Um maluco em minha vida. 05

Um conto erótico de Camilo
Categoria: Homossexual
Contém 1650 palavras
Data: 01/11/2016 20:42:01
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Continuando...

Meu coração saltava dentro do meu peito e um pavor começava a tomar conta de mim.D continuou me arrastando trilha acima e nenhuma das perguntas que eu fazia ele respondia.

Quando eu já estava todo esfolado e com a calça rasgada,ele parou e me soltou.Em seguida passou por umas árvores e eu como não tinha o que fazer,o segui também.

Era uma clareira com árvores em volta,formando um meio círculo.E a frente havia um barranco imenso que ia dar na parte baixa da cidade.

-D porque me trouxe aqui?-Perguntei encantado por aquele lugar.

-Gema gigante.-Ele respondeu apontando para o céu.

Eu me virei e vi o sol,ele estava se pondo.As palavras morreram na minha garganta e eu só conseguia admirar.O sol parecia um astro a ponto de sair do palco,se despedindo da sua platéia com aquele show de cores.

D se aproximou de mim em silêncio,pegou minha mão e segurou.Então aconteceu,um calor subiu pelo meu braço,e meu coração bateu mais forte.

Meu peito se encheu com um sentimento estranho.E pela primeira vez,eu gostei de verdade de ter o D ao meu lado.Então veio a súbita vontade de abraça-lo,sentir seu corpo com meus dedos,desvendar sua alma com meu toque.

Meu Deus o que era aquilo?Que sentimento era esse que me causava tantas sensações diferentes?Que atrapalhava o meu pensamento?

D se virou e ficou de frente pra mim.Meus olhos encontram os seus e eu me vi em seu olhar.Meu coração acelerou,parecia que queria rasgar o meu peito e mudar para o corpo dele.

Ele continuava me olhando e segurando minha mão como se não quisesse mais soltar.E por um momento pensei que o olhar dele era o olhar de um homem normal.

Mas o D não era normal,talvez nunca fosse ser.As lembranças do que vivemos inundou a minha mente e eu percebi que aquele sentimento novo era só meu,ele nunca ia entender,nunca ia sentir o mesmo porque ele não era um homem,era uma criança presa no corpo de um adulto.

E se tinha algo pior do que meu dilema de ser hetero e não poder gostar de outro homem,era gostar de alguém que nunca ia entender o que sinto.Que nunca ia poder me corresponder de volta,e aquilo doía tanto,dilacerava minha alma e me quebrava por dentro.

Soltei a mão dele e me afastei,um balde de tristeza,agonia,frustração caíram sobre mim e eu tentei me controlar,não podia chorar,não na frente dele.

-Garoto mal...D machucou Garoto mal.-Ele disse assustado.

-Não,eu só fiquei muito feliz com a paisagem.-respondi forçando um sorriso.

Ele sorriu de volta e aquilo só piorou o meu estado,tinha que fazer um esforço sobrenatural pra não colocar tudo pra fora.

-D qual é o seu nome?-Perguntei após um tempo em silêncio,tentando não ficar muito perto dele.

-Eu sou D.-Ele respondeu alegre.

-Mas D não é um nome,é um apelido...Qual é seu nome de verdade?O nome que a sua família te chama?-Perguntei sem nenhuma vontade de saber,só de manter ele longe.

-D não sabe.-Ele respondeu triste.

-Tá bom...e onde você mora?-Perguntei agora o encarando.

-No lar dos coelhos fofinhos.-Ele respondeu com um sorriso enorme.

-E onde fica isso?-Perguntei tentando não parecer muito sério.

-Depois do rio das cobras.-Ele respondeu como se fosse óbvio.

D era uma criança que via tudo torto,ele nunca ia ser um homem como os outros.Nunca!

Depois daquele papo consegui convencer o D a voltarmos.Chegando na rua,nos separamos e eu fui direto para casa.Ao chegar lá fui direto para o banheiro e me tranquei,em seguida fui para a frente do espelho.

Eu não podia estar gostando dele dessa maneira.Eu e o D só tínhamos nos aproximado a três dias e eu já sentia isso?Não era possível.

Baixei a cabeça e as primeiras lágrimas caíram na pia,logo vinheram outras e parecia que eu nunca mais ia parar de chorar.

Depois de um longo tempo comecei a me acalmar e me olhei no espelho.Porque tudo era tão difícil pra mim?Porque eu não podia escolher uma garota legal e namorar como as outras pessoas?Porque eu tinha que ser estranho?

Sem querer pensar mais nem no Matheus e nem no D,tirei toda a roupa e entrei debaixo do chuveiro,deixando a água escorrer pelo meu corpo e desejando que com ela fosse embora tudo aquilo.

Não sei quanto tempo se passou,mas me enrolei na toalha e segui para o meu quarto,vesti uma regata branca,uma cueca azul e um calção vermelho,em seguida fui para cozinha e me sentei lá sozinho.

-Meu filho você tá bem?-minha mãe perguntou entrando sem eu esperar.

-Eu tô mãe.-respondi baixinho.

-Se eu não te conhecesse tão bem,juro que acreditaria.-Ela disse com um sorriso.

Eu queria contar pra ela,queria falar daquela confusão de sentimentos pelo Matheus e pelo D,mas eu tinha medo de como ela ia reagir.

-E o D mãe...a gente é amigo agora.-Eu disse sem conseguir algo melhor pra dizer.

-E ele te machucou?-Ela perguntou preocupada.

