aproximou a boca e começou a chupar meu mamilo, aquilo era divino. Uma sensação buliçosa tomou conta do meu baixo ventre, e eu sentia o tesão no cu aumentando. Ele deslizava as mãos pelo meu corpo, como se o estivesse estudando. Aquilo me deixava maluco. Sem desviar o olhar dos meus olhos, ele palpou minhas nádegas de forma agressiva, luxuriante, devassa.

- Você quer que eu coma seu cuzinho?

- Quero.

- Quer o quê? Fala, seu putinho sem-vergonha.

- Quero que você me coma.

- Coma o quê?

- O meu cuzinho. – eu me sentia uma vadia, mas não me importava. Queria que ele entrasse em mim e me fizesse tão feliz quanto na tarde anterior.

- Você é um putinho muito gostoso! Está gostando de dar esse cuzinho apertado para mim, não é, safado?

- É. – gemi, abrindo minhas pernas enquanto ele se deitava sobre mim.

A cabeçorra rompeu meus esfíncteres com mais facilidade do que na véspera. Isso não impediu que um ganido viesse aflorar aos meus lábios. Enquanto eu enlaçava o pescoço dele, ele ia metendo o cacetão suave e progressivamente nas profundezas do meu cu. Beijamo-nos quando, apesar da persistência das estocadas dele, o caralhão estava todo dentro de mim, e o sacão batia de encontro ao meu rego arregaçado. Ele arfava e me apertava em seus braços, enquanto eu gemia e acaricia os cabelos e a nuca dele. Gozamos quase ao mesmo tempo, eu lambuzando meu ventre, e ele golfando meu cu com sua porra espessa.

- Mais um dia sumido! Procuramos por você por todo canto, onde foi que se meteu? – perguntaram meus primos quando voltei para casa ao anoitecer.

- Você não pode ficar andando por aí sozinho. Há lugares bem perigosos. Custa avisar para onde vai? – ralhou minha mãe, toda preocupada com minha segunda ausência seguida. Ainda mais que esse não era meu modo de ser.

- Aposto que alguma ele anda aprontando. – disse um dos meus primos.

- Esse pirralho solto por aí sozinho não pode dar em boa coisa. – acrescentou o Claudio.

- Vá se ferrar! – revidei irritado com tanta intromissão.

- Hummmm....ele está zangado! – devolveu o Claudio. – Sei como domar esse potro xucro! – acrescentou, com aquela perversidade que me obrigava a chupar sua rola estampada na cara.

- Se você voltar a falar isso mais uma vez, vou contar para todo mundo, eu garanto! – exclamei, disposto a não me deixar subjugar mais.

- Contar o quê? – perguntou meu avô, tentando entender a que eu me referia.

- Nada vô! Você sabe como o Rodrigo é cheio de histórias. – disfarçou meu primo, vendo-se acuado pela primeira vez diante da minha postura.

- Então cala essa boca! – ameacei, mais uma vez.

O Bernardo e eu continuamos a nos encontrar todos os dias daquela semana. Procurávamos sempre um lugar diferente e, sumíamos sem ninguém perceber. Ele metia em mim e me deixava todo lambuzado de porra. Eu sentia a presença dele na minha pele mesmo quando não estávamos juntos. E, meu casulo morno e acolhedor extraía dele o mais luxuriante prazer que ele havia sentido. Nossos corpos se uniam assim que nos aproximávamos um do outro, livres, sedentos e lascivos.

Meu pai apareceu no meio da tarde de sexta-feira, nossa partida estava se aproximando. Ele ia passar o fim de semana e depois voltaríamos para São Paulo, onde dentro de duas semanas estaríamos nos mudando para os Estados Unidos. Embora o final de semana estivesse decorrendo em clima de festa e de despedida, eu sentia um sufoco no peito. Acabara de descobrir o prazer do amor e do sexo, não queria perder isso tão cedo. Pelo menos era assim que eu interpretava aqueles últimos dias sempre escondidos pelos cantos da fazenda, e enlaçado nos braços do Bernardo, embora em nenhum momento ele tivesse dito que gostava de mim. Eu, no entanto, estava perdidamente apaixonado por aquele garotão cinco anos mais velho do que eu, com o porte de um homem feito, e o desejo desenfreado de entrar em mim e se deixar acalentar pelas minhas carícias. Ao entardecer do domingo, enquanto todos se despediam na varanda da casa, eu procurava por ele entre aquele vaivém de pessoas. O pai e a mãe dele estavam lá, mas dele nem sombra. Um nó se formou na minha garganta quando nosso carro passou pela porteira e ganhou a estrada. Eu me perguntei se algum dia voltaria a vê-lo e, daquele instante para frente, caí numa depressão que tirou todo meu entusiasmo com a mudança.

