AMOR DE PESO - 01X15 - GORDINHO ENCRENCADO - PARTE 1

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 3138 palavras
Data: 19/09/2016 20:50:49
Última revisão: 20/11/2020 04:35:04

Pai e mãe,

Como algumas coisas funcionam na vida, né? Três meses se passaram desde que corte relações com o Brutus. Ele também se afastou da turma. Acabei me tornando muito amigo do Diogo e, sinceramente, não sinto falta deles. O bullying continua, mas, em menor escala. O jeito é levantar a cabeça e seguir em frente.

***

Comecei uma rotina de exercícios com a ajuda do Diogo. O problema é que o meu corpo estava quebrado. Naquela manhã de segunda-feira, acordei com dor nos ombros e pés. Para completar a minha vida maravilhosa, um temporal estava se formando em Manaus. Olhei para pela janela, poucas pessoas passavam pela rua e meu desejo era voltar para a cama.

Desde o dia que me desentendi com o Brutus, a minha tia passou a me levar para a escola. Cheguei cedo e, mesmo com o guarda-chuva, fiquei todo molhado. Encontrei Zedu tudo encharcado na entrada, cara, ele era muito lindo, os cabelos molhados e o tanquinho se destacando na roupa toda molhadinha. Eu devia ser a pessoa mais resistente do mundo.

— Oi. — Diogo falou pegando no meu ombro.

— Nossa. — falei assustado e perdendo Zedu de vista.

— Que foi?! Tá com medo do teu namorado? — ele perguntou sorrindo.

— Que namorado? Eu sou solteiro, meu filho. Agora, o meu amigo que não deu sinal de vida.

— Esses exercícios acabam comigo, Yuri. Sério. — Diogo disse andando comigo em direção a sala de aula. — Fora esse trabalho gigante de química. Você conseguiu terminar?

— Semana passada. — o sorriso foi inevitável, pois, o trabalho foi passado há duas semanas.

Chegamos no pátio e os alunos assistiam ao jornal local, da Rede Amazônia, afiliada da TV Mundo. A jornalista mostrava o estragado que a chuva fazia em várias áreas da cidade. Árvores caídas, casas alagadas, trânsito caótico e igarapés transbordando. Realmente, as coisas ficavam horríveis em dias chuvosos.

Apresentadora: — E o tempo chuvoso ficará em Manaus durante todo o fim de semana. As autoridades pedem que a população tenha cautela e evite lugares próximos aos igarapés. Qualquer tipo de ocorrência, por favor, ligar para o número da defesa civil que aparece na sua tela.

Os meus amigos acabaram se molhando por causa do temporal. O Zedu, por exemplo, teve todo o cuidado, porém, foi atingido por um carro, no caso, a roda do carro passou em uma poça e espirrou água no meu amigo.

— Merda de carro. — esbravejou Zedu, todo ensopado e recebendo ajuda da Alicia, que por sinal, estava impecável.

— Como você consegue chegar assim com o mundo caindo lá fora? — perguntou meu amigo, sentando e tirando a meia encharcada.

— Sou menina. — Alicia falou ao ver Ramona e Letícia molhadas também. — Bem, elas são exceção.

— Que ótimo. Planejava correr esse fim de semana. Quero estar preparado para a Maratona na Ponta Negra. — reclamou Zedu torcendo as meias.

— Pega. — Alicia tirou da mochila uma farda e duas meias rosas. — Vai ficar apertado, mas é melhor do que ficar resfriado. Vá ao banheiro. Te encontro na sala.

Na sala de aula, as coisas estavam diferentes. O Brutus passou a ficar mais perto de João e Lucas, os dois babacas da classe. A Ramona ficou triste, pois, sentia saudades do amigo, apesar de não querer admitir. Ela o via pelos corredores, na sala e no bairro, mas, ainda assim, continuava magoada pelas coisas que ele falou ao meu respeito.

Queria não me senti culpado, afinal, antes de eu me mudar para Manaus, a amizade deles só crescia. Talvez, tudo fosse melhor se eu não tivesse entrando naquele avião. Eles ainda seriam amigos e não sentiriam minha falta.

Você sabe qual o tópico mais usado para se aproximar de outra pessoa? O clima. Brutus esperou Ramona sair do banheiro e ofereceu uma toalha limpa para a amiga. Será que aquilo era uma oferta de paz?

