A Ilha - Cap 3

Um conto erótico de LuCley
Categoria: Homossexual
Contém 2812 palavras
Data: 06/07/2016 01:08:15
Assuntos: Gay, Homossexual

Olá, espero que gosten e muito obrigado pelos comentários e por lerem. Se cuidem e até o próximo.

++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

Verdade seja dita: eu tinha plena consciência que o Mauro e a Roberta só não foram a diante por causa da homossexualidade do Mauro. Ele até podia enganar os outros, mas não a mim e muitos menos a Roberta. Não sei como ela resistiu tantos anos ao seu lado, mas fez o que foi mais sensato, ou os dois sofreriam.

Cheguei em casa atrasado. O Seu Ivan me segurou no escritório até as sete e tive que voltar pra casa de táxi ou não daria tempo de me arrumar. Tomei, banho, troquei de roupa e meu pai andava pra lá be pra cá atrás de mim, querendo saber onde eu ia com tanta pressa.

— vou jantar com o Mauro, mas o pai dele me segurou até tarde no escritório e já estou atrasado.

— onde vocês vão?

— não faço a mínima ideia...ai...ai...é ele me ligando...

Atendi o celular e passei meu endereço. Ele disse que estava perto e que em dez minutos estava chegando. Passei perfume e penteei o cabelo rapidinho, pronto!

— que bonitão. — meu pai disse me abraçando.

— estou?

— está... ele vai adorar.

— oi?

— não abuse da minha inteligência. Estou de olho em você desde o dia do acidente. Está rolando alguma coisa entre vocês...

— não tem nada a ver.

— será?

Salvo pelo gongo. Ele bozinou na frente de casa e me despedi do meu pai.

Ele destravou a porta do carona e entrei. Fui recebido com um caloroso sorriso um aperto de mão. Fomos conversando e ele parou em frente a garagem do prédio. Perguntei se ele tinha esquecido alguma, mas ele disse que não.

— então porque estamos entrando?

— porque vamos jantar. Não foi pra isso que fui te buscar? — ele disse e estacionou.

— não sabia que seria no seu apartamento.

— e como eu iria mostrar meus dotes culinários se não fosse em casa?

— hahaha, entendi. Vai cozinhar pra mim...

— claro. Dizem que conquistamos as pessoas pelo estômago... — ele disse rindo.

—hahaha, estou ancioso agora.

— que bom. Vamos?

— vamos.

Entramos no elevador e fomos rindo até a porta se abrir. Ele me mostrou seu lado divertido e achei incrível poder conhecê-lo melhor fora do ambiente de trabalho. Ele era completamente diferente no escritório e quando emtrei, diziam que dificilmente ele sorria. Comecei a prestar atenção e notei que ele realmente era uma pessoa fechada e de personalidade muito forte. Nunca o vi destratando ninguém, pelo contrário, mas ele era de poucas palavras e sempre cobrava mais esforço de quem o ajudava. Como eu não trabalhava diretamente com ele, era difícil quando conversávamos, mas as poucas vezes que mantivemos contato, falamos só de trabalho. Exceto quando nos encontramos na boate, foi a primeira vez que conversamos mais abertamete.

Assim que chegamos ele abriu a porta e se aproximando, pediu permissão para tirar meu casaco.

— claro, obrigado. — agradeci e me pediu para ficar a vontade.

— alí está o bar. Tem umas bebidas bem bacanas ali, e cerveja na geladeira. Tem copo, taças ali em baixo e vou buscar gelo.

Servi dois copos com whisky e ele trouxe o gelo. Pra ele sem gelo e coloquei duas pedras no meu copo. Ele pediu licença e foi até o quanto.

Fiquei andando pelo apartamento e notei vários quadros sobre um aparador. Peguei um que parecia ser de sua formatura e como ele era bonito quando tinha minha idade. Incrível como sua aparência não mudara tanto. Havia fotos com a família e uma com a Roberta, ela estava linda em um vestido vermelho e ele com um sorriso incrível que me fez sorrir de volta.

— qual é a graça? — ele disse e eu me assustei.

— nossa, caramba...você tem o dom de me assustar.

— hahaha, desculpa, mas é que não resisto.

— estou vendo. Gostei dessa foto com a Roberta.

— ela está linda mesmo...

— sim, mas...gostei mais do teu sorriso. Gosto quando você sorri.

Ele tirou o porta retrato da minha mão e colocou de volta no aparador. Ele entrelaçou seus dedos nos meus e me arrastou até seu quarto. Pediu que eu me sentasse e pegou uma caixa cheia de álbuns. Havia dezenas de fotos dele no tempo da faculdade e não tinha uma que ele não ostentava aquele sorriso lindo no rosto. Eu via cada uma das fotos e ele se sentou a meu lado.