A adaptação à nossa nova realidade foi menos traumática do que eu havia imaginado. Logo fiz amizades no colégio. Depois de mais de dois meses morando num hotel nossa casa ficou pronta e pudemos finalmente nos instalar com todo o conforto e aconchego de uma casa. A vida seguiu seu rumo. As lembranças da fazenda foram ficando num passado cada vez mais distante. Elas, no início, me atormentavam por alguns dias depois de ter conversado com meus avós pelo computador. Mas, depois de algum tempo, essa amargura não durava mais que algumas horas. Durante os anos que moramos fora só minha mãe veio duas ou três vezes visitar os pais e, meu pai que vinha rapidamente a trabalho. Todas as férias viajávamos pelos Estados Unidos, para conhecer novos lugares, e eu nunca mais tinha vindo para o Brasil. Eu cresci, entrei na faculdade e me formei. Tinha até arrumado um emprego quando meus pais resolveram voltar para o Brasil. Quinze anos haviam se passado. Eu tinha vivido mais tempo fora do que no meu país e, até o idioma já tinha um forte sotaque inglês. De algumas palavras em português eu já nem me lembrava mais.

O nosso retorno foi tão ou mais comemorado do que a partida. Fazia mais do que dois meses que havíamos regressado quando tivemos a oportunidade de ir visitar meus avós. Como eles tanto ansiavam, promoveram uma festa para o reencontro da família. Para mim foi um choque encontrar meus avós tão mais velhos. A lembrança que eu tinha deles era de duas pessoas muito ágeis e atarefadas. E, o que eu encontrei foi um avô com oitenta e cinco anos, com um pouco de dificuldade no andar, e uma limitação para enxergar as coisas e, uma avó com os cabelos muito brancos, um rosto ainda sorridente, mas cheio de vincos e uma dificuldade para ouvir o que acontecia a sua volta. O impacto dessa realidade só passou depois de eu refletir um pouco, e me dar conta de que eu também já não era mais aquele adolescente de catorze anos que eles tinham visto na última vez. Eu agora era um homem feito. As mudanças na fazenda se ocorreram, não eram tão evidentes assim. Tudo continuava impecavelmente lindo e bem cuidado e, ao que parecia, a conta bancária do meu avô devia estar tão bem quanto o que se via na fazenda.

Todos os meus primos estavam casados. O Claudio e o Felipe tinham três filhos cada um e, isso não era de se espantar dada a tara que fervilhava em suas virilhas. O Felipe inclusive tinha se tornado um belo macho, daqueles que povoam o imaginário de muitas mulheres e homossexuais. O mesmo tinha acontecido com outro primo. Mal o reconheci quando ele me deu um abraço de quebrar os ossos. Tinha sido um garoto feio quando brincávamos pela fazenda, no entanto, também se tornara um homem que não passava despercebido onde quer que fosse. A esposa dele era uma garota linda e estava grávida.

- Você nunca me disse que seu primo era um cara tão lindo. Eu devia ter te enrolado mais um pouco antes de casarmos, assim eu talvez tivesse escolhido ele. – brincou, provocando o marido. Mas, via-se que formavam um casal muito bem entrosado e apaixonado. Por isso ele se limitou a dar um sorriso amarelo como resposta.

Outra cunhada, que eu também só vim a conhecer agora, também resolveu tirar uma com a cara do marido.

- Valha-me Deus que chega até dar um calor! – exclamou, abanando-se depois que eu dei um beijo nas bochechas dela quando fomos apresentados. As outras cunhadas riram da situação.

- Mulher é mesmo um ser esquisito, basta ver um par de calças e já vão se atirando em cima. – retrucou um dos primos, ganhando o aval dos demais. Eu agora não tinha apenas os primos para tirar sarro da minha cara, pelo visto as cunhadas aprenderam o caminho das pedras rapidinho.

- Precisa ver se ele é chegado na fruta. Pelo que eu me lembro, ele não sabia bem para que time jogava. – disse cruelmente o Claudio. Um silêncio constrangedor se formou na rodinha que, até então, estava espalhada pelas cadeiras e redes da varanda.

- Pois é Claudio. Naquela época eu talvez dúvidas, mas hoje em dia sei muito bem qual é o meu time. E provavelmente, para o seu desapontamento, não é o mesmo que o seu. – dava para ouvir a brisa que soprava passando por entre as longas folhagens das samambaias que pendiam de enormes vasos pendurados no vigamento da varanda. Melhor dar a notícia no coletivo do que ficar ouvindo pelas minhas costas comentários e interrogações que ninguém, a não ser eu mesmo, tinha condições de esclarecer.

- Gente, nós estamos em pleno século vinte e um. A idade média ficou para trás. Era lá que a inquisição fazia a caça às bruxas. Não vamos nós agora nos comportarmos como aqueles bárbaros! – sentenciou a esposa do Claudio, pondo fim àquele silêncio e, tentando fazer a cara do marido parecer menos estupida e embasbacada do que aquela que víamos a nossa frente.

A conversa imediatamente mudou de rumo, mas eu já não me interessava por ela. Foi um alívio quando um dos meus tios veio nos chamar para o almoço. Uma década e meia havia passado e eu constatei que continuava tão só como sempre fui, talvez até mais, de agora em diante. Pois, apesar de jovens, essas pessoas me pareceram muito antiquadas pelos padrões nos quais eu havia vivido esses últimos anos.

