O pai do meu paciente 4

Um conto erótico de DanielMG
Categoria: Homossexual
Contém 1256 palavras
Data: 13/09/2016 23:01:24
Assuntos: Gay, Homossexual

Então, mais uma parte aqui. Valeu muito pelos comentários. Tô curtindo demais escrever, apesar das lembranças doloridas. Sigo escrevendo e vcs sigam comentando, ok? Obrigadoo

--

Ao olhar pro lado, não consegui continuar a fala. Vi aquele cara. O maldito que queria arruinar minha vida estava do outro lado da rua, conversando com uma mulher. Enquanto ele ria, num papo que parecia flerte, eu estava nervoso, por culpa dele, aguardando a decisão da minha vida.

Não pensei duas vezes. Enquanto André tentava me segurar ao acompanhar meu olhar, eu avancei nele. O derrubei e comecei a soca-lo, sem lhe dar chance de mais nada.

- Filho da puta. Miserável. Desgraçado. É isso que você merece!

Enquanto ele tentava se esquivar, eu usava todo o ódio guardado nas últimas semanas para extravasar com ele. A rua se encheu de gente. Ouvia André tentando me puxar, enquanto eu usava toda minha força para continuar golpeando aquele cara. Não sabia de onde tirava tanta força. Não sabia quando ia parar, mas sabia de uma coisa: com aquele espetáculo na rua, aí sim minha carreira tinha acabado!

André conseguiu me segurar minutos depois. Mas pelo menos eu estava mais leve ao ver um pouco de sangue nas mãos. Havia me vingado, ainda que em proporção menor.

- Daniel, eu queria mesmo falar com você.

- Filho da puta. Não fala comigo. Num queria destruir minha vida? Conseguiu! E agora eu te dei motivo.

André assistia aquele diálogo calado, fazendo força para me segurar.

- Eu preciso me explicar.

- Precisa é sumir da minha frente, Ricardo.

A moça, até então assustada com a cena, resolveu falar merda:

- Rick, eu vou chamar a polícia.

- Amanda, vai pra casa. Eu vou resolver essa história aqui.

Disse Ricardo cuspindo sangue dos socos que levou.

- Já tá resolvido, seu idiota. Você conseguiu o que queria, mas não foi de graça. Agora tô de alma lavada.

Me sentei do André e subi os seis andares do prédio do conselho. Fui ao banheiro, lavei o rosto e, ao ver o espelho,

André me olhava.

- O que foi? Vai me julgar agora?

- Não, Dani. Sei que você precisava disso. E aquele fortão mereceu.

- Nem sei mais o que dizer nessa reunião. Agora perco meu registro de vez.

- É um risco. Mas estou orgulhoso de você. Você sabe que eu te amo né?!

Ele veio me abraçar e eu cortei o momento pois continuava pensando na situação da rua.

- Dé, se ele quisesse, teria me matado. O idiota é muito mais forte que eu.

- Deve ter ficado com a consciência pesada. Aliás, acho que você devia ter deixado ele falar pelo menos. Você precisa de uma explicação.

- Precisava era quebrar a cara dele, isso sim. Agora tô mais calmo. Vou entrar na sala. Obrigado por tudo.

Nos abraçamos e eu segui no corredor. Esperava o fim definitivo da minha carreira em poucos minutos. Bati na porta e esperei ser atendido. Uma mulher bem vestida, de alto cargo no conselho, me convidou para entrar na sala, onde já estavam dois homens.

- Senhor Daniel, estamos aqui para ouvir suas explicações sobre o processo que foi aberto contra você e...

- Eu me declaro completamente inocente. Fui pego de surpresa com essa história e esse fato não é compatível com a minha carreira já consolidada.

- Deixe-me terminar? Íamos pedir suas explicações, mas recebemos um documento agora há pouco informando a extinção do processo. A parte acusadora decidiu retirar a queixa e inclusive arcou com uma multa por isso.

- Como assim?

- Quero dizer que a parte acusadora retirou o processo e assumiu ter apresentado uma inverdade, o que trará consequências para ele, começando por uma multa que já foi paga.

- E minha situação, como fica?

- Já pedimos a revogação da sua suspensão. Você poderá voltar a atender imediatamente.

- Nossa! Melhor notícia que tive hoje.

Assinei alguns documentos com felicidade. A sensação era de estar voltando pra minha vida. Aquela que eu tanto lutei pra conquistar. Claro que me faltava muita coisa naquele momento, mas pelo menos eu lidaria bem com o lado profissional.

Saí aliviado da sala e fui para a portaria, onde André ficava me esperando. Seu cuidado comigo era admirável.

- E aí?

- E aí que o babaca retirou o processo. Já posso voltar a atender.

- Que perfeito! Agora é esquecer essa bobagem.

- Esquecer, Dé? Tá doido? Esse cara quase acabou comigo. Eu ainda preciso superar esse ódio.

- E vai conseguir. Estarei do seu lado pra te ajudar nisso. Você sabe que pode contar comigo.

- Sei. Acho que sei.

- Bom, vamos pra sua casa. Precisamos comemorar.

- André, não tô afim de sexo. Tô aliviado, mas é muita coisa pra minha cabeça e...

- Quem falou em sexo? Só quero comemorar do seu lado, só isso.

- Poxa. Eu tô em débito com você, né?

O diálogo continuou enquanto ele dirigia.