— Chuva forte, né? — perguntou Brutus, sem ter coragem de olhar para Ramona.

— Sim. — ela concordou, enquanto secava os cabelos.

— Ramona. — Brutus respirou fundo, antes de fazer o seu questionamento. — Por quanto tempo você vai me dar esse gelo? Já faz tempo e eu...

— E você o quê? — ela perguntou o cortando. — Você pensou antes de dizer aquelas coisas horríveis para o Yuri? Ou de como, os teus amigos mexem com ele todos os dias? Você sabia que um dia desses inventaram uma mentira sobre o Zedu? Eu não te reconheço, Brutus. Só fica longe de mim. — ela falou devolvendo a toalha para Brutus e virando de costas para retornar a sala.

— Você era a minha melhor amiga. — Brutus sussurrou segundo o braço de Ramona.

— Falou tudo, você era. Não te reconheço mais. Brutus, a vida nos dá escolhas, algumas mais difíceis que outras. O Yuri é um garoto tão legal, sensível e passou por tanta coisas na vida. De verdade, eu esperava mais de você. Agora, com licença. — A Ramona se transformou em uma verdadeira metralhadora e, sem querer, deixou Brutus ainda mais confuso.

Quem estava feliz da vida era Letícia. O seu relacionamento com Arthur só crescia. A minha amiga recebeu o pedido de namorado em tempo recorde. Ela, até mesmo, começou a participar das produções amadoras dele. A Letícia já foi uma espiã, odalisca, feiticeira e feirante.

Os dois trabalhavam bem, Arthur era cheio de ideias inovadoras, nós saímos juntos algumas vezes, mas, pelo visto, ele estava fazendo bem para a Letícia.

— Adorei a gravação hoje. Ficou muito legal. — falou Letícia, guardando algumas maquiagens na bolsa.

— Obrigado. — ele disse se aproximando e beijando Letícia. — Obrigado por ser minha primeira fã. Inclusive, nesse final de semana vou participar de uma exposição. Você quer ir? Aproveita e conhece meus amigos.

— Ah, legal. Finalmente, vou conhecer seus amigos baladeiros. Você já conheceu a maioria dos meus. — ressaltou Letícia abraçando Arthur.

— Vou logo te falando. O meu povo é muito alternativo. O tipo que dorme abraçado com árvore, anda pelado na natureza e que conversa com os elementos da terra. — ele explicou dando uma risada amarela para a namorada.

— Sou muito compreensiva, Arthur. Não se preocupe. — garantiu Letícia.

***

Após muita enrolação e lágrimas, a tia Olivia escolheu seu pretendente. Claro, que ela ficou com o Carlos, no início, o Orlando não entendeu tão bem, só que acabou deixando a titia em paz. Inclusive, o estagiário dela passou a ser uma presença constante em casa.

Aproveitei os dotes do Carlos para alguns trabalhos, como por exemplo, trocar a calha danificada, pendurar uns quadros na parede da sala e arrumar a pia da cozinha. Sim, o Carlos, além de namorar a titia, se tornou o nosso faz tudo. Afinal, toda relação tem o bônus e o ônus.

No sábado, eles decidiram dormir juntos. O plano era o Carlos sair às 6h, dessa forma, a gente não ia descobrir. A tia Olivia acordou assustado e, praticamente, jogou o namorado da cama. Ainda sonolento, ele levantou e vestiu as roupas.

Como dois espiões, Carlos e tia Olivia, desceram às escadas e se despediram. Titia o convidou para o cinema, ela queria aproveitar ao máximo a companhia dele. O que não fazia sentido, pois, os dois trabalhavam juntos.

— Qual filme vamos assistir? — perguntou Carlos, abotoando a camisa social.

— Vamos ao cinema? — perguntou Giovanna, levantando do sofá e assustando os dois.

Sim, eles foram pegos no pulo. A Giovanna havia acordado cedo para assistir uma transmissão da Katy Perry no YouTube. A tia Olivia queria se enterrar, porque Giovanna começou a fazer várias perguntas.

— Pode ser um filme de romance? Detesto essa massificação em cima dos heróis. São apenas homens com roupas de plástico.

— Quero assistir "A Filha do Satanás 4 - Entranhas Sangrentas"! — gritou Richard saindo da cozinha para o desespero da titia.