Meu avô era um fã incondicional de churrasco. Não só sabia em detalhes todos os macetes, como fazia o melhor churrasco que eu conhecia. Todos os funcionários que moravam nas casas dentro da fazenda também estavam presentes. Foi a forma que meu avô encontrou para me apresentar aos que eu não conhecia e exibir o neto favorito dele aos que tinham sido contratados depois de nossa mudança. Foi numa frase que meu avô mencionou ao me apresentar a um desses funcionários que eu me dei conta de que, talvez, a implicância que o Claudio sempre teve comigo estivesse muito mais ligada ao fato de ele ser o primeiro neto do meu avô, mas a predileção explícita dele sempre ter sido minha.

O que chamou a minha atenção foi a ausência do ‘seu’ Carlos, da dona Fátima e do Bernardo. O que teria mudado com relação a eles enquanto estivesse fora? Meus pais foram os primeiros a quem dirigi a pergunta, mas nenhum deles soube me dizer alguma coisa. Ia esperar um momento mais reservado e perguntar diretamente ao meu avô. Desde que começaram os arranjos para esse nosso reencontro, a imagem do Bernardo não me saiu mais da cabeça. Por que ele nunca respondeu aos meus e-mails, que eu mandei nos primeiros tempos contando como era a minha nova vida? Por que o cartão que enviei pelo aniversário dele nunca teve um retorno? Eu era um garoto ingênuo e tolo, que se achava apaixonado por um cara mais velho só porque ele tinha comido meu cuzinho, pensei com meus botões. O Bernardo provavelmente nem se lembrava mais de mim seis meses depois da minha partida. Tinha sido uma bunda gostosa de foder, durinha, nunca usada, que se deixou esfolar toda e ainda fazia a gente gozar feito um animal, era apenas disso que ele possivelmente se lembrou por um curto período de tempo. Tal como meus primos, ele hoje devia ser casado e ter seus filhos. Quando isso me passou pela mente senti um aperto no peito.

Pouco antes do anoitecer fui dar uma caminhada. Apesar de estar distante da casa sede, a cachoeira foi meu objetivo. Caminhei ligeiro por quarenta e cinco minutos até chegar aos pés dela. Continuava imponente lançando suas águas do penhasco e se derramando na piscina de pedras em sua base. Quando dei por mim, aquela umidade que corria pelo meu rosto não era o spray que o vento espalhava, mas duas lágrimas que brotavam dos meus olhos embaçados. Numa fração de segundos, todas as sensações que o Bernardo havia me feito experimentar naquela tarde de verão escaldante voltaram, tão intensas e reais que senti meu cuzinho se contorcendo como se aquela dor que ele me impingiu estivesse novamente entre minhas pregas. Eu nunca mais tinha sentido um homem dentro de mim, constatei abismado.

Eu tinha acabado de sair do banho quando bateram na porta do meu quarto. Era o Claudio. Destravei a porta com a toalha ainda enrolada na cintura, e preparei meu espírito para mais uma conversa desagradável.

- Posso? – perguntou, esperando que eu sinalizasse que ele podia entrar. – Estou feliz que esteja de volta, sério! Será que podemos conversar um pouco? – esse tom cerimonioso me irritou um pouco, mas assenti.

- Se não for demorar demais. Está tarde e eu estou um pouco cansado. – retorqui, sem nenhum ânimo para ter aquele tipo de conversa.

- Em primeiro lugar quero te pedir desculpas pelo que eu disse lá na varanda. Foi ridículo e muito grosseiro da minha parte. Desculpe! – ele me encarava e dava para ver que não estava de gozação.

- Imagine! Foi bom, assim todos ficaram sabendo e ninguém precisa mais ficar espiculando por aí. – retruquei sem mágoa.

- Só que a sua vida sexual não é da conta de ninguém! Eu não tinha o direito de falar aquilo, mesmo porque nem eu mesmo sabia de nada.

- Já foi! Não vale a pena ficar remoendo o assunto.

- Eu sempre senti um baita tesão por você! – confessou. Procurei a beirada da cama com as mãos, pois precisava me sentar depois de ouvir aquilo.

- Bobajada de adolescente! Sabe como é, hormônios sobrando juízo faltando, é fácil confundir tudo. – respondi.

- Só que eu sempre soube o que queria com você. Só não sabia como dizer e, muito menos, tive coragem para fazer alguma coisa a não ser aquelas tolices de castigar você a qualquer pretexto mando-o chupar meu pau. – revelou. Diante do meu olhar estático continuou despejando o que o atormentava há anos.

- Eu sempre quis proteger você. Ter você nos meus braços. Sentir esse seu jeitinho carinhoso sendo devotado só para mim. Transar com você. – ele me encarava sem desviar o olhar determinado.

- Nossa, Claudio! Isso é loucura.

