Não Era Só Uma Noite. #7

Um conto erótico de Caio Alvarez
Categoria: Homossexual
Contém 5422 palavras
Data: 12/11/2016 15:46:14
Última revisão: 12/11/2016 15:48:26
Assuntos: Gay, Homossexual, mar., veleiro

Não mais que duas semanas tinham passado e ainda parecíamos estar em um processo de aniquilação da saudade que sentíamos um do outro. Nossos encontros quase sempre eram explosivos e depois de liberada a euforia do momento, reinava a calmaria que tanto me agradava. Mas como dois homens maduros e seguros, o sexo nem sempre era o maestro da noite. Por vezes apenas trocávamos olhares sem nenhuma palavra ser dita ou então adotávamos personagens juvenis e implicávamos um com o outro até que não aguentássemos a distância criada entre nossos lábios. Por ter meu próprio apartamento, nem sempre eu terminava a noite nos braços de Vincenzo e até preferia assim, pois o encontro seguinte sempre era carregado de alguns elementos adicionais. Um pouco mais de saudade era o principal deles. No meio das muitas conversas, decidimos que a melhor forma era tratar tudo com muita leveza. “Se quer ficar, fique. Se não quiser, vá. O amanhã é nosso” ele disse certa vez entre um beijo e outro enquanto rolávamos nos lençóis que tinham o nosso cheiro. Era impossível não gostar dos detalhes que compunham nossa relação.

Num dia preguiçoso decidimos que resolveríamos tudo sobre nosso trabalho remotamente. Minha posição de redator da revista e a posição dele de dono do hotel permitiam isso. Privilégios da vida. Nessa manhã ele acordou em meus braços de forma atípica, já que eu sempre fazia questão de me aninhar nele da forma mais confortável possível. Seu rosto grande de linhas firmes e o queixo marcado que tanto gosto de exaltar estava colado exatamente no meio do meu peitoral, os braços longos demais davam a volta em minha cintura e as mãos grandes coladas em minhas costas apertavam meu corpo ainda mole de sono. Eu louvava todos os deuses pelas manhãs frias. Seria um problema manter um nó tão bem dado assim num desses dias que já amanhecem escaldantes.

- Mas nossa decisão está baseada em quê? Eu bem sei que nós não vamos conseguir trabalhar em casa.

Cada vez que ele falava, seu hálito úmido penetrava em minha pele e arrepios brincavam por todo meu corpo. Vincenzo era uma festa aos sentidos.

- Acho ótimo que você adiante isso, pois assim não levarei a culpa quando você estiver entre minhas pernas e todos os afazeres sobre suas costas. A parte boa? Você vai pesar sobre mim – eu terminei em um sussurro e logo emendei em uma risada rouca.

- Que inconsequente. Dois marmanjos evitando o trabalho para...

- Consumar atos carnais – completei por ele em tom de brincadeira.

Em outra gargalhada gostosa e cheia de animação, ele moveu seu corpo muito rápido para uma manhã sonolenta e soltou alguns gemidos provenientes do esforço que fazia para deixar seu corpo sobre o meu. Eu emoldurei sua cintura grosseira com minhas coxas e ele fazia questão de continuar com seu rosto em meu peitoral que cheirava ao nosso sono. O lençol que antes cobria a parte inferior do meu corpo ainda estava ali. Eu o puxei e cobri nossos corpos com o tecido alvo e fininho. A luz que atravessava as janelas iluminava nosso pequeno esconderijo de forma quase sacra e ali embaixo a luz transpassando os fios de algodão tingia nossa pele de dourado.

- Pronto, nenhum deus precisará cobrir os olhos – eu brinquei.

- Totalmente o contrário disso – ele sussurrou fazendo-me sentir a dureza dos seus lábios em meus mamilos. – Eles adoram cada pedacinho do seu corpo e a forma como você se move quando eu cubro seu corpo com o meu. Aliás, eu também adoro isso.

- Você é suspeito, não vale.

- Sou obrigado a discordar – ele disse descendo seus lábios para logo pará-los na altura do meu umbigo.

– Só eu posso falar disso.

- Nisso estamos de acordo – decretei por fim.

