MESA PRA TRÊS 3ª PARTE - CAP 11 ILHA DO MEL

Um conto erótico de Cookie
Categoria: Homossexual
Contém 3754 palavras
Data: 02/07/2016 00:54:17

3ª PARTE

CAPÍTULO 11

ILHA DO MELO sol estava se preparando para sair de cena, Gabriel, Mike e Jorge estavam em pé numa baía observando toda a movimentação do píer.

- Que lugar é esse? – Perguntou Gabriel colocando seus óculos escuros espalhafatosos.

- Paranaguá! – Respondeu Jorge sério, mas obviamente muito feliz e saudoso

- Eu vou pegar uma cerveja no posto, já volto – Disse Mike se afastando deles.

- E o que infernos nós estamos fazendo aqui? – Perguntou Gabriel intrigado.

- Bom, Ilha do Mel é uma ilha... e a gente não pode ir de carro até lá... Então vai funcionar assim... - Jorge começou a dar os detalhes da explicação.

Gabriel o observou explicando pacientemente algo que ele deveria saber ser óbvio, percebeu que achava as rugas que Jorge mostrava enquanto forçava os olhos eram um charme, se parasse para prestar atenção sua voz grossa e meio rouca, ele ficaria por horas encarando, o vento abraçava Jorge de uma maneira que o fazia exalar magnetismo. Jorge havia falado por cinco minutos, com gestos e explicações claras, Gabriel havia ouvido nada.

- Ah tá! – Concordou lembrando que foi uma boa ideia trazer óculos escuros.

- Alguém? – Mike se reaproximava com latinhas e cerveja em uma sacola.

- Não agora – Jorge e Gabriel disseram em coro.

- Beleza, vai demorar muito o barco? – Perguntou.

- Barco? – Se assustou Gabriel.

- O que eu acabei de te dizer? – Perguntou Jorge para Gabriel.

- Ah claro! O barco... óbvio!

- Não... Na verdade ele chegou agora a pouco. Vamos?

Os três tiraram as mochilas de dentro de carro, mas dentro do porta malas havia uma maior, essa que pertencia à Gabriel, pois o combinado era sair da Ilha do Mel e ir direto para o aeroporto.

O grande plano e Gabriel consistia em revelar a Mike e Jorge que os dois tinham passagem para pegar o mesmo avião que Gabriel, pois ele havia comprado as escondidas ainda antes do acidente, fato que se deu ao único motivo de Mike não ter descoberto antes.

As reações de Mike e Jorge haviam sido positivas se comparado ao que Gabriel temia, eles não disseram que sim e também não disseram que não, mostraram entusiasmo e Gabriel se mostrou satisfeito em fingir acreditar que tudo era uma questão de data.

Jorge e Mike andavam conversando demais em vozes baixas, se Gabriel não vagasse tanto em seus ensaios de despedidas haviam percebido algo errado, Mike se incomodava com o fato de Jorge querer ir, se incomodava consigo mesmo em esconder algo de Gabriel e o convite para uma nova aventura e a situação que se encontrava o fazia reavaliar toda sua filosofia de vida.

Gabriel respirava alto quando foi acordado por Mike.

- Gabriel acorda! – Dizia alto.

- Oi!?

- Chegamos! – Disse Mike, parecendo apressado – Você perdeu os golfinhos.... Ou botos.... Levanta logo – Continuou sem paciência.

Ainda com os olhos semiabertos, Gabriel pode ver Jorge se retirando do barco carregando sua própria mochila e a dele. Gabriel não saberia dizer se dormiu dez minutos ou de horas, mas se sentia revigorado, com o apoio das mãos se alongou ante de seguir Jorge e Mike, rapidamente abandonou o barco onde estava e seguiu por uma ponte onde várias pessoas com malas e mochilas o cercavam.

Gabriel havia passado por vários lugares de país, Angra, Bahia, Campo Grande, Acre, Rio Grande do Sul, Curitiba, São bento do Sul, Concórdia e já havia visto vários tipos de beleza, sabia reconhecer algo natural e artificial, admirava ambos, mas sentia o ar diferente naquele lugar, tudo parecia tão puro e intocável que era difícil acreditar que ele já havia acordado mesmo, repentinamente ele esperava acordar com as nuances do barco e se flagrar deitado, mas aquilo era de fato real e ele estava maravilhado com tamanha beleza.