— esse tempo era incrível. Eu me permitia fazer coisas que hoje não faço. Na verdade, certas coisas não faço há algum tempo. — ele disse meio triste.

— você pode voltar a fazer se quiser.

— é complicado. As pessoas comentam.

— eu só acho que você já está bem adulto pra deixar de fazer algo só pelo o que os outros vão pensar de você. O tempo não volta, não te dá outra chance de reviver, mas te da oportunidade pra recomeçar. Então, recomece.

— eu já disse, é complicado. Quem sabe... Vem, vamos lá pra cozinha.

Fui arrastado mais uma vez e na cozinha ele vestiu um avental. Perguntei se queria ajuda e ele disse que não, mas pediu que eu servisse mais um drink. Ouvimos um barulho e fui até a janela. A Ilha estava pronta para receber a maior tempestade da história. Pedi permissão para ligar a TV e fui até a sala. Coloquei no canal 5 e ficamos esperando o plantão do noticiário.

Chuva e vento fortes eram esperados nessa época do ano. A defesa civil emitia alertas aos moradores da Ilha e nessa noite não foi diferente. Quinze minutos depois anunciaram que uma forte tempestade atingiria a Ilha. Fiquei preocupado e liguei pro meu pai. Assim que ele atendeu começou a chover. Perguntei se ele estava bem e se queria que eu fosse pra casa.

— não, fique onde você está. Começou a chover e só vai pior.

— deixa o celular no carregador e vamos trocando mensagem. Caso a luz acabe você terá bateria.

— fica tranquilo, aproveite o seu encontro.

— pai...não é um encontro. É só um jantar entre amigos.

— tudo bem, que seja. Fique bem, eu estou bem.

— OK, xau.

Me virei desligando e sorri sozinho com as ideias do meu pai. Encontro? Quem me dera. Bem que eu queria, pensei. Fui ao banheiro rapidinho e voltei para a cozinha com uma garrafa de whisky. Deixei a garrafa na bancada e ele ficou me olhando, meio confuso.

— está querendo me deixar bêbado? Como vou ter levar pra casa depois?

— hahaha, eu volto de táxi... pode ficar tranquilo. E essa chuva não vai parar tão cedo.

— isso é verdade.

— caramba, que cheiro bom.

— quer provar? Assim aproveita e me diz se está bom de sal.

Eu estava provando o molho do macarrão e ele serviu mais uma dose de whisky. O molho estava ótimo e peguei o copo de sua mão. Senti o toque dos seus dedos de leve nos meus e percebi que já era a hora de parar de beber. Ah, meus caros leitores aquele homem tinha um mistério no olhar. Ele terminou de preparar o jantar o jantar e servia a mesa enquanto conversávamos banalidades do nosso dia a dia.

Mesa posta e o delicioso Fettuccine ao molho de shitake foi posto com toda a delicadeza sobre a mesa. Ele puxou a cadeira pedindo que me sentasse e abrindo uma garrafa de vinho, serviu me passando uma taça.

— um brinde à essa noite e a nós. — ele disse.

— à nós.

— como foi pra você? Quando contou aos seus pais que era gay? — juro que não esperava essa pergunta, mas como ele queria saber...

— nunca precisei contar.

— como assim?

— a verdade é que eu cresci sabendo quem eu era e tendo o apoio dos meus pais. Desde pequeno eles perceberam que eu era "diferente" e tiveram a iniciativa de me educar e me fazendo entender quem eu era. E você? — ele ficou vermelho, quis desconversar, mas se abriu.

— ai...ai...foi um drama. Minha mãe sempre me apoiou e me apoia até hoje, mas meu pai sempre foi o problema. Tanto que namorei a Roberta por cinco anos só pra tentar fugir de mim, e agradar meu pai. Mas chegou uma hora que não suportei mais e ela percebeu minha total incapacidade de fazê-la feliz; que acabou terminando.

— ela sabe?

— sabe. Contei depois que terminamos. Não foi uma conversa fácil, mas foi libertadora. Me senti aliviado de certa forma.

— imagino. Engraçado...

— o quê?

— sempre nos sentirmos culpados por ser quem somos e com medo de magoar as pessoas. Sendo que deveria ser ao. contrário. Somos nós que nos magoamos com todo esse preconceito e opressão. Eles é quem deveriam se senrirem culpados por nos matarem todos os dias.

— mas infelizmente é o contrário. Sabe quantos processos chega na minha mesa todo o mês por Homofobia? Centenas. É deprimente, mas me sinto honrado em poder defender essa causa.