Eu não poderia evitar que naturalmente minhas mãos fossem parar nos cabelos dele. Penetrei cada um dos meus dedos nos fios grossos e massageei o couro cabeludo enquanto eu sentia ele depositar beijos preguiçosos mas mornos sobre os pouquíssimos cabelos que antecipavam a região coberta pela minha cueca. Eu invocava forças para continuar me controlando, mas com os beijos ele despertava sensações que eu meu corpo adorava e expressava isso com arrepios e músculos rígidos. Se ele descesse seu rosto até minha cueca, possivelmente seria a primeira vez que faria isso, mas o vi desviar da região e colar seus lábios na parte mais interna e delicada da minha coxa esquerda. Sua barba pinicava em minha pele e isso me faria rir se eu não estivesse sentindo um tesão absurdo. Vincenzo chupava e beijava aqueles centímetros que o separavam da minha virilha com tanto gosto que eu poderia jurar que ele queria avançar alguns sinais e realizar os desejos que eu mantinha naquele momento. Eu tremi quando o vi sair da minha coxa e olhar sem desvios para o silhueta do meu membro exageradamente dura. Ele deixou um beijo ali e subiu seu corpo pelo meu com um riso safado e sonoro demais. Sua cintura voltou para minhas coxas e eu o segurei com elas, mantendo ele colado em mim como eu tanto gostava. Sem surpresa, o membro dele também estava tão duro quanto o meu e na mesma altura eles se abraçavam implorando que nós os libertássemos da prisão que significava os tecidos.

- Na verdade nós temos planos sim.

- Achou algumas idéias ali embaixo foi?

Ele riu e me deu um beijo curto que eu não esperava. Quando não estava completamente deitado sobre mim, ele elevava um pouco o corpo ao apoiar os braços no colchão.

- Ali embaixo é gostoso – ele ainda me dava seu sorriso safado – mas eu já vinha pensando em algo. É mais como uma substituição de lembranças.

- Do que você está falando?

- Eu arruinei o seu passeio naquele dia em Paraty. Nada mais justo do que adicionar uma boa lembrança no lugar daquela que foi horrorosa.

- Vincenzo... – eu sussurrei alisando a lateral do rosto dele. Eu não cansava de senti-lo. – Você sabe que eu não ligo para isso, aliás, ainda bem que você “arruinou” aquela tarde. Sabe lá o que aquele homem pretendia fazer.

- Não tente me fazer pensar o contrário, eu preciso substituir essa lembrança ruim.

- Você é tão atencioso – eu novamente sussurrei antes de pedir um beijo.

- Você é tão gostoso – ele riu antes de dar o beijo que eu pedia.

.

A marina mais importante da cidade era inconfundível. Em seu formato único que se assemelhava a um caracol, guardava um largo cais principal e vários pequenos píeres que se estendiam da estrutura de madeira e auxiliavam no estacionamento das embarcações. Naquele dia o local estava repleto de barcos de todas as classes e tamanhos, mas por se tratar de um dia da semana, poucas pessoas poderiam ser vistas passeando por ali. Não passava das dez da manhã e o sol começava a mostrar que pegaria pesado. Vincenzo sabia exatamente para onde ir por isso caminhava devagar com segurança e precisão enquanto segurava minha mão de forma não muito natural. Vez ou outra no meio da minha conversa curiosa sobre os barcos, ele olhava nossos dedos entrelaçados e sorria quase corado.

- Acho que eu nunca fiz isso – tomou coragem e confessou baixinho.

- Você nunca andou de barco?

- É claro que já. Estou falando de andar segurando a mão de outro homem.

Eu sorri e apertei nossos dedos ainda mais carinhosamente enquanto roçava meu dedão na pele macia que muito combinava com a minha.

- Medo? Insegurança? Nunca achou quem merecesse ser visto com você? Estou começando a me sentir demais.

Em um riso ele me puxou para junto de si e fez seu braço, exatamente o da mão que segurava a minha, cair sobre meu ombro. Primeiro ele tocou minha orelha e depois a deixou sobre meu peito.

- Só tive um único relacionamento com outro homem. Eu pouco passava dos vinte e tantos e ele já tinha atropelado os 40. Era um investidor amigo do meu pai. Os outros contatos que tive foram apenas com garoto de programas, como já disse. E quanto a você, pode se sentir. Se tem uma coisa que eu quero que o mundo veja, é que você é meu. Inteiramente meu!

Aquela era uma posse que eu incentivava. O seu aperto me fazia sorrir confortavelmente. Fazia calor, mas estar embaixo dos braços dele era mudar por completo o ambiente ao redor, dessa forma, somente ali fazia a temperatura perfeita para um abraço afetuoso.

- Vocês...