- Foi o que eu sempre achei. Daí o receio do que poderia acontecer se eu desse vazão ao que sentia e tivesse cometido algum desatino. Toda família ia cair matando em cima de mim. – revelou. – Sem contar o que você ia sofrer. Afinal, naquela época, você era apenas um garoto desengonçado e que podia ter ficado traumatizado se eu tentasse alguma coisa com você. – essa preocupação dele para comigo me comoveu, e eu já não o ouvia mais com aquela cisma de há pouco.

- Nem sei o que dizer! – exclamei estupefato

- Você não faz ideia de como eu gostava quando você chupava meu pau, mesmo contra a vontade. Eu passei noites batendo punheta e pensando em você, na sua bundinha, em como seria maravilhoso ter você para mim. Como aquilo não se realizava eu comecei a te espezinhar, depois ficava com raiva de mim mesmo por ter te tratado mal. Mas, aí já tinha feito tudo errado. Até induzido o Felipe a fazer o mesmo com você. Eu e ele sempre nos estranhamos por conta disso. Eu ficava puto quando via você com o caralhão abusado dele na boca, fazendo o que eu queria que você fizesse só comigo.

- Caramba! Estou tonto! – como pude ser tão ingênuo a ponto de nunca ter desconfiado de nada, pensei.

- A sua volta suscitou tudo isso de novo. Quando ouvi você sendo elogiado e paparicado daquele jeito, fiz outra vez o que não podia ter feito. Descontei em você. – ele estava amargurado com o que tinha acontecido.

- Vamos esquecer isso de uma vez por todas. Você está casado, tem seus filhos, que são lindos, e eu sou adulto e sei me virar. – não queria que ele deixasse de ser espontâneo comigo só por conta de um passado tumultuado. E, pelo que me lembro, todas as vezes que ele tinha me mandado chupar o pau dele eu me sentia humilhado porque tinha uma plateia assistindo a tudo, mas tinha gostado de sentir aquele gosto um pouco amargo e aquele cheiro másculo da porra dele.

- Posso te dar um abraço? – eu fiquei sem graça quando ele avançou na minha direção.

Foi meio constrangedor sentir os braços dele ao meu redor, ainda mais quando a toalha caiu e eu fiquei completamente nu. Meu movimento foi instintivo para apanhar a toalha que estava aos meus pés. Ele também se apressou a apanhá-la do chão, mas desistiu no meio do caminho.

- Você é lindo por demais, mesmo! – disse, olhando fixamente para o meu corpo.

Eu devia mesmo estar muito carente. Tive sonhos eróticos a noite toda. Num deles, um par de coxas musculosas e peludas estava diante de mim e eu acariciava e mamava uma rola muito grande e veiúda. Sentia um tesão imenso e, a cada vez que levantava o olhar para o dono daquela pica, os rostos inebriados de prazer do Bernardo e do Claudio se revezavam. Em outro, eu tinha entrado num quarto escuro, tentei acender as luzes, mas não havia um interruptor. Uma rajada de vento gelado passou pelo meu corpo e fez com que a porta por onde eu tinha entrado se fechasse. Mergulhado no mais absoluto breu, não sabia dizer por onde eu tinha entrado. Um par de braços peludos circundou minha cintura, e o hálito morno de alguém respirando no meu cangote me fez estremecer. Com um golpe varonil um cacetão entrou no meu cuzinho, eu soltei um longo e estertoroso gemido. Enquanto procurava sublimar a dor e me concentrar no prazer de sentir aquela carne quente e rija entrando em mim, alguém pegou minhas pernas na altura dos joelhos e as abriu. Minhas costas foram empurradas contra o peito de quem enfiava delirantemente o cacete em mim. De repente, senti que mais uma rola úmida estava sendo pincelada no meu rego. Sem que eu pudesse reagir, pois parecia estar flutuando no ar, essa jeba também foi atolada no meu cu. Dois machos estavam se divertindo entre as minhas preguinhas, e eu estava gostando daquilo. Tinha me tornado um devasso.

O sol apareceu bem cedo no horizonte e penetrou pela janela do quarto me acordando. Desci para o café enquanto todos ainda dormiam. Na cozinha duas funcionárias trabalhavam ligeiras para aprontar a refeição.

- Bom dia! Só mais uns minutinhos e o senhor pode tomar seu café. – disse uma delas, da qual eu me recordava, mas não lembrava mais o nome.

- Bom dia! Não se preocupem, vou dar uma caminhada e tomo o café quando todos estiverem acordados. Posso ter crescido, mas não virei senhor, disse tascando um beijo nas bochechas afogueadas da mulher. – ela riu um pouco tímida e ficou sem graça quando a outra também riu.

Caminhei em direção ao estábulo. Ele tinha sido ampliado, o que era possível constatar pela diferença de cor das telhas que o cobriam. Tinha sido caiado recentemente e as paredes ainda estavam bem branquinhas. Três funcionários faziam a lida com os animais, me cumprimentaram respeitosamente assim que notaram minha presença.

- Bom dia! – minha voz tinha um timbre de contentamento e saiu tão nítida quanto o bater dos sinos de um campanário.