— que também é nossa...

— isso, nossa!

Conversamos sobre nossa política, nossos gostos musicais e ainda arriscamos uma discussão inútil sobre futebol, porque na verdade, ninguém entendia absolutamente nada de futebol; só dos pares de coxas doa jogadores. Aí a conversa, a partir desse momento começou a tomar outro rumo e não falávamos mais nada com seriedade. Um pouco por causa do vinho, que pra mim, já tinha ultrapassado o limite da minha testa. Definitivamente era a hora de parar de beber.

Perguntei se tinha refrigerante na geladeira e ele disse que ia pegar, mas disse que não precisava e me levantei.Quando levantei, PUF! Acabou a energia.

— que maravilha! — ele disse.

— rsrs, tem vela em casa?

— na cozinha.

— eu te ajudo a procurar.

Fomos os dois para a cozinha. Eu tentava caminhar, mas os móveis se materializaram na minha frente e ele começou a rir.

— espera aí, rapaz. — ele disse segurando minha cintura e uma onda choque invadiu meu corpo.

Fiquei sem reação, mas mantive o controle da situação e comecei a caminhar e ele me guiava. Passamos pelo sofá, mas dei uma topada no pé do aparador. Ele começou a rir.

— rsrs, pra esse lado... — ele disse.

— você é que não está me guiando direito.

— hahaha, continue...a porta está ali.

Começou a ventar. Senti meu celular vibrando e era meu pai me mandando mensagem. Respondi dizendo que estava tudo bem e ele disse que tinha acabado a luz na metade da Ilha. Eu respondia e ouvi o sussurra no meu ouvido.

— ei, a gente sofrendo pra achar o caminho e você com o celular no bolso? — eu comecei a rir e ele também.

— hahaha, me esqueci completamente.

— percebi. Clareia o caminho pra gente. — e ele continuava me segurando.

— acho que pode me soltar. — disse.

— hum, mas é que estou gostando de te ter nas mãos. — ele sussurrou no meu ouvido e fiquei super sem graça. Fiquei em silêncio e continiei caminhando.

Assim que chegamos na cozinha ele me soltou e pediu pra eu clarear algumas gavetas. Ele procurava e a chuva aumentado. Estava ventando forte e eu imaginei como iria pra casa.

Ele encontrou as velas e pegou um candelabro na parte de cima do armário.

— e que haja luz! — ele disse pegando um isqueiro ascendendo as velas.

Peguei o refrigerante na geladeira e voltamos pra sala e comtinuamos nosso jantar à luz de velas.

Ele percebeu que eu estava meio inquieto e perguntou qual era o problema. Disse que estava preocupado com o fato de ter que voltar pra casa naquela tempesde. Ele sorriu e alcançou minha mão sobre a mesa.

— você dorme aqui essa noite. Avisa seu pai e amanhã te levo bem cedo. Eu não tenho condições de dirigir. Você me embebedou.

— eu? hahaha, você bebeu porque quis. E não sei se devo ficar.

— não vou colocar você em um taxi. Com esse vento, tem muitas árvores caindo. Fica...

— eu vou pensar... — ele soltou minha mão e terminamos de comer.

O ajudei a levar a louça na cozinha. Servi um copo de refrigerante pra ele. Ele me olhou confuso e disse que era pra baixar o nível de álcool. Ele começou a rir. Pedi que bebesse e ele matou num gole só.

— está com medo de quê? — ele perguntou me devolvendo o copo e coloquei na pia.

— medo de nada. Mas não gosto de ficar tonto e você já está enrolando a língua.

— mas estou mais sóbrio do que nunca. Fique tranquilo.

— hahaha, eu estou tranquilo.

— vem, vamos lá pra sala...

— que droga...essa chuva que não passa.

— está tão ruim ficar aqui, comigo?

— não. Eu estou adorando ficar contigo, mas enquanto a chuva não passar, o pessoal da companhia eléctrica não vai pra rua. Capaz da luz voltar só amanhã.

— o lado sul da Ilha é um problema. Sempre foi assim. Se você quiser se deitar, eu arrumo o outro quarto pra você.

— você já vai dormir?

— ainda não. Eu gosto de ficar deitado aqui no sofá quando o tempo está assim.

— então eu fico aqui. A gente fica conversando.

— vou pegar umas mantas pra gente.

Fui até a janela e dava pra ver um pouco da Ilha. Estava completamente escuro e por incrível que pareça a Ilha toda estava sem energia, não só o dado sul. O vento assobiava e o clarão dos raios era a única fonte se energia que vinha do lado de fora. Fiquei observando a tempestade e meu coração quase saltou do peito quando um estrondo ecoou pelo apartamento e as paredes tremiam. Me afastei e acabei tropeçando no Mauro que veio correndo com o candelabro numa mão e as mantas na outra, todo preocupado.