- Claro que sim – ele respondeu mesmo com minha hesitação em terminar a pergunta. – O velho adorava saber que estava sendo saboreado por um novinho fogoso.

Ele riu com sua própria resposta e parou, fazendo meu corpo ir para a frente dele. Imediatamente as mãos dele estavam em minha cintura e nosso corpo coladinho.

- Então é por isso que hoje você gosta de garotos mais novos – eu fingi pensar alto demais.

- Está me chamando de velho?

- Aham.

Eu respondi aos risos e isso entregava minha brincadeira, a incredulidade saiu do rosto dele e sorrindo nos beijamos ali entre os muitos barcos balançando suavemente presos aos píeres e a brisa suave que acariciava minha nuca. Sua mão curiosa já estava desbravando o interior da minha camiseta, exatamente no final da minha coluna. É claro que nos veriam ali. “E viva o amor” ouvi uma voz muito grossa carregada de um leve sotaque italiano bradar praticamente nas minhas costas. Vincenzo parou o beijo subitamente e eu não entendi o sorriso que ele esboçava ao olhar sobre meus ombros na direção da voz.

- Filippo! – Ele comemorou.

- Seu danado – respondeu o homem com a mesma animação.

Ele me virou e educadamente me puxou na direção de uma das embarcações estacionadas. Um homem de idade indecifrável nos sorria com as mãos apoiadas na cintura grosseira. Ele vestia apenas um short verde desbotado e um chapéu vermelho. Toda sua pele carregava manchinhas escuras de quem atravessava alguns estágios na vida e não se cuidava como deveria. Mesmo consideravelmente distante dele, eu já conseguia ver a parte alta de suas bochechas tão queimadas e descascando quanto seu ombro. Isso denunciava que sua vida acontecia ali na água salgada sob o incansável sol. Ele tirou o chapéu e se moveu rapidamente para a lateral do elegante veleiro. Num segundo estava ao nosso lado, ou melhor dizendo, nos braços de Vincenzo. O abraço era apertado e demorado, mas inacreditavelmente amigável.

- Achei que tivesse esquecido o caminho até aqui, seu infeliz – reclamou o homem após se livrar do abraço de Vince.

- Eu nunca vou saber que desculpa usar para as minhas demoras. Mas eu estive fora, você sabe.

- É por isso que eu prefiro a sinceridade.

- Trago lembranças da minha mãe. Ela sente saudade dos dias no seu brinquedinho.

- Ah, sua mãe... – Ele virou-se para mim enquanto falava com o mesmo sorriso amigável. – A mulher mais adorável do mundo inteiro. Melhor, de todos os mundos. – Ele terminou em um riso simpático demais.

- Exagero dele – esclareceu Vincenzo.

-E desculpe minha falta de educação – disse o homem enquanto me estendia sua mão grossa e calejada repetindo o nome que eu tinha escutado Vincenzo falar.

Por pouco ele não esperou que eu dissesse meu nome e logo me puxou para um abraço quase mais apertado que aquele que deu em Vincenzo. Sua mão, como a de um pai, envolveu toda minha nuca e o carinho deixado ali era certeiro. O corpo dele, além de água salgada, cheirava a experiência. Eu sorri feliz.

- Vincezo me disse que vocês iriam passear hoje.

- É, ele me pegou de surpresa – eu confirmei acanhado entre os dois homens imponentes.

- Vai ser divertido.

- Juro que já estou gostando – eu disse me referindo ao veleiro estacionado.

- Ah sim, o Trópico. Você vai adorá-lo – Filipo completou, orgulhoso.

- Um belíssimo Jeanneau de 57 pés importado da França – completou Vincenzo, visivelmente fascinado.

- Que bichão – eu imitei a voz deles, brincando com minha total inexperiência no assunto e arrancando gargalhadas exageradas dos dois.

- Venha, sairemos em minutos – Filippo obviamente tomou a dianteira. Ele era o capitão.

Embarcamos no veleiro e a grandiosidade da embarcação era mesmo impressionante. Admirei as velas já expostas aos ventos calmos e entrei para a cabine. Não precisei de um segundo para constatar que aquela era a coisa mais luxuosa que eu já tinha visto. Onde descemos era a cozinha muito bem equipada por sinal. À minha frente uma espécie de sala com assentos dos dois lados da cabine e logo depois, na proa da embarcação, duas portas identificadas: um pequeno quarto e um banheiro. Nas minhas costas, a porta que levava ao compartimento do enorme quarto de Filippo. Pelo pouco que vislumbrei do espaço, a cama que tinha ali dentro era facilmente mais confortável que a minha. Todo o ambiente revestido por uma madeira clara me fazia querer deitar no chão e nunca mais sair de lá. Vincenzo desceu logo atrás de mim e me encontrou perplexo com tudo aquilo. Ele segurou minha mão e me puxou para os sofás deixando a bolsa pequena que carregava sobre a mesinha no centro.

