O Bailarino e o Bodybuilder - C6

Um conto erótico de Aires
Categoria: Homossexual
Contém 4623 palavras
Data: 01/01/2017 23:02:50

O dia amanheceu mais triste do que ele imaginara ser. Depois da noite horrível, cheia de pesadelos que tivera, só queria recomeçar o dia bem. Dormiu, finalmente, às quatro horas da madrugada e veio acordar às oito horas da manhã naquele sábado. A sensação que a cama vazia causava não lhe era estranha. Abandono; primeiro por seus pais, parceiro, amigos... E parceiro de novo.

Ashley coçou os olhos, na tentativa de clarear a vista turva causada pelos resquícios de lágrimas da madrugada, apertou, com os dedos indicadores, as têmporas, querendo que aquela dor de cabeça passasse. Se deu conta de que estava no quarto no bailarino e as lembranças da noite vieram como um vendaval. "Casual", era a palavra que ecoava na cabeça dele. Palavra essa que lhe causava conforto há algum tempo atrás, mas o devastou quando proferidas pelo seu pequeno. Demorou para aceitar que sentia algo a mais pelo bailarino e quando finalmente notou jogou a oportunidade de fazê-lo feliz no lixo, ao menos era assim que sentia.

- Maldita Lei do Retorno! - Vociferou, caindo com a cabeça no travesseiro, que ainda trazia o cheiro do loirinho.

Os deuses só poderiam estar com muita raiva dele. As coisas não pareciam dar certo pra ele naquele momento. E onde estava Flávio afinal? Essa era a pergunta que Ashley fizera quando notou a ausência de seu parceiro na cama pelos longos minutos que se sucederam. Esse deveria ser o momento em que Flávio entra no quarto, coça os olhos, boceja e sauda o bodybuilder com um singelo "Bom dia!", gestos que, inevitavelmente, causariam sensações de vertigem ou excitação no barbudo.

Eram quase nove horas quando o rapaz decidiu sair da cama, na esperança de achar o parceiro ainda em sua casa. Talvez o rapazinho estivesse envergonhado, ou pior enojado, pelas coisas que o mais velho falou na madrugada. A suíte foi o primeiro local onde Ashley procurou por Flávio, depois o banheiro, o cômodo onde guardam alguns materiais de limpeza ou uso diário, na sala e por fim a cozinha. Sorriu, coçando a cabeça, pensando na barriga do pequeno roncando alto, como acontecia todos os dias. "Será que, antes de partir, ele conseguiu preparar algo?", pensou preocupado com o branquelinho. Não queria nem imaginar o pequeno com fome a uma hora daquela.

Tornou ao banheiro para escovar os dentes. Decidiu, por fim, procurar o pequeno e busca-lo seja lá onde ele estivesse, comeria no meio do caminho. Não queria mais passar seus dias só. Estar com Monalisa seria solitário para ele ainda assim. Pegou a carteira no criado mudo da sala, a chave de seu carro e a do apartamento. Girou a tranca da porta e deu de cara com sua amiga.

- Chegando agora da balada? - Peeguntou com estranheza, levantando uma das sobrancelhas.

- É. - Respondeu curtamente, revirando os olhos. - Caralho, eu contava contigo na volta. O que te fez voltar mais cedo? A tia Help quer falar contigo. - Atirou, sem muito se importar com os motivos que levaram o amigo a estar em casa mais cedo.

- Com a Help eu me entendo, tô indo procurar o Flavinho. - Disse, contornado a sua amiga.

- Aconteceu alguma coisa com o Eros? - Interpelou preocupada, aliás gostava do pequeno por n motivos.

- Longa história.

O elevador se abriu, então o bodybuilder entrou, sem sequer olhar pra trás, deixando uma Monalisa confusa e com fome no apartamento.

