19 - Questão de tempo 2

Um conto erótico de Bib's
Categoria: Homossexual
Contém 13728 palavras
Data: 22/07/2016 16:28:02

Estávamos sentados comendo bolo de carne caseiro feito por Regina quando os detetives Hefron e Lange entraram no quarto, seguidos por outro homem. Eu vi Sam sentar-se em sua cama e balançar as pernas para o lado. Ele teria se levantado, mas o homem que caminhava entre os dois detetives levantou a mão para detê-lo. Quando ele estava perto o suficiente, ele estendeu a mão para Sam.

“Uau,” Sam riu, apertando a mão firme e segurando o ombro do outro homem. “Mandaram um figurão.”

O outro homem acenou com a cabeça, a borda de seu lábio curvando ligeiramente enquanto olhava para ele. “Já chega, Sam. Nós estamos procurando por um serial killer afinal de contas.”

Ele acenou com a cabeça antes de o homem o soltar e se virar para o resto de nós. Seus olhos azuis passaram por todos nós antes de se estabelecerem em mim.

“Jory Harcourt.”

“Sim.”

Ele olhou para mim. “Por que você está usando um casaco aqui dentro?”

“Porque eu estou com frio,” eu respondi, como sendo a razão para a presença do meu casaco. Parecia que eu estava congelando o tempo todo. Depois que Caleb e eu tínhamos encontrado Joyce Fain morta, não conseguia me aquecer o suficiente. Aja disse que era psicológico e não fisiológico, mas eu dispensei seu raciocínio. E sim, geralmente Sam estava em casa para me abraçar e dormir comigo e deixar sua marca em minha mente e meu corpo, de modo que todo o resto desaparecia... mas eu tinha certeza de que estava realmente, realmente, com frio. No entanto, nem ela nem Dane acreditavam.

“Os hospitais estão sempre frios,” o homem assegurou-me.

“Quem é você?” Perguntei irritado.

Ele se aproximou de mim e estendeu a mão quando me levantei. “Agente Especial Zane Calhoun do escritório de campo em Dallas... prazer em conhecê-lo.”

“Agente Especial?”

Ele pegou seu distintivo de onde havia caído atrás de sua gravata. As letras eram grandes e visíveis. “FBI. Estamos ajudando o Departamento de Polícia de Chicago com a investigação, como você sabe, e eu fui chamado de Dallas, já que é a cidade natal do Sr. Reid. Precisamos levá-lo sob custódia o mais rápido possível, antes que ele machuque alguém ou ponha você ou seu irmão ou o detetive Kage em perigo de novo.“

“Mas como você pode ter certeza de que...”

“De que? De que Reid é um assassino?”

“Sim,” respondeu Dane.

Ele se virou e olhou para Dane. “Dane Harcourt?”

“Sim.”

Ele caminhou ao redor da mesa e apertou a mão de Dane antes de se apresentar primeiro a Aja e depois aos pais de Sam. Quando seus olhos se voltaram para Dane, eu o vi sorrir. “Eu posso dizer-lhe, Sr. Harcourt, que apreendemos centenas de fotos suas da casa do Sr. Reid. Sua mãe confirmou que ele sabia quem você era quase seis meses antes de ele se aproximar do Sr. Harcourt no...”

“Isso vai ficar confuso,” eu disse, interrompendo-o mesmo que ele não estivesse falando comigo. “Apenas me chame de Jory.”

Seus olhos estavam de volta em mim e eu vi como ele estava me estudando. “Tudo bem então, Jory.”

“Então você está dizendo que Caleb estava por aqui há meses antes de deixar que Jory ou eu soubéssemos quem ele era,” disse Dane para esclarecer a declaração anterior do Agente Calhoun.

“Sim, senhor, é isso que eu estou dizendo. Na casa dele em Fort Worth, encontramos um espaço no chão de onde nós recuperamos uma faca. Agora eu estou confiante de que vai casar com a que foi utilizada em todas as vítimas. Encontramos uma arma na parte de trás do carro da Sra. Fain, que, mais uma vez, estou confiante vai casar com a bala na cabeça de Greg Fain e com a bala retirada da perna de Caleb Reid.“

Eu apenas olhava para seu perfil quando ele se virou e olhou para mim. “Havia uma caixa de recordações da faculdade no armário de armazenamento de Greg Fain, localizado em Hyde Park, o qual eu suponho que o Sr. Reid não conhecia, e que, eu também estou supondo, que o Sr. Fain estava usando como uma apólice de seguro. Sem dúvida, ele nunca precisou ameaçar o Sr. Reid, já que ele o matou antes que tivesse a chance.“

“Por que ele...”

“Matou o Sr. Fain?”

“Sim.”

“Meu palpite é que o Sr. Fain ficou muito agitado quando descobriu sobre o envolvimento do detetive Kage. Greg Fain tinha sido preso por vender maconha a menores há cinco anos, e os registros citam Dominic Kairov e Sam Kage como os policiais que efetuaram a prisão.“

“Sério? Quando eu estava trabalhando na Delegacia de Costumes?”

O Agente Calhoun assentiu.

“Eu não me lembro dele,” disse Sam calmamente e o Agente Calhoun virou para olhar para ele.

“Você não pode se lembrar de todos eles, Sam, e meu palpite é que foi ruim, mas não tanto quanto parece. Quando eu puxei o relatório, Greg Fain tinha 22 anos no momento de sua prisão, e os caras para quem ele vendeu a maconha eram seus amigos, com idades entre 18 e 20 anos. Acho que, talvez, você e Dom o tenham apavorado, e quando ele descobriu que você estava envolvido, o mesmo detetive que o prendeu da única outra vez que ele teve um problema com a lei... ele se descontrolou. Não havia jeito do Sr. Reid o acalmar, por isso ele fez o que achava que devia fazer e o matou.”

“Isso não parece muito fácil para você?” Eu perguntei a ele.

“Fácil?” O Agente Calhoun me deu uma olhada. “Só parece fácil porque é tão claro. O detetive Kage teve um palpite e era o certo. A caixa no armário de Greg Fain tinha fotos dele e do Sr. Reid de quando eles frequentaram a Texas A & M juntos. Apenas Reid se formou, mas eles devem ter mantido contato ao longo dos anos. Talvez quando Reid veio aqui para ver o Sr. Harcourt, ele procurou seu velho amigo e colocou a ideia em sua cabeça sobre sequestrar você para que seu irmão pagasse o resgate.“

“Eu me lembro de Caleb ficar tão surpreso porque Dane ia pagar o resgate por ele, assim como por mim.”

“Mas veja, não fazia sentido que o Sr. Reid fosse sequestrado, e quando o detetive Kage me chamou e pediu que eu continuasse envolvido no caso, mesmo depois de você e Reid serem recuperados... nós dois sentimos que devia ser um trabalho interno.“

Eu balancei a cabeça. “Quem você pensava que fosse?”

Ele suspirou rapidamente. “Eu pensei que fosse você, Jory.”

“Eu? Mas eu fui sequestrado e...”

“Mas você escapou, e o jeito que você fez isso, aquela história toda sobre ladrões de carro e ser abandonado... aquilo soou estranho demais para mim.”

“Mas...”

Ele levantou a mão para me parar. “Mas, então, o detetive Kage foi ferido, e o que você fez depois disso... Eu sabia que você era inocente, mesmo antes de começar a correr pela cidade à procura de respostas. Encontrar os dois rapazes que roubaram o carro, encontrar a casa onde foram mantidos, até mesmo encontrar Joyce Fain... foi um ótimo trabalho e você fez tudo para manter o detetive Kage seguro.“

Eu olhei nos olhos dele. “Por que Caleb quer machucar Dane?”

“O perfil que traçamos de Caleb Reid nos dá uma visão da mente de um sociopata clássico. Ele quer o que quer e não tem remorso ou mesmo qualquer emoção em sua busca para satisfazer suas próprias necessidades.”

“O que ele quer?”

“Bem... primeiro, ele quer que sua família seja inteira, e com você longe, Jory, os únicos irmãos que Dane Harcourt têm, são os Reids. Segundo, ele quer dinheiro – pura e simplesmente. Ele vê a riqueza de seu irmão, vê a mulher com quem ele se casou, o estilo de vida que ele leva, e quer isso para si mesmo. Dinheiro como motivador é poderoso e todos entendem isso. Com você morto e o Sr. Harcourt de luto, Reid pode se aproximar e trazer seu irmão de volta para o rebanho.“

“Nunca aconteceria,” Dane disse a ele.

“Claro que não,” O Agente Calhoun assegurou. “Mas não é a minha fantasia, é a dele.”

Eu balancei a cabeça, “Eu ainda...”

“Caleb Reid matou a primeira vítima logo depois que conheceu você, Jory. Ele escreveu seu nome na parede do seu antigo apartamento com sangue e matéria fecal, e sob seu nome ele escreveu a palavra 'falso'.”

Eu estremeci e olhei para Sam. Ele nunca tinha me contado tudo.

“Venha aqui,” ele gesticulou para que eu me aproximasse.

Passei para seu lado e ele colocou minha cabeça sob seu queixo, esfregando a mão para cima e para baixo por meu braço.

“Eu acho que falso significa irmão falso, e essa era a peça que faltava todo esse tempo.”

Eu balancei a cabeça lentamente.

“A próxima vítima foi levada após a festa de quarenta anos do Sr. Harcourt, que foi, pelo que eu sei, extremamente suntuosa. Tenho certeza de que só estar lá quase matou o Sr. Reid. Em seguida foi a festa de noivado do Sr. Harcourt com a Srta. Greene. Ele viu seu irmão dar outra festa e viu a bela mulher com quem ele pretendia se casar. E então, o casamento em si... deve ter sido uma tortura para ele. Você estava lá de pé com o seu irmão, e ele e sua família eram apenas convidados. Estas foram ocorrências de uma raiva incrível que só poderia ser ventilada por meio de assassinatos.” ele terminou, e eu percebi como ele soava clínico.

“Sabe, Caleb não é um estudo de caso, Agente Calhoun, ele é um ser humano.”

“Por um fio,” esclareceu ele. “Jory, não posso pensar em nenhuma razão para você ainda estar vivo além do fato de que ele deve realmente gostar de você. Não há nenhuma outra razão para isso.”

Afastei-me de Sam, mas não para fora de seu alcance. “E agora?”

“Agora Caleb Reid precisa ser encontrado e levado sob custódia e colocado sob cuidados psiquiátricos, o mais rapidamente possível. Até que ele seja preso, você e o detetive Kage, e o Sr. e a Sra. Harcourt, e todos os outros estão em perigo terrível. Não vamos esquecer que Caleb Reid colocou uma bomba no carro do detetive Kage, o que quase o matou.“

E eu não tinha reparado em todo o resto, ignorando tudo o que tinha sido feito para mim porque eu estava bem, mas Sam... Caleb tinha tentado matar Sam. Eu me virei e olhei para ele e senti meus olhos ficarem quentes.

“Ah, merda,” Sam resmungou, olhando para o Agente Calhoun. “Você pode dar um tempo, Zane? Dá para não ser tão duro quando estiver falando com Jory?”