- Dia! – responderam em uníssono, sem interromper a lida.

- Ainda não vi o ‘seu’ Carlos, o administrador, por aí, alguém sabe me dizer onde ele está? – perguntei.

- O administrador não se chama Carlos, não. O nome dele é Geraldo. – respondeu um dos funcionários que àquela hora já sentia calor e tinha tirado a camisa, deixando expostos os bíceps enormes, e para onde meu olhar tinha se fixado como se tivessem me hipnotizado. Sem dúvida, eu tinha me tornado um depravado.

- Ah! Quando eu era garoto o administrador era o ‘seu’ Carlos. – comentei, sem que isso fizesse qualquer diferença para eles.

Depois do café dei um jeito de ficar sozinho com meu avô. Perguntei pelo administrador e sua família. Não quis mencionar o nome do Bernardo, pois não saberia o que responder se meu avô me fizesse qualquer pergunta sobre o meu interesse.

- O Carlos andou tendo uns problemas de saúde e resolveu se mudar para a cidade. Foi uma pena porque ele era o meu braço direito nas fazendas. Mas, agora está melhor. Abriu uma casa agropecuária por lá e é um dos nossos fornecedores de insumos. Ele e a Fátima estão muito bem instalados e, pelo que me parece os negócios vão indo muito bem. Ele é um sujeito competente e muito bom. – esclareceu meu avô. Eu já estava agoniado, não mencionara nada sobre o Bernardo e eu ia precisar perguntar diretamente.

- Triste é a história do filho deles, você se lembra, Bernardo? – meu coração quase parou. Triste por quê? De repente tive medo de ouvir o que meu avô ia contar. – Ele foi estudar veterinária, é um garoto maravilhoso. Casou-se, uns anos depois de formado, com uma colega da faculdade. Eles instalaram uma clínica naquela praça da sorveteria onde você e seus primos gostavam de ir, está lembrado? Atendiam quase todas as fazendas da região, inclusive as nossas. Há questão de pouco mais de um ano a esposa dele foi atender um chamado logo cedo pela manhã, era inverno e as baixadas dos vales estavam cobertas por um denso nevoeiro. Ela vinha pela estrada quando um treminhão carregado cruzou a estrada. A picape dela virou um monte de ferros retorcidos debaixo do treminhão. Foi muito triste. – concluiu meu avô.

- E o Bernardo? – balbuciei oprimido.

- Ele mantem a clínica. Passa aqui toda vez que vem ver os animais. Perdeu todo aquele viço de rapagão destemido. Gosto dele como se fosse um de vocês, com quem ele se criou. Você deve se lembrar, não é? – por pouco não deixo escapar ‘e como me lembro’.

No começo da tarde uma trovoada deu início a uma chuvarada torrencial. As gotas tão grossas quanto uma moeda jogaram por terra o mormaço que estava no ar. A poeira das estradas se assentou e a terra tratou de absorver rapidamente aquele líquido refrescante em seu interior. Peguei o carro fui até a cidade. Quando cheguei à praça todo o arrojo do qual eu vinha carregado para encontrar o Bernardo desapareceu. Quem tinha a cabeça cheia de recordações, ilusões e esperanças era eu e não ele. Durante a conversa com meu avô ele tinha respondido a minha pergunta e dito que o Bernardo nunca havia perguntado por mim depois da minha partida. Provavelmente ele queria esquecer aquele rompante de ousadia da sua adolescência. Qual seria a reação dele ao me reencontrar e essas memórias voltarem como sombras do passado? A sorveteria continuava lá e eu estacionei em frente. No balcão refrigerado ainda havia meus sabores prediletos. Lembrei-me de como me lambuzava quando ia lá com meus primos e, as duas bolas, uma de chocolate no fundo e outra de manga no topo, começavam a derreter e a escorrer pelo meu braço, pois não conseguia ser tão guloso e rápido como eles. Fiz meu pedido e sentei numa das mesinhas da calçada debaixo do flamboyant florido, olhando para o outro lado da praça, para a fachada da clínica veterinária. Estava tão absorto em meus pensamentos que, tal quando garoto, deixei cair o sorvete da colherinha, diretamente sobre a camisa imaculadamente branca, na altura do mamilo esquerdo. Exasperado tentei limpar a camisa com guardanapos de papel, mas a mancha havia se impregnado no tecido. Um carro acabava de estacionar em frente à clínica. Dele desceram uma mulher e uma garotinha que conduzia na guia o que me parecia ser um maltês, já que a distância não me permitia identifica-lo. Senti uma espécie de alívio com essa chegada. Não podia aparecer lá agora, pois atrapalharia o atendimento, me sobrava mais tempo para tomar a decisão de ir, ou não, reencontra-lo. O sorvete acabou e a água mineral que eu havia pedido para acompanha-lo também. Eu tinha me imposto o limite desse término para tomar uma atitude. O que mais poderia acontecer além do Bernardo me receber friamente e logo inventar um pretexto para que eu me fosse, ou me dizer que não se lembrava muito bem de mim, mas se mostrar gentil em consideração aos meus avós? Era isso que passava pela minha cabeça quando comecei a cruzar a praça. Uma atendente me viu chegando pela porta de vidro e destravou a fechadura eletrônica. Eu entrei.