***

A chave foi girada, dando vida ao motor do carro. Rapidamente saiu da garagem, sem sequer saudar ao porteiro daquele turno, em disparada a qualquer lugar em que pudesse encontrar Flávio. Discou o número do rapazinho três vezes e em nenhuma das vezes ele fora atendido. Sabia que estava exagerando, mas entrara em desespero somente de imaginar que seu pequeno pudesse ter ido embora. Pensou em ir na casa de Raul, primo do loirinho, mas provavelmente aquele seria o último lugar para onde Flávio iria.

Rodou por algumas praças, parques, praias... Passou por todos os lugares cujo o branquelinho disse que adoraria passear. Mas não teve retorno em suas buscas. As 11 horas da manhã, recebeu uma ligação no celular. Olhou o visor e sorriu ao ver o nome de seu parceiro.

- Ash? - Uma voz preocupada falou ao perceber o início da chamada.

- Lindo! - Exclamou, estacionando o carro. - Lindo, como é bom ouvir tua voz. - Tentou conter uma lágrima, que alegremente dançou em seu rosto. - Onde você tá? Posso ir te ver? - Ash interpelou sem conseguir esconder a excitação em sua voz.

- Paixão, tá tudo bem? - Nem lembrou-se de responder a pergunta do rapaz, Flávio estava preocupado com Ashley, e ficou ainda mais depois do grandão ter ficado em silêncio. - Acabei de sair da casa de um cliente meu. Vem me buscar pra gente almoçar! Vou te mandar o endereço por mensagem.

Flávio rapidamente desligou o celular e enviou a mensagem, com sua localização, para o bodybuilder. Notou um tom diferente na voz do rapaz, mas não queria preocupar-se com essas coisas. Enquanto esperava pelo moço, tirou o jornal do dia em um dos bolsos de sua mochila de carrinho e iniciou a praticar alguns passatempo como caça-palavras, jogo dos 7 erros e sudoku. Nem viu o tempo passar, nem o carro prata enconstando ao seu lado. Ashley saiu do carro e ficou parado, ao lado da porta do passageiro, observando seu pequeno entertido com aquele pedaço de papel.

- Não vai mesmo falar com o pai? - Perguntou, abrindo um sorriso e sendo fitado pelos olhos cor de mel de Flavinho, que rapidamente largou o jornal e jogou-se nos braços do rapaz.

- Tá tudo certo contigo? - Interrogou enquanto observava os olhos esmeraldas e depois depositando um beijo na bochecha do rapaz.

- Depois dessa, eu tô até melhorando. - Sorriu, tocando com seus lábios a boca de Flávio, não se importava de fazer isso no meio da rua. Sentiu a barriga do menino roncar. - Mas não perde essa mania de tá sempre com fome, né? - Interpelou, retoricamente, fazendo graça ao ponto dos dois caírem na risada.

Logo entraram no carro e foram o caminho inteiro, até o shopping da cidade, conversando sobre o dia de Flávio. O pequeno ainda explicou ao mais velho que se ele estivesse observado cautelosamente, encontraria um bilhete, grudado com imã, na geladeira explicando que o loirinho iria atender alguns clientes naquele dia e no mesmo bilhete havia a região onde o rapazinho estaria atendendo a essas pessoas.

Os dois foram a um restaurante, onde havia uma churrascaria dentro, para almoçarem uma refeição bem reforçada, aliás Ashley não havia comido nada naquela manhã, a insegurança fizera com que seu estômago não aceitasse nem que ele pensasse em comer o dia inteiro. Novamente o moreno estava feliz pela presença de seu pequeno. O almoço fora feito, em sua maioria, no silêncio, com algumas trocas de olhares e alguns comentários de qualquer teor. A verdade é que o bodybuilder não sabia como iniciar aquela conversa e não queria estragar seu dia ao lado de Flávio.

Após o almoço, o mais velho encarregou-se de levar o bailarino ao próximo cliente do dia e tornou a sua casa para organizar as coisas. Estava completamente decidido: a conversa que precisava ter com Flávio não passaria da noite. Precisava externar tudo o que estava sentindo dentro de si.