“Ah, vamos lá, Sam,” ele disparou de volta quando Sam estendeu a mão para mim, puxando-me de volta para o círculo de seus braços. “Diga-me que vocês não estão pensando sobre ele como se ele ainda fosse o velho e afável Caleb. Nenhum de vocês está juntando o monstro interior com o inofensivo garoto da casa ao lado exterior. Nenhum de vocês está entendendo. Caleb Reid é...”

“Agente Calhoun.”

Todos nos voltamos para a porta, onde um homem estava de pé agora.

“O Departamento de Polícia de Chicago encurralou Caleb Reid em um estacionamento no centro.”

“Qual?” Dane perguntou.

E quando o agente falou o endereço de Dane, fiquei surpreso. Por que ir para lá?

“Ele dominou um segurança,” continuou o homem, “Mas apenas o nocauteou, não matou ninguém; mas ele está armado. Parece que ele está ameaçando virar a arma contra si mesmo. O negociador está lá e eles estão trazendo seus pais de Dallas nesse momento.”

“Pobre Susan,” Aja disse suavemente, inclinando-se para o lado de Dane, enquanto ele a envolvia com o braço. “Isso deve estar matando-a. Ela deve estar pensando que é tudo culpa sua.“

“E agora?” Dane perguntou ao Agente Calhoun. “Quanto tempo você vai tentar falar com ele?”

“Quanto for preciso.”

Houve um grito no corredor e uma mulher voou para o quarto.

“Calhoun – Caleb Reid tem um refém!”

Ela parecia calma, embora falasse muito rapidamente.

“Quem?”

“Uma mulher, ela estava lá para ver os Harcourts... Carmen Greene.”

“Oh Deus!” Aja engasgou e quase desmaiou.

Todos se moveram de uma vez, estendendo a mão para ela, o que me deu minha oportunidade. Era como se eu tivesse planejado.

Saí correndo do quarto.

“Jory!” Eu ouvi Sam rugir.

“Pegue-o!” Agente Calhoun gritou atrás de mim, mas eu tinha certeza de que todos estavam no quarto.

Eu não poderia, não deixaria a irmã de Aja, Carmen, pagar pelos erros de Dane, ou pelos meus. E eu tinha noventa e cinco por cento de certeza de que, se eu pudesse falar com ele, poderia pegar a arma e deixá-lo viver. Não que eu fosse um super herói ou qualquer coisa, só sentia como se eu conhecesse Caleb Reid muito bem. Mas talvez eu não o conhecesse nem um pouco.

Eu passei pela porta para as escadas, e subi dois lances correndo. Ela foi aberta alguns segundos mais tarde e, fossem quantos homens tivessem passado por ela, todos eles desceram. Segui-os a uma distância segura e saí escada através da porta no terceiro andar. Fui até a extremidade oposta e tomei o pequeno elevador até a sala de emergência, com 10 outras pessoas estufadas dentro dele. Saí só para entrar em uma zona desmilitarizada – alta, caótica, e entulhada de pessoas. O lugar estava lotado e me movi através da confusão, invisível. Eu estava definitivamente ficando bom em fugir. Nem sequer precisava mais pensar.

Na rua eu levantei meu colarinho e chamei um táxi logo que cheguei ao meio-fio. Eu já tinha perdido cinco chamadas de Sam, três de Dane, e três de um número que eu não conhecia. Desliguei e dei ao motorista as instruções para chegar ao edifício.

Entrei um pouco em pânico quando vi a barricada, mas tinha uma espécie de plano quando cheguei lá. Tudo dependia do quão confiável eu poderia ser. O que foi útil era eu ter as chaves. Porque mesmo que a polícia não estivesse deixando ninguém entrar ou sair do estacionamento, eles estavam deixando as pessoas entrarem no próprio edifício. Então, quando eu cheguei ao elevador que levava ao apartamento de Dane, entrei no elevador privativo na extremidade oposta da sala para onde ele estacionava seu carro. Quando as portas se abriram, havia homens usando máscaras de Darth Vader e armaduras.

“O que você está fazendo aqui?”

Eu esperava que o agente Calhoun ainda não tivesse falado com cada integrante da equipe da SWAT. “Disseram-me para me apresentar ao negociador. Devo tentar falar com Caleb Reid até sua mãe chegar aqui.”

Deve ter feito sentido para ele. Que pessoa louca se apresenta para uma situação de refém?

Bruscamente, fui puxado do elevador e caminhei por um labirinto de homens de preto até chegar a uma barricada de carros estacionados. Havia luzes, todas apontando para o lado oposto do nível de estacionamento, onde eu podia ver um carro com os pneus dianteiros e traseiros furados e uma janela quebrada do lado do motorista. A frente estava esmagada em um poste.

“Tenente.”

Havia outro homem vestido como dublê de Darth Vader, dois homens em ternos pretos, e mais dois usando jeans - um com um suéter de gola alta, o outro usando uma camisa e gravata.

“Quem é você?” o de suéter latiu para mim.

“O Agente Especial Calhoun me disse para vir falar com Caleb Reid.”

“Mentira,” ele afirmou categoricamente. “Agente Calhoun nos chamou, Sr. Harcourt.” Ele sobre meu ombro para um dos caras da SWAT. “Leve-o de volta para a rua e coloque-o em um carro até que tudo isso termine.”

Mas eu estava mais longe do que pensava que chegaria. Quando me virei para ir, fiz o movimento giratório que eu aperfeiçoei brincando de pega-pega quando eu tinha oito anos. Vá para a direita, gire de volta para a esquerda, e vire. Funcionou como sempre e cheguei ao lado do carro antes de ser agarrado por trás, meu casaco sendo segurado com força por alguém. Não que isso importasse, já que eu o tinha afrouxado a caminho do elevador. Ele deslizou facilmente por dos meus ombros enquanto eu voava um metro e meio em direção ao carro estacionado sob o brilho dos holofotes.

“Sr. Harcourt, traga seu traseiro de volta aqui!”

“Dane!” Eu ouvi Caleb gritar.

“Não,” eu gritei de volta, mãos para cima enquanto eu caminhava em direção ao carro. “Sou eu.”

“Jory?” A voz tinha se transformado instantaneamente de louca para calma. Ele parecia normal como sempre.

Eu assenti, mas percebi rapidamente que ele não poderia me ver.

“É! Você quer deixar Carmen ir e eu vou me sentar com você?”

“Ok,” ele gritou de volta, como eu tivesse perguntado a ele se ele queria um hambúrguer ou algo assim. Apenas uma decisão banal, não com o peso de vida ou morte que essa tinha. Eu abaixei minhas mãos e corri para onde estava o carro quando a cabeça de Carmen apareceu.

Chamei-a para mim enquanto eu corria. “Vamos lá, corra!”

As mulheres da família Greene eram fenomenais. Ela fez exatamente o que eu disse, sem qualquer teatro de Hollywood. Ela simplesmente se moveu.

“Corra para os carros do outro lado,” eu gritei quando ela começou a desacelerar conforme se aproximava de mim. “Não pare, apenas corra!”

Ela passou por mim e eu corri em direção a Caleb, que estava agachado atrás do carro, o cano de uma arma apontada para mim. Parei quando o alcancei, de pé sobre ele, olhando para baixo.

“Sente-se,” ele ordenou, agarrando o meu pulso e me puxando para baixo ao lado dele.

Sentei-me ao seu lado, ombro a ombro, as costas contra a lateral do carro, o chão de concreto frio instantaneamente me enregelando através do meu jeans, o cano da arma enfiado em minhas costelas.

“Estou com frio,” eu murmurei, tremendo, inclinando-se ao lado dele.

“Jesus.”

Eu me virei para olhar para o seu perfil. “O que foi?”

Ele balançou a cabeça. “Você sabe e ainda não está com medo. Jesus Cristo, Jory.“

E lembrei-me de repente da maneira como seu rosto parecia quando fui sequestrado na frente dele. Quão aterrorizado e impotente ele estava. Ele gostava de mim naquele momento. Tinha se importado comigo desde aquele momento. Ele nunca me machucaria, não estava nele. “Caleb.”

“O que?”

Mas havia alguém que não gostava de mim. Alguém sabia que ele conhecia me queria morto. E o meu cérebro tinha finalmente descoberto. “No telefone aquela vez... quando você me ligou quando eu voltei... você sabe o que você disse?”

“O que você...” Ele parou de falar. “Eu não sei do que você está falando.”

Eu balancei a cabeça. Eu sabia que não tinha sido Caleb no meu celular novo depois que eu tinha sido sequestrado. Não era Caleb que queria me beijar quando eu estivesse frio. “Foi o que eu achei.”

Seus olhos de repente ficaram enormes. “Espere – não – você está errado.”

Mas eu não estava, e porque eu estava cerca de um segundo à frente dele, peguei o cano da arma e empurrei para o lado, para longe de mim, de modo que, quando disparou, a bala atingiu a parede a poucos metros de nós. Eu era mais ágil e estava vestindo menos roupas, então fui capaz de me virar e cair sobre ele antes que ele pudesse estabilizar seus pés. Ele caiu para trás e eu bati seu rosto na lateral do carro, e depois a parte de trás de sua cabeça sobre o concreto. Seus olhos rolaram para trás e ele ficou quieto. Eu ouvi os gritos e os pés batendo no chão e depois havia as mãos em cima de mim quando eu fui levantado e afastado. A arma de Caleb foi chutada para a parede, bem fora de seu alcance se tivesse estado consciente o suficiente para sequer tentar pegá-la. Eu fui puxado com força e, de repente, estava cara-a-cara com o agente Calhoun.

“Eu vou te jogar na cadeia por muito tempo, Sr. Harcourt.“

“Tudo bem, que seja – escute-me,” eu estava rouco porque estava sem fôlego. “Eu recebi um telefonema quando cheguei em casa após de ser sequestrado, mas não foi Caleb.”

Ele olhou para mim. “Eu não tenho ideia do que você está...”

“Quem ligou disse que queria me beijar quando eu estivesse frio.”

“Mais uma vez, eu não tenho ideia do que você está...”

“Caleb nunca diria isso, ele está encobrindo alguém.”

“Quem? Do que você está falando?”

“Ele descobriu, eu não sei quando... não, provavelmente, até há pouco tempo, mas desde que ele descobriu, ele esteve se colocando entre nós... me protegendo.” Terminei rapidamente.

“Você não está fazendo nenhum sentido.”

“Eu tenho certeza que ele encobriu ou fingiu que não estava acontecendo, talvez esperava... mas Caleb não é assim, ele é simplesmente não é. Ele não tem capacidade de matar, eu sei que ele não tem, mas ela faz.“

“Eu não estou te seguindo.”

“É a mãe dele... é Susan Reid. É ela quem ele está protegendo... ela é a única pessoa por quem ele iria para a cadeia. Eu juro – ela é a culpada.”

“Você tem alguma noção do que você está falan...”

“Faz todo o sentido. Susan acha que eu sou a única coisa que a impede de se aproximar de Dane, mas Caleb sabe que eu não sou o problema. É ele – é Dane. Ele nunca vai perdoá-la por ter-lhe dado para adoção.”