- Boa tarde! Pois não! – disse com um sorriso contornando seus lábios muito finos. Ela estranhou eu não estar acompanhado de nenhum animal.

- Boa tarde! Eu gostaria ..... – nesse instante uma porta se abriu num pequeno corredor que saía da sala da recepção e a mulher e a garotinha, com o maltês no colo, saíram conversando animadamente, seguidos pelo Bernardo trajando um jaleco aberto sobre um jeans apertado que evidenciava as coxas musculosas e, uma camisa de listrinhas finas azuis e brancas, de cujos botões desabotoados próximo ao colarinho via-se um bocado de pelos adensados.

- Só um instante, eu já atendo o senhor. – disse a recepcionista, enquanto voltava sua atenção para a cliente.

O Bernardo me reconheceu assim que atravessou o umbral da porta. Minhas mãos suavam e eu não sabia onde enfiá-las. Ele abriu um sorriso e caminhou apressadamente na minha direção. Tomou-me nos braços sem dizer uma palavra e me apertou com força contra o peito. Fiquei sem reação e percebi que tinha lágrimas nos olhos. A recepcionista acompanhou as duas até a calçada e, nesse meio tempo, o Bernardo me beijou com a mesma sofreguidão que me beijava quando ia meter o pauzão no meu cuzinho, há quinze anos atrás. Eu enfiei os dedos nos cabelos dele e retribuí o beijo com a mesma intensidade e devoção. O mundo parou.

- Oi! Pensei que nunca mais ia te ver. – disse, segurando minha mão quando a volta da recepcionista se fez ouvir pelo travamento da porta.

- Oi! Senti tanto a sua falta. – balbuciei baixinho, mas a recepcionista não estava prestando atenção em nós dois.

Ele me levou até a sala de onde acabara de sair com as clientes e, ao fechar a porta, me puxou mais uma vez para junto dele e começou a me beijar sensual e imperiosamente. Enquanto a língua dele invadia minha boca, suas mãos percorriam minhas costas e, de quando em quando, agarravam minhas nádegas amassando-as como se fossem massa de pão. Nossos sentimentos represados explodiram como fogos de artifício, e nossos corpos não queriam se largar.

- Eu não sabia que você estava no Brasil. – disse ele, quando meus lábios arroxeados já estavam inchados da intensidade voluptuosa dos beijos dele.

- Eu voltei em definitivo ontem. Quer dizer, já retornamos há questão de dois meses, mas só ontem meus pais e eu viemos visitar meus avós. – esclareci, sem tirar a minha mão do meio das dele.

- Em definitivo, você disse? – ele parecia não acreditar no que tinha ouvido.

- Sim. Meu pai voltou a trabalhar no Brasil e eu, bem, eu preciso começar a exercer a minha profissão por aqui também. – revelei.

- O que você estudou? – quis saber.

- Fiz o mesmo que você, só que meus pacientes são pessoas. Medicina. – esclareci. – Por que você não se despediu de mim naquela tarde, e nem respondeu a nenhum dos meus e-mails, eu não sabia o que pensar, fiquei agoniado. – disse, depois de um breve silêncio.

- Não sou bom em despedidas. Não saberia o que dizer. Quanto aos e-mails, pensei que um dia você se cansaria deles, quando encontrasse alguém, e eles acabariam de qualquer forma. Estaria apenas adiando o sofrimento de uma separação que já tinha acontecido – alegou

- Eu achei que você tinha se arrependido do que tinha acontecido entre nós.

- Nunca! – ele voltou a me abraçar e recomeçou os beijos como se fosse me devorar.

Começou a escurecer e fazia algum tempo que estávamos a sós na clínica, a recepcionista tinha batido discretamente na porta e quando enfiou a cara pela fresta anunciou que estava indo para casa. Eu não saberia dizer quanto tempo havia decorrido depois disso, pois não me cansava de olhar para o Bernardo e acha-lo ainda mais viril do que quando garotão.

- Você está lindo! Ainda mais lindo do que antes. – proferiu, sem tirar os olhos de mim.

- Você também! A maturidade te deixou mais gostoso. – confessei.

- Como você sabe? Não experimentou. – a safadeza indecente era perceptível em seu tom de voz e em seu olhar lupino. – E, você ainda não aprendeu a tomar sorvete sem se lambuzar todo? – acrescentou sacana. Só agora ele havia notado a mancha na minha camisa e colocou a mão sobre ela começando a bolinar meu mamilo.

