O que a vida me ensinou - Bônus Mel 3 - (3)

Um conto erótico de Mel
Categoria: Homossexual
Contém 3015 palavras
Data: 15/06/2016 14:17:09

Fui para o restaurante num misto de alegria e medo. Medo de não superar a dor da traição, medo de sempre desconfiar. Não quero viver assim nas sombras da incerteza, mas não quero viver longe de Caio e menos ainda de Juca e apesar de não ter conhecido Caleb, apenas de bater o olho naquele ser desdentado já sei que também não será completa minha vida sem ele.

- Porque eu tenho que ser um poço de sentimentalismo.

- Não sei chefe, mas eu gosto do senhor assim. - fala Marcelo e me espanto por ter dito isso em voz alta. Percebo certa malicia em seus lábios e olhar.

- Marcelo querido está vendo essa faca? - fala Julia com uma J.A. Henckels. - eu mesma tiro o seu escroto e olha que sou boazinha, meu cunhado e marido do Mel é bem ciumento sabia? - diz com um ar debochado brincando com fio de corte.

Vejo Marcelo se afastar rapidamente e mando um obrigado para a Ju enquanto ele me devolve com um beijo.

Resolvo comer no restaurante porque não quero correr o risco da Ju está me dopando, ainda não acredito que eu não me lembre do Juca ter ido na casa da minha prima e pior porque ninguém me falou nada antes? e como meu quarto estava trancado antes e de manhã não?

Com essas dúvidas vou para casa e assim que chego faço um pedido dessas câmeras espiãs que vendem pela internet. Acho que devem chegar até a próxima semana.

Tomo um banho relaxante e faço algo que não praticava desde meu período pós Marcos.

Me penetro com um pouco de condicionador nos dedos imaginando ser meu homem, imagino sendo suas mãos me preenchendo, me alargando e acabo sonhando acordado com sua língua invadindo a intimidade no meu corpo. Gozo com o gosto de saudades no corpo.

Ao amanhecer o dia peço que Quim me deixe no abrigo, fiquei com medo de pedir um táxi e me deparar com aquele cara novamente.

- Não posso mesmo dizer que está aqui? - diz pela segunda vez.

- Não.

- Mel, me prometeu que daria uma chance de se falarem e o beneficio da dúvida - fala quase que me acusando.

- Eu lhe disse que seria no meu tempo e que não queria você informando nada a ele e mais que não queria saber de nadinha.

- Mas é você que pergunta porra!

- Só quero saber o que eu pergunto e ponto.

Depois disso não falamos mais nada, ele me deixa e me encara como se me desse uma bronca de irmão mais velho.

- Bom dia, eu sou...

- O amado do Júlio. Mel.

Fico extremante constrangido. A Mulher pede que eu a siga e eu ao menos consegui falar alguma coisa.

- Irmã Adeilza lhe espera. - mas eu nem marquei hora penso, mas não falo.

Entro na sala e sinto um estremecimento, não de medo ou qualquer outro sentimento aterrorizador, apenas o conforto que nem sabia que precisava.

- Eu fico muito feliz que conseguiu encontrar o caminho até as crianças. - diz uma senhora de sorriso terno quente - bom dia, Mel me chamo Adeilza.

- Bom dia - digo timidamente, reconheço.

- Sei que está um pouco deslocado, bem sente-se por favor. - diz apontando-me a cadeira a minha frente, sento-me logo em seguida. - Eu sei coisas lindas a seu respeito, por exemplo, que é o senhor que cedeu as hortaliças a nosso lar, e que pretende implementar aqui também como diz uma de nossas irmãs, um roçadinho.

Rio um pouco e sinto-me mais aliviado.

- Não devo levar todo o credito sobre isso, há muitas pessoas envolvidas.

- Está aqui por Caio e Caleb? - aceno com a cabeça - e presumo que Júlio não saiba - mas um aceno afirmativo.

- Preciso me recompor antes de estar face a face com ele.

- Eu lhe entendo minha criança. Irei lhe dar um conselho, as vezes é muito fácil enganar o coração, mas mais fácil ainda é enganar os olhos principalmente se houver uma flecha envenenada no coração.

Não consigo dizer nada, de alguma forma sinto que ela está certa, mas não sei dar o próximo passo. Não ainda.

- Querido eu apenas queria lhe conhecer, sei que em algum momento a família estará completa e até maior do que imagina hoje. Bem hoje Caio e Caleb estão concentrados no quarto, estão estudando, pois Júlio prometeu que iria vir a tarde conferi se fizeram o dever e eu sei que não o fizeram ontem.

- Danadinhos. - digo sorrindo

- Sim. – retribuído o sorriso - irei lhe acompanhar até o quarto deles.