“Eu não estou...”

“Você não vê – é tudo. É a mídia, e sua ideia, sua crença sobre o que ia acontecer. Acho que ela pensou que só porque ela abriu mão dele, mais tarde ele perdoaria e esqueceria. Ela poderia trazê-lo de volta à família e tudo ficaria bem. Talvez ela tenha se agarrado à essa ilusão durante toda a sua vida, e então, diante de sua frieza e ao mesmo tempo o seu carinho comigo e Aja... Eu não sei. Eu acho que em algum lugar ao longo do caminho ela simplesmente se perdeu. “

“Mas isso não explica...”

“Tinha que ser ela e Greg. Quer dizer, eu ouvi pessoas lutando naquele dia no galpão. Ela e Greg devem ter brigado e então ela atirou nele.”

“Por que ela sequestraria o próprio filho?”

“Ela não o sequestrou. Ele estava lá para falar comigo, para ficar de olho em mim. Ele estava junto no sequestro, mas não nos assassinatos.”

Ele estava fuzilando minha cabeça com o olhar. “Eu não estou dizendo que acredito em você, e você, definitivamente, vai para a cadeia por obstrução, mas vou analisar...”

“Ela não estava vindo falar com Caleb, juntamente com o negociador?”

“Sim, mas...”

“Podemos descobrir onde ela está, porque eu não a quero perto de Dane.”

Ele gesticulou para que os caras da SWAT o seguissem, o que eles fizeram, me carregando, as mãos debaixo dos meus braços enquanto meus pés eram suspensos do chão. Fui empurrado com força para a viatura e obrigado a sentar. Eles não me algemaram, o que foi bom, então eu pude pegar meu celular e ligar para Dane.

“Eu vou te matar!” ele gritou para mim, em vez de dizer alô.

“Espere, escute... Caleb foi apenas um cúmplice, Dane. Susan foi quem matou todos esses caras e Greg Fain. Ela é a assassina, não Caleb. “

“Do que você está falando?”

“Vou te dizer quando eu sair daqui, mas prometa-me – jure pela minha vida que você não vai a lugar nenhum com ela e você não vai ficar sozinho com ela.”

“Jory, eu...”

“Por favor... por favor. Eu sei que você acha que eu sou louco, mas eu realmente não sou. Por favor, Dane. Por favor não vá a lugar nenhum com ela.”

“Deus, você está frenético.”

E eu percebi o quão frenético devo ter soado. “Por favor” Implorei novamente.

“Tudo bem, como você quiser, apenas volte para cá agora.”

“Eu não sei, acho que o agente Calhoun quer me colocar na cadeia.”

“O que?”

“Foi o que ele disse,” eu falei. “Ele está realmente furioso.”

“Estamos todos furiosos, Jory, por que você é um idiota!”

O que, provavelmente, era verdade. Eu realmente não podia me defender.

“Onde está o agente Calhoun?”

“Ele está gritando com as pessoas.”

“Onde está você agora?”

“Na parte de trás de um carro da polícia.”

“Jory, eu vou...”

Barulhos e depois veio o grito familiar.

“Você nunca, nunca mais vai sair de casa novamente quando isso tudo acabar, entendeu? Será um prisioneiro durante o resto de sua vida! Espero que esteja feliz, porra!”

Sorri para o telefone. No meio de tudo, Sam estava furioso comigo porque eu tinha me colocado em perigo. “Oi, Sam.”

“Caralho, Jory!” ele trovejou, sua voz disparando do telefone. “Eu quero você de volta aqui... nessa... porra... de... segundo... você está me ouvindo?”

“Eu queria que você estivesse melhor.”

“O que?”

“Eu preciso de você... melhor.”

Houve uma longa pausa. “Se você tivesse ficado aqui, ao menos por um minuto, saberia vou ser liberado depois de amanhã. Duas semanas no hospital foi o suficiente. Posso voltar para casa.”

“Pode?”

Ele resmungou, mas foi um ruído presunçoso, de auto satisfação, que enviou uma corrente de necessidade através de mim. “Sim, eu posso. Você parece satisfeito.”

Eu não conseguia nem falar.

“Bom, agora talvez você possa voltar e se sentar e não se mover até que eu diga a você.”

“Sim.”

“Espere e eu vou ligar para o agente Calhoun.”

“Ok, eu vou ver você em breve mas...”

“Eu prometo que não vou deixar Dane ou Aja saírem daqui até você voltar.”

Minha respiração saiu em uma corrida. “Ok.”

“Eu vou te estrangular, você sabe disso, certo?”

“Eu entendo.”

“Sabe, eu tenho uma teoria – porque o seu cérebro é tão pequeno, você não consegue deter mais do que um pensamento em sua cabeça ao mesmo tempo. É por isso que você faz coisas tão estúpidas o tempo todo, porque quando as coisas novas entram aí, você esquece todo o resto.“

Eu tive que rir, porque ele parecia tão sério.

“Eu vou bater em você quando colocar em minhas mãos sobre você.”

“Eu sei.” Eu suspirei. “Mal posso esperar.”

Ele resmungou antes de desligar e eu deixei escapar uma respiração profunda e fechei os olhos. Tudo ia ficar bem.

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Nada nunca acontece do jeito que você planeja. Caso em questão: Eu pensei que Sam pudesse fazer com que o Agente Calhoun me liberasse. Não tive sorte. Ele estava furioso e, até onde eu sabia, havia se recusado até mesmo a atender um telefonema do meu namorado. Então, eu tive que ir a um lugar que eu esperava evitar pelo resto da minha vida.

Enquanto eu me sentava lá na cela cheia da delegacia do condado, não tinha nada para fazer além de pensar, o que era sempre perigoso para mim. Caleb iria para a prisão por um longo tempo se eu não descobrisse uma maneira de salvá-lo. Sua mãe era uma sociopata, ou psicopata, eu não tinha certeza de qual se aplicava melhor, e já que ninguém, além de mim, realmente acreditava em sua inocência, era minha responsabilidade puxar Caleb para fora do buraco que estava cavando, descobrindo a verdade sobre ela. Quando eu saísse, teria que descobrir a verdade sobre Susan Reid. Eu precisava chegar a Dallas e dar uma olhada em sua vida. Quando eu estivesse livre. Se eu fosse libertado...

“Ei, bonitinho,” alguém gritou para mim. “O que você fez?”

“Nada,” uma voz respondeu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Eu nunca tinha me considerado vaidoso, mas acho que o cara estava falando comigo. Já que eu estava na cadeia, no entanto, estava feliz por não estar recebendo qualquer atenção. Fiel à sua palavra, o agente Calhoun havia me trancafiado. Eu não tinha ideia de quanto tempo sua raiva levaria a se dissipar.

“Vem cá.”

Eu me virei e olhei para o cara que estava falando – grande, musculoso, porém com uma barriga de cerveja, ele devia ter pelo menos 1,70 m quando em pé. Agora, ele estava sentado entre dois outros caras e fez sinal para o garoto em frente a ele. O garoto não tinha se movido. Ele balançou a cabeça negativamente.

“Eu disse: Vem cá.”

“Não,” ele disse rapidamente, e eu podia ver que ele estava apavorado. Ele olhou ao redor da cela, seus olhos procurando em todos os lugares, até que me chamou a atenção. Olhei e o vi tomar um fôlego. Imediatamente, ele se levantou e se moveu, correndo pela linha de 10 homens sentados ao longo da parede até que estava em pé à minha frente. Olhei para o rosto dele, sorrindo.

“Com licença,” eu disse para o cara à minha esquerda. “Você pode deslizar para o lado um pouco?”

O estranho resmungou, mas se moveu, abrindo um espaço para o meu novo amigo preencher.

“Oi,” ele disse ofegante, absorvendo meu rosto com os olhos. “Sou Carrington Adams, quem é você?”

“Jory Harcourt.” Estendi minha mão. “Prazer em conhecê-lo.”

Ele tentou sorrir enquanto apertava minha mão. “Por que você está aqui, Jory?”

“Obstrução da justiça – e você?”

Suas sobrancelhas franziram. “Isso não soa tão ruim.”

“Não soa, e não é. Você não me disse o que fez.”

“Prostituição.”

Levantei minhas sobrancelhas e suspirou.

“Não sou assim, Jory. Eu só precisava comer e... fui a uma festa que esse cara me falou e eu deveria só conversar e beber... e eu fiquei bêbado tão rápido e então devo ter desmaiado e...” Seus olhos se ficharam como se ele estivesse com dor. “Eu só quero ir para casa.“

“E onde é isso?”

“Carolina do Norte.”

Eu balancei a cabeça. “Você está bem?”

Ele só olhou para mim.

“Ei, bonitinho!”

Nós dois olhamos para o fundo da cela, onde estava o cara que tinha falado antes. Havia cinco homens aglomerados em torno dele, prontos para formar uma barricada ou uma parede. De qualquer maneira, era perigoso e simplesmente estúpido ir até lá.

“Traga seu traseiro de volta para cá, garoto,” ele ameaçou Carrington. “Agora.”

Houve vaias e assobios antes que os comentários obscenos começassem. Aparentemente, o plano era que Carrington passasse o resto da noite de joelhos.

Ele jogou a cabeça para trás, deixando-a bater contra a parede atrás dele.

“Está tudo bem,” eu disse a ele, “você não vai pra lá.”

Ele rolou a cabeça na parede para olhar para mim. “Você vai me ajudar?”

“Sim.” Eu sorri para ele, me virando para olhar para o cara lá nos fundos. “Ei, idiota!”

Ele olhou para mim.

“Você conhece Rego James?”

Seus olhos se arregalaram e os outros ficaram imóveis, não mais ameaçando Carrington, mas com a atenção total em mim.

“Porque ele não vai gostar de saber que você está tocando em seu garoto.”

Houve muito sussurro, debate que eu realmente não consegui ouvir.

Finalmente, a pergunta. “Ele trabalha para James?”

“Sim,” eu disse com naturalidade “então é melhor você colocar o seu pau de volta em suas calças, a menos que queira comê-lo.”

Ninguém disse uma palavra.

“Jory,” Carrington disse, inclinando-se para mim, seus lábios contra meu ouvido. “Quem é esse tal de Rego?”

“Não se preocupe com isso. Você tem um plano para chegar em casa?”

“Não importa – você trabalha para esse cara, James?”

“Não.” Eu balancei a cabeça. “Diga-me o seu plano, ande logo.”

“Ok, minha mãe me deu uma passagem de avião. Eu só tenho que ir até o aeroporto.”

“Você não precisa pegar suas coisas primeiro?”

“É apenas roupa, Jory, quem se importa? Eu só quero dar o fora daqui.”

“Claro, não se preocupe. Nós vamos sair.”

“Como?”

“Você vai ver.” Eu respirei fundo antes de me virar para a frente da cela, onde um policial uniformizado, de repente, apareceu. “O segredo é o nome que você deixa escapar e quem está ouvindo.”

“Do que você está falando?”

Será que ninguém além de mim assistia TV?

“Jory?”