Ele me levou à casa dos pais onde jantamos e eu tive que fazer um resumo dos anos em que estive fora. O ‘seu’ Carlos e a dona Fátima também tinham envelhecido bastante. Mas, estavam muito dispostos e com o mesmo carinho que sempre tiveram para comigo. Era quase meia noite quando me despedi deles, com a promessa de trazer meus pais e voltar mais vezes. Deixei meu carro na garagem deles e o Bernardo me levou para a casa dele. Ficava a menos de cinco quarteirões e tinha um estilo do qual eu gostava. Até o momento ele não tinha feito nenhuma alusão à esposa falecida, e eu não tive coragem de perguntar. Na casa nada lembrava de que ali tinha morado alguém com ele.

- Pensei que você estivesse morando com seus pais. – arrisquei, enquanto caminhava pela sala ampla admirando cada detalhe.

- Sabe como é. A gente não se acostuma mais depois de ter deixado o ninho uma vez. – sentenciou.

- Não sei não. Até agora não deixei o meu. – respondi. – Sinto que está na hora de fazer isso, mas sei que vou enfrentar protestos e chantagens emocionais. Acho que vou aproveitar o momento de começar a exercer a minha profissão para fazer a mudança completa. – divaguei.

- Fique aqui. – o olhar e a voz vinham carregados de súplica.

Foi naquele momento que eu tomei uma decisão. Ia me instalar na cidade, abrir um consultório, mesmo que longe do glamour e da sofisticação da tecnologia, e exercer uma medicina simples e eficaz. Apesar de ter crescido e vivido em cidades grandes, eu sempre fui uma pessoa muito simples e ligada à natureza. Meu jeito espartano de levar a vida só precisava de um convite como este. Enquanto ele aguardava uma resposta a minha decisão tomava corpo, mas fui evasivo na resposta, não queria criar expectativas e nem me iludir. Tudo precisava ser analisado com os pés muito bem fincados no chão e, especialmente, longe daquele olhar pidão e daquele homem que embaralhava meus pensamentos.

Como que para apressar minha decisão, ele se aproximou de mim e, me apertando contra o peito, passou a mão enorme e musculosa no meu rosto. Tocou meus lábios com o polegar e ficou roçando o contorno deles. Aos poucos eu os fui descerrando, permitindo que dedo dele se intrometesse neles e comecei a lambê-lo. Um sorriso se abriu no rosto dele. Uma mão apalpou minha bunda e ele esfregava sua ereção na minha coxa. Pelas nádegas ele me ergueu e eu enlacei as pernas ao redor dele. Enquanto a boca dele se prendia num dos meus mamilos, mordendo-o e chupando-o com luxúria, ele me levou ao quarto, sob as carícias dos meus dedos enfiados em sua cabeleira. O Bernardo abriu a braguilha e pegando uma das minhas mãos, conduziu-a até lá. Eu tirei o caralhão imenso e babando lá de dentro e me espantei com o tamanho. Estava ainda maior e mais grosso do que na época em que tinha me desvirginado. Lambi e sorvi aquele suco profuso que minava de sua glande. O tesão retesava meu corpo e fazia meu cuzinho piscar num desejo alucinante. Vasculhando a virilha dele com a ponta dos dedos, libertei o sacão onde os dois testículos abarrotados gingavam provocadoramente viris. Beijei-os e chupei-os sob os gemidos prazerosos dele. Deixei que ele me despisse vagarosamente, beijando e lambendo cada parte do meu corpo que ficava exposta. Ele me torturou longamente quando mordiscava e lambia minhas nádegas. Afastava meus glúteos e corria a língua úmida pelo meu rego, detendo-se nas pregas que circundavam meu cu. As contrações que ele experimentava eram tão intensas que provocavam câimbras nos músculos da minha pelve.

- Você está tão safadinho como naquele dia, querendo dar para mim. – sussurrou, enquanto esfregava o peito nas minhas costas.

- Estou. – deixei escapar entre os gemidos de excitação.

- Sabe que você me deixa maluco quando fica assim, não sabe? Pedindo para levar rola nesse cuzinho puto. – ele estava com tanto tesão que a voz saía sibilando por entre seus dentes cerrados.

- Sei. – gemi.

- Ah, meu tesãozinho gostoso! Você sabe do que sou capaz de fazer quando você me deixa doido desse jeito, não sabe?

- Sei. Por isso adoro seduzir você. – grunhi, quase implorando para que ele me penetrasse.

A cabeçorra se alojou nos meus esfíncteres com um golpe bruto e decidido, rasgando as pregas e me fazendo ganir. Me agarrei aos travesseiros como se eles pudessem me dar guarida. Enquanto ele esperava minha musculatura anal se conformar ao contorno de sua rola, eu empinava minha bunda de encontro à virilha dele, escancarando todo meu desejo de tê-lo por inteiro dentro de mim. Ele contraiu a pelve e fazia dos movimentos de vaivém um embalo para os seus desejos mais primitivos. A pica me estocava fundo, atingindo minha próstata e irradiando uma dor aguda por todo meu ventre. Eu gania sem parar, despertando toda a bestialidade selvagem dele. Ele me fodia quebrando um jejum de uma década e meia, ao mesmo tempo em que redescobria o prazer de meter sua rola numa brecha tão apertada. Meu pau e os lençóis abaixo de mim estavam lambuzados do meu gozo. Enquanto ele não parava de galar meu cuzinho com sua porra pegajosa, como se estivesse inoculando em mim toda satisfação que eu lhe proporcionava. O Bernardo e eu quase não dormimos. Quando despertava do cochilo após ter gozado, ele tornava a meter a pica irrequieta no meu cu, e me acordava com a sensação prazerosa de estar sendo enrabado. Só me deixava depois de ter despejado seus jatos másculos no meu cu. E, por vezes, nem se deu o trabalho de tirar a pica do meu cuzinho. Deixava-a amolecer lentamente dentro de mim e se aninhava ao meu corpo encaixando cada convexidade de seu corpo nas curvas do meu.