— O que vocês estão fazendo acordados uma hora dessas? — ela perguntou, mas, se surpreendeu, ainda mais, quando eu saio da cozinha vestindo meu avental do Mickey.

— Caramba, fiz pouco café. — reclamei voltando para a cozinha.

— Que merda! — pensou tia Olívia olhando para Carlos. — Crianças, o que vocês estão fazendo aqui?

— Hello, a gente mora aqui. — soltou Giovanna.

— Reformulando a pergunta. Porquê vocês acordaram tão cedo?!

— Tia, além da live da Katy Perry, hoje é dia da gente ir no Parque do Mindu. O Diogo vem nos pegar daqui a pouco. Vem logo tomar café.

— Carlos, vou ter que te chamar de tio? — perguntou Richard.

Desesperado, Carlos pegou os sapatos e andou em direção a porta. A chata da Giovanna pediu para que ele abotoasse a camisa direito. Não me imagino nessa posição, ainda mais com duas crianças inconvenientes, senti compaixão, então, o convidei para tomar café conosco.

— Espero que o meu leite de búfala esteja gelado. — soltou Giovanna entrando na cozinha.

— Ela toma leite de búfala? — perguntou Carlos para tia Olivia.

— É mais saudável. — ela disse arrumando a camisa do namorado.

— Sabe quanto é caro?

— Claro que sei. Preciso comprar dois pacotes por mês. Ainda bem que só ela gosta. — afirmou titia.

Café, pão, queijo, leite de búfala e torta de climão. Durante o café da manhã pude notar o constrangimento da minha tia, mas ela já estava namorando o Carlos há bastante tempo, ou seja, nada mais justo da gente conhecer ele também.

Para dar uma folga aos pombinhos (e mais tempo também), tive a brilhante ideia de ajudar Giovanna em um projeto da escola. E, claro, chamei o Diogo para a missão. Ele não demorou muito para chegar, seguimos para o Parque do Mindu, que não ficava muito longe de casa.

No jornal local, a previsão anunciava chuva forte durante a tarde, o que deixou a tarefa ainda mais difícil. Era minha primeira vez no Parque do Mindu e, cara, que lugar mais lindo. Os cenários do Amazonas são os melhores, isso eu não posso negar.

— Nem sei porque preciso tirar fotos dessas plantas estupidas? — reclamou Giovanna, passando protetor solar no rosto e braços.

— Vale nota? Você precisa de bastante pontos em Ciência.

— Uma coisa inútil, Yuri. Quando na vida real vou precisar de conhecimento em plantas e árvores?!

— Ela tá certa. — ressaltou Diogo, ficando do lado da Giovanna.

— Ei. Você precisa ficar do meu lado.

— Eu estou sempre. O problema é que algumas matérias são desnecessárias. Quando vou precisar saber quanto vale o X? — indagou Diogo fazendo uma careta engraçada.

— Vocês falam isso porque são péssimos nessas matérias. — falei rindo.

— E, educação física, Yuri? — Giovanna pegou pesado com a pergunta e levei um tempo para responder.

— Qual é, gente. Futebol nunca vai ser útil na vida real. — inventei andando na frente deles.

Richard estava chateado, ele deixou em casa a sua caixinha para capturar insetos. Começamos a coletar o material para o trabalho da Giovanna, quer dizer, o Diogo e eu, os meus irmãos ficaram brincando e matando tempo. Só não reclamei, porque adoro esse tipo de atividade.

Após alguns minutos, terminamos de registrar as plantas e decidimos fazer um piquenique. Olhei no celular e ainda faltava um pouco para chover. Várias nuvens carregadas cobriram o céu, porém, a minha intuição dizia que dava.

Escolhemos o lugar mais bonito para o piquenique. Levei todos os alimentos em uma bolsa térmica. Trouxe uma toalha de mesa para cobrir o chão e sentamos. Para a minha surpresa, o Zedu passou correndo por nós, ele só parou por que a Giovanna chamou sua atenção.

Chegamos cedo no Mindu e levamos também material para fazer um piquenique. Infelizmente, nem acredito que disse isso, mas infelizmente o tempo estava fechando. O Zedu estava lá também, correndo, nossa nem preciso falar que espetacular ele ficava correndo.