A cada passo no corredor um nervosismo gostoso se apoderava de mim, uma sensação de que meu coração iria sair fora de meu corpo, mas ao mesmo tempo era tão bom, me senti vivo.

Quando ela me indicou a porta, que por sinal estava aberta agradeci com um abraço rápido. Segui adiante e ao ouvir uma voz tão infantil e doce paralisei. Meus olhos se encheram e eu apreciei aquele momento como quem escuta o chorinho de seu filhote pela primeira vez. Tentei me recompor o mais rápido possível.

- Você consegue Mel! - dei dois passos e parei novamente observando-os.

- Eu não sei que cor é essa aqui óh? - diz o pequenino menino de cabelos castanhos com o sorriso banguelinha.

- É verde Caleb, mas é um tom diferente, lembra quando eu te expliquei sobre os tons das cores? - o pequenino apenas afirma. - então esse é o verde, mas o tom dele é mais escuro.

- Parece vomito. Eca.

Ouço e meu sorriso desponta, vejo-o se mexer e então dou me conta de algo que lhe falta e me coração aperta ao lembrar-se de tudo que ouvi de Querida a respeito do seu sofrimento e o quanto chorei, mas hoje não! -

- Rum rum. - digo para que me faça presente. Caleb me olha com curiosidade e Caio vem correndo me abraçar com seu maior sorriso, tão diferente do menino reservado que Querida me falou.

- Você veio.

- Lógico meu amor. - digo beijando sua cabeça farta de pelos castanhos.

- Vem. - diz segurando na minha mão e me fazendo sentar também em sua cama. - Caleb lembra que te falei que fiz um amigo especial?

De repente os olhos de Caleb brilham ao olhar fixamente para mim.

- aaaaaaahhhhhhh - não sei como ele conseguiu, mas simplesmente pulou em mim - não me engane Caio, você é meu outro papai - impossível não estremecer e transformar meus olhos em lagoas. Não consegui fazer nada além de afirma freneticamente minha cabeça.

- Como você sabe? - perguntou Caio.

- Eu vi o Pai Juca olhando sua foto no celular, ele tava tão tristinho. - diz fazendo um bico - o senhor não que mais o pai Juca?

Como uma criança pode ser tão inocente e nos quebrar assim? percebo que Caio me encara esperando a minha resposta.

- Eu quero, mas as coisas de adultos são um pouquinho mais demoradas. - digo tentando me esquivar. - Caleb eu queria tanto te conhecer.

- Eu também, você vai ser meu papai - fala tocando no meu rosto - eu gosto de dizer que tenho papai, ninguém nunca quis ser meu papai e agora eu vou ter dois. - dizia fazendo o número dois com os dedos, aquilo partia o meu coração. Quanta injustiça não aceitar uma criança apenas por ela ter uma limitação que pode sim ser superada.

- Eu adoraria muito, muito mesmo que você me chamasse assim e você também Caio. - ganhar aquele sorriso constrangido de Caio é algo perfeito.

Eu enfim conheci meus filhos, não há como negar, já fazem parte de mim assim como o Juca faz. Meu deus eu preciso encontrar um modo de superar a dor da traição e acreditar que isso não vai mais acontecer, mas é tão difícil.

Ajudei com o dever dos dois e depois me meti na cozinha e levei Caio e caleb deixando o meu menor na bancada sentado com uma colher de pau e disse que ele iria chefiar tudo, ele ficou tão feliz que faltei me quebrar ali por ver tanta alegria em algo tão simples. Caio, meu principezinho guerreiro, é incrível como a felicidade do irmão faz com que ele fique dez vezes mais feliz.

Todas as vezes que incrementava algo levava para o "chefe" aprovar.

- É assim o seu trabalho pai?

Viro-me para ter certeza que foi caio que falou, notei que ele disse sem querer, mas não permitirei que volte atrás. Só espero que meu coração saia inteiro daqui.

- É de certa forma meu filho - digo alegre - irei levar vocês para conhecer meu ambiente de trabalho.

- EEEEEHHHHHHH - vibra Caleb.

Depois de fazermos a bagunça ensino que é importante limpar o que sujamos, inclusive para Caleb, não é porque ele tem uma limitação que vou faze-lo se sentir incapaz de agir como todos os outros.

Quando está na hora de me despedir, pois já havia recebido uma mensagem de Quim dizendo que o irmão já estava furioso por perder o almoço com os meninos e que não iria conseguir segurar por mais tempo.

- Meninos preciso pedir algo a vocês e isso é muito importante - digo bem sério - eu sou um adulto e um pouco complicado, preciso que vocês não comentem com o pai de vocês que eu já estive aqui.