O oficial estava de pé silenciosamente do lado de fora da cela trancada, olhando para mim. Eu acenei com a cabeça para ele em saudação.

“Venha aqui.” Ele me chamou com o dedo.

Rapidamente, me movi até as barras que separavam os prisioneiros dos policiais. Quando eu estava perto o suficiente, ele estendeu a mão e me puxou para perto dele. Nossos rostos estavam a centímetros de distância quando ele olhou nos meus olhos.

“Esse garoto trabalha para Rego James?” ele me perguntou, em voz baixa, para que só eu pudesse ouvi-lo.

“Nós dois trabalhamos,” eu disse rapidamente. “Eu deveria estar junto com ele para vigiá-lo, sabe, mas fomos pegos. Você vai chamar Rego?“

Ele acenou com a cabeça, olhando-me. “Qual é o seu nome?”

“Jory.”

“Tudo bem,” disse ele, empurrando-me para trás com força.

Voltei a me sentar ao lado de Carrington.

“Jory, o que foi isso?”

“Nada, apenas me siga, ok? Nem mesmo por um segundo saia de perto de mim, tudo bem?”

Ele respirou fundo e assentiu. “Sério, se você algum dia for a Waynesville, Carolina do Norte – que é de onde eu sou, onde a minha casa é meu – meus pais vão deixar que você se mude.”

“Nós não estamos fora ainda,” eu o lembrei.

E senti sua mão em meu joelho. “Eu tenho fé em você.”

Pelo menos um de nós tinha.

Não demorou muito. O policial veio e nos chamou 15 minutos mais tarde. Nós não saímos pelo mesmo lugar que entramos. Recebi meu relógio, telefone, e carteira de volta, antes que Carrington e eu fôssemos conduzidos para fora da cela através de um labirinto de passagens. Nossas cabeças foram abaixadas para que ninguém pudesse nos identificar e caminhamos em silêncio atrás do oficial, através de escritórios vazios e escadas. Carrington nunca saiu do meu lado enquanto passávamos por mesas de pessoas que nos ignoravam, até que uma última porta foi aberta e acabamos do lado de fora em um beco vazio com o policial. Instantaneamente, fomos banhados em um brilho amarelo, enquanto um carro vinha em nossa direção com os faróis acesos. Quando parou ao nosso lado, ambos vimos que era uma limusine preta. A janela do lado do motorista rolou e uma mão estendeu um envelope. O policial o pegou, se virou e foi embora, desaparecendo dentro do prédio. Quando a janela subiu com um zumbido eletrônico, a porta foi aberta ao mesmo tempo. Um grande homem saiu e abriu a porta lateral para nós. Ele se levantou e esperou, segurando-a entreaberta, silencioso no beco escuro e frio.

Entrei no carro e Carrington me seguiu. A porta se fechou atrás de nós quando meus olhos encontraram Rego James sentado no assento de couro preto. Ele estava reclinado em frente a um homem mais velho, com um homem mais jovem sentado ao lado dele. Dois jovens, ambos com longos cabelos negros e olhos azuis, ladeavam Rego. Carrington e eu nos sentamos ao lado da porta enquanto o motorista entrava no tráfego.

“Você usou o meu nome,” disse ele lentamente, sua voz profunda e baixa. “Se eu não apareço, prejudico minha imagem, por isso aqui estou.”

Eu balancei a cabeça. “Obrigado por vir.”

Ele olhou para Carrington. “Você não é meu. Quem é você?”

“Ele não é ninguém,” eu disse rapidamente. “Eu só preciso deixá-lo no aeroporto.”

Rego concordou, mandou que seu motorista se dirigisse ao aeroporto.

“Esqueceu da festa?” O homem sentado em frente a Rego perguntou a ele.

“Não,” ele disse, olhando para mim. “Vem cá, eu quero olhar para você.”

Fiquei de joelhos e me arrastei até ele.

“Parece que você apanhou.”

“Já faz algum tempo.”

Ele assentiu e estendeu a mão para mim, tomando a frente da minha camisa e me puxando entre as pernas até que eu estava quase contra seu peito.

“Eu realmente agradeço. O agente do FBI era um pé no saco.”

Seus olhos se estreitaram. “O que?”

Então eu expliquei como eu fui preso por obstrução e como o agente especial Calhoun tinha me colocado lá. “Deus sabe quanto tempo ele ia ficar furioso. Ele vai estourar algo quando me procurar e descobrir que eu fui embora.”

“Agente Especial?”

Eu balancei a cabeça.

“FBI, Jory?”

Eu balancei a cabeça novamente.

Ele me bateu antes mesmo que eu percebesse sua intenção. A geladeira impediu meu impulso para trás. Pelo menos eu não bati minha cabeça.

Fomos despejados na frente do aeroporto O'Hare, Carrington saindo ileso, eu sendo jogado para fora, ensanguentado, vinte minutos depois. Ele se sentou ao meu lado na calçada e usou a manga de sua camisa para pressionar meu nariz, uma vez que estava sangrando.

“Você é incrível.”

Fechei os olhos um minuto para que não lacrimejassem. Eu não me sentia tão incrível.

“Seu lábio está aberto, Jory, e acho que você vai ter um olho negro. Ele bateu em você com muita força.”

Definitivamente, foi o que tinha parecido. Fiquei surpreso por não ter sido nocauteado. Eu tinha visto estrelas.

“E agora?”

“Agora,” eu disse, respirando fundo, passando-lhe o meu telefone celular. “Você vai ligar para sua mãe.”

Ele pegou, olhando para mim. “O que eu devo dizer?”

“Diga a ela que você está voltando para casa.”

Eu olhei através do estacionamento da minha posição sentada no meio-fio e fiquei surpreso quando, de repente, ele me agarrou.

“Você é o melhor amigo que já tive e eu o conheço há uma hora.”

“Prometa-me que nunca mais vai voltar aqui,” eu disse quando ele me soltou.

“Eu prometo,” ele sussurrou, e começou a tremer quando as lágrimas vieram.

Juntos, nos levantamos e caminhamos até o terminal.

Fui comprar minha passagem para Dallas, e Carrington comprou a sua para Raleigh, e quando terminamos, nos encontramos na loja de golfe. Eu comprei um casaco com capuz porque estava congelando, e ele comprou uma camisa pólo e um casaco também. Lavamos nossos rostos, nos limpamos para que não assustássemos as pessoas, e depois jantamos, com ele me fazendo um milhão de perguntas de uma só vez. Quando eu o vi entrar no avião, duas horas depois, o vi virar e acenar, e tive um enorme sentimento de realização. Ele estava seguro por minha causa. Fiz um X na minha coluna de boa ação do dia.

Quando eu estava sentado na área de embarque esperando meu voo, meu telefone tocou.

“Alô?”

“Eu vou matar você, Jory.”

“Você tem que entrar na fila para me matar,” disse a Rego e desliguei.

Ele ligou de volta segundos depois. “O FBI, Jory?”

“Apenas negue que você me viu. Eles não têm nenhuma prova que era você, e o oficial foi cuidadoso. Ele nos disse para abaixarmos nossas cabeças quando passamos sob as câmeras de vigilância.”

Suspiro pesado. “Me desculpe por ter batido em você. Vou dirigir de volta ao terminal, saia e me encontre na frente.”

“Você tinha um monte de convidados no carro, eu não quero interromper.”

“Larguei todo mundo, seremos apenas nós dois.”

“Infelizmente eu tenho que pegar um avião.”

“O que?”

“Estou indo embora,” Eu suspirei. “Quando eu voltar, vou ligar pra você. Eu realmente agradeço você ter me soltado. Quando Sam for vê-lo, apenas...”

“Sam? Quem é Sam?”

Suspirei profundamente. “Detetive Kage Sam. Ele está trabalhando no caso que eu estou envolvido. Quando ele ligar pra você...”

“Jesus, Sam Kage?” ele respirou. “Você está brincando?”

“Não.”

“No que você está envolvido, Jory?”

“Algum tipo de proteção de testemu...”

“Perca o meu número,” ele ordenou e desligou.

Aparentemente eu tinha tropeçado em algo que assustou Rego James... o FBI, e um pouco de Sam Kage só pra garantir. Seria engraçado se eu não estivesse me sentindo um lixo. Só de olhar as chamadas de Sam, uma após a outra, em meu celular, era doloroso. Eu queria atender e falar com ele, mas também sabia que, se eu fizesse isso, estaria acabado. Eu não poderia deixar meu telefonema ser rastreado porque não podia me dar ao luxo de ser encontrado. Eu precisava limpar o nome de Caleb e precisava ir a Dallas para fazer isso. A chave para a salvação de Caleb estava em descobrir tudo sobre sua mãe. Eu não iria parar até que conseguisse.

Uma hora depois, enquanto eu sentava na classe econômica ouvindo o comissário de bordo dar boas vindas aos passageiros do voo 233 com destino direto a Fort Worth, Dallas, afundei na cadeira e tentei descobrir o que fazer a seguir. Minha ideia era boa. Já que Susan Reid estava em Chicago, eu iria a Fort Worth ver o que poderia encontrar em sua casa. Eles tinha revistado o apartamento de Caleb, mas não a casa de Susan. Eu ia salvar meu amigo. Só porque ele amava sua mãe, isso não queria dizer que ele merecia pagar por seus crimes.

* * * * *

O aeroporto de Dallas era enorme mas, sendo de Chicago, eu não tinha nenhum problema com isso. No táxi, eu conversei com o motorista e lhe perguntei onde deveria ir para comprar algumas roupas. Ele me levou para o Galleria, onde comprei um par de calças jeans e meias, camisetas, todos os elementos essenciais, bem como uma jaqueta jeans forrada com lã. Eu não queria chamar atenção. Comprei um gorro, um par de luvas, e enfiei minhas coisas velhas em uma mochila. Quando voltei lá pra fora para esperar por um táxi, percebi que já estava escuro. Eu tinha estado agitado demais para dormir no avião, e agora, quando eu estava, finalmente, me cansando, não lugar para dormir. A boa notícia era que, dos mil dólares que eu tinha sacado do meu American Express e do Visa, eu ainda tinha quase 550 dólares.

Meu segundo motorista de táxi foi ainda mais útil do que o primeiro e sabia exatamente onde era o café mais próximo com internet. Enviei um e-mail a Dane dizendo que eu estava bem. Como estava ligado ao seu telefone, eu sabia que ele iria receber a mensagem rapidamente e ser capaz de retransmiti-la para Sam. Eu não estava em perigo, uma vez que as duas pessoas responsáveis por todos os assassinatos estavam a milhares de quilômetros de distância de mim. Eu não estava preocupado com Dane ou Sam, já que eles tinham muitas pessoas, além de um ao outro, cuidando deles. O que eu precisava era de um motel para que eu pudesse dormir.

Fui levado a uma pousada ótima que tinha cortinas nas janelas, banheiras em todos os quartos e camas de bronze. Eu estava na suíte Magnolia, e além de quadros nas paredes, havia sabonete e loção e shampoo combinando. Era muito pitoresco, assim como o telefone Princesa antigo e a pia em forma de flor no banheiro. Eu deitei na cama após um banho quente e nem entrei debaixo das cobertas. Estava cansado demais para sequer sonhar.