— ta tudo bem? — ele perguntou.

— eu to bem. O raio caiu aqui?

— sim, caiu no pàra-raios daqui do prédio.

— caramba, que barulho horrível.

— eu já estou acostumado. Ah, não fique gastando bateria do deu celular andando pra lá e pra cá. Pega uma vela.

— você está certo. Vou avisar meu pai que vou ficar. Tudo bem pra você? Não vou te incomodar?

— de maneira alguma. Vou adorar...estar em ótima companhia.

Mais uma vez ele me deixou sem graça. Liguei pro meu pai e não consegui sinal. Não fiquei preocupado, afinal, ele sabia que eu estava com o Mauro. Peguei uma das mantas sobre o sofá e me deitei no outro sofá. Ele lia algo sob a luz das velas e perguntei se era importante.

— é um processo que estou estudando desde o começo da semana passada Quer dar uma olhada?

— quero. É antigo?

— sim, já foi julgado. Mas gosto de ler. Olha isso aqui...

Me sentei ao seu lado e comecei a ler. Fiquei meio enjoado com o conteúdo. Tratava-se de um homem que assassinou as filhas e depois a esposa. Saber que eu teria que me deparar com casos como aquele me deixou meio empressionado e devolvi a papelada pro Mauro terminar de analisar. Fiquei conversando com ele e bocejei.

— quer ir dormir no quarto?

— não, quando você for eu vou.

— deita aqui. — ele apontou para as suas pernas.

Eu me levantei e peguei meu cobertor que estava no outro sofá e fui arrastando até onde ele estava. A Ilha parecia desmoronar com tanta chuva e vento. Me deitei com a cabeça nas pernas dele e me cobri. Ele continuou lendo e desceu a mão esquerda até meu rosto. Eu fechei os olhos e recebi de coração aberto aquele carinho que estava esperando desde que começamos a trabalhar em seu apartamento durante sua recuperação. Meu corpo se ascendeu e meu coração acelerava na mesma intensidade.

— quer um café? — ele me ofereceu.

— quero. Eu te ajudo.

Ainda bem que era cafeteira eléctrica. Voltamos pra sala. Tomei meu café e me deitei na mesma.posição. Ele ainda tomava e tentava ler.

— você vai derramar esse café em mim. — disse e ele me olhou.

— deve ficar bom.

— o quê?

— você, com gosto de café.

— será? hahaha...

— só provando pra saber...

— só provando.

A cara de pau que ele fez quando molhou o dedo no café e passou na minha boca, foi impagável.

— ops, caiu... — ele disse e se inclinou me beijando.

A Ilha toda podia se afundar em um tsunami que eu não sairia daquele beijo. Ele afundou os dedos no meu cabelo enquanto me beijava. Seus lábios quentes tocavam os meus com doçura. Me senti protegido e querido nos braços daquele homem. Fui me levantando devagar e fiquei ajoelhado no sofá. Ele segurou meu rosto com as duas mãos e mordeu meu queixo.

— acho melhor você se deitar e eu também. — ele disse me dando um selinho.

— me leva?

— vem comigo.

Antes fomos até a cozinha pegar mais duas velas e ele me guiou até o quarto.

Fiquei segurando o candelabro enquanto ele arrumava a cama e assim que terminou, ele me deu um beijo na testa, boa noite e se retirou. Fiquei ali, tentando entender o que havia acontecido e na esperança que ele voltasse e tivesse a ousadia de me tomar novamente em seus braços, mas ele não voltou.

++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive LuCley a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Escreves muito bem, mais um conto muito bom

0 0
Foto de perfil genérica

Adorei a sua escrita, vc prende o leito do início ao fim! Essa história é incrível! Parece que Mauro ñ se aceita! Tô ansioso pra ler a continuação! Abraços!

0 0
Foto de perfil genérica

Gente, Lucley sempre nos surpreendendo, adorei o conto e quero mais hahahah, essa ttemática relacionada é muito show.

0 0
Foto de perfil genérica

Aff...tambem to esperando o Mauro voltar... Muito bom

0 0
Foto de perfil genérica

afss Mauro eh medroso...tomara que esse beijo não prejudique Éric no trabalho, pois eh perceptível que Mauro não se aceita...

0 0
Foto de perfil genérica

Gosto muito do jeito como você escreve e esses relacionamentos com homens mais velhos é muito interessante kkkkk

0 0