-Não,ele é inofensivo.-Respondi

-Então qual é o problema?-Ela perguntou agora se sentando ao meu lado.

-A vida é tão injusta mãe...O D é novo,forte,tem boa aparência,mas de que adianta se ele tem a mentalidade de uma criança de 5 anos?-respondi com sinceridade.

-Não importa o físico se a mente é fraca meu querido.Você mais que ninguém deveria saber disso.-Ela respondeu enquanto pegava minha mão e apertava.

-O papai...-Falei sentindo meus olhos encher d'agua.

-Sabe que até fico surpresa com o problema do D.-Ela interrompeu na tentativa de mudar de assunto.

-Como é?-Perguntei ficando surpreso também.

-Bem,você disse que ele tem a mentalidade de uma criança de cinco anos,mas você foi o primeiro a notar isso.-Ela respondeu pensativa.

-Mãe todo mundo no bairro fala que ele é louco.-argumentei sem saber o sentido dessa conversa.

-Bem,um cara surge do nada com roupas estranhas,ninguém sabe seu nome e aonde mora.Anda sozinho pelo bairro e vive sozinho pelos cantos,brinca com as crianças mas ignora os adultos ...O que você queria que o povo comentasse?-Ela perguntou com um sorriso.

-Tá vendo aí...ele é mentalmente pertubado,afinal que pessoa só daria atenção a crianças?-respondi confuso.

-Sua tia Lúcia adora crianças e ainda brinca de boneca,mas isso não significa que ela é maluca.-Minha mãe respondeu cruzando os braços.

-Mãe você está dizendo que o D está fingindo,que é um mimado igual a tia Lúcia?-Falei enquanto me colocava de pé.

-Não,nunca falei isso meu filho...Estou dizendo Felipe,que ninguém nunca tinha notado o real problema que ele tinha,e sim só você,porque ele confiou em você e permitiu que se aproximasse.Então mesmo achando isso perigoso,eu peço que continue amigo dele...Não tem coisa pior do que enfrentar um problema desses sozinho.-Ela disse parecendo um pouco triste.

Ela fala isso pra mim,que estava sentindo isso na pele?

O jantar foi servido e em seguida fui para cama,para variar só consegui pegar no sono perto de amanhecer e fui pra escola parecendo um caco de vidro moído,reciclado e moído de novo.

Pelo menos o Matheus não tinha aparecido,pois tinha ido ao medico.Pra todos eu falava que não estava aí,mas eu estava preocupado e se eu tivesse machucado muito o Matheus?

No recreio sai pelos corredores procurando um lugar calmo e solitário para colocar meu furacão de pensamentos em ordem,mas ao passar na porta da sala da diretoria acabei derrubando meu célular.Meu coração quase parou de aflição,mas quando me abaixei vi que ele estava inteiro.

-Como andam suas pesquisas?-Era a voz do diretor.

-Estão tendo algum resultado.-Uma voz desconhecida respondeu.

Parei o que estava fazendo na hora,eu reconhecia aquela voz mas só não me lembrava de onde.Pensa Felipe,pensa.

-Eu só gostaria de saber qual é o motivo para você se prestar a tanto.-a voz do diretor falou novamente.

-Em outra visita,lhe conto...eu prometo.-A voz desconhecida ressoou forte através da porta.

-E já teve algum resultado?-a voz do diretor novamente.

-Alguns bem promissores.-A voz desconhecida respondeu.

Naquele momento me coloquei de pé num pulo.Eu lembrei!Aquela voz era igual a mesma que ouvi no dia que eu e o D fugimos do bar do seu Manuel.Aquele lugar para onde tínhamos ido,era bem movimentado e era possível que a pessoa estivesse por lá.Mas a minha curiosidade estava a mil e eu decidi ver quem era o dono daquela voz,então coloquei a mão na porta.

-Felipe?-uma voz feminina me chamou.

Me virei rápido e vi uma morena de cabelos castanhos claros e magra,era a tal da Paty.Isso e hora de ela aparecer?Ah que droga!

-O que você quer?-perguntei desapontado.

-Conversar com você seu idiota.-Ela respondeu enquanto se aproximava de mim.

Que intimidade era aquela criatura?

Paty pegou no meu braço e saiu me puxando.Droga,agora eu não ia saber de quem era a voz mistériosa.

Eu já estava começando a odiar as mulheres!

Continua...

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Olá pessoal!

Mais uma vez obrigado a todos que comentaram e vejo que o D apesar do mistério já tá conquistando vocês.

Obrigado a todos que leram e pelas notas.

Bem,hoje tô morto cheguei me arrastando e fiz esse mega capítulo pra vocês então espero que gostem.Deixa aí seus comentários,eles sempre me incentivam bastante.

Até a próxima!

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Comentários

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Você consegue ser tão poético nas cenas com o D que nem sei como explicar. E como se você tivesse escrevendo pra mim, digo o que eu estou passando, como já me peguei chorando sozinho trancado no banheiro aqui de casa por causa dele, e também me perguntando porque não consigo alguém que mereça o meu amor, alguém para me chamar de meu amor, e ter uma mãe dessa e o sonho de consumo de todo homossexual. No mais parabéns pelo conto, sem palavras cara.

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Adorei o capítulo! Finalmente algumas coisas estão se esclarecendo!

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caracaaaaa muitooooo booom. Tomara que Felipe se apaixone por ele ainda se fingindo de louco, e que depois os dois namorem❤❤❤😍😍😍

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Eu sabia!! Aposto que é uma,experiência social ou algum trabalho do tipo. Quando Felipe descobrir...

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