- Bonito, não é?

- Inacreditavelmente bonito – eu entreguei meu encantamento.

- Quer um?

Eu o olhei sério e ele sorria naturalmente como se aquele fosse uma pergunta comum.

- Não seja bobo, Vincenzo.

- Você espera juntarmos alguns milhões? – ele brincou beijando meu rosto.

- Mas é claro que sim – eu ri entrando na brincadeira.

.

Estávamos ancorados em uma pequena ilha que aparentemente só velejadores frequentavam. Filippo disse que o aluguel de um barco até o local era muito caro, então apenas os donos de barcos ancoravam ali aos finais de semana. Como estávamos exatamente no meio da semana, as águas transparentes de um azul bonito eram só nossas. Eu voltei de um mergulho não muito profundo e tomei uma forte respiração antes de nadar para mais perto de Vincenzo, que apenas sorria assistindo minha diversão. Esforçando-se para continuar boiando, ele abriu os braços e me recebeu em seu corpo. Senti seus lábios geladinhos se arrastarem pelos meus e o beijo dele era salgado, mas ainda tão gostoso quanto o que trocávamos em nossas manhãs.

- Está se divertindo?

- Como nunca me diverti – eu exagerei.

- Então eu acertei ao propor isso?

- Como sempre acerta, coisa linda – eu não menti e novamente o beijei calmamente, mesmo me movimentando para não afundar.

- Não é possível que vocês não estejam com fome. – Gritou Filippo do alto da popa do veleiro.

- Ah, você não sabe o quanto.

Minha fala era para ambos os homens. Para Filippo direcionei um sorriso simpático, para Vincenzo servi o mais safado dos olhares e ele sabia que eu falava do que não tínhamos terminado naquela manhã, pois logo grudou sua mão em minha bunda enquanto nadávamos para a embarcação.

Da água fomos direito para o banheiro. Trocamos rapidamente nossa sunga molhada por um short levinho e continuamos sem camisa. O cheiro de peixe frito já tomava conta do ambiente enquanto Filippo, jeitoso de forma única, preparava nossos pratos. Comida simples: arroz muito bem temperado, uma farofa, peixe frito, uma salada que permaneceria intocada e cervejas. Que ninguém soubesse que o homem tomava um ou outro gole enquanto pilotava.

- Peixe frito do jeito que só vocês brasileiros sabem fazer – ele disse colocando os pratos sobre a mesa no centro da cabine que nos acomodava perfeitamente.

Eu sorri e me sentei no sofá tomando um daqueles pratos para mim. Vincenzo ao meu lado e o homem à nossa frente. Ele mesmo nos servia os pedaços do peixe que estava delicioso.

- Não sei como você aprendeu, mas está muito bom.

- Anos no eixo Itália-Brasil, não é? – perguntou Vincenzo.

- Muitos bons anos – o homem concordou tomando um gole da cerveja. – Mas vocês bem acham que eu não vou comentar sobre os beijos lá na marina, não é?

Vincenzo sorriu um tanto corado e baixou a cabeça. Sobrou para a mim a função de olhá-lo nos olhos esverdeados e maduros. Muito próximo naquele momento, eu notei com clareza os fios brancos que cobriam toda sua cabeça e o queixo marcado. As linhas que definiam a composição do rosto dele me diziam que ele já era velho, mas uma vida bem vivida tinha lhe dado um físico trabalhado e muito saudável. Filippo era mesmo mais velho do que eu achava. Eu quase murmurei alguma coisa sem sentido quando ele tomou minha fala:

- Vincenzo é incrível. Um homem singular. Se ele te escolheu, é porque há algo especial em você. - Vi meu homem limpar os lábios no guardanapo e beijar calorosamente meu ombro nu. – Acho que vamos nos encontrar mais vezes. Faça o favor de prometer isso! – E então voz dele tinha tom de ordem quando a direcionou para Vince, que apenas consentiu com a cabeça e um sorriso exageradamente largo.

- Você vai cansar da nossa cara – eu disse por fim.