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Minha agenda manhã tinha duas tarefas. Primeiro eu tinha que ligar para Sam, e depois, eu precisava ir até a casa de Susan Reid e dar uma olhada ao redor. Ver se eu conseguia encontrar alguma coisa para incriminá-la. Saber algo em seu coração e provar, eram duas coisas muito diferentes. Enquanto eu saía após o café da manhã, caminhando em direção à rua, liguei para Sam.

“Jory.”

“Oi.” Sorri para o telefone “Como você está?”

Longo silêncio.

“Sam?”

“Jory... Jesus Cristo, Jory! Onde diabos você está?”

“Eu estou bem.”

“Não foi isso o que eu perguntei, porra! Onde diabos você está?”

Até hoje, eu pensava que tinha ouvido a cada variação na voz de Sam Kage. Mas a fúria gelada estava desaparecida do repertório, sem o meu conhecimento. Eu nunca, nunca tinha o ouvido com tanta raiva.

“Eu sinto muito,” eu disse rapidamente. “De verdade.”

“Você não tem ideia do quão arrependido você vai ficar.”

“O que você quer dizer?”

“Isso significa que quando eu colocar as mãos em você”

“Você não vai me deixar, vai? Você não está tão furioso que vai sair de casa ou algo assim?”

“Eu nem sequer me mudei ainda!” Ele estava incrédulo.

Eu ri porque era absurdamente engraçado.

“Jory!”

“O que?” Eu ri, enxugando os olhos. Ele era hilário.

“Diga-me onde...”

“Eu só estava preocupado... Esperava que você não estivesse tão bravo a ponto de me deixar.”

“Tá de sacanagem? Porra, Jory, não vai haver nada para deixar! Vou bater em você até...”

Suspirei profundamente. “Pode bater, contanto que você fique por perto.”

Houve um barulho e, em seguida, uma voz ainda mais fria.

“Onde... precisamente... você está?”

“Oi,” eu disse. “Carmen está bem?”

“Sim, Jory, Carmen está bem,” disse Dane, separando suas palavras, usando o tom cortante que eu odiava mais que tudo. “Onde você está?”

“Estou bem, apesar da contusão de onde ele me bateu.”

“Bateram em você? Quem bateu em você?”

Sons abafados e, em seguida, “Quem te bateu?”

“James Rego,” eu respondi ao amor da minha vida. “Mas eu estou bem. Só parece feio.” E parecia mesmo. Quando me olhei no espelho na luz da manhã, parecia pior do que eu pensava. Eu tinha um olho negro e meu lábio estava arrebentado.

“Quando você esteve com Rego James?”

“No carro.”

“Em que carro?”

“Na limusine dele.”

“Na limo de Rego,” esclareceu ele.

“Sim.”

“Quando?”

“Na noite passada.”

Ele rosnou para mim. “E ele bateu em você?”

“Sim, mas eu meio que mereci. Eu o irritei um pouco.”

“Jory!” Ele explodiu, tendo sido empurrado até a borda.

“Desculpe,” Eu suspirei, “Eu estou realmente... Eu sei que estou deixando vocês malucos.”

Ele limpou a garganta. “Tudo bem... agora me diga onde você está.”

“Em Dallas.”

Ele tossiu.

“Sam?”

“Você está fodendo comigo, certo?”

“O que foi?”

“Você deixou o estado?”

“Sim, eu preciso salvar Caleb.”

“Jesus Cristo,” ele gemeu.

“Sam, ele é inocente, eu sei que é.”

“E então você vai fazer o que... encontrar algo que ninguém mais conseguiu e provar?”

“Sim,” eu disse, confiante.

“Jory, existem...”

“Jory!”

Dane tinha tomado o telefone de novo. Isso era divertido.

“Aja está bem?” Perguntei ao meu irmão.

“O que?”

“Aja...”

“Aja está ótima. Ela está com os pais dela, policiais e seu próprio guarda-costas, que poderia matar a maioria das pessoas com seu dedo mindinho, por isso não se preocupe com ela. Agora nós precisamos de você, e muito em breve você vai receber uma visita do Departamento de Polícia de Dallas, e eles vão levá-lo e mantê-lo seguro até chegarmos aí.“

“É?”

“Sim,” ele me corrigiu. “Então, eu sugiro que você se sente e espere por eles.”

Ele só estava falando besteira. “Olhe. Eu realmente quero ver a casa de Susan e Daniel. Tenho uma teoria.”

“Oh, eu tenho certeza que você tem.”

“Ouça, Dane, eu...”

O barulho me cortou, algo se movendo contra o telefone.

“Jory, você precisa me ouvir.” Sam novamente. “Eu quero que você apenas...”

“Eu não posso parar agora, Sam.”

“Você só vai continuar fazendo o que diabos você acha que está certo, não é?“

“Sim,” eu disse a ele honestamente. “Tenho que salvar Caleb.”

“Jory...”

“Ele é inocente, Sam, eu sei que ele é.”

“Você não sabe merda nenhuma. Você está apenas esperando que ele...”

Eu grunhi, interrompendo-o.

“Agente Calhoun quer falar com você.”

“Ele vai me colocar na cadeia de novo?”

“Não, Jory, qual seria o objetivo? Você só escaparia de novo.”

Eu ri e ele rosnou para mim.

“Jory,” a profunda voz de Sam ressoou na linha.

“Diga-me onde você está.”

“Vou ligar para você mais tarde. Apenas queria que você soubesse que eu estava bem.”

“Desligar seria um erro.”

Eu desliguei e entrei no táxi que parou para mim.

A viagem foi longa e chata, e quando eu finalmente cheguei à casa, estava impaciente e quase claustrofóbico. Sentia-me da mesma forma depois de uma longa viagem de avião, como se, se eu não andasse, simplesmente explodiria e começaria a gritar.

De pé ao lado da caixa de correio à beira da estrada, eu quão exuberante e bem cuidado o jardim da frente estava. Havia painéis solares no telhado, três Golden Retrievers brincando juntos no jardim da frente, e dois SUV’s estacionados na garagem. A frente da casa era uma parede de janelas, e eu vi alguém se movendo dentro. Os latidos dos cães alardeando trouxe Gwen, irmã de Caleb, à porta lateral.

“Jory,” ela me chamou, acenando.

Acenei de volta enquanto os cães continuavam a latir para mim.

“Cale a boca!” ela gritou para eles, o que – surpreendentemente – funcionou da primeira vez.

Eu a observei, sem saber o que fazer.

“Venha aqui,” ela me chamou. “Apresse-se, está frio pra cacete aqui fora.”

Não era a saudação que eu estava esperando. “Ei.” Acenei para ela.

“O que você está fazendo aqui?” ela perguntou, dando um passo à frente.

“Eu estava na cidade a negócios e pensei em vir te ver.”

Ela deixou a porta de tela bater e correu para me abraçar. “Estou tão contente em vê-lo.”

“Eu também,” suspirei, abraçando-a de volta.

“Oh meu Deus.” Ela se afastou, olhando para o meu rosto. “Você não vai acreditar nisso, mas meus pais estão, na verdade, em Chicago agora.”

Eu olhei para ela. Ela estava brincando?

“Eu sei – engraçado, né?” Ela arregalou os olhos antes de voltar para a casa.

E quanto ao seu irmão? “Gwen?”

Ela se virou para olhar para mim enquanto eu deixava a porta de tela bater e depois a porta da cozinha. “Sim?”

“Querida, e quanto a Caleb?”

“Oh, ele está bem. Por quê?”

Eu só olhei para ela.

“O que foi? Você vai vê-lo enquanto estiver aqui também?”

Eu não tinha certeza se ela estava brincando comigo ou não.

“Jory?”

“O que seus pais estão fazendo em Chicago?”

“Mamãe disse que tinha que ir falar com Dane sobre alguma coisa.” Ela fez uma careta.

“O que houve?”

Ela balançou a cabeça.

“Gwen?”

Ela soltou uma respiração rápida. “O negócio não está indo bem, J. Se papai quiser continuar a ajudar outras pessoas a serem mais ecologicamente conscientes, ele vai ter que conseguir um empréstimo de Dane, obter outros investidores, ou arranjar um sócio. Ele não gosta da ideia de investidores ou parceiros, então eu acho que ele foi pedir a Dane um empréstimo. “

Eu balancei a cabeça. “É onde eles estão? Em Chicago, pedindo dinheiro a Dane?”

“Mamãe disse que eles iam ver Dane e eu não sou estúpida. Ouço o que está acontecendo, sabe?”

Eu não achava que ela era estúpida, mas estava longe a verdade dessa vez. “Então, posso te pedir um favor?”

“Claro,” ela bocejou. “Você quer um mocha ? Vou preparar um para mim. Casey me deu uma máquina de cappuccino no meu aniversário mês passado.”

“Casey?”

“Meu namorado, Casey,” ela riu. “Eu só falo sobre ele o tempo todo.”

“O modelo de virtude, Casey.” Eu sorri. “Eu me lembro.”

Ela golpeou meu braço. “Jory, só porque você é completamente promíscuo, não significa que todo mundo é.”

Gwen Reid e Casey Mills estavam namorando há cinco anos e, até o momento, nunca tiveram relações sexuais. Toda essa coisa de abstinência antes do casamento me deixava perplexo, mas eu respeitava a escolha, pelo menos.

“Então?”

Eu balancei a cabeça. “Não, obrigado pelo mocha, mas você acha que poderia me ajudar a encontrar todas as coisas que sua mãe tem sobre a adoção de Dane?”

Ela olhou para mim. “Querido, está tudo no cofre, eu tenho certeza, mas... por que você quer ver?”

“Eu realmente quero encontrar a agência que o colocou para adoção, porque eu acho que talvez os Harcourts tenham outro filho que eu quero verificar.”

Seus olhos ficaram enormes. “Você acha que os Harcourts adotaram Dane e outra pessoa?”

Era uma mentira suculenta. “É. Acho que talvez Dane tenha outro irmão por aí, mas não posso começar a cavar até que eu saiba qual foi a agência.”

“Ok.” Ela assentiu. “Vamos ver o que podemos encontrar.”

Eu fui levado para o escritório de seu pai e, em seguida, direcionado para o cofre no chão atrás de sua escrivaninha. Gwen sabia a combinação e, uma vez aberto, encontramos a escritura da casa, faturas de bens e mercadorias diversas, certidões de nascimento, negativos de fotos, cinco mil dólares em dinheiro, passaportes e um conjunto extra de chaves.

“Desculpe, J.” Ela suspirou. “Eu pensei pudesse estar aqui.”

“Podemos verificar o quarto dela?”

“Claro.” Ela bocejou, trancando o cofre. “Vamos lá.”

Subimos as escadas para o segundo andar e Gwen explicou que à direita era o quarto de seu pai. Eu olhei para ela.

“Sim, eu sei. Mas meus pais sempre tiveram quartos separados. Meu pai ronca como um louco e minha mãe faz esta coisa louca de pigarro na noite. É nojento.”