Chegando no apartamento, encontrou Monalisa ainda dormindo, provavelmente nem tinha se alimentado, pois a casa estava do modo que ele havia deixado desde o início do dia. Preparou um almoço rápido, com massa de macarrão e carne cozida, uma salada e o lanche de mais tarde. O encontro com Flávio devolveu a ele seu apetite.

Monalisa foi despertada pelo cheiro da comida e, com cara de sono, alguns resquícios de maquiagem, entrou na sala, dirigindo-se ao bebedouro, afim de retirar o gosto amargo de algumas bebidas que havia consumido na noite passada. Ouviu Ashley sorrir atrás de si e rapidamente virou-se para o rapaz indo em seu encontro para abraça-lo.

- A tia Soco... Digo, a tia Help quer falar mesmo com você. Pintou uma oportunidade de emprego pra ti. - Disparou, tomando um prato em suas mãos e abrindo as panelas para colocar a sua comida.

- Vou já ligar pra ela. - Disse, retirando-se daquele cômodo.

Tirou o celular do bolso e rapidamente discou o número de Maria do Socorro, proprietária da SoulCity, boate na qual Ashley trabalhava com promoção de eventos. Help rapidamente o atendeu, já explicando o motivo da conversa: Um amigo seu precisava de um modelo, bodybuilder, para o lançamento de sua nova linha de roupas de academia. Explicou ao rapaz que o dono da empresa o pagaria bem e que ela confiava no trabalho de Ashley, por isso o indicou.

Prontamente o bodybuilder aceitou aquela oportinidade. Precisava de dinheiro para montar sua academia, obviamente aceitaria aquele tipo de emprego, afinal, além de ganhar dinheiro, seria conhecido e teria um nome vinculado a uma grande marca no mercado.

Recebeu o endereço do estúdio onde as fotos seriam tiradas, tomou um banho caprichado, arrumou-se rápido, despediu-se da amiga que havia começado a varrer a casa e rumou para o local indicado por sua tia Help.

O local era grande, a fachada parecia um garagem, mas ao adentrar ali, percebia-se que tratava-se de um grande salão, um espaço que podia ser aproveitado para eventos variados, desde a festa de primeiro ano de vida até um grande casamento. Mais a dentro, haviam algumas grandes salas, cozinha, banheiros... Vários cômodos que existem numa casa comum.

Ashley tocou o interfone do local e uma voz grave, polida, feminina o atendeu gentilmente. O portão fora aberto para a entrada do rapaz e ele dirigiu-se a sala que o indicaram. Empurrou a porta com que havia o número 303 e adentrou a um pequeno salão de parede branca, com algumas malhas douradas e amarelas, provavelmente seriam restos de algum evento que ocorreu ali, ou até mesmo um sessão de fotos.

- Então você é o modelo que a Help nos indicou? - Um homem barrigudo e com bigode, trajando roupas bonitas, um relógio dourado, e anéis por quase todos os dedos o observou. - Você é perfeito pra nossa campanha, como a Help disse. Quer alguma coisa? - Perguntou, fitando o rapaz.

- Um copo de água, por favor! O senhor tem algo a estabelecer? - O barbudo levantou a sobrancelha direita ao direcionar sua pergunta ao velhote.

- O preço de seu trabalho, não se importe com isso, pagaremos bem. Todas as roupas que você usar nesse ensaio, serão dadas a você, precisamos que faça a propaganda dela em suas redes sociais, precisamos que sua imagem venda nossas peças de roupa. Caso sejam vendidas muitas roupas, entraremos em contato contigo para que você se torne modelo exclusivo de nossa marca. É uma oportunidade de ouro, você não acha? - Interpelou, sorrindo com os lábios.

- A proposta é tentadora. Não tem como recusar. Quando começamos? - Perguntou recebendo o copo de água das mãos do barrigudo e tomando um gole.