- Aqui? – Perguntou Mike, apoiando sua mochila no chão com certa decepção na fala.

- Isso... – respondeu Jorge animado.

- Mas na última vez que viemos nosso quarto era tão mais....

- A última vez que viemos éramos dois e estávamos em lua de mel.

Da baía até a pousada que haviam chegado, se contava menos de dez minutos e os três já estavam descalços, o local onde iriam pousar não e diferenciava em nada de uma pequena casa comum, a não ser as cores vívidas que misturavam um tom de azul turquesa com um vermelho gritante que contrastava com as dezenas tonalidades de verde das gramas e árvores que aquele casebre residia.

- Eu amei! – Começou Gabriel – É meio colorido e rústico ao mesmo tempo... Tipo singelo e natural... Tipo...

- Tipo, será se tem tomada? – Completou Mike.

Enquanto Gabriel e Mike trocavam ideias e farpas, Jorge se aventurou em ir na frente. Tirou as chaves do bolso que a cinco minutos atrás uma simpática senhora havia o dado na recepção mais natural que havia da Terra.

Ao entrar no local, os três puderam avistar que apesar de pequeno era confortável e relembrava muito um quarto de uma pequena casa, haviam três camas de solteiro separadas por um metro de espaço entre elas, com pequenos tapetes coloridos feito a mão e havia de caber mais nada naquele quarto.

Gabriel jogou sua mochila na cama do meio que era forrada com um cobertor púrpura.

- Eu amei! – Disse Gabriel se jogando no colchão fino. – Apesar de ter se sentido revigorado, Viagens eram extremamente cansativas para Gabriel, ele sentiu como se ainda pudesse dormir facilmente mais algumas horas naquele dia, porém antes que o fizesse, pode ouvir o barulho das camas sendo arrastadas até se encostarem, transformando as três camas de solteiro em uma cama grande onde cabia três e antes de fechar os olhos e se abraçar ao sono, deu um sorriso enorme ao sentir os braços de Mike e Jorge por sobre o seu corpo.

Antes de se levantar, Jorge sentou na cama, algumas horas haviam passado desde que havia se deitado, no quarto havia uma tomada somente e estava sendo ocupada com o celular de alguém, que apostava ser o de Gabriel, ao olhar para a, agora, espaçosa cama, percebeu que Mike não estava nela. Antes de sair a procura dele, Jorge considerou fortemente deitar e gozar da situação de se deitar e ter Gabriel só para ele, se sentiu culpado por pensar assim e se perdoou rapidamente.

- Meu Deus, como ele é lindo – Pensou e se levantou a procura de Mike, com uma ideia fixa de onde ele estava.

A Ilha era tão natural que postes de luz eram escassos naquele local, o que havia de ser um empecilho, era na verdade uma das características favoritas de Jorge, que havia de amar o local que era iluminado pela luz da lua e estrelas, o céu era tão mais limpo e tão mais estrelado, que não era de se admirar que qualquer pessoa ficasse horas olhando para cima.

Jorge sabia o caminho decor. Mike estava lá, onde o mar era calmo e não havia ondas, sentado, olhando para o nada com o olhar distante.

- Eu sabia que você viria aqui. – Disse Jorge se aproximando.

- Faz tempo, né? – Mike deixou claro em seu tom de voz e expressão corporal que a chegada de Jorge não lhe era surpresa alguma.

Jorge se sentou ao lado de Mike em silêncio e ambos olhavam para a mesma direção, o silêncio permaneceu e nenhum dos dois se incomodava com isso, era confortável, era aceito, era bonito.

Mike pensava em Jorge.

Jorge pensava em Gabriel.

Gabriel roncava.

Mike decidiu quebrar o silêncio carinhosamente com a voz baixa.

- Como as coisas chegaram a esse ponto?

- Acho que a culpa não é de ninguém a não ser nossa – respondeu Jorge.

- Eu culpo você! – Disse Mike diretamente sem mover a cabeça.

- Se eu fosse você, eu também culparia. - Disse Jorge sentindo uma parcela de culpa.

- Se você fosse eu, o que você faria?