- Por quê? - pergunta Caleb.

- O pai Mel precisa resolver os problemas dele Caleb e se a gente falar pode ser que eles não fiquem juntos. - terror visível tomou a face de Caleb e eu já ia desmentir Caio, porém um o pequeno sinal com uma piscadinha me fez entender que era o único modo do pequeno ficar quieto.

Foi horrível me despedir, sai vendo Caleb fazer um bico enorme, mas ele não ganhava do meu.

Dias foram se passando e a dor não amenizava, mas eu conseguia enxrgar que o dia de enfrentar tudo estava próximo.

Quase duas semanas depois, e conseguindo me esquivar milagrosamente das investidas de reaproximação daquele que eu não quero lembrar o nome porque me magoou demais eu cheguei ao trabalho.

Hoje era dia de apresentar ao Joaquim os documentos do mês então sigo para o escritório e quando abro tenho vontade de vomitar todo o meu café.

- Quem te deixou entrar?

- Eu não preciso de ninguém me autorize a nada para fazer o que eu bem entender.

- Saia daqui ou esqueço que não bato em mulher e parto a sua cara ao meio.

- Hummm tá bravinho porque eu peguei teu homem. Hahah...

- CALA ESSA BOCA PORCA SUA VACA!! – falo quase gritando.

- Ele me queria há muito tempo sabia?? Ele estava me ligando há semanas

- Mentirosa!!

- hahaha... vou te contar o que a gente fez Melzinho.

- Eu não quero saber.

- Eu cavalguei naquele mastro gostoso a noite inteira e ele não parava de falar que nada se comparava a minha buceta molhada – Nanda continua a falar e eu não consigo me mexer, não consigo romper com a cachoeira de lágrimas que desce desde que essa mulher, essa víbora entrou aqui.

- FERNANDA EU TE PROÍBO DE FALAR ESSAS MERDAS! – fala Julia entrando no escritório – Eu nunca quis acreditar que você era podre – fala com uma cara de nojo e ao fundo decepção - te defendi para agora você estar acabando com duas pessoas que se amam, você está prejudicando meu irmão e meu primo. – fala ficando a minha frente. Dói tanto saber que ele ficou com ela, doeu tanto escutar cada palavra, é uma dor tão excruciante que não consigo me mover, não consigo ao menos me defender.

- Como assim Julia? Você fala como se eu tivesse feito tudo sozinha e não foi!

- Sinceramente depois de pensar em tudo isso eu acho que toda essa fuleragem foi feita por você! Você é uma cobra e eu me odeio por ter te defendido por tantos anos, odeio ter te apresentado para o Juca e se você não sair daqui com essas suas perninhas bronzeadas artificialmente eu te jogo na rua pelos cabelos.

Nanda faz uma cara de ódio e deixa uma pequena ameaça.

- Logo todos vocês terão que me engolir por bem ou por mal!

Quando ela sai não aguento mais e caio com tudo no chão.

- MEL! – fala Julia assustada.

- Chama o Patrick Ju, eu preciso dele. – digo agarrando-a e me permitido mais uma vez dar vazão a minha dor.

Julia me levou para casa. Todo o tempo que a magoa estava lá e eu lutando para adormecê-la veio com tudo e mais forte, pois agora além de tudo eu tinha os meninos.

Mais uma manhã e eu apenas deitado até ouvir a porta do quarto abrir.

- Até que enfim me chamou, fiquei pensando se não sou mais importante em sua vida.

- PATTTTTT.... - levanto-me em um salto e corro para os seus braços. Simplesmente me jogo e ele com todo amor do mundo me leva a cama deitando-me e fazendo o mesmo após tirar os sapatos.

- Porque demorou tanto?

- Não queria te atrapalhar. - digo mentindo, na verdade era mais a vergonha mesmo. - tá foi por vergonha. – digo escondendo meu rosto úmido em seu peito.

- Mel, eu não acredito no que aconteceu.

Sento-me nervoso na cama.

- VOCÊ ESTAVA LÁ? - digo me lembrando de cada detalhe - EU ESTAVA, EU ESTAVA!!

Pat apenas me envolve em seus braços e volta a me ninar.

- Apenas me escute. Eu sou seu melhor amigo, sou seu irmão e não existe outro ser humano na face dessa terra que queira tão bem quanto eu, claro tirando seu pai. - diz e sinto o leve sorriso, lembro que ele dizia que se não respeitasse tanto meu pai ia lhe oferecer seus serviços de puta.

- Eu sei.

- Disse para ficar quieto. - fala estalando um tapa no meu bumbum. - eu nunca, jamais te lançaria para os braços de um cara que não me mereça lamber o chão que você pisa, então eu vou te pedir para dar uma chance a aquele homem que está enlouquecendo sem você e vou lhe provar que isso é armação da quenga arrependida.