O almoço seguiu com brincadeiras e conversas aleatórias, a maioria delas seguiam perguntas minhas sobre a embarcação. Eu estava encantado e se dependesse de mim, toda semana teríamos uma “folga” para nos aproveitarmos da boa vontade de Filippo. Satisfeito e agradecido, eu já tinha deixado os dois conversando e estava deitado na proa do veleiro. Mais ou menos pelo meio da tarde, o sol já baixava e era uma boa hora para esticar as pernas e quem sabe cochilar com a música do mar aos ouvidos. Meus planos foram por água abaixo quando senti Vincenzo se aproximar. Ele se ajoelhou entre minhas pernas, sentou-se sobre seus próprios calcanhares e pousou minhas coxas sobre as coxas dele. Eu sorri ainda de olhos fechamos enquanto ele acariciava os pelos que cobriam minhas pernas.

- Filippo está encantado. Ele disse que você é curioso, inteligente, bonito e eu concordei com tudo.

Abri os olhos e sofri para me acostumar com a claridade, mas ainda sorria feliz com o que Vincenzo falava.

- Ele também disse que é muita sorte minha você ter aparecido.

- Você concordou com isso?

- Foi a coisa com que eu mais concordei – ele sussurrou em tom de segredo.

Ele sabia exatamente como me deixar feliz. Não era nutrindo meu ego ou me bajulando, mas dizendo o que precisava ser dito na hora certa. Vincenzo sabia o que falar e como falar. Era como se pensássemos em uma frequência parecida. Acho que é isso que chamam de sintonia. Feliz, eu estendi meu braço e o puxei, fazendo-o cair sobre meu corpo. Ainda entre minhas coxas, nosso corpo queimava e era um só. Mas eu também gostava de sermos corpos diferente, pois só assim eu seria dele e ele seria meu. Deixei que ele se encaixasse em mim com um movimento natural do quadril.

- Eu não sei o que faço contigo. Tão perfeito! – Eu sussurrava dando beijos curtos nos lábios duros que me desejavam.

- Em casa você vai saber? – ele foi direto.

- É claro que eu vou. Mas pra me ajudar ... – eu levei minha mão até o volume do short dele que já cutucava o meu -... Você precisa segurar isso aqui até lá. – Eu terminei falando em seu ouvido.

- Dessa parte eu cuido – ele disse num misto de prazer e brincadeira.

Suas mãos em minha cintura e me apertavam com força enquanto ele enfiava sua língua apressada em minha boca no exato momento que, outra vez subitamente, Filippo surgiu em cena acima de nós.

- Saindo, saindo, saindo! – Ele disse com pressa dando meia-volta. – Oh beijo doce – ele murmurou enquanto saía.

Não mais conseguimos nos manter no clima e a gargalhada grossa de Vincenzo era depositada em meu peito quando ele caiu novamente sobre mim. Meu nariz estava em seu cabelo ainda úmido e o cheiro dali era o mesmo cheiro do meu corpo. Eu não tinha dúvidas de que éramos um só. Seu Filippo entenderia que o fato de não conseguirmos nos desgrudar.

.

Na marina, eu desembarquei primeiro e deixei que os dois viessem ao meu encontro conversando vagarosamente. Filippo gargalhava para o alto e Vincenzo tocava o ombro, como quem pedia para diminuir tom daquela conversa intimista demais.

- Ma che cazzo – Filippo bradou. – Não precisam ir tão cedo.

- Que nada, o sol já está se escondendo. Sem falar que temos coisas para organizar – Vincenzo disse com um riso que beirava a safadeza. – Mas eu nem preciso dizer que foi uma tarde agradável. Caio está apaixonado pelo Trópico.

- Por quê não aparece mais vezes para uma aula particular? Em pouco tempo você poderá pilotá-lo em uma dessas tarde.

- Não brinque com isso. Amanhã mesmo ele é capaz de apontar aqui – brincou Vincenzo.

- Eu prometo que retornaremos logo. E eu vou querer as aulas, é claro.

- Se não voltarem, eu cobro uma visita. E olhe que cobrança de pai tem que ser respeitada – Filippo direcionou a fala à Vincenzo.

Como é? Pai? Não podia ser! O tempo todo Filippo deveria saber que eu estava ali era para ser apresentado e eles estavam brincando comigo. Qual o problema da família Milano com os mistérios e dizer logo de cara o que as coisas significavam? Aparentemente o pai percebeu minha expressão incrédula e numa gargalhada gostosa tipicamente italiana, ele me colocou em seus braços amorosos e confortáveis.