Eu sorri para ela quando passamos pelo quarto dele e caminhamos até o próximo.

O quarto de Susan estava ligado a de seu marido através de uma porta, assim como em um hotel, exceto que não havia tranca em nenhum dos lados. O que fazia sentido. Por que haveria tranca?

“Bonito, né?”

Grande era o adjetivo que eu teria escolhido. O quarto de Susan Reid era todo revestido de piso de madeira e uma cama de dossel enorme feito do que parecia ser de mogno. Era muito escuro e apenas um pouco assustador. Toda a parede na cabeceira da cama era composta de gavetas.

“Você quer que eu te ajude a procurar pela papelada?”

“Isso seria ótimo.”

Gwen cuidadosamente vasculhou as gavetas comigo, mas depois de meia hora me deixou sozinho para ir buscar outra xícara de café. Ela prometeu me trazer uma garrafa de água. Assim que ela saiu pela porta, imediatamente fui verificar entre o colchão e a estrutura da cama. Não havia nada lá, mas aquilo me deu outra ideia, e eu verifiquei debaixo de todas as gavetas no quarto.

Não havia nada em qualquer lugar, e quando Gwen voltou, ela me disse que ela poderia simplesmente ligar para sua mãe e perguntar o nome da agência. Ela se sentia idiota por não ter pensado nisso antes, mas tinha se sentido como um detetive, procurando uma pista comigo.

Expliquei que contar Susan seria uma má ideia, porque então ela diria a Dane e seria um desastre. Eu não queria alertá-lo caso estivesse errado.

“Oh.” Ela sorriu para mim. “Esperto.”

“Onde mais poderíamos olhar?”

“No escritório dela?”

“Perfeito, onde é isso?”

“No centro. Porque você não vai comigo? Eu tenho aula em uma hora e depois a gente pode almoçar com Casey e alguns dos meus amigos. O que me diz?”

“Parece ótimo.”

“Ok, deixe-me pegar minha bolsa.”

Saímos da zona rural de Mesquite e ela me levou de volta em direção ao centro. Aparentemente, Susan tinha arrumado um emprego para ajudar a trazer algum dinheiro extra, para ajudar a empresa a voltar a ficar de pé. Ela estava trabalhando no escritório de um médico fazendo a transcrição médica e como gerente. As outras enfermeiras ficaram felizes por ver Gwen e interessadas em me conhecer. Quando Gwen foi embora, com ordens para encontrá-la fora do campus em um restaurante muito bom que servia uma ótima comida mexicana, eu concordei rapidamente. Fui deixado sozinho no escritório de Susan com ordens para não tirar nada do lugar. Sua amiga Nancy me deu um olhar sério sobre a parte superior de seus óculos, mas eu sorri e ela sorriu de volta.

Sozinho no escritório, eu vasculhei cuidadosamente, olhando debaixo de cada gaveta, verificando meticulosamente os arquivos em sua mesa. Eu tinha certeza que o gabinete de arquivo atrás de mim só tinha arquivos médicos, mas tinha que olhar de qualquer maneira. Quando voltei para frente, Nancy me disse que eu estava certo, as grandes gavetas de aço estavam cheias de informações de pacientes e eu não ia tocar nelas.

“O que você está procurando, afinal?” ela perguntou, irritada. “Eu não tenho certeza se quero que você vá revire seu escritório sem a sua permissão. Quanto mais eu penso sobre isso, mais estranho parece.”

“Estou apenas procurando alguns papéis que dizem respeito ao meu irmão. Ela me disse para vir buscá-los quando estivesse na cidade porque ela está me ajudando a seguir uma pista com a agência de adoção.”

“Oh.” Ela assentiu com a cabeça, indo até uma gaveta e abrindo-a. “Então, você provavelmente precisa da chave da caixa de depósito. Ela me disse que alguém passaria para pegá-la, devia estar falando de você.”

“O que?”

“Nada. Ela está tão dispersa ultimamente – estou preocupada com ela.”

“Provavelmente tem a ver com os negócios de Daniel.”

Ela olhou por cima do ombro para mim antes de olhar ao redor. “Oh, você sabe sobre isso?”

“Sim, senhora.”

Ela colocou a mão no meu braço. “É uma vergonha, não é? Que tenham que fazer uma segunda hipoteca da casa apenas para sobreviver.”

“Seu filho vai ajudar.”

“Querida, Caleb tem estado desempregado há meses, e Jeremy...”

“Sim, mas Caleb...”

“Provavelmente vai acabar voltando a morar com seus pais. Disse a Susan que, se ele não conseguir um emprego e pagar aluguel, ela não deve deixá-lo.”

Caleb estava desempregado antes de ser sequestrado. Ele não tinha me dito isso. “Você ia dizer algo sobre Jeremy antes de eu interromper.”

“Bem, sim – Jeremy é o mais velho, certo? Ele deve ser o primeiro a se colocar para ajudar.”

“E ele não está ajudando?”

Ela fez uma careta. “Não é como se ele não estivesse tentando, simplesmente... Ele perdeu uma promoção que estava esperando, ele e Taylor se separaram... ele não está em uma boa época.”

“Taylor?”

“A namorada dele.”

“Oh.”

“Portanto, nenhum de seus filhos está numa posição de...”

“Eu estava falando de Dane quando disse que seu filho iria ajudar. Ele pode e vai.”

Seu rosto se iluminou. “Será que ele vai?”

“Oh, sim senhora.”

Ela me passou um pequeno conjunto de cinco chaves e apertou o meu ombro. “Você vai falar com ele, não vai?”

“Claro.”

“Isso é ótimo. Susan me disse que seu irmão é simplesmente louco por você. Tenho certeza de que, se você pedir a ele, será meio caminho andado para ajudar.”

Eu balancei a cabeça.

“E especialmente agora,” as sobrancelhas franzidas enquanto ela balançava a cabeça, “eles precisam de ajuda.”

Eu olhei para ela. “Você quer dizer com o negócio?”

Ela estudou o meu rosto. “Não, mas se a empresa estiver bem, talvez eles também fiquem bem.”

O casamento de Daniel e Susan estava em dificuldades? Todos os pequenos segredos eu estava descobrindo.

“Agora, meu caro, eu não tenho ideia de onde se encaixam qualquer uma dessas chaves,” ela me disse. “Mas não são para arquivos médicos.” Ela apontou para uma pequenina. “Eu acho essa é de um cofre. Ela tem conta First United Credit Union, a um quarteirão de distância. Mas ligue para ela e pergunte, se ela ligar para cá, vou dizer a ela que lhe dei as chaves.“

Eu não poderia dizer-lhe que não. Teria parecido extremamente suspeito. Então, eu só balancei a cabeça, agradeci e saí. Eu só esperava que Susan não se sentisse compelida a ligar para o trabalho por algum motivo. Enquanto ela e Nancy não conversassem, eu ficaria bem.

O Credit Union era pequeno e estava lotado quando eu cheguei lá. Foi uma sorte, porque a menina que me ajudou só pegou a chave, entrou no cofre, e voltou às pressas com a caixa. Ela me apontou os cubículos atrás dela e sentou-me antes de colocar a caixa à minha frente. Ela saiu segundos depois, com ordens para chamá-la quando eu terminasse.

Quando eu levantei a tampa, encontrei basicamente o mesmo conteúdo que estavam no cofre de Daniel em casa. Cópias de certidões de nascimento e de alguns títulos ao portador, sua certidão de casamento também estava lá dentro, e 500 dólares em dinheiro. Havia também um conjunto de duas chaves em um chaveiro Tiffany. Foi o que Aja tinha dado no casamento em suas sacolas de presentes. Uma das chaves era uma grande e chata, com uma marcação de “não duplicar” sobre ela. Se parecia com a que eu tinha para a minha porta de segurança em casa. A outra era uma chave de casa. Fiquei imaginando por que elas estavam lá em vez de em sua casa, com todos os outros conjuntos que eu tinha visto lá, pendurado em estacas na cozinha. Não havia mais nada na caixa. Eu embolsei o chaveiro, fechei a caixa, e chamei a atendente volta.

De volta à rua, em frente ao Credit Union, eu não sabia o que fazer até que me lembrei de Gwen. Talvez ela soubesse para que servia a chave. Enquanto eu caminhava de volta para o escritório e mais adiante, em direção ao campus – aparentemente, às vezes Gwen caminhava para o escritório de sua mãe e almoçavam durante a semana – eu liguei meu telefone e liguei para Dane.

“Jory,” ele explodiu comigo, “onde – sim, é ele.” Ele parecia realmente irritado.

“Ei, eu tenho...”

“Jory, onde está você?” ele quase gritou, mas parou.

“Eu estou a caminho do...”

“Eu vou estrangular você!” Sam gritou ao telefone. “Onde diabos você está? Diga-me agora!“

“Eu fui até a casa dos Reid e Gwen estava lá, então ela me deixou dar uma olhada e depois, viemos para a cidade para verificar escritório de Susan.”

“Você está no escritório dela?”

“Estava.”

“Onde... você... está... nesse minuto, caralho?” ele terminou com um grito.

“Não fale palavrão,” eu o lembrei.

O rugido foi alto e longo e cheio de frustração.

“Jory.” A voz de Dane era suave como veludo. “Onde quer que você neste segundo – pare.”

“Mas eu tenho que descobrir pra que serve essa chave.”

“Que chave?”

“A chave que encontrei no cofre.”

“Você encontrou uma chave no cofre de quem? De Susan?”

“É.”

“E você – oh, Jory, eu – o quê? Claro.”

“Jory.” Sam estava de volta ao telefone, com a voz baixa e rouca.

“Oi.”

“Eu tenho que avisá-lo sobre uma coisa.”

“O que foi?”

“O Departamento de Polícia de Dallas está procurando você. Se eles te pegarem, vão levá-lo para uma avaliação psicológica, e aí...”

“Por quê? Por que eles pensam que eu sou louco?”

“Eles não acham que você seja louco, eles acham que você é um perigo para si mesmo e para os outros.”

“Você disse isso a eles?” Eu não conseguia nem respirar.

“Olhe...”

Eu desliguei e parei onde eu estava, recostando-me contra a parede, deslizando contra ela até me agachar.

Ele disse à polícia que eu era louco. Durante toda a minha vida, as pessoas me disseram isso. E eu poderia levar na brincadeira tão bem quanto qualquer outra pessoa, mas isso não era engraçado, porque ele tinha dito a pessoas que, quando me pegassem, que eu precisava ser contido, e eu tinha problemas com a ideia. Amarrado na cama, amarrado à uma cama... isso era uma coisa. Ficar sentado preso por grilhões ou sentado em uma sala de borracha vestindo uma camisa de força não era minha ideia de diversão. Eu acho que era especialmente assustador porque eu sempre me perguntei se, talvez, isso não ia acontecer em algum momento. Depois que minha avó morreu, parecia que havia um número infinito de pessoas dizendo o quão estranho eu era, esquisito, louco. Que eu delirava e era perturbado, maníaco e incompetente.

