A Vida é pra ser Vivida #3 Sentimentos confusos

Um conto erótico de Hyuuga5
Categoria: Homossexual
Contém 2052 palavras
Data: 20/09/2016 21:13:31
Última revisão: 20/09/2016 21:25:47

A vida é pra ser vivida #3

Sentimentos Confusos

Já havia passado alguns dias que JP me beijou e nada tinha mudado, pelo menos aparentemente. Mas não vou mentir. Pra mim, mudou sim. Comecei a ver meu primo de uma maneira diferente. Eu o observava mais, prestava atenção, queria conversar mais com ele. Acho que aquele beijo nos aproximou mais e estava gostando daquilo. No entanto, o assunto do beijo nunca mais foi tocado em nenhuma de nossas conversas.

E assim se foi. O tempo passou e nada daquele assunto voltar a tona. Tanto eu quanto ele víamos que aquilo foi algo que aconteceu e foi apenas isso. Pra mim foi algo único. JP foi o primeiro homem que beijei, sei lá, isso marca na cabeça. Mas, diferentemente, eu não tinha sido o primeiro dele, descobri isso posteriormente.

ALGUMAS SEMANAS DEPOIS

Já comentei algumas vezes que o João Pedro ainda estava no terminando o ensino médio e sua formatura estava prestes a acontecer. Sua animação era visível. Sempre comentava e falava animado sempre:

JP: finalmente Toim, vou me formar. Finalmente. Não aguento mais estudar com crianças. – falava todo animado.

Antonio: Oh queridão, tu ainda é uma criança. Kkkkk

Ele só me mostrou o dedo do meio. Sacana não!

Fiquei de ir com ele até uma loja de roupas para comprarmos a sua roupa para a formatura. Fomos no carro da minha tia que tinha liberado pra eu levar o JP e auxiliá-lo na escolha. Como eu demonstrava responsabilidade e já tinha habilitação, tia Ana permitiu.

Chegando a loja fomos direto à área destinada às roupas sociais. Ele queria apenas uma camisa social e uma calça apropriada. Passamos cerca de uma hora na loja. Ele ia ao provador e voltava com uma camisa diferente, parecia uma mulher indecisa com qual vestido iria para uma festa. Era engraçado, ele não sabia qual escolher.

Resolvi ajudar. Olhei as que ele já havia provado e achei uma preta linda.

Antonio: toma! Prova essa de novo.

Ele foi provar. E quando voltou eu fiquei de boca aberta. Como esse garoto era lindo cara. Acho que ele não tinha ideia disso, ou tinha.

JP: e ae, como ficou? – falava olhando no espelho.

Antonio: ficou lindo, aliás, você é lindo! – quando me toquei, já tinha saído. –quer dizer, ficou ótima em ti.

Ele se voltou para mim e olhou em meus olhos. A situação ficou estranha então procurei desconversar.

Antonio: tu deveria repensar a ideia do paletó. Eu usei paletó na minha formatura do ensino médio. – falei desconcertado.

JP: tá me achando com cara de pastor? Nada disso. Esse é o máximo que terão de roupa social de mim. Não gosto de paletó.

Antonio: Ah é? E vai ser um advogado usando bermuda e regata?

JP: Vou ser precursor da nova geração de advogados que usam bermuda. Espera pra ver!

Antonio: Tá beleza então!

Também compramos uma calça social pra ele. Desta vez a escolha foi mais rápida. Ele escolheu uma preta para combinar com a camisa. Ficaria lindo, contraste das roupas pretas com a sua pele branca.

A sua animação ficava maior a medida que a formatura chegava. Já era novembro daquele ano e a festa seria dentro de poucos dias.

Vou confessar pra vocês que a cada dia que passava eu via JP como alguém especial. Alguém que trazia felicidade de apenas estar ao meu lado. Eu estava apaixonado por ele. E isso me causaria muitos problemas no futuro.

ALGUNS DIAS SE PASSARAM

Eu confesso que eu já estava apaixonado pelo JP. Não podia falar pra ele, mas quando o via meu coração batia mais rápido, seu sorriso me contagiava instantaneamente. Meu dia era mais feliz quando ele não saia com seus amigos. Tudo ficava melhor quando eu estava perto dele.

Às vezes eu me pagava pensando: “Antonio, para! O que tá acontecendo contigo, isso não vai dar certo”. Mas, quem disse que o coração obedece à razão? Então recapitulei tudo que tinha vivido até ali:

“Sou gay. Vim do interior do Ceará para Fortaleza para cursar direito numa das melhores universidades da cidade. Estou morando com minha tia e meus primos. Estou vivendo minha primeira grande paixão. E essa paixão é destinada a um primo meu. Minha mente está uma confusão. Será que amar e desejar um primo é incesto?”.