***

Ramona e Letícia decidiram ir à um salão de beleza novo. Um dos atendentes era gato e elas logo ficaram de olho nele, mas, apesar de tudo, Ramona ainda ficava muito triste com o comportamento de Brutus.

— Olá? Tudo bem, meninas. — Julian, o cabelereiro gato, pegou nos cabelos de Letícia e sorriu. — Olha, que coisa mais linda. Se todos os cabelos fossem iguais ao seu, o mundo seria um lugar muito melhor. — Olha esse. — dessa vez, pegando no cabelo de Ramona. — Parece uma seda. Tem certezas que vocês já não fizeram os cabelos?

— Você é muito gentil. Mas, de verdade, eu preciso fazer uma hidratação. — disse Letícia.

— Eu queria cortar dois dedos. — Ramona olhou diretamente para Julian, quase uma psicopata. — DOIS DEDOS!!!

— Sim… eu… eu… entendi. — Julian engoliu seco. — Você é bem decidida. Gostei. Deixa eu pegar o meu material.

Eu adoro inventar coisas novas para fazer com meus irmãos, mas, realmente, o climão seguia aquelas criaturas. Zedu, Diogo e eu, sentados um ao lado do outro. Foquei nas comidas deliciosas que levei para o piquenique. Bolo, salgadinhos, sanduíches, frutas e sucos, claro, que antes, a Giovanna tirou diversas selfies.

No Mindu, conseguimos fazer muitas fotos para o projeto da Giovanna, então decidimos estender a toalha de piquenique e curtir aquela manhã agradável. Levei bolo, salgadinhos, sanduíches, frutas e sucos, claro que antes a minha irmã precisou tirar 2304 selfies.

— Então, você vem sempre aqui, Zedu? — quis saber Giovanna.

— Corro aqui sempre. Tem trilha, então, posso melhorar meu desempenho. Fora que é um bom lugar para refletir sobre a vida.

— Ei, Richard. — chamei a atenção do meu irmão, mas percebi que ele não estava por perto. — Cadê esse menino?

— Deve tá atrás de algum animal peçonhento por essa mata. — Giovanna odiava as manias do Richard.

Moleque chato. Levantei com certa dificuldade, quando fico sentado no chão por muito tempo, a minha perna começa a formigar, então, saio mancando atrás do Richard. Deixei o Zedu e Diogo com a Giovanna. Eles ficaram sem assunto, então, a traste número dois decidiu brincar um pouco.

— Diogo, vem cá, conta pra gente. Como é ficar com o Yuri? Quem é o ativo ou passivo? — ela jogou a pergunta e Diogo quase vomitou o suco na cara do Zedu.

Nenhum sinal do Richard. Procurei por quase 15 minutos. Aquele demônio em forma de gente não estava em canto nenhum. Ninguém correndo, chorando ou lamentando, não encontrei nada.

Meu coração começou a ficar apertado. Voltei e falei para os meninos que o Richard havia desaparecido. O Zedu foi até a administração e um dos guias nos acompanhou pela trilha principal. Liguei para titia que não demorou a chegar.

"Como ele sumiu?", "Esse lugar é muito grande?", "Existem animais aqui dentro?" e "Se foi algum predador sexual?". Mil questionamentos se passavam na minha cabeça.

— Giovanna. Preciso que você vá em casa. Deixei meu celular lá e a carteira. Sai com tanta pressa que acabei esquecendo. — pediu tia Olivia olhando para Diogo. — Você pode ir com ela?

— Claro. — Diogo se prontificou em ajudar levando Giovanna.

Eu estava desesperado. Prometi que cuidaria do Richard e o deixei desaparecer desse jeito. Segui com um dos guias pela trilha tradicional, o Zedu foi junto comigo. Já Carlos e tia Olívia seguiram pelo caminha alternativo.

Apesar do clima europeu, a parte interna da trilha estava pegando fogo. A minha camiseta estava molhada de suor. A todo instante, o Zedu me oferecia água ou perguntava se dava para continuar.

Descemos vários degraus de pedra e chegamos em uma parte cheia de fitas amarelas. De acordo com o guia do local, o igarapé transbordava e enchia o terreno de lixo.

— Infelizmente, a maioria dos igarapés de Manaus estão poluídos. — disse o guia apontando para frente.