- Seja bem-vindo à família, meu menino! – Disse em um sussurro.

- Eu juro que não caio mais em nada que você aprontar – eu afirmei para Vincenzo logo após o abraço. Rindo, foi a vez dele de abraçar a lateral do meu corpo e beijar carinhosamente meu rosto.

- Pai... – ele começou – Caio. Caio, meu pai!

Nós apenas sorrimos e Filippo tirou o chapéu para mim, tão cordial quanto o filho.

- Volte. E volte como meu genro. Ou como dizemos na Itália, como il mio genero.

Outro abraço apertado formalizou nossa relação e um sorriso largo amarelado me disse tchau com o mesmo tom amigável que me recebera.

- Eu vou te matar – sussurrei enquanto me distanciava.

- Cuidado que o velho não-tão-velho-assim é bravo – Vincenzo me desafiou.

Aquele era um momento que eu guardaria para sempre. A disposição dele em me apresentar para o pai, que eu jamais suspeitaria que estivesse no Brasil, me deixava incrivelmente confortável. Era uma oficialização sem as famosas palavras e o esperado sim. Era uma confirmação de que ele realmente me queria ao seu lado e eu só poderia sorrir, porque estar ao lado dele era a única coisa que eu esperava da vida.

.

Vincenzo fechou a porta atrás de mim com o pé porque suas mãos estavam ocupadas demais em meu corpo. Especificamente elas levantavam minha camisa enquanto eu entrelaçava nossos braços quando tentava desabotoar a camisa dele. Era um movimento que não dava muito certo, principalmente quanto feito às pressas da forma que fazíamos. Um riso dele surgiu entre nossas ações e eu sorri de volta. Como tínhamos ido para o passeio de chinelos, estava fácil tirar o short: simplesmente forçamos a peça um do outro para baixo e eles escorregaram sozinhos. Também ficaram pelo meio da sala igual as blusas. Vendo seu corpo só de cueca, eu praticamente estava babando. Ciente disso, ele implorou por um beijo e foi logo atendido. Eu não ousaria deixar meu homem esperando por algo meu. Entre passos trocados e pernas perdidas, ele me arrastou para o sofá e quando viu que podia fazer isso, me empurrou para que eu sentasse ali de frente para a parede de vidro. Eu era o deus daquela paisagem. Aparentemente eu também era o deus de Vincenzo. Afastado de mim, seus olhos devoravam meu corpo de forma que eu nunca o tinha visto fazer. Gostei do que ele me mostrava entre seus dedos apertados: um volume descomunal crescia na sua cueca de tecido levinho. Presumi que ele poderia se rasgar com qualquer pulsada mais feroz do bicho preso ali dentro. Nenhuma parte do meu corpo ficou de fora da vistoria daqueles olhos famintos: meus pés, o interior das minhas coxas, minha barriga, meu peitoral, meu pescoço, lábios e olhos. O vi lamber os lábios quando eu enfiei minha mão dentro da cueca e ajeitei meu membro para o lado, fazendo o contorno dele ser explicitado no tecido. Eu segurei a base que tinha a mesma grossura que todo o corpo do meu pau e a apertei com força, fazendo ele inchar por baixo do tecido. Claramente era isso que Vicenzo queria, pois logo ele estava se tocando. E ele não me servia um toque qualquer: seus próprios dedos apertavam e marcavam seu peito e com a outra mão enfiada dentro da cueca ele se masturbava contido em todo seu tesão.

- Vem cá! – Eu ordenei.

Não precisei esperar muito e logo ele estava tão próximo de mim quanto eu queria. Abaixei seu corpo e o coloquei de joelhos na minha frente. Meus dedos estavam fincados em seu cabelo e ele movia a cabeça como um animal selvagem evitando a domação.

- Você o quer? – Eu estava apertando meu membro como fazia antes.

- Agora – ele me respondeu apressadamente com os olhos fixados nos movimentos que eu fazia.

- Você sabe o que fazer? – Dos seus cabelos, meus dedos escorregavam por seu rosto tórrido. Eu pretendia chegar na boca dele.

- Não, mas eu aprendo rápido – ele disse com uma certa dificuldade me deixando tocar seus lábios com as pontas dos dedos.

- Aqui! – Eu apertei aquele queixo que eu amava e o puxei para perto da minha virilha. – Cheire como se isso fosse a última coisa do mundo.