Várias questões vinham a minha mente, mas tinha apenas uma certeza: EU TÔ APAIXONADO PELO MEU PRIMO.

Acho que já tava deixando na cara isso. Todas as vezes que acordava eu dava um beijo na sua testa. Dava bom dia. Abraçava-o. Sorria. E ele correspondia tudo, fazia as mesmas coisas que eu. Estávamos virando melhores amigos. Não. Era mais que isso.

MAIS A NOITE

Estava ouvindo música com meus fones, “sua água” da banda Elefante Branco, muito boa. Demonstrava aquilo que eu queria ser pra o JP. Decidi ir ao banheiro tomar banho antes do jantar. Demorei alguns minutos. Quando cheguei:

JP: oi meu amor. Como vai?- Eu gelei. Fiquei paralisado no lado de fora da porta do quarto.

JP falava com alguém com intimidade e o chamando de “meu amor”. Aquilo me deixou sem chão. Como assim? Ele nunca me contou nada sobre namorada (o) alguma. Não entendi nada. Apesar de minha aflição e tristeza, entrei no quarto. E ele continuava a falar com a pessoa do outro lado da linha.

JP: vai ser show. Espero te ver linda. Você vai ser a menina mais gata da festa! –falava ele todo bobo, sorrindo.

Então era uma garota. Fiquei triste. Então sai do quarto. Fui para a parte de fora da casa. Fiquei pensando naquilo. Eu fiquei meio em choque. Tipo, eu tava achando que ele também estava gostando de mim, demonstrava com beijos no rosto, abraços, conversas, sorrisos. Não podia ser verdade, ele até me deu um beijo, o meu primeiro beijo com um homem. Será que eu estava imaginando tudo isso? Será que a minha paixão não seria correspondida? Confesso que me peguei chorando na varanda, pensando em tudo. Eu era um idiota. Estava confundindo tudo. O que tínhamos era uma linda amizade, cumplicidade. Não tinha algo a mais. Eu estava imaginando tudo.

Coloquei os meus fones e pus uma música. Sim galera. A música é um dos meus maiores refúgios. Eu me sinto bem quando ouço música. É tipo um mundo alternativo. Estava escutando “17” da banda Motivo Doze, descrevia-me naquele momento “não sei pra que saber quem sou se nem mesmo eu sei”. Esqueço de tudo, acho que esse é o grande objetivo da música: descrever sua vida. Quando me dou conta JP estava atrás de mim.

JP: o jantar está pronto. Mamãe mandou te chamar!

Antonio: Já vou - falei tentando parecer forte, mas na verdade, saber que aquilo tudo tinha sido coisa da minha cabeça me deixava triste, desnorteado.

JP: está tudo bem? Você me parece meio triste!

Antonio: que nada cara. Sem problemas algum. Vamos!?- falei forçando um sorriso.

Durante o jantar era perceptível que estava meio pra baixo e tudo isso aumentou quando a tia Ana começou uma conversa:

Tia Ana: e ai João Pedro, quando vai nos apresentar a sua nova namorada?

JP me olhou instantaneamente. Olhei de volta, mas fiz uma cara de que tanto faz.

JP: ainda tá muito cedo para apresentações formais. Na festa da formatura eu apresento a vocês. - falou olhando pra mim.

Dei de ombros. Tanto fazia. Mentira. Eu queria parecer que tanto fazia ele estar namorando ou não, nem que não tivesse me dito, já que eu sou seu melhor amigo desde que cheguei aqui. Me deixava triste, me martirizava dizendo mentalmente “bem feito. Tu não sabe diferenciar amizade de paixão, vai de novo otário”.

E era bem por aí mesmo. Eu nunca tive um amigo que podia contar. Tipo, contar tudo que eu estava sentindo. Eu nunca fui alguém antissocial, tive sim vários colegas, andava com uma galera legal, lá em Barbalha, mas ninguém que poderia contar. E quando encontrei alguém como o JP, com os mesmos medos que eu, confundi tudo. Se tem uma palavra que eu me auto-definiria era: otário. Fui ingênuo pensando que ele estava gostando de mim.

Continuando com a conversa do jantar:

Miguel: coitada dessa garota namorando um idiota feito o João Pedro- falou rindo.

JP: cala boca pirralho. – falou dando um beliscão no irmão.

Tia Ana: E o que ela vai cursar na faculdade?

JP: ela passou para o curso de Filosofia. Na mesma universidade que eu e o Toim vamos estudar.