- Hoje mesmo. Ali no fundo da sala - Disse apontando para uma parede onde havia uma cortina verde. - tem um provador para nossos modelos as peças que você irá usar para o ensaio estão enumeradas. Tudo separada já. Agora o trabalho é com você. Vou chamar a fotógrafa, o iluminador e os responsáveis pela maquiagem. Boa sorte! - Respondeu, saindo da sala.

O bodybuilder então dirigiu-se a pequena sala, que havia sido projetada para ser um banheiro, e observou as roupas que iria vestir. Haviam algumas calças de moleton, bermudas, camisas regatas, shorts e até mesmo calçados. Tinha tudo para ser um grande projeto.

Vestiu a primeira peça, composta por uma camiseta preta, com a marca da camisa, emborrachada, em branco, uma bermuda, com a pequena logo da empresa e um sapato, em formato de basqueteira, branco com cadarços pretos. Voltou para a sala onde encontrou o velhinho barrigudo e deu de cara com os outros funcionários, que logo trocaram algumas palavras e foram fazer o ensaio fotográfico.

A iluminação foi ajeitada, a maquiagem fora feita de modo simples, apenas com uma base para corrigir alguns traços e destacar os olhos esmeraldas do modelo e logo a fotógrafa estava tirando fotos do bodybuilder. Inicialmente foram fotos somente com ele fazendo algumas poses, logo depois incrementaram-se alguns halteres, barras e anilhas. Foram então tiradas fotos como se ele estivesse treinando na academia. O modo como Ashley interagia com a câmera encantava a todos, parecia realmente se tratar de um modelo profissional, e o sorriso do rapaz já havia ganho o coração de alguns daquela sala. Fora feita a segunda troca de roupa, com design inspirado nas cores da malha do exército brasileiro, porém mesmo modelo da primeira roupa, e então todas aquelas poses que se repitiram na terceira, quarta e quinta troca de roupa.

Ashley voltou ao vestiário, totalmente empolgado com seu novo emprego, para realizar a sexta troca de roupa daquele dia. Pôs as meias, a calça cinza, o sapato e ao abrir a camiseta para vestir-se completamente se deparou com a seguintr frase estampada: Se fosse fácil, seria chamado de ballet. Ao ler aquilo, lembrou-se da aula que Flavinho fizera e ele havia presenciado. Lições difíceis, que provavelmente nenhum bodybuilder conseguiria fazer. Tinha paixão por suas profissões, mas não desmerecia a de outras pessoas.

Prontamente ele tirou as peças que havia colocado em seu corpo e vestiu a roupa com a qual havia ido naquele local. Voltou para o estúdio, deixando a todos impressionados por não estar trajando a peça de número seis.

- O que tá havendo? - O velhote perguntou incrédulo.

- Tô fora! - Sentenciou Ashley.

- Como disse? - Retrucou o barrigudo, já com raiva da conduta do rapaz.

- Eu não gaguejei. Tô fora. Sua marca é ridícula, fico imaginando seus tipos de clientes. - Falou firmemente, mas arrancando uma risada sarcástica do dono da marca.

- Os meus clientes são pessoas como você, mas, pelo visto, mais inteligentes. Tá jogando uma grande oportunidade no lixo.

- Isso não importa. Não quero minha imagem vinculada a sua marca. Você desmerece a outros esportes para vender. Eu sou de educação física e não vou permitir que você faça isso. O agravante maior é perceber que você está desmerecendo o esforço de várias pessoas, inclisuve a de meu namorado. Nenhuma proposta sua me faria voltar atrás. - Concluiu, Ashley, convicto.

- Bem... Tudo bem. Ao menos leve as roupas que você usou. Não precisaremos...

- Não! - Exclamou exasperado - Não quero nada que venha de vocês. Não quero que minha imagem tenha a cara dessa empresa ou vice-versa. Chega! - Gritou, pondo um ponto final naquela história.