- Como assim, débito?

- Lógico que tô devendo. Nesses últimos dias você tem me dado o maior apoio e eu não tenho devolvido isso.

- Amigos são pra essas horas. E nós somos mais que amigos.

- Sim, André. Somos como irmãos né?!

- Não. Não quero ser seu irmão.

Ele ficou sério e o assunto morreu. Minha cabeça estava em outro lugar. Eu só pensando em fazer contato com todos os pacientes para que eu pudesse volta logo a ativa. Sentia falta do meu trabalho, de acordar cedo, da rotina, de tudo.

Além disso, precisava trabalhar. O dinheiro da reserva já estava acabando e as contas não paravam de chegar.

A comemoração foi breve, com duas taças do vinho que ainda sobrava (estava bebendo bastante nos últimos dias, mas isso ia acabar). André foi pra casa e eu fiquei sozinho, planejando meu retorno.

Liguei pra Julia, atualizando as informações e já organizando o retorno. No dia seguinte, acordei cedo, me arrumei e estava pronto para retomar a rotina. Para comemorar, tomei um vinho e recebi Julia em casa para que sejam pensados os contatos.

Eis que minha surpresa apareceu: com toda essa história, meu nome foi pro lixo. Todos os clientes se recusavam a retomar o atendimento com alguém acusado de agredir uma criança. Escolas e outras empresas parceiras sequer quiseram marcar uma conversa para que eu explicasse o mal-entendido. Fiquei com o nome manchado e as expectativas de retomar os trabalhos foram por água abaixo.

A frustração voltou, a bebida passou a ser minha principal companheira. Passei a perder meus bens, afinal não tinha mais de onde tirar dinheiro e manter as regalias que conquistei. Carro, apartamento, consultório... tudo indo para o ralo enquanto eu me mantinha inerte e bêbado!

Sim, me tornei um alcoolista. Pior que isso: me tornei um alcoolista revoltado com tudo e todos. Preferi o isolamento do que o julgamento, inclusive de André, que no começo era só atenção e afeto, e depois se tornou chato por cobrar mudanças da minha parte. Eu não queria mudar. Queria acabar com tudo.

Num desses dias de álcool, depois de tomar muita coisa, caminhei até uma ponte do centro da cidade. A cabeça estava ao mesmo tempo cheia e vazia. Cheia de sentimentos e vazia como minha vida. O que eu tinha conseguido depois de quase três décadas de vida? Nada!

Sem família, sem amores, sem trabalho, sem realizações, sem orgulho de mim mesmo. Sem nada. Sem vida!

Já que era assim, não valia a pena continuar. Enquanto me encaminhava para dar fim ao sofrimento dos últimos meses, sinto duas mãos me segurando com força.

- Eu não vou deixar você fazer isso!

- É tudo por sua causa.

- Você é mais forte que isso. Me mata, mas não entregue os pontos!

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive DanielMG a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Era p ser um 10 se não fosse a diferença de 1 ano entre um capítulo e outro

0 0
Foto de perfil genérica

Cara vc demora muito pra postar ae quando a gente vai ler ja tem esquecido o capítulo anterior...posta um ae, vai...9

0 0
Foto de perfil genérica

Todos merecem uma segunda chance. Você, no sentido de retomar a sua vida e ele, de se explicar. Provavelmente, ele tem condições de te ajudar a recuperar o que ele te fez perder. Aguardo a continuação. Um abraço carinhoso,

Plutão

0 0
Foto de perfil genérica

pra vc ver como a vida as veses pode ser estranha talves tudo o que vc esteja passando seja para que vc consiga outra coisa melhor então seja paciente esperando aqui pelo proximo capitulo.

0 0
Foto de perfil genérica

Adorei o capítulo! Logo ele que acabou com sua carreira foi quem te salvou! Continua logo!

0 0
Foto de perfil genérica

Logo ele que colocou o nome na lama, foi ajudar.....

0 0
Foto de perfil genérica

É uma história que até agora está muito legal. Mas para quem sentiu na pele, nem imagino o quanto esse período deve ter sido doído.

Continue por favor

0 0
Foto de perfil genérica

Putaquepariu!!! Depois que ele destruiu sua vida, se arrependeu né!? Por causa um riquinho mimado, você anos de dedicação e a sua carreira ficou manchada, fiquei com muita raiva desse cara e agora vêm dar uma de herói, ah vai se lascar!!! Continua logo!!! 👏👏👏😍✌

0 0
Foto de perfil genérica

a vida tem altos e baixos,muito interessante a historia

0 0
Foto de perfil genérica

Que situação!!! Fico torcendo para que tudo se resolva, esse capitulo me deu uma baita agonia!! Uma história cheia de emoções, estou muito envolvida! Adorando!!!

0 0
Foto de perfil genérica

Cara comecei a ler a história hoje e gostei muito, não vou opinar por se tratar de algo real, só espero a continuação...

0 0
Foto de perfil genérica

Q podre. Posta logo.

SETEMBRO AMARELO 🔶🔸

0 0
Foto de perfil genérica

A língua tem poder de vida ou morte...

0 0
Foto de perfil genérica

Mas que merda. Depois que o nome fica sujo, é uma merda pra ter a confiança dos outros de novo.

0 0
Foto de perfil genérica

Excelente pergunta do Valtersó. Também fico a pensar!

0 0