- Acho injusto me colocar na sua situação, eu não faço ideia de como você está se sentindo.

Mike se surpreendeu com aquela resposta e decidiu não retrucar.

Minutos ou segundos se passaram até Jorge quebrar o silêncio, dessa vez desconfortável, que insistia em pairar no ar.

- Antes de se casar o Aurélio me perguntou sobre como seria a vida se Elaine não tivesse morrido... – Disse Jorge provocando fala em Mike.

Mike parou pra pensar, raciocinou as possibilidades.

- Eu morreria... – Comentou.

- Exatamente – Concluiu Jorge.

- Isso é tão... – Continuou Mike,

- Injusto!

- É!

- Eu sei.

- Ele entrou em nossas vidas há meses e olha pra nós! - Disse Mike baixinho.

Foi a vez de Jorge ficar em silêncio.

- E se ele não fosse embora? E se ele não tivesse entrado em nossas vidas – Perguntou Mike sendo cruel ao jogar tal realidade nas costas de Jorge – Se ele tivesse escolhido Rodrigo.

- Isso é cruel até mesmo para você, Mike – Disse baixinho.

- Eu sei. – Comentou. Mike começou a rir ao pensar em algo.

- A gente se casou aqui, literalmente aqui, eu lembro daquela pedra, escorreguei nela – Disse apontando – E agora a gente tá de volta, divorciados e com três camas no quarto.

Jorge encarou Mike seriamente e depois riu com ele.

Mike e Jorge agora riam, cheios de areia, na praia da Ilha, gargalhavam e perdiam o fôlego.

- A gente é ridículo!

- Tritão, explosão, câncer, amante, atropelamento, coma.... Isso acontece com todo casal ou só a gente?

- Acho que todo mundo tem a dose certa de tudo isso.

- Se nossa vida fosse um livro ou filme, eu não conseguiria caracterizar uma categoria.... Afinal, somos comédia ou tragédia?

- Acho que a vida não tem dessas.... É tudo isso. – Disse Jorge deitando.

- Você tem razão.

- Jorge.... – Disse Mike, sério.

- Pois não?

- Você tem que ir com ele – Disse Mike retornando a seriedade, com um olhar sombrio dessa vez.

- Você sabe que não é assim. – Respondeu Jorge com frieza no olhar.

- Sabe o que eu vou fazer? – Perguntou Mike desistindo da discussão inútil.

- O quê? – Jorge arregalou os olhos, deixando óbvio o susto que havia levado.

- Tomar banho pelado – Mike exibiu em seu rosto uma enorme curva e se levantou correndo em direção ao mar, abandonando uma peça de roupa a cada passo que dava.

Jorge pode ver suas nádegas brancas se molharem de longe e desaparecer no mar e antes que Mike pudesse submergir para visualizar Jorge de longe, sentiu Jorge o pegar por trás e o derrubar.

- Você tá pelado! – Disse Mike surpreso.

- Você também está!

Os dois se beijaram, se banharam e se amaramVai demorar muito? – Perguntou Gabriel cansado.

- Olha para cima e se responda – Disse Mike igualmente suado, mas bem menos cansado.

Gabriel ergueu a cabeça em busca do farol e conseguiu visualizar o que se assemelhava a uma bituca de cigarro de tão pequeno que ainda estava.

- Como isso pode estar tão longe ainda? Nós estamos subindo essa escada por horas! – Reclamou Gabriel.

- 10 minutos Gabriel – esbravejou Mike.

- Cade o Jorge? Será se ele me leva no colo? - Brincou Gabriel, mas esperando que essa possibilidade existisse. - Já está lá em cima? O que tem de bom nesse farol, meu Deus, algum pote de ouro ou coisa assim?

- Tem meu pau! Para de reclamar e anda.- Disse Mike sendo rabugento.

- Tem sombra lá? – Continuou Gabriel, mas dessa vez sem ouvir resposta de Mike. – Mike? Tem sombra lá?

Ao erguer a cabeça Gabriel pode ver Mike sobre seus joelhos, caído e se apoiando sobre as mãos.

- Meu Deus, Mike? Tudo bem? Quer água? Eu tenho aqui! Pega! – E o entregou uma pequena garrafa térmica azul com água gelada. – Encarou seu relógio – Tomou seu remédio? Já é hora de tomar seu remédio! – Cadê seu remédio? Vou chamar o Jorge, JOOOORGE!