Realmente, uma floresta tão bonita estava morrendo devido a ação do ser humano. Nunca vi tanto lixo entulhado no mesmo local. Garrafas, copos de plástico, televisão, geladeira e sofás, mas o que me chamou atenção foi uma placa que dizia: "Cuidado com os jacarés". Como assim, jacarés?

— Esse jacarés já mataram alguém? — perguntei em desespero para o guia.

— Não, nunca tivemos nenhum tipo de situação. Calma, o teu irmão está bem. Vamos encontrá-lo. — ele tentou me tranquilizar.

— Yuri. O Richard está bem, ok. — Zedu falou pegando no meu ombro com a mão direita e usou a esquerda para limpar o suor na minha testa.

Tia Olivia teve várias lembranças ruins da época em que mamãe estava grávida de Richard. Afinal, não foi uma gestação comum, o meu irmão quase morreu ao nascer, porém, superou às expectativas dos médicos e cresceu saudável.

Ela começou o discurso de ser uma mãe horrível. Carlos a tranquilizou com um forte abraço, afinal, o tempo era um recurso precioso em caso de crianças desaparecidas. Eles seguiram o guia, sempre chamando pelo nome do meu irmão.

— Seu menino é aquele loirinho? — questionou o guia apontando para frente.

— Richard! Richaaaard!! — tia Olivia não sabia se corria ou gritava, mas acabou correndo em direção ao Richard.

No fim das contas, o Richard não estava perdido, sabia muito como sair da trilha alternativa. Nos braços, ele segurava um pequeno filhote de macaco, o animal quebrou uma das patas e não conseguia subir nas árvores.

Primeiro os abraços e palavras de carinho, depois, o sermão de quase cinco minutos. Tá, certo que o Richard é uma criança, mas ele precisava entender o significado da palavra "limite".

— Tia, não grita. A senhora está assustando o Chico. — Richard falou olhando para o macaco.

— Tá certo. Família reunida, mas vamos sair daqui. Odeio florestas. — disse Carlos pegando no ombro da titia.

— Vamos, antes que comece a cho... — titia foi interrompida por um forte trovão que ecoou pela floresta.

Quase gritei de susto devido ao trovão. Zedu, o Guia e eu, fomos surpreendidos por uma forte chuva e vento que faziam às árvores balançarem. De repente, um grande tronco caiu no chão, o Zedu me empurrou e caímos de um barranco.

Naquele momento, não senti nada, apenas fiquei preocupado em proteger minha cabeça, tentava parar de rolar, porém, não conseguia. Maldita gravidade. Consegui ver o Zedu de relance, batendo a cabeça várias vezes.

Mato, pedra, barro e lixo. Rebolei mais longe que o Zedu, deve ser por causa do peso. Não conseguia respirar, só que o meu corpo não estava doendo. Devia ser a adrenalina que corria dentro de mim. Levantei com uma agilidade que eu, normalmente, não tenho e cantei parte da música da Xuxa para verificar alguma lesão.

— Cabeça, ombro, joelho e pé, joelho e pé. — pensei.

Ok. Menos mal, tudo está no lugar e nenhum machucado aparente. Olhei para o lado e encontrei Zedu desmaiado, corri e o coloquei em uma posição mais confortável. Afinal, a água começou a encher o buraco que caímos.

— Zedu, por favor, acorda. — pedi, balançando o Zedu.

— Ei! — grito o guia. — Vocês precisam sair daí.

— O meu amigo está inconsciente. Ele precisa de ajuda! — gritei.

— Yuri. — Zedu falou meu nome, abrindo os olhos e parecendo confuso. — O que aconteceu?

— Aconteceu que caímos num...

Fiquei mudo. Não conseguia soltar mais um som. Ajudei o Zedu a ficar de pé e apontei para frente. Haviam dos jacarés de tamanho médio nos encarando. O Zedu segurou na minha mão e ficamos sem saber o que fazer.

— A gente tá sangrando. — Zedu falou com a respiração ofegante. — O sangue tá chamando a atenção deles.

— Merda. O que vamos fazer? — perguntei olhando para os jacarés que se aproximavam.

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Comentários

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HUMMMMMMMMMMM. MUITAS EMOÇÕES. ASSIM QUE GOSTO.

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Massa, o conto !! Ansioso pela continuação.... as coisas estão meio estranhas entre a turma....e essa queda do Zedu e do Yuri promete...eu acho

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