Saiu atordoado do estúdio e dirigiu-se para seu apartamento. Ainda estava perplexo com o ocorrido. Nunca em sua vida imaginou passar por aquilo. Sequer deu-se conta que chamou Flávio de namorado, mas era assim que seu subconsciente o reconhecia.

- Graças a Deus que chegou. Tô morrendo de fome. - Exclamou Monalisa, ao ver o grandão entrando pela porta.

- Boa tarde também, Monalisa. Se arruma que mais tarde a gente vai pra algum restaurante. Tô afim de arrumar comida hoje não.

- Demorou, mamute! - Sorriu para o amigo e dirigiu-se ao banheiro.

Ashley seguiu para seu quarto, mais precisamente para o banheiro, onde tirou toda a sua roupa e ligou o chuveiro, deixando a água gelada cair por todo o seu corpo, aquela escultura negra cheia de músculos bem definidos. O rapaz estava tão furioso que a única coisa que conseguiu fazer fora fechar os olhos e contar até 100, de modo lento, tentando aliviar o pesar daquele dia. Havia perdido uma oportunidade e tanto, mas em momento algum faria algo que fosse contra a sua formação acadêmica ou contra aos gostos de seu pequeno.

Após esfriar-se, enrolou-se na toalha, passou desodorante e foi para sala, onde havia deixado o celular, para saber notícias do bailarino. Ao abrir a porta da suíte, deu de cara com o mais novo abrindo a porta da sala. Os olhos dos dois se fitaram e eles sorriram. Ashley cruzou os braços sobre o peito, inflando-os ainda mais e Flavinho correu ao seu encontro para abraça-lo. Os braços dos dois envolveram um ao outro, em um abraço. O grandão desceu sua cabeça para beijar a testa do mais novo e Flávio aproveitou para ficar roçando seu nariz na barba do moreno, causando um certo arrepio em seu corpo. Eles permaneceram agarrados, com o mesmo carinho, durante alguns minutos, não se importavam com nada, somente com o aconchego que o toque de pele de ambos proporcionava. O pequeno dirigiu seus lábios para o de Ashley e rapidamente seu parceiro o correspondeu, enfiando a língua pela boca do mais novo, onde ambos tentavam conter seus gemidos. O pau já babado e pulsante do mais velho dançava sobre a barriga de Flávio, a medida em que a pelve do grandão se mexia. Mais uma vez os olhos se fitaram e fora impossível Flávio conter um sorriso safado.

As mãos do pequeno foram até a borda da toalha e a tentaram arrancar, movimento impedido pelas mãos de Ashley, que voltou a beijar a boca de seu parceiro.

- A Monalisa tá aqui... - Tentou alarmar o pequeno.

- Olha, faz tempo que eu tô vendo a cena, mas eu não me importo mesmo, tô até excitada. - Falou a garota, assustando aos rapazes que estavam se beijando na sala. - Que é isso, gente? Podem voltar ao que estavam fazendo, meu apetite agora é outro. - Sorriu maliciosamente ao proferir aquelas palavras, deixando Flávio perplexo.

- Monalisa, dá um tempinho pra gente? Daqui a pouco... - Tentou falar Ashley, mas fora interrompido novamente.

- Ah, não gente! Tô varada de fome e vocês ainda querem se pegar no quarto? Eu vou empatar foda sim. - Reclamou, jogando seus longos cabelos para trás.

Os rapazes sorriram, Flávio soltou-se de seu parceiro, saudou a garota a sua frente e fora ao banheiro social tomar banho, afinal, iria sair naquela noite, como fora percebido por ele.

Flávio pôs uma roupa simples e assustou-se quando viu seu parceiro todo produzido na sala.

- Pra onde iremos, afinal? - Perguntou sorrindo, encantado com o charme do grandão.

- Pra onde o bebê quer ir? - Retrucou, deixando Flávio sem graça.

- Temum podrão na avenida...