Gabriel olhava para Mike, agora em seu colo percebendo que ele queria dizer algo.

- O que foi? Tá sentindo dor? É dor que você tá sentindo? Ai meu Deus, tem hospital aqui nessa ilha? Vou pegar meu celular!

- Gabriel... – Sussurrou Mike sentindo sua energia voltar ao seu corpo

- O quê? Pera aí, qual o número do JOOOOOOOOORGE!!!!

- Pelo...

- Pelo o quê? Cade o remédio Mike?

- Pelo amor de Deus, cala essa boca! - Gritou Mike reunindo suas forças para fazer Gabriel parar.

A cor de Mike ia aos poucos voltando ao normal.

- Oi? - Perguntou Gabriel perplexo com a situação.

- Eu tô bem, ó! – Disse Mike se levantando devagar – Olha eu tomando meus remédios aqui ó.... – Mike tirou de eu bolso um frasco branco e tomou duas pastilhas que haviam nela.

Não era a primeira vez que Gabriel tinha olhado aquele remédio e achado algo familiar.

- Tô bem, viu só!? Eu tô tonto por causa do sol.... – Disse Mike se erguendo, deixando Gabriel boquiaberto.

- Mas....

- Mas o quê? Até eu que tô sarando, sou mais forte que você....

- Mas... você estava.... Que porra é essa? – Gabriel sentiu em seu rosto uma gota d’água, ao olhar para cima, percebeu que nuvens cinzas cobriam o sol. – Mas agora a pouco estava....

- Ai, cala a boca! Vamos! – Mike pegou Gabriel pelas mãos e continuou a subida.

- Mas...

- Uau! Isso realmente.... é lindo! – Disse Gabriel surpreso ao olhar para a paisagem de perto do farol. – Isso aqui é demais.

- Sim! – Concordou Jorge!

Mike estava sentado, bebendo água de costas para os dois.

- Vocês vieram aqui da outra vez? – Perguntou Gabriel.

- Sim! Continua lindo! – Respondeu Jorge, sentindo o vento em seu rosto.

- Quero fotos! Várias fotos! – Disse contente.

- Mike, não quer aparecer?

- Não – Respondeu Mike, gritando de longe.

- Engraçado, por que não tem ninguém aqui?

- É final de inverno, o pessoal vem visitar no verão.... E agora são umas....

- Não interessa – Disse Mike surgindo de trás do Farol totalmente nu – Uma das minhas vontades é transar aqui em cima.

- Whaaaaat? – Disse Gabriel surpreso.

- Mike? – repetiu Jorge impressionado.

- Tem uma sombra aqui.... Vocês vêm?

Gabriel e Jorge se olharam e ambos começaram a tirar as roupas ao mesmo tempo e atacar Mike com beijos no pescoço e descendo. A natureza do local nunca antes havia visto aquilo, tampouco Gabriel e Jorge. Mike mostrou que estava disposto a tentar coisas novas e impressionou os dois ao se inclinar propenso a arriscar uma tentativa dupla.

Mike cavalgava em Gabriel sobre a sombra do Farol quando decidiu abraça-lo, deixando suas bandas empinadas para Jorge tentar suas investidas por trás. Jorge era grosso, Gabriel era grande, Mike estreito, os três, principalmente Mike, se mostravam decididos a conseguir entrar em um consenso, entraram.

Mike sentiu os dois membros o rasgar por dentro, entretanto ele estava familiarizado com o sentimento de que a dor vinha antes e reinava até chegar o prazer. Mike ficava vermelho e suava mais que o normal.

- Você quer que a gente tire? - Perguntou Gabriel vendo Mike suar demasiamente.

- Não – Disse Mike demonstrando força – Ninguém se mexe!

- Mas....

- Ninguém se mexe! - Reforçou.

Os três ficaram naquela posição, imóveis por aproximadamente um minuto até Mike se mostrar favorável ao movimento. Jorge se movia, e enfiava, e penetrava, e socava com força e Mike urrava de tudo quanto é prazer, Gabriel nunca havia sentido aquilo antes, sentir Jorge dentro de Mike era algo que nem em seus mais maliciosos sonhos ele imaginava e gostou e gozou lá dentro e sentiu a sêmen de Jorge sobre o seu membro e logo após o de Mike inundava seu umbigo e os três descansaram sobre a sombra do farol.