Tia Ana: Oh muito legal. Filosofia é um ótimo curso. Vocês estarão no mesmo campus então.

JP: verdade.

Ah não. Além de JP não sentir nada por mim, a namorada dele ainda vai estar com ele na faculdade!? PQP, alguém me mata, por que não é possível. Vou ver o cara que estou apaixonado com a namorada todos os dias. Muito bom. Ótimo.

Passei o jantar todo calado. Não tinha nada pra falar. Quando terminei fui lavar a louça com o Miguel. Ele já estava me aturando. Não tinha tanta birra como alguns meses atrás. Ficamos batendo um papo.

Miguel: Toim, tu não namora não? – falou enxugando os pratos.

Antonio: atualmente não, mas já namorei. Faz uns quatro anos que não namoro.

Miguel: tá encalhado então. Velho desse jeito. – falou rindo.

Antonio: Oxe. E tu pirralho, já tá criou pelos no saco? Fica quieto aí. – falei só pra irritar ele.

Miguel: cala a boca, idiota.

Tava gostando da ideia de me aproximar do meu primo mais novo. Ele era um garoto fechado que não se abria facilmente. Mas, com muito esforço, eu estava conseguindo quebrar a barreira emocional que Miguel colocou em si mesmo. Brincadeira e conversas deste tipo já aconteciam com certa frequência.

Ainda joguei Fifa 2015 com Miguel antes de dormir. Nem preciso dizer que fui derrotada vergonhosamente. Sou péssimo em jogos de futebol. Se pelo menos fosse Street Fighter, Resident Evil 5 ou God of War 3, eu me daria melhor. Miguel foi dormir, pois ainda havia aula, ficou de recuperação em física.

Fui para o quarto e fiquei mexendo no notebook lendo noticias, vendo besteiras no facebook. JP estava deitado já, conversando com alguém no whats. Percebi pq olhava de canto de olho pra ele, que sorria feito bobo.

Antonio: eita que tem alguém apaixonado por aqui. Ta sorrindo feito bobo pra tela do celular. – falei tentando parecer natural. Não tirei os olhos da tela do notebook.

JP: é cara. Quem diria que acabaria me apaixonando por esta garota. Você vai gostar dela, ela é incrível.

Antonio: com certeza. – mentira.

Não consegui dormir logo, já era madrugada. Fui à cozinha beber um copo com água e quando me viro tomo um susto do cão. Quem era? JP? Um demônio? Harry Louis querendo transar comigo? O Batman? Nenhuma das opções citadas. Era a tia Ana com uma máscara verde no rosto.

Tia Ana: que é isso garoto, estou tão feia assim?- falou rindo.

Antonio: Não tia, é que não pensei em encontrar alguém acordado numa hora dessas. - eram mais de 3:00 da manhã.

Tia Ana: é o único horário que tenho pra cuidar da minha beleza, Toim. – fala rindo.

Ela foi de volta para seu quarto enquanto eu passei longos minutos refletindo. Pensava no que eu estava sentindo em relação ao JP, na minha vida atual. E me dei um basta. Pensei:

“Antonio, tu não é um cara feio. Pelo contrário. Tem um corpo bacana, um rosto bonito, é divertido, tem presença. Por que tu está sofrendo por alguém que não te quer? Acorda pra vida cara. Vai viver tua vida e para de se fazer de coitadinho pelos cantos”.

Decidido a esquecer tudo aquilo, voltei pro quarto e tentei dormir. Me revirei pela cama várias vezes. Até que parei e fiquei observando JP dormindo. Tão lindo. É galera, ninguém decide por quem vai se apaixonar. A primeira paixão nunca é fácil, ainda mais quando não se é correspondido.

Amanhã é a festa de formatura do ensino médio do João Pedro. Como será que vai ser? E agora ele está namorando uma garota. Tomara que ocorra tudo, mesmo sabendo que vou sofrer vendo os dois juntos...

CONTINUA.

Já estou com os próximos capítulos prontos. Vontade de postar tudo de uma vez, mas é melhor não. Um por dia tá bom.

Bom, é isso. Galera, Valeus. <3

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Comentários

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AMOR PLATÔNICO É SODA. PARTE PRA OUTRA SE NÃO É SOFRIMENTO NA CERTA.

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Kra, adorei seu conto! Desculpa por ñ ter comentado antes, só tive tempo de ler agr! Posta logo a continuação!

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Hum... Gostei... Posta 2 rsrs ,aposto q quando ele arranjar alguém alguém o outro vai ficar com ciúmes...e espero q fique mesmo.

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