- Todos dizem a mesma coisa.

- Porque dessa vez estamos enxergando algo que você se recusa a ver.

- Ela me encontrou ontem e eu não sei te dizer, mas a ameaça dela foi tão firme além de ela ter dito tudo o que fizeram - falo deixando as lágrimas correrem livres.

- O que ela diz que fez. E eu não acredito! Me choca saber que logo você acreditou, mas o amor deixa as pessoas idiotas mesmo.

Fiquei o dia nos braços dele e quando ele foi embora já sabia o que iria fazer e três dias depois estava na porta de casa e quando aquele homem que me roubava orgasmos pela madrugada em sonhos abriu a porta meu mundo se perdeu e eu me perdi em seus braços

No dia seguinte após uma noite de amor que eu confesso não me entreguei completamente, mas que carnalmente falando foi tudo de maravilhoso sai de nossa casa, algo firme em minha mente eu vou mudar o jogo!

Desliguei meu celular e fui atrás do meu novo amigo arquiteto, iria mudar aquele quarto inteiro, mas nada que me lembrasse daquela cena desprezível iria me fazer retrair novamente. Se queriam me provar que eu estava errado, que não houve traição, ótimo! quero isso mais nunca, mas até lá quero voltar para minha casa e não suporto aquele quarto do jeito que está.

Liguei para Jozuelo e passamos a manhã comprando. Mandei que entregasse o mais rápido possível em casa, algumas coisas me disseram que chegariam apenas depois das oito da noite então me certifiquei de ligar para o sindico que como diz Pat é do babado, para que permitisse a entrada de tudo sem que aquele porteiro que me odeia impedisse.

No final da tarde quase as seis decidi que antes de ir para minha amada casa iria passar com os meninos. Assim que cheguei dois pequenos furacões estavam intempestivos.

- Pai o senhor não atendeu no número que me deu! - acusou caio.

- Sinto muito meu lindo. - digo abraçando.

- O senhor tem que ir ao shopping agora!

- Porque? - pergunto estranhando aquilo e Caleb não falava nada, apenas estava com a cara de quem estava muito magoado.

- A tia, a tia Hadassa - me lembro de que eles falavam dela e sinceramente nunca topei com a criatura, mas já não gostava. - ela vai beijar o papai Juca na boca ela disse que era brincadeira, mas eu não gostei porque a gente só beija na boca de quem é dá gente, pai Juca que disse.

Uma possessão de raiva me descrevia naquele momento.

- Como assim? - pergunto tentando não mostrar a raiva que senti.

- Eu disse para ela que queria juntar vocês mais rápido - falava caio com o ar culpado. Acariciei seu rosto para que ele entendesse que não fez nada de errado.

- Mas ela disse que tinha que fazer ciúme, disse que ia beijar o papai e namorar ele para você não gostar. Eu disse pai, disse que não queria isso.

- Porque vocês acham que ela vai fazer isso?

- Porque ela marcou com o papai no telefone de ir comer no shopping as oito e depois que deligou falou alto que ia agarrar ele. Corre pai, o Caleb que ouviu... vai logo!

Aquilo me atordoou, mas não me desliguei corri para fora e não sei se por milagre, mas havia um taxi por perto, dei lhe as coordenadas e enquanto isso liguei meu telefone, várias mensagens e ligações perdidas foram chegando, parecia que o mundo inteiro queria falar comigo.

Chegamos e lhe paguei, nem sei quanto dinheiro lhe dei apenas rumei para a praça de alimentação. Quando meu telefone cessou de vibrar fui olhando e vi que Quim havia me ligado diversas vezes e havia duas mensagens de áudio. Na primeira ele dizia:

"cunhado eu disse que ia lhe provar, mas queria entender que porra que você não atende esse caralho de celular"

Em seguida eu começo a escutar vozes, Nando, Juca, Pat, até Quim e Isa e então Fanny e Nanda...

Escuto tudo e me sinto o ser mais desprezível da face da terra. Minhas lagrimas começa a descer e todo sentimento ruim se dissipa de mim. Então olho para frente e vejo uma loira de olhos azuis com uma barriga imensa me olhando e em seguida atacando a boca de um homem, mas não de qualquer homem, a do meu Homem.

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Comentários

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Lindo capítulo, lindo de ver como vc constrói tão lindamente o relacionamento dos meninos com o Mel (apesar de eu estar morrendo de ódio dele aqui). Olha meu amor, nem sei mais como te elogiar, só te dizer que você me emociona profundamente com a sua escrita e sensibilidade. Grande beijo! <3

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