Todo mundo sempre esperava o pior de mim, mas não Sam. Eu pensei que Sam esperasse o melhor. Mas agora eu sabia que não. Ele também pensava que eu era louco. E doía mais do que eu imaginava, até que o rosto de Caleb passou pela minha mente.

Caleb.

Caleb precisava de mim.

Levantei-me e fui em direção do campus para encontrar Gwen. Eu caminhei pelos quarteirões e a vi esperando por mim exatamente onde ela havia dito que estaria. Eu estava, talvez, dez minutos atrasado.

“Ei.” Ela sorriu e acenou. “Eu pensei que você tivesse me abandonado.”

“Não.” Eu sorri de volta. “Só fiquei preso no escritório.”

Ela se levantou e colocou o braço no meu. “Você encontrou o que estava procurando?”

“Não.”

“Oh, sinto muito,” disse ela, apoiando a cabeça no meu ombro. “Talvez devêssemos ligar para Jeremy e ver se ele sabe onde tudo está.”

Seu irmão Jeremy, o mais velho até Dane aparecer do nada há três anos. “Não, eu acho que não. Mas encontrei uma chave – acho que é de uma porta de segurança.”

“Huh.” Ela encolheu os ombros. “Eu não sei, querido. Talvez devêssemos ligar e lhe perguntar.”

“Vamos comer primeiro, estou morrendo de fome.”

“Claro,” ela disse, dando um tapinha no meu braço.

Ela tinha convidado não apenas seu namorado Casey, mas também outros três amigos. Todos pareciam agradáveis, todos eles pensavam que eu parecia ainda estar na faculdade, e todos eles tinham sugestões sobre o que eu deveria comer no almoço. Eu decidi seguir a sugestão de Gwen, que era algo picante.

“Então, Jory,” disse Casey, enquanto os outros começaram a falar. “É um nome legal. Não se escuta muito.”

Eu dei de ombros. “Provavelmente por uma boa razão.”

Ele riu. “Auto-depreciação – legal.”

“Eu tento.”

“Quando você vai voltar para Chicago?”

“Amanhã, provavelmente,” eu disse a ele.

“Huh. O que você vai fazer depois do almoço?”

“Procurar um edifício.”

“Como?”

Eu puxei a chave para fora do meu bolso e mostrei a ele. “Eu tenho que descobrir onde essa chave se encaixa.”

Ele estreitou os olhos e pegou a chave da minha mão. “Eu posso te dizer onde isso se encaixa – é de um prédio de apartamentos na Drake.” Ele virou de ponta cabeça e mostrou-me um selo na parte de trás. “Veja as três letras, DGA, gravados lá?”

“Sim?”

“Drake Garden Apartments. Tenho alguns amigos que moram lá.”

Meus olhos se fixaram nos seus. “Cara, você é um salva-vidas. Você acabou de me poupar um dia inteiro de trabalho.“

Ele sorriu para mim. “Ah, é? Eu te ajudei?”

“Totalmente.”

“Você disse cara.”

“Isso é porque eu sou a pessoa menos maneira que você vai encontrar em sua vida.”

“De alguma forma eu duvido disso.”

“Espere,” eu assegurei a ele. “Você vai ver.”

“Aí vem Ty,” alguém anunciou.

E a maneira como Casey se virou, o fôlego que ele tomou, o jeito que ele se sentou, eu entendi por que tinha passado cinco anos sem fazer sexo com Gwen.

Tyler Kincaid, com seu 1,87m, deu a volta na mesa e colocou a mão no ombro de Casey. Seu sorriso era enorme, e então olhou para todos os outros.

“E aí, pessoal?”

Todos falavam ao mesmo tempo. Era óbvio que o homem lindo, de cabelos loiros e olhos azuis era o centro do grupo. Era dele que todo mundo gostava, com quem queriam estar, ou que simplesmente queriam ser. Não havia espaço na mesa para ele, no entanto.

“Aqui.” Casey riu. “Sente-se no meu colo.”

Tyler arqueou uma sobrancelha e todos se dissolveram em gargalhadas, exceto eu. Eles deveriam simplesmente economizar muito tempo e desgosto e sair voando para fora do armário. Dizer a todos os seus amigos que “companheiro de quarto” era um eufemismo delicado para amante, e que provavelmente estavam dormindo juntos desde o primeiro ano.

“Você pode ficar com o meu lugar,” eu disse, me levantando. “Tenho que ir de qualquer maneira. Sem tempo para comer.”

“Não, Jory.” Gwen se levantou. “Fique. Podemos pegar outra cadeira de...”

“Não, querida, está tudo bem,” eu disse a ela, me inclinando sobre a mesa para beijar sua bochecha. “Ligo pra você antes de ir, ok? Talvez possamos jantar.”

“Ok.” Ela suspirou, olhando para mim. “Eu nem cheguei a perguntar por que você está todo machucado.”

“Longa história,” eu gemi quando me levantei e Tyler afundou em meu lugar. “Te conto mais tarde.”

“Vou cobrar essa promessa.”

Acariciei seu rosto, mas antes que eu pudesse me virar para ir embora, Tyler, de repente, se levantou e entrou na minha frente.

“Acabei de chegar e você está saindo. Por que?”

Eu sorri para ele.

“Posso te dar uma carona para algum lugar?”

“Não, está tudo bem.” Eu sorri para ele. “Eu tenho que ir procurar um apartamento.”

“Você está procurando uma casa?”

“Não exatamente.”

Ele não estava certo sobre mim, e estava escrito em seu rosto.

Estendi a mão para dar um tapinha em seu ombro. “Obrigado pela oferta, mas...”

Antes que eu pudesse puxar minha mão de volta, ele a cobriu com a sua. Apertando-a contra seu braço. Os músculos eram duros e definidos, e me perguntei vagamente se eu deveria perceber.

“Deixe-me levá-lo onde quer que você precise ir.”

“Ty,” Casey o chamou. “Talvez Jory...”

“Isso seria ótimo,” eu disse rapidamente, porque seria mais rápido e eu tinha a sensação de que tinha muito pouco tempo.

“Bom,” ele disse, colocando a mão sobre a parte de trás do meu pescoço para me guiar para frente.

“Ty.”

“Te vejo mais tarde, Case,” ele disse por cima do ombro. “Você e Gwennie se comportem.”

Houve risos atrás de nós.

Enquanto caminhávamos na direção da área de estacionamento para os estudantes, perguntei a Tyler há quanto tempo ele e Casey estavam dormindo juntos.

Ele congelou no meio de um passo e olhou para mim.

“Aww, vamos lá, cara... dá um tempo.”

“Como você sabe?” ele perguntou sem fôlego.

“É difícil não reparar.” Eu sorri para ele.

Ele acenou com a cabeça lentamente. “Seis anos, mas não somos exclusivos. Quero dizer, como pode ser? Ele tem uma namorada.”

Chegamos ao seu Honda Civic e me dirigi para o lado do passageiro. “Então, por que vocês não dizem a todo mundo e então podem apenas ficar juntos?”

Ele entrou e abriu a porta para mim. “Não é tão fácil como parece.”

E eu tinha certeza que não era, mas não tinha interesse em ouvir uma história que tinha ouvido milhares de vezes. Eu tinha certeza de que pessoas esperavam que os dois arrumassem esposas, tivessem filhos e, provavelmente, tinham pais que deixariam de pagar a escola se seus filhos assumissem serem gays.

“Jory?”

“Então, o que Casey acha que você e eu estamos fazendo agora?”

“Transando, com certeza.”

Eu balancei a cabeça. Isso foi saudável.

“Então, quanto tempo você vai ficar na cidade?”

“Não tenho ideia. Acho que depende do que eu encontrar no apartamento para o qual você está me levando.”

“De quem é essa chave?”

“De alguém que eu conheço.”

“E se você encontrar, tipo, um cadáver em decomposição ou algo assim?”

Na verdade, não estava muito longe do que eu mesmo estava pensando. “Não faço ideia.”

“Isso é muito empolgante, hein?”

Era algo. Eu só não tinha certeza do que. Eu apontei para a rua, porque vi a placa. “É aqui?”

“Sim, é aqui.”

A placa do Drake Garden Apartments anunciava ar condicionado, uma lavanderia que funcionava 24 horas e uma piscina aquecida. Depois que Tyler estacionou e nós entramos, eu usei a chave grande praça para abrir a porta de segurança e entrar no pátio. O edifício tinha a forma de um U, com todas as varandas com vista para onde estávamos.

“Então, para onde?”

Eu dei de ombros. Eu certamente não tinha ideia.

“Nós poderíamos ir de porta em porta e tentar a chave.” Ele sorriu para mim.

Mesmo revisando cada cenário legal de todas as séries de TV que eu tinha visto ao longo dos anos, não me lembrei de nenhuma maneira fácil de descobrir em qual fechadura a chave se encaixava. Eu não tinha alternativa a não ser buscar as pessoas no escritório.

“Você deveria ir,” eu disse Tyler. “Eu posso ficar aqui por horas.”

“Oh, não.” Ele sorriu para mim. “Estou intrigado. Preciso saber o que você vai fazer em seguida.”

“Então você vai ajudar?”

“Tudo o que você precisar.”

“Ok, vamos lá,” disse eu, caminhando de volta por onde viemos em busca do escritório.

Cinco minutos depois o deixei perto do portão da piscina, olhei para a janela do escritório, vi as mulheres lá dentro, e fiquei pensando no que fazer. Corri de volta para Tyler e o mandei sozinho ao escritório, chave na mão, armado com o que eu sentia ser uma história muito boa. Eu disse a ele para paquerar e ele perguntou se eu estava alto. Eu estava realmente me sentindo muito mais positivo do que tinha me sentido em dias. Ele estava de volta em poucos minutos, com um olhar atordoado no rosto, e um post-it amarelo em forma de estrela.

“Qual é o problema?” Eu perguntei a ele. “Você está estranho.”

“Eu simplesmente não posso acreditar que funcionou.”

Eu zombei. “É claro que funcionou. Você é bonito e parece inofensivo.”

“Lembre-me de nunca perder as chaves do meu apartamento.”

Peguei o bilhete pegajoso dele. “É isso? Apartamento 310?”

“Sim.”

“Obrigado, cara.” Eu bati seu ombro, virando-me para voltar para o pátio. “Você foi ótimo. Como ela sabia a que apartamento pertencia a chave?”

“Aparentemente, as três letras aleatórias gravadas no outro lado correspondem a um número de apartamento.”

“Eu não vi nenhuma letra do outro lado,” eu disse, parando para virar a chave, inspecionando-a.

Ele me mostrou onde eu deveria estar olhando, e vi as letras pequenas que pareciam estampadas. Eu poderia ter notado, eventualmente, mas não teria ajudado mesmo que eu tivesse descoberto por conta própria.

“De jeito nenhum você conseguiria relacionar o número 310 com isso aqui.”

“Não, eu tenho sorte por você estar aqui para me ajudar.” Eu comecei a andar novamente.