- Não! Não! Não! - Monalisa exclamou levantando-se do sofá. - Dois machos ricos comendo num podrão? Sacanagem com a Mona. A gente não ia num restaurante, Ash? - Interpelou olhando para o mais velho, que apenas sorriu do posicionamento da amiga.

- Eu vou pra onde meu bê quiser. E se ele quer comer num podrão, a gente vai pro podrão - Respondeu fitando Flávio que sorriu e correu para dar-lhe um beijo na bochecha.

- Vai ser legal, mulher! O cachorro quente de lá é maravilhoso. A barraquinha é bem limpa, sempre comi lá. E tem sanduíche natural, se você quiser. - O rapazinho falou para Monalisa, que rendeu-se ainda inconformada.

***

Os três foram para o Podrão do Moisés, que ficava situado próximo a um parque / praça de eventos localizado na beira da praia do antigo bairro onde o bailarino morava. O rapaz contava com apenas uma barraca de cachorro quente, e a geladeira que fora cedida por Flávio para que o vendedor pudesse iniciar seu negócio com sanduíches naturais. Haviam alguns bancos espalhados pela praça e outros na beira da praia, caso o cliente pedisse. Os meninos pediram o famoso "cachorro quente do zés" e Monalisa, hesitante, pediu apenas um suco de laranja.

- Para de ser fresca, Mona! - Flávio exclamou exasperado. - Lembra que, acima de tudo, tu é pobre, não pode tá se dando ao luxo de esperar que eu e o paixão só façamos refeições caras. Eu sou do povão e gosto disso aqui. Se acostuma logo ou vai sempre passar fome quando sair conosco. - Disparou, jogando todas aquelas palavras em cima da menina.

- Nossa! - A garota estava perplexa com as palavras do bailarino.

- Liiiiiiiindo... - Ashley tentou repreender.

- Nem vem, Ash! - Flávio o parou antes de iniciar a explicação. - Você mora de favor conosco. Nós estamos te apoiando e sustentando você. Você não deveria estar esperando sempre algo do bom e do melhor. Você não tem formação para isso. E precisa se acostumar ao seu padrão de vida. Seja humilde ao menos uma vez na vida! - A todo momento ele olhava para Monalisa, que não baixava a guarda para as palavras do mais novo.

- Monalisa? - Um rapaz alto, negro, de corpo proporcional a sua altura, parecendo um modelo, perguntou incrédulo. - Você num podrão.

- Carlos? - As pupilas da menina estavam evidentemente mais dilatadas. - Que surpresa! - Exclamou levantando-se para abraçar o rapaz.

- Eu não sabia que você curtia lugares assim. Sempre te achei muito bossal. É bom conhecer esse teu lado. - Falou, deixando Monalisa surpresa.

- Tem muita coisa que você não sabe sobre mim. - Fingiu, sorrindo, procurando apoio dos meninos, que apenas balançaram a cabeça para cima e para baixo. - Quer se juntar a nós? Vai pedir o que? - Convidou o rapaz a sentar-se próximo a eles, tentando mostrar um lado que ainda não existia nela: o de alguém humilde.

- Eu vou comer um x-bacon mesmo. - Disse Carlos sentando-se a mesa. - Prazer em te conhecer... melhor. - O rapaz realmente parecia emcantado por aquela menina.

- Seu zé! Desce dois x bacon - Gritou e recebeu um sorriso de Moisés. Todos se impressionaram com a postura da menina a mesa. Era uma outra pessoa.

Os pedidos chegaram e enquanto eles degustavam da comida, que estava bastante gostosa, acabaram por se conhecer. Todos na mesa sorriam e contavam sobre algo da sua vida. Flávio e Ashley acabaram por descobrir que Carlos e Monalisa já se conheciam há bastante tempo, mas que ela não fazia o tipo do rapaz por ser muito nariz em pé. O rapaz até teve um certo interesse na menina, mas tudo foi ao chão quando a viu pedindo as coisas mais caras numa das festas. Até falou que achou interessante a moça estar ali e a chama do interesse pelo novo o acendeu novamente. Monalisa parecia super feliz na presença do rapaz. Os meninos perceberam que havia muita coisa para os dois desconhecidos conversarem. Os rapazes aproveitaram para fazer um passeio pela praia. Sentaram-se nos banquinhos improvisados da orla, após andarem mais de um quilômetro conversando, e ficaram observando o mar tocando a terra.