Ele me obedeceu. Seu rosto másculo estava enfiado entre minhas pernas. Não havia qualquer humilhação no que fazíamos, pelo contrário, eu sentia que ele se enchia de uma virilidade que somente eu poderia instigar. Eu fazia questão de pressioná-lo ali, pois uma hora ele precisaria inspirar mais forte e nesse momento ele sentiria meu cheiro dentro dele.

- Gosta?

- Você sabe que sim!

- Agora me chupe. Não. Não tire minha cueca. Me chupe por cima do tecido!

E como um caminhante do deserto que acabara de encontrar um Oasis, aquilo que ele mantinha entre os dedos era a única coisa capaz de acabar com a sede que sentia. Eufórico, seus lábios duros umedeciam o tecido esticado de acordo com a intensidade das chupadas.

- Liberte-o – eu quase sussurrei.

Suas mãos grandes e ossudas desceram minha cueca e fizeram meu pau saltar para fora do prisão. Ele afastou um pouco o rosto para que não batesse nele de uma vez e eu sorri com a reação.

- Você ainda o quer?

- Você não sabe o quanto – brincou repetindo a resposta que eu tinha dado à Filippo.

- Comece então pela base. Depois você vai descer para o meu saco. Se quiser, ele é todo seu, se não, suba para a cabeça que é onde eu quero te ver.

Ele tomou uma respiração profunda e colou aqueles lábios que me enlouqueciam na base duríssima do meu membro. Sua língua não sabia onde ficar. “Ela fica por baixo” eu o instrui. Como previ, ele ignorou meu saco e subiu direto para a cabeça. Uma nova onda mais forte e mais expressiva de arrepios surgia a cada lambida que ele dava na pele esticada enquanto escalava meu membro com os lábios. Quando se aproximava da cabeça que acompanhava a espessura do corpo do meu pau, eu o parei e segurei seu queixo, fazendo-o olhar para mim.

- Você não sabe o quanto é bom nisso.

Ele sorriu e seus lábios molhados e avermelhados quase me forçaram a fazer loucuras.

- Eu posso? – Seus dedos grandes demais evolviam a base pulsante do meu músculo.

- Deve, mas devagar. Sua língua... Sua língua vai por baixo.

Eu quase não consegui terminar de falar porque logo ele estava com meu músculo entre os lábios. Devagar, ele ia engolindo centímetro por centímetro. Não era nojo, era cuidado. Sua língua ficou por baixo e ele estava se acostumando com os avisos que sua garganta dava. Os pequenos espasmos, as ânsias de vômito.

- Devagar, Vince... Devagar!

Majestosamente ele tomou rápido o jeito da coisa e deixava que eu escorregasse para dentro dele suavemente. Lá dentro era quente e apertado, do jeitinho que eu imaginava. Ele sugava e eu contorcia meu corpo toda vez que ele ousava fazer isso. Ciente de que já estava no comando das coisas, ele agarrou meu saco e abocanhou mais da metade do meu pau. Eu segurei seu queixo por baixo e acariciei sua barba.

- Bom garoto – eu brinquei com um sussurro.

Ele estava me chupando e a baba escorria pelo cantinho do lábio. Ele ainda teria que aprender como manter a saliva ali dentro da boca, mas havia outras muitas aulas pela frente. O tesão de vê-lo ajoelhado na minha frente era tamanho que eu sentia que não precisaria de muito para gozar. Uma pulsada e meu saco se enrijeceu. Outra, e meus joelhos se contraíram, mantendo-o presto entre minhas coxas. Eu agarrei os cabelos dele com força e segurei a cabeça dele ali quando senti que meu gozo vinha abrindo caminho dentro do meu membro. Todo meu tesão explodiu dentro da boca dele. Um tosse o fez colocar o membro para fora e o resto do meu líquido foi parar direto no queixo e nos lábios dele. Eu estava terminando de gozar em uma masturbação rápida enquanto ele saboreava o que tinha sido jorrado direto em sua garganta. Livre dos tremidos e espasmos, eu o puxei muito carinhosamente pelos cabelos e o fiz sentar em meu colo de frente para mim. Sua cueca estava toda molhada e monstruosamente esticada na direção da minha barriga. Eu tratei de chupar o queixo barbudo dele tomando de volta todo meu líquido que ainda estava quente. Quando não tinha mais nada ali, chupei os lábios melados e já emendei num beijo que foi correspondido em igual ou maior excitação.