Ele me seguiu de perto, e eu podia ouvir a surpresa em sua voz. “Sua história foi ótima. Fiz como você disse. Eu disse a ela que meu amigo me deu a chave para que eu pudesse dormir em seu apartamento, mas ele se esqueceu de me dizer qual era. Disse-lhe que estava muito cansado já que tinha acabado de cruzar o país em um ônibus Greyhound.”

“Ônibus Greyhound é sempre um toque agradável,” eu assegurei, começando a subir as escadas ao lado do edifício. “Eu nunca deixo de fora.”

“Jory, ela acreditou,” disse ele, parando e olhando para mim de onde ele estava no primeiro degrau. “Que diabos? Isso foi assustador.“

Eu ri, subindo mais degraus. “Se todos no mundo sempre fizerem exatamente o que deveriam, pense como a vida seria chata.”

“Sim, claro, mas eu poderia ser um assassino, ela não sabe.”

“Você parece que trabalha no canal Disney,” eu disse a ele. “Vocês o típico americano bonzinho, limpo e arrumadinho.”

Ele me parou com uma mão em meu ombro antes que eu pudesse começar a percorrer o corredor do terceiro andar.

“O que foi?”

“Você, por acaso, gosta de caras tipo americano bonzinho, limpo e arrumadinho?”

“Eu tenho um cara,” eu disse rapidamente, afastando-me dele para verificar os números nas portas.

“Ele não teria que saber, Jory.”

“Ele é um detetive da polícia,” eu respondi distraidamente, me aproximando, observando os números subirem.

“E daí?”

“Ele sabe de tudo,” disse eu, encontrando a porta, parando em frente a ela, tomando fôlego, porque aqui estava eu, à beira da minha descoberta.

“E se ele descobrir? O que ele vai fazer, matá-lo?”

“Sim,” eu disse, deslizando a chave na fechadura, sentindo como se movia com facilidade, deslizando. “E então ele vai te matar.”

“Pare com isso, Jory. Ele não vai me machucar.”

Mas eu não podia sequer me concentrar o suficiente para debater com ele. Eu estava muito interessado em ver o que havia no apartamento de Susan Reid.

Eu achei que fosse encontrar algo pequeno. Que fosse ser uma batalha difícil inocentar Caleb. O que eu vi foi mais do que eu jamais poderia ter esperado ou imaginado. Porque no quarto principal, onde deveria ter havido uma cama ou uma cômoda ou um criado-mudo ou uma cadeira, havia apenas paredes cobertas de fotos e recortes de Dane Harcourt. Havia longas tiras de papel, talvez de 0,60 x 1,50 m, pregadas às paredes com tachinhas, e nelas haviam fotografias de uma fita, um cartão, alguns canhotos de ingressos, e vários outros itens – um guardanapo, uma caixa de fósforos – todos juntos formando um mosaico que era horrível e impressionante ao mesmo tempo. Deve ter levado semanas, meses, apenas para conseguir todas as imagens, e a paciência para concluir uma tarefa dessas era difícil de imaginar. Que tivesse sido feito meticulosamente era um eufemismo, e o assobio de admiração de Tyler disse tudo o que eu não conseguia naquele momento.

Nos aproximamos para podermos ver melhor, nenhum de nós tocando as fotos, apenas nossos olhos se movendo sobre a superfície.

“Alguém tem uma pequena obsessão, hein?”

Absolutamente. “Há algo de estranho sobre isso, no entanto.”

“Mais estranho do que estar aqui?” Ele riu.

“Sim,” eu disse, me inclinando mais para perto, querendo acalmar a minha curiosidade. “Mais estranho do que isso.”

Sua mão se fechou no meu ombro. “Não toque nisso, Jory.”

Eu não conseguia descobrir o que estava errado, mas talvez Sam pudesse. Eu liguei meu telefone e liguei para ele.

Ele não me cumprimentar, apenas fez uma exigência. “Diga-me onde você está... por favor.”

“Eu não posso fazer isso. Eu não quero passar por uma avaliação psiquiátrica nem ser colocado em uma camisa de força.”

“Oh, pelo amor de Deus, Jory, você sabe que eu nunca faria...”

“Eu espero que você, independente de qualquer coisa... sempre tenha fé em mim.”

“Jor...”

“Todo mundo pode ficar surpreendido por eu não estar morto ou revirar os olhos e dizer, tipo, 'aquele idiota do Jory', mas você... você é o único que deveria saber que eu sou inteligente e bom, e não apenas mais uma pessoa esperando para ouvir a última coisa estúpida que o Jory fez.“

“Você está certo,” disse ele com voz rouca. “Eu sinto muito.”

Eu respirei.

“Eu acho que você é incrível. Você é inteligente e sexy e eu estou enlouquecendo porque não posso colocar minhas mãos em você.“

Ele sempre sabia a coisa certa a dizer. “Ok.”

“Ok?”

“A-ham.”

Ele rosnou. “Diga-me onde você está.”

“Estou no Drake Garden Apartments.”

“E?”

“Apartamento 310.”

Ele expirou profundamente. “Ótimo. Vou ligar para a polícia. Não toque em nada.”

“Não, eu não vou tocar. Nem Tyler.”

“Quem diabos é Tyler?”

“Um dos amigos de Gwen.”

Uma exalação rápida e exasperada. “Dane e eu estamos vindo com um exército de pessoas, mas eu juro, se eu não te encontrar sentado no chão quando chegar aí, quando eu finalmente te pegar – você vai ficar mais do que arrependido.”

Suas ameaças não faziam nada para mim. “Há algo de estranho, mas não consigo saber exatamente o que é.”

“Defina estranho.”

“Eu não sei.”

“Então você já está dentro do apartamento?”

“Sim.”

“Como você descobriu qual era?”

“Eu tenho um dom.”

“Cristo, você realmente tem.”

Sorri para o telefone. “Eu sinto sua falta.”

Outro grunhido frustrado. “Espere, tudo bem? Só pare... Eu preciso ver você.”

“Só me ver?” Eu brincava com ele.

“Seu irmão está sentado no carro comigo.”

Eu ri da forma como ele estava desconfortável. “Sinto muito.”

Ele gemeu.

“Eu vou estar aqui. Apresse-se.”

“Bebê, não toque em nada. Se você tocar em algo ou arruinar evidências, então Caleb está ferrado.”

“Eu sei. Vou andar por aí.”

“Bebê...”

“Ande logo” eu disse, e desliguei.

“Jory?”

Olhei para Tyler.

“Talvez eu não devesse estar aqui, hein?”

Eu balancei a cabeça. “Provavelmente não.”

“Ligue para mim mais tarde se precisar de um lugar para dormir,” disse ele, pegando a minha mão, virando a palma para cima e escrevendo seu número com a caneta em minha pele.

“Obrigado,” eu disse, dando um tapinha em seu ombro.

“Só pra constar,” disse ele, andando de costas. “Você é quente e é uma emoção sair com você, e se você quiser me ver mais tarde, é só chamar.”

Eu tinha um homem. O que eu queria com um menino?

“Você está me ouvindo?”

Acenei e voltei a andar pelo apartamento.

O que eu estava esperando? Tantos pensamentos passaram pela minha cabeça. Cenas de CSI, ou O Silêncio dos Inocentes, até Seven. O que eu estava esperando – uma cabeça cortada? Talvez nada tão dramático, mas o apartamento estava limpíssimo e eu achei isso estranho.

No quarto menor havia os mesmos tipos de coisas do segundo – e sem uso – quarto de Sam. Equipamentos de ginástica e um computador e uma cama de solteiro pressionada contra uma parede. Mas se este era o lugar que os hóspedes dormiam e onde os pesos livres eram guardados, onde estava o mobiliário que deveria ter estado no quarto principal? Caminhando de volta para fora, fui até a cozinha e não encontrei nada fora do comum, a mesma coisa na sala de estar. Alguém como eu vivia lá, e ainda assim a parede no quarto e a falta de mobiliário denunciava outra coisa. Nada se encaixava.

O banheiro estava impecável, mas a julgar pelos produtos no armário de remédios e no balcão e embaixo da pia, um cara vivia lá. O banheiro não tinha toques femininos, mas havia alguns artigos de vestuário feminino pendurado no armário do quarto do casal. Não havia nada sob a cama no segundo quarto, quase nenhum alimento na geladeira, e muito pouco na despensa também. Era um apartamento de solteiro, pura e simplesmente, mas de quem?

Eu usei a manga do meu suéter e abri a porta de vidro que dava para a varanda. Não havia nada lá fora, além de plantas mortas e móveis de vime.

“Parado!”

Não era Sam.

“Mãos na cabeça!”

Eu fiz como me foi dito, e segundos depois, eu estava de bruços no chão, com as mãos algemadas para trás, sendo revistado.

Quando eu rolei minha cabeça para o lado, vi os brilhantes sapatos de couro preto.

“Sr. Harcourt.”

Deixei escapar um suspiro profundo. “Agente Calhoun.”

“Leve-o para a delegacia agora. Tranquem-no.”

Eu não tive chance de dizer nada. Fui meio carregado/meio arrastado por três lances de escada e levado para fora pelo caminho oposto de como eu tinha entrado. Os dois policiais que haviam tomado conta de mim se queixavam sem parar que não trabalhavam para o FBI, mas sim para a cidade de Dallas. Eu não fui colocado na parte traseira de uma viatura, mas na parte de trás de um SUV. Fui trancado e me disseram para me sentar e aguardar. Esperei para me mover quando eles se afastaram.

Eu parecia indefeso. Não sou um cara grande, e quando as pessoas me conhecem, primeiro pensam que eu sou submisso, até que eu abro minha boca. Assim, os dois policiais não faziam ideia de quem eu era. Então, eles não checaram para ver se eu tinha deixado o banco de trás e saído do carro através da porta do lado do motorista. As janelas tinham vidro fumê; eu tranquei depois que saí e, calmamente, caminhei ao redor da lateral do prédio e pela rua. A um quarteirão de distância, comecei a correr. Pelo menos, já que tinham me tomado meu telefone, eu não teria problemas por não ligar para Sam.

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Jory é terrivel . Kkkkkk

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Comentários

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Tava louco pra ler e meu celular tava descarregado no hospital 😭😭😭+ agora que sai vou volta a ler assim que sai as postagens, esse jory e louco d+ ñ paro de rir com as loucuras dele 😄😄😄

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O BANDIDO PODE SER JEREMY OU O PRÓPRIO SAM. TÔ COMEÇANDO A ACREDITAR NISSO.

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Jory é pouquinho gente do céu, ele age primeiro e pensa depois, ainda mais qdo não dão crédito nas coisas que ele diz, ainda mais se alguém que ele gosta muito possa estar em perigo, será que desta vez ele vai conseguir provar que o Caleb não matou ninguém, mas só participou do sequestro, estou adorando todo mistério e suspense

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Caraca o Jory com as idéias malucas dele, indagações, tudo faz sentido, de uma forma louca kkkk, apaixonado pelo conto.

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KKKKKKK fala serio oq esses kras são são uns tapados auhsusss ms hey Bibs esse era ra ser o 19 mas ta como o 20 oq c fes com o cap 19?????

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Terrível é pouco kkkkk esse bicho é louco, mas amo ele hahahah.

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