- É lindo, não é? - Flávio perguntava olhando a água indo e voltando.

- Com certeza. O mar é realmente lindo. - Sorriu Ashley ao lembrar-se de seu primeiro banho de praia com a família.

- Não. - O bailarino soltou, enquanto virava-se para o bodybuilder. - Você. Você é lindo. - Falou, fazendo com que Ashley voltasse sua atenção para ele. - Tudo em você é lindo. Seu corpo, seu rosto, seus olhos... - Fez-se uma pequena pausa para suspirar. - e não podemos esquecer de seu sorriso. - Disse, deixando o moreno corado.

- Você não tá chateado comigo? - Interpelou, ainda sem graça pelos elogios que recebera.

- Pelas coisas que me falou na madrugada? Eu estava. Mas não temos nada para...

- Para! - Exclamou, tocando as mãos do pequeno. - Para de dizer que é casual! - Ashley o repreendeu, suspirando fundo. - Eu demorei pra aceitar e perceber que o que a gente tá tendo é mais do que um lance casual. Será que você não percebeu também? - Interrogou, fitando o mais novo.

- Mas nada foi dito ou combinado...

- Porra! Não precisa ninguém dizer nada pra perceber que eu tô apaixonado por você, Flávio. - Aumentou seu tom de voz, chamando a atenção de algumas pessoas que passeavam pela orla da praia.

O pequeno sorriu para a declaração do mais velho e beijou as mãos do rapaz, depois fitou os olhos cor de esmeralda e abriu um grande sorriso, mostrando os lindos dentes que possuia.

- É desse sorriso que eu gosto. Quando você rir com os lábios me mata. Conheço seus sorrisos e eu espero ser a causa de mais risadas assim. Bora pra casa?

O pequeno apenas concordou com a cabeça e os dois voltaram para a barraca de Moisés, onde avistaram Monalisa comendo um dos sanduíches do local e sorrindo com algo que Carlos falava. Despediram-se dos dois, deixando a chave reserva do apartamento com a moça e foram para a casa.

A todo o momento da viagem os dois fitavam-se e sorriam um para o outro. Coisa que foi repetida no elevador do prédio e quando entraram em casa. Os dois se direcionaram para a suíte, o bailarino indo na frente de Ashley, que a cada passo parecia se apaixonar mais. Flávio olhou para trás e começou a tirar a roupa.

- Não. - O barbudo o interrompeu, fechando os olhos e sorrindo. - Eu nem acredito que tô dizendo isso, mas a única coisa que quero fazer é me deitar e ficar agarrado contigo a noite inteira. - Disse, fazendo Flávio sorrir e dar um pequeno beijo nos lábios do grandão que deitou-se e puxou o mais novo para si. - Não precisa terminar em sexo sempre.

- Então parou de ser casual? - Interpelou, já sentindo o peso do maior em suas costas.

- Eu acho que nunca foi casual. - Disse beijando o ombro direito de Flávio e aninhando seu corpo ao dele.

***

Resposta aos comentários do conto anterior:

fefehh: Obrigado! Espero que goste desse também. ;)

gabriel.floripa: Primeiramente, obrigado pelo seu comentário. Eu amei os elogios. A situação de Flávio se chatear com o Raul fora esclarecida no segundo capítulo da série. Mas quanto a conduta do Raul... Bem, nós teremos de cavar mais a fundo nos próximos episódios. Prepara um balde ou sacolinha de vômito, porque vai ser nojento.

Atheno: Bancou... E vai bancar ainda mais.

Ruth M.: Primeiramente bem-vinda, querida! E muito obrigado pelo seu comentário e nota aqui.

