MESA PRA TRÊS 3ª PARTE CAP 8 - 503

Um conto erótico de Cookie
Categoria: Homossexual
Contém 1579 palavras
Data: 30/06/2016 22:19:38

3ª PARTE

CAPÍTULOEra o primeiro dia de Mel como enfermeira, todos no hospital acabaram de ver o tiroteio que havia acontecido na cidade, pela pequena televisão suspensa na parede, exceto Mel, ela estava no lugar errado e na hora errada.

Os mais variados especialistas e médicos esperavam a maca em frente a porta principal, foi nesse momento que Mel se fez presente na sala, ela não sabia o que todos estavam fazendo encarando aquela porta, até que numa explosão de barulhos a porta se abre com dois paramédicos empurrando uma maca, um deles segurando uma bolsa de ar e pressionando ferimentos que gotejavam sangue do peito do paciente.

Os médicos acompanhavam a maca correndo ao lado, os barulhos das sirenes lá atrás iam desaparecendo conforme eles andavam.

- Pra esquerda - Dizia um eles

- Pupilas ok – Dizia outro.

- Pressiona aqui, não tira a mão! – Gritava uma voz feminina!

Sala 503, sala 503! – Dizia o mais velho enquanto colocava as luvas

- Senhor, senhor, olha pra mim, o senhor pode dizer seu nome?

- E.... E....

- Senhor?

- E.... Laine!

- Quem é Elaine, senhor?

- O nome dele é Jorge – Dizia um imenso policial negro que corria logo atrás!

- Senhor, a partir daqui só médicos e enfermeiros

- Mas ele...

- Senhor, por favor senhor!

- Mel, venha!

2004

Em dez anos de trabalho, Mel ainda estava desacostumada com esperar o inesperado e não queria se acostumar mesmo, achava que a adrenalina a fazia funcionar melhor e a mantinha acordada. Ela estava certa.

Mel checava dois pacientes que pareciam dormir tranquilamente em suas camas enquanto fazia anotações, ouvia de longe os passos apressados de pessoa entrando no hospital.

- Aqui! Aqui! – Dizia alguém que seguia a maca ao entrar pela porta principal.

- O que aconteceu? – Perguntava um dos médicos que seguia a maca enquanto checava a respiração e o batimento cardíaco do paciente que se encontrava ali.

- Eu.... Eu não sei, ele estava.... Ele foi refém deEnfermeira? – Gritou o médio.

- Senhor, qual o seu nome?!

- Jorge! – Disse assustado.

- Muito bem....

- O nome dele é Mike! Mickey! - Disse Jorge afobado.

- Muito bem Jorge, eu preciso que você segure a cabeça do Mike assim!

- Assim? – Jorge repetiu o movimento.

- Sim, para evitar que o sangue escorra do nariz dele. – Disse o médico limpando o rosto a procura de mais algum hematoma pelo corpo.

- Esse sangue não é só dele – Disse Jorge.

- Enfermeira!

E de repente Mel aparecia sabendo exatamente o que fazer.

- Jorge, Jorge, o senhor pode esperar na sala de espera que em um momento alguém vem falar com o senhor – Disse Mel

- Mas ele...? – Tentou Jorge.

- Senhor, por favor.

Jorge consentiu e parou enquanto via Mike se afastar rapidamente.

- Que sala? – Perguntou MelO chefe de cirurgia se moveu ao centro da sala principal e parou sobre a escadaria conseguindo visualizar todo os internos naquele espaço.

- Atenção todos! Um acidente de carro acabou de acontecer não muito longe daqui. Cinco homens com ferimentos graves e uma mulher grávida com um tiro de abdômen, vamos precisar de todos os enfermeiros que pudermos, eu já bipei os outros e eles já estão descendo, em alguns minutos precisaremos da colaboração de todos vocês. - Disse com uma voz firme recebendo olhares sérios e nervosos. Segundos depois, quatro macas adentraram.

Um paramédico entra com um sujeito desacordado exalando sangue pela boca.

- Quatro? Não eram seis? – Perguntou o Chefe de cirurgia.

- Óbito de dois deles – Confirmou o paramédico.

- Muito bem, o que temos aqui? – Perguntou a ortopedista.

- Múltiplas fraturas, incluindo as duas pernas e braço esquerdo, risco de hemorragia e também há sangue em seus pulmões, talvez exija um tubo torácico...

- Ok, sala 208, bipem Dra. Ana.

- Sim.

A segunda maca vem com dois paramédicos a empurrando.

- E aqui?

- Esse é o motorista que atropelou os outros

- Por que infernos tem queijo e calabresa em cima do paciente?

- Havia pizza no carro na hora da colisão.

- Ele estava embriagado?

- Não há sinais de álcool em seu corpo, doutora.

- O que infernos aconteceu com você? - Perguntou A doutora que o encarava com raiva - Aparentemente estável, ele só está desacordado, respiração ok, pupilas ok, sem contusão aparente, só uma leve procissão na testa, nada profundo, Ok. – A doutora se aproximou - talvez.... um band aid, por favor sala 409, eu estarei lá em um momento.

Aurélio acompanhava a terceira maca.

- Amor, amor! Você está bem!?

Débora estava acordada, mas não conseguia abrir os olhos, havia muito sangue saindo de sua barriga.

- Meu be.... – Débora tentava dizer algo – O.... Beb....

- Cama, amor, vai ficar tudo bem. - Disse Aurélio nervosos perto dela.

- Senhor, encaminharemos ela a sala de cirurgia, precisamos que o senhor fiquei aqui

- E aqui? – Perguntou o médico se aproximando, acompanhando a até a sala de cirurgia.