O almoço dos três havia sido entre paz, cócegas, areia e sorrisos, se enchiam de conversa e o ar de despedida parecia ter desaparecido e sido substituído por ternura, o sarcasmo de Mike havia diminuído, a loucura de Gabriel havia dado lugar a compreensão e Jorge estava mais ali do que de fato se permitia estar, o mundo não existia a não ser o três.

Gabriel olhava para o relógio e apontava para Mike o lembrando de tomar o remédio.

Mike gritava para Gabriel tirar fotos dele nu enquanto corria na praia.

Jorge o acompanhava.

Gabriel o acompanhava.

Havia um mercado próximo a praia, Gabriel comprou sorvete, Jorge chinelos, Mike perguntou se havia lubrificante.

O sol desfilava no céu enquanto os três viviam sem se preocupar com qualquer coisa que não fosse aquilo e conforme escurecia algo neles escurecia também. Gabriel estava sentado na ponta da cama, olhando para as três passagens em sua mochila e a promessa de que os dois o visitariam, ele sabia se esconder da verdade e tinha dito a ele mesmo que só permitiria se desesperar uma vez que já estivesse lá. Ele não estava satisfeito com visitas e a Ilha só o provara de que estava certo em não querer vida longe desses dois.

Já era tarde, Mike e Jorge os esperavam na areia em frente ao mar, ele só tinha voltado para checar seu celular, lembrou que tinha ficado de receber uma ligação e ao sentar tinha parado para filosofar, estava quase bêbado, havia bebido demais, achou que fez bem em não aceitar a maconha de Mike, Jorge não aceitou, mas por algum motivo não tinha se sentido ofendido. Mike olhou em sua mochila novamente e percebeu que havia se esquecido do que tinha colocadoali em segredo, o uniforme de polícia de Jorge estava dobrado numa sacola, a intenção era realizar uma fantasia sexual da sua adolescênci ae que seria possível fazer agora.

Gabriel correu ao encontro de Jorge e Mike, ao chegar lá, viu que Jorge havia se entregado a Mike e agora possuía uma bituca de cigarro em sua boca, os dois dançavam sobre uma fogueira improvisada, Gabriel riu e se juntou a dança. Os três cantavam Bob Marley ao redor do fogo, Gabriel retirou da sacola no chão uma lata de cerveja e dançava com eles, se embebedando ainda mais.

Jorge se permitia dançar ridiculamente, Mike se divertia ao ver esse lado artístico de Jorge e Gabriel se divertia com a diversão de Mike.

A noite foi passando e as latinhas, num piscar de olhos, já haviam acabado.

- Eu vou buscar, o mercado é logo ali. - Gritou Gabriel falando mais alto do que o necessário.

- Não demora! Eu vou colocar o uniforme agora. – Disse Jorge com olhares maliciosos.

- Assim eu nem vou heim! – Disse Gabriel tonto.

- Então não vai! – Respondeu Jorge, indo pra cima de Gabriel.

- Fica, depois a gente compra mais! – Reclamou Mike.

- Eu sou o único não fumando, não quero ficar sóbrio, é aqui pertinho, quando eu voltar, quero vocês dois duros!

- EU QUERO FODER JOOORGE!!!!! – Gritou Mike rindo, para o susto de Jorge que colocava a duas mãos sobre as nádegas no intuito de defesa.

- EU TAAAAAMBÉEEEM! – Gritou Gabriel se afastando.

- Boa noite – Disse Gabriel já no caixa do mercado – Eu vou levar essas latinhas - Tentando se firmar em pé.

- Só isso? – Disse um senhor enorme, com aparência entediada, como se estivesse farto de atender jovens naquele estado.

- Moço.... O senhor sabe o que é amor? – Perguntou Gabriel feliz, tentando criar um laço com o caixa.

- Sim, você é o terceiro que me explica essa semana – Respondeu sem expressar emoção alguma.

- Ah! Então me dá um abraço aqui! – Disse Gabriel erguendo os braços.

- Não! - Respondeu o caixa sério.

- Ah, vamos!- Disse Gabriel com os braço esticados formando uma linha horizontal.

- Não!

- Um abracinho só, vamos lá! – Continuou Gabriel com um sorrio enorme na cara e os braços bem abertos.

- Se eu lhe abraçar, o senhor promete que vai embora!? – Perguntou o caixa desistindo.

- Se o abraço for sincero, sim! – Disse com extrema felicidade.

O moço enorme do caixa se inclinou para Gabriel e se permitiu ser abraçado, ao fazer isso, acidentalmente uns doces que estavam no caixa foram derrubados no chão.

- Opa! Desculpa.

- Tudo bem, a culpa foi minha....

- Pode deixar, eu pego – Disse Gabriel se abaixando.

Ao se levantar viu que o que tinha derrubado era na verdade algumas embalagens de tic tac, Gabriel olhou para aquilo como se o recordasse de algo estranho e pensou consigo num susto supremo.

- Não pode ser....

Gabriel pagou a mercadoria no mercado e correu para a pousada onde estava, invadindo as coisas de Mike para procurar seu frasco de remédios, achado um deles, abriu e percebeu a similaridade entre a a bala e o remédio.

- Não.... Não.... – Gabriel colocou em sua boca uma das pastilhas que estava dentro do frasco de remédio de Mike e sentiu o doce refrescante da bala enquanto uma lágrima escorria do seu olho esquerdo.

Gabriel estava bêbado, o que contribuía em algo com a raiva que sentia, a fúria em seu corpo fazia sua cabeça ferver, visualizou Mike seminu e Jorge de uniforme em pé ao redor da fogueira e como se voasse acertou em Mike um forte soco com a mão direita em seu olho esquerdo.

Mike caiu violentamente na areia.

- SEU MENTIROSO! FILHO DA PUTA! VOCÊ TAVA ME ENGANANDO! - Vociferou Gabriel.

Mike viu o frasco de remédio na mão de Gabriel e sabia do que ele estava falando, não conseguia sentir a dor em seu olho pelo soco, mas uma espécie de vergonha o inundava por dentro.

Gabriel sentou o seu peito e começava a socá-lo em seu rosto, queixo e pescoço.

Mike tentava se defender, mas seus movimentos não o obedeciam mais.

- VOCÊ MENTIU! – Socou o queixo.

- VOCÊ TÁ MORRENDO – Socou a boca.

- E FALOU NADA SÓ PRA QUE EU FOSSE.... – Socou o pescoço.

- SEU MERDA, EU TE AMEI! – Socou o peito com as duas mãos fechadas!

- EU TE AMEI! – Socou novamente o peito até ser impedido por Jorge que o erguia, retirando-o de cima de Mike.

- JORGE, JORGE! OLHA O QUE EU ACHEI, OLHA O QUE EU ACHEI! – Dizia apontando o frasco que agora estava no chão e o pegando. – ELE MENTIU PRA GENTE, JORGE! A GENTE TEM QUE LEVAR ELE PRO MÉDICO AGORA – Dizia Gabriel chorando enquanto Mike se torcia no chão – A GENTE TEM QUE LEVAR ELE....

Gabriel percebeu a expressão de Jorge que não olhava pra ele, mas olhava pro chão com os olhos lacrimejados. Gabriel percebendo o que estava acontecendo, agora se afastava de Jorge colocando as mão na boca e deixando-se chorar....

- Você.... Você sabia. Você.... Sabia? - Perguntou Gabriel chorando ainda mais sentindo-se traído e dono de um ódio horrendo.

Jorge se esforçando para olhar pra Gabriel acenou a cabeça dizendo que sim.

Gabriel se ajoelhou na areia gritando, enquanto as lágrimas por seu rosto caíam, ele estava quase inconsciente e deixando a tristeza tomar conta de seu corpo, pode sentir Mike sangrando chegar até ele e o beijar.

- Desculpa.... Mas quem escreve a minha vida, sou eu.

Com relutância, Gabriel retribuiu, pensou em sair dali, xingar e espernear, mas algo tinha ido a sua mente e ele tinha tido uma ideia. Gabriel beijou Mike que olhou para Jorge e se permitiu beijar, os três se abraçaram perto da fogueira, com sangue, suor e lágrimas.

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