Ivyy Bernardo: Seja bem-vinda, você também. Fiquei surpreso com teu comentário, pois me lembrou alguém muito especial. Mas acredito que ela comentaria com o nick de autora que tem aqui mesmo. Enfim... Também estava cansado desse fogo no rabo deles dois. Aff! Se prepara porque vai ter mais... Amor. Fogo no rabo não mais.

Martines: Estou tão feliz por você estar gostando do conto. Acredite, o passado é sufocante para os dois, mas vai ser um alívio quando vier a tona. Espero que tenha gostado desse episódio. Até o próximo, querido.

MF^^: Alguém já se declarou. Falta o outro agora. Será que vai demorar? Eu espero que não. Tá na hora deles se entregarem ao amor já.

Paulo borges: Eu queria ter essa coragem de sexo casual, mas sou de libra, neam? Então sou um eterno apaixonado. Não dá.

ze carlos: Primeiramente bem-vindo. Obrigado, querido, elas felicitações. Feliz ano novo pra ti.

cellinho: Obrigado pelo comentário. Gostou do de hoje?

Monster: Vamos dar um crédito pro meu preferido? Ele estava apaixonado e não queria sentir isso. Uma carga muito negativa do passado o estava impedindo de tentar de novo. Espero que o Ash esteja perdoado. O Flavinho vai tá num fogo já já. Praticamente ele é quem vai ser o pulso firme dessa relação. Amo!

Dyfernandes: O Ash já assumiu estar apaixonado... Será que eles vão dizer que se amam rapidamente? E quem vai dizer primeiro? Dúvida cruel. Espero que goste desse episódio.

Marcos Costa: "Demorou", mas ele percebeu estar apaixonado. Eu totalmente concordo contigo, o contraste desse casal me faz ter borboletas no estômago. Shippo muito.

Plutão: Seja bem-vindo, querido! Fico tão realizado com comentários assim como o seu. Espero não te decepcionar com esse episódio. No mais, até a próxima.

***

Pessoal, desculpem a demora para postar. Internet de interior não é das melhores e nunca mais entro no site usando o 3G *nem aconselho que façam*. Hoje não teve sexo, mas eu garanto que teremos nos próximos, para compensar a falta de sexo, o capítulo de hoje foi maior e focado no sentimento do meu grandão que tanto amo. Quero logo escrever um que aborde os sentimentos do bailarino... Vamos deixar eles revelarem seus segredos para que eu possa fazer isso, hm?! O feedback de vocês está sendo tudo pra mim. Espero ter agradado a vocês.

Obs.: escrevi no celular, achando algum erro ou furo na história, eu edito o conto depois. Beijos! :*

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Comentários

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O conto retornará em breve. Desde já, peço desculpas pelo sumiço.

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Gosto muito do conto é bem romântico mais e a continuação??? quero ver como acaba este conto!!

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DEMOROU DEMAIS PRA DEIXAR DE SER CASUAL. MAS ACHO QUE VAI VALER A PENA. CONTINUE LOGO.

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Esse conto é um dos melhores da casa e sua escrita é encantadora, continue....

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Maravilhoso como semprsempre né kkkk

Gostei da postura do Flávio em todo o capítulo e cada vez estou mais apaixonado pelos personagens 😍

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Raul vai armar pro Flávio pegar ele com mamute .

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O Ash é um fofo , quero que o Flavio se declare logo pro Ash ... bjs continuaaaaaa amo seu contoo

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Que perfeito, melhor casal!💙

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Eu que tenho que agradecer, com 3g, ou com 4g, manda mais sempre

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Eu estava super ansiosa ne, não largo mas essa historia. E finalmente a putaria de casual acabou ne. Cara esse negocio de casual e foda por que um sempre acaba se apaixonando,o bom que foi os dois ne. Me senti honrada em comenta rs tu escreve mto bem, agora ver se não demora mtoo sou mto ansiosa rs bjao lindo

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