- Ela é a única que não estava fisicamente envolvida no acidente com o carro

- E esse sangue?

- Arma de fogo, ela foi atingida, senhor ela está esperando.... Ela estava esperando um bebê senhor.

- Bipem Dra. Chris, Cirurgia imediatamente.

A quarta maca vem com Jorge atrás. Gabriel desacordado tem sangue por sobre o nariz e boca.

- Por favor.... – Começa Jorge.

- E aqui? – Pergunta um dos médicos acompanhando.

- Coma.

- SalaOnde infernos eu estou?

Sua visão ainda estava turva, as coisas estavam tão escuras que Gabriel demorou para se dar conta que a sala está escura e que ele não está de olhos fechados. Ao mexer a cabeça para o lado esquerdo ele se assusta com o barulho que ouve em sua cabeça. Testando agora o movimento dos braços ele sente em seu canal esquerdo um tubo. De repente sentiu sua boca extremamente seca. Há flores numa jarra próxima a ele e a porta estava semiaberta, sentiu-se extremamente cansado e notou que havia uma cadeira próxima à ele, percebeu que há a possibilidade de alguém estar o visitando e que nesse exato momento não estar ali. Gabriel pensou em seus pais e notou que mesmo se tentasse falar algo, não conseguiria. Notou uma sombra se aproximar e já não sabia se estava sonhando. Viu a imagem de Jorge estrar silenciosamente no quarto, ele segurava um celular. Gabriel sorriu e dormiuGabriel estava definitivamente acordado.

Jorge dormia na cadeira próxima aos seus pés.

- Água!

Jorge pareceu roncar mais alto.

Gabriel riu internamente, desistiu e decidiu tentar novamente mais tarde. Era incrível a facilidade com a que ele dormia.

Gabriel não sabia quanto tempo havia passado desde a última vez que tinha acordado, poderia ser alguns minutos, horas ou até mesmo dias, ele sentia que parte dele não era ele e que coisas essenciais tinham alterado seus valores de significância, ele poderia se esforçar para falar novamente, mas assistir Jorge se torturar para descobrir a palavra que se encaixava naquele espaço de sete letras, era divertido.

- DIII – Se esforçou Gabriel.

- DIII?

- Isso, DIII! – Repetiu Gabriel!

Num susto Jorge se ergueu da cadeira numa felicidade imensa se aproximando de Jorge.

- Gabriel? Gabriel! Você acordou!! Gabriel! – Jorge foi em direção à ele tentando se aproximar e censurando seu abraço, ele não sabia o eu poderia doer!

Jorge ria alto.

- Enfermeira! Ele acordou – Gritava aos corredores!

Gabriel ria. – Tinha acabado de se arrepender de ter dito algo, deveria ter observado Jorge por mais tempo.

- Você está bem? Tá com dor? Quer alguma coisa? – Perguntava Jorge rapidamente.

Gabriel falava baixo.

- DIII

- Hã? O que é isso?

- Quinhentos em algarismos romanos é D, o que cruza com a palavra em vertical “Residência” e esse D.... Ele.... – Respirou fazendo força - é de Quinhentos eGabriel se sentia sempre sobrecarregado, era como se seu corpo estive fora de serviço, foi necessário esforço para sentir qualquer coisa, inclusive dor.

Acordou com o braço de Jorge o segurando.

- Jor....?

Jorge novamente se surpreendeu com o leve toque no seu braço.

- Tudo bem.... – Dizia baixinho – Eu tô aqui!

- Olá! – Disse Gabriel baixinho.

- Olá... – Disse Jorge sorrindo.

- Tudo bem? – Continuou Gabriel mais sussurrando do que de fato falando.

- Ótimo! – Respondeu Jorge com gestos exagerados – Você vem sempre aqui!?

Gabriel riu sentindo o carinho de Jorge em sua sobrancelha.

- Mike?

Jorge tirou o sorriso que tinha em seu rosto rapidamente.

- O Mike ele.... – Jorge desviou o olhar. – Vamos focar na sua recuperação agora, a Doutora disse que em poucos dias você vai sair daqui

- Jorge? - Perguntou Gabriel baixinho.

- Sim!

- ... De volta! - Dizia Gabriel com esforço para arregalar os olhos e tentar não dormir.

Gabriel estava apagando novamente.

- Desculpa....

- Can. - Com esforço somente essa sílaba havia saído de Mike.

- O que está de volta? - Perguntou Jorge confuso.

Gabriel reuniu toda a força que tinha e no tempo de um respiro sentiu o seu corpo desistindo e antes de apagar coneguiu soltar.

- O câncer de Mike!

Gabriel adormeceuGabriel agora acompanhava Elaine, lado a lado os dois andavam de braços cruzados.

- Quão diferente seria a vida se ele fosse egoísta? - Perguntou Elaine olhando para Gabriel.

- Bom... Para começar... - Pensou Gabriel – Pra começar ele estaria vivo! - Disse se forçando a pensar mais,

- Aah... E isso seria bom? - Perguntou ela quebrando as folhas secas do chão.

- Hm... Eu sinto que se ele fosse... Nada teria acontecido... Eu não teria me apaixonado por ele por exemplo...

- Entendi...

A presença de Gabriel a partir daí era apenas física, sua mente desfilava em outro lugar e em outro tempo, até que o sol se posicionando para ir embora o despertou e o trouxe novamente ao presente.

- Meu Deus... Que horas são? - Perguntou.

5:03h - Respondeu Elaine.

- Tá na hora de ir para casa...

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