Estamos namorando. Me mudei para a casa dele e estou reformando uma casa não muito distante da clínica dele. Consegui convencer outros dois médicos recém-formados a exercerem suas especialidades junto comigo. Aos poucos o Bernardo e eu estamos nos conhecendo. A cada dia que descubro uma faceta nova da personalidade dele, compreendo melhor aquela atração irresistível que nos aproximou na adolescência. Se duas almas podem se espelhar uma na outra, e sabem que o amor que as une é a essência da vida, então é isso que está acontecendo conosco.

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Comentários

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Que isso 15 anos depois eles se reencontram, pelo menos o Bernardo não esqueceu o Rodrigo, é agora eles vão poder ter a chance de viver esse amor deles. Gostei da sinceridade do Bernardo, ele achou que o Rodrigo ia esquecer ele, já que estavam distantes um do outro.

Mais fiquei de cara com a revelação do Cláudio, devia ter sido sincero, talvez ele teria a chance, mais preferiu esconder atrás do bullying, bem feito perdeu a oportunidade. Mesmo o Bernardo tratando o Rodrigo mal no início, nas últimas semanas daquelas férias tudo deu certo no final.

Agora Cláudio vai ter que ver a felicidade, dos dois de longe, e viver bem com a esposa é filhos, agora e isso que importa pra ele.

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Valeu Paulo, obrigado pelo comentário! Abraço!

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Fantástico!!!! A revelação do Claudio foi surpreendente pra mim... não esperava mesmo mas amei... Só foi triste constatar que ele é mais um enrustido que provavelmente não é feliz, até porque o que ele sentia pelo primo não era só tesão e sim amor... porque tesão não duraria todos estes anos.... É uma pena ele não ter vivido esse sentimento... Quanto ao Rodrigo e Bernardo eles aproveitaram o antes e o depois com um amor crescente e lindo.

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EXCELENTE. CLAUDIO COM CERTEZA FOI O MAIS BABACA DE TODOS OS PRIMOS. IDIOTA. ENRUSTIDO. VIDA NOVA PARA BERNARDO E RODRIGO A PARTIR DE AGORA. FORAM PRCISOS LONGOS 15 ANOS PRA ISSO OCORRER. QUE PENA. MAS GRAÇAS QUE TUDO DEU CERTO.

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Vc consegue ser maravilhoso sempre!!! Por isso é meu autor Favorito, amo ler suas historias! continue com outras logo! de seu fã! bjs

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No penúltimo conto, escrevi que não comentaria mais contos teus. viste que não resisit? como resisitir se tocas no fundo de nossa alma gay?

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Como sempre, MARAVILHOSO. Já li "O troglodita da Universidade", mas faz muito tempo e não me recordo do enredo. Por favor, se ainda o tens, posta-o aqui novamente. Concordo com teu pensamento a respeito da selação que devemos mnater, para não cairmos no clichê de que homosexual só quer putaria. Um abraço carinhoso,

Plutão

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Em meu exagero típico: só agora o ano começou de fato. A vida, quando não é cruel o bastante, nos brinda com surpresas ótimas, não é? Quem nunca teve um amor de adolescência e sonhou em revivê-lo que atire o primeiro coração saudoso.

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Bebêzinho Sapeca, seu nick não podia ser mais adequado! Quer dizer que o primo Claudio também deveria ter comido o Rodrigo? Você não acha que o cara por ser homossexual também não deveria se resguardar para aquele que virá a ser seu grande amor? Pense um pouco, talvez seja por isso que as pessoas acham que todo bicha é também um puto, um devasso, um promíscuo. E a realidade não é bem essa. No meu modo de pensar a gente precisa se guardar para quem realmente vale a pena. Não quero dizer com isso que se deva permanecer virgem achando que vai encontrar o grande amor da vida, tipo ilusão das virgens dos anos 50, mas um pouco de seleção é muito bem-vinda. O cuidado consigo mesmo leva a procura de pessoas melhores. Abração e obrigado por seus comentários nos meus contos.

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Parabéns! mais um excelente conto. Nota 10. Muito bem escrito e linda a história .

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Li em outro site o seu conto "O Troglodita da Universidade". Posta ele aqui na Casa dos Contos também, se possível com algumas mudanças pra aguçar ainda mais a nossa imaginação.

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