- Eu tentei segurar – sussurrei entre o beijo.

- Tudo bem, foi gostoso.

- Você gostou mesmo?

Minhas mãos estavam coladas no rosto suado dele.

- Muito mais do que você imagina.

- Ah, que delícia. Mas há algo que eu preciso saber.

- O quê? – Havia uma seriedade incomum no rosto dele.

- Isso tudo é por mim? – Meus dedos brincavam com a dureza do pau dele escondido na cueca prestes a estourar. Ele riu.

- É claro que é tudo por você. Ele quer aquele rebolado, sabe... Aquele que você faz.

- Ele vai ter esse rebolado – eu prometi com meu riso saliente.

- Tenho uma pergunta também – ele fingiu seriedade. Era o troco.

- O quê?

- Rebola pra mim como meu namorado?

A junção das palavras naquela frase dita com o tom de voz perfeitamente rouco do meu homem era tão perfeito que eu só consegui sorrir. Nada saiu da minha boca além de alguns suspiro.

- Eu espero que esse sorriso seja sua forma de dizer sim.

- Eu estou dizendo sim, meu italianinho lindo.

- Sim? – ele repetiu com um sorriso doce que me desmontava inteiro.

- Sim, sim, sim! – Confirmei apaixonado.

E eu tive pressa em corromper o sorriso doce que ele me dava com um beijo. Antes que eu pudesse acordar daquele encontro de lábios, estávamos na cama, e antes que eu pudesse me mover, estávamos fazendo você sabe o quê.

Eu que nunca me imaginei nos braços de outra pessoa, naquele momento dizia com meus próprios lábios que era inteiramente do outro. Que além disso, estava ali por ele e para ele. Vincenzo significava para mim o início, o meio e o sim, quer dizer, o fim!

Eu segurei sua cabeça pela nunca quando ele a enfiou com força em meu pescoço. Um urro poderoso saiu direto em minha pele. Ele estava gozando dentro de mim e nosso corpo estava rodeado por um furacão de lençóis. Os nossos lençóis. Ainda gozando e ainda gemendo, ele me beijou descontroladamente enquanto três palavras sofriam para sair daqueles lábios apertados pelos meus.

- Eu...

Outro jato violento daquele líquido fervendo me invadiu. Estava queimando minhas entranhas.

- Eu te amo – ele disse com força ao fincar seu músculo em minhas profundezas.

- Eu amo você, Vincenzo – eu consegui dizer em todo meus êxtase me agarrando ao corpo dele como se aquele fosse meu último suspiro. Eu não sabia que, na verdade, ele era o primeiro.

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Ru/Ruanito, eles podem estar do seu lado e você não viu, então. hahaha

AllexSillva, ah! Obrigado, como sempre.

Jades, a famosa mania da conspiração. Eu não aguento isso. hahaha Eu sou bastante influenciável, então sim, eu sempre dou ouvidos. :O Pense como eu fiquei feliz em saber que você gostou do capítulo. Obrigado!

Bagsy, eu só fui notar isso muito tempo depois, acredita? Pois pode entender como uma referência. haha Se você ficou meio bad, imagina eu? "Escritores" passam por cada coisa. haha Obrigo sempre pelos elogios. Você é incrível.

Marimarinna, ahhhhhhh! Como que eu agradeço ao seu comentário? Obrigado, obrigado, obrigado e obrigado! :D

E obrigado aos leitores que continuam escondidos aí pelos cantinhos. Vocês são importantes e os números ali me forçam a continuar escrevendo. Um abraço, seus gostosos!

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Comentários

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Eu AMO brincar com as instruções. Se eu pudesse seria sempre assim, mas eu me segurei pra não encher desse "recurso" e começar a ficar sem graça. haha E caramba, eu estava longe e não vi seu conto antes de ser excluído. Você tem toda razão ao explicar os motivos. É exatamente isso, J.

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Posso gritar e dar faniquito? Melhor capítulo, S. Sério mesmo. Adorei cada segundo, e você se superou nesse, parabéns! Hahahahaha verdade, escritores passam por muita coisa, criam o personagem e ainda sofrem com os problemas deles hahahaha olha, você que é incrível. Seu conto só comprova isso. Abraço!

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Que lindo! Era o sogrão. Sabe que antes de o velho se entregar eu já pensava em conspiração! ahahahaah! eu preciso me tratar!

Abraços! (veja lá um conto muiiito doido que eu postei) rs

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