Surpresas do Coração -Parte V

Um conto erótico de Grey
Categoria: Homossexual
Contém 2398 palavras
Data: 10/04/2016 04:06:44

V Capitulo

O silêncio era total, enervante, sereno e cortante.

Todos dormiam exceto eu que costumeiramente passei a acordar toda madrugada inquieto, todavia, não era pelos pesadelos que desde a adolescência me perseguia, porque sumiram á contar do momento que cheguei à Nova Correia. O fato é que passei inquieto acordar e quando dava por mim estava admirando Mauricio dormindo como se fosse um anjo envolto de resplendor, imarcescível.

Isso estava virando rotina.

Em umas das noites... Inquieto, atormentado por calor, - e olha que o ar condicionado estava ligado- Acendi a luz do abajú pertencente ao lado da minha cama. Suspendo o tronco ao nível que com precisão posso desfrutar da visão extraordinária de Mauricio dormindo em paz, o único capaz de por fim não somente a inquietação, como também o calor que me perseguia durante as madrugadas.

Mauricio dormia como sempre: espalhado na cama. Usa o braço direito como travesseiro, enquanto o esquerdo repousa no saco como se o protegesse de alguma coisa. A cena é tão bela que sou capaz de contemplá-la pelo resto da noite. Como pode ser tão gratificante o ato de admirar uma beleza bruta, em plena pujança, sem ao menos haver toque? Era como apenas o fato de olhá-lo já fosse o bastante para alimentar a fome que tinha por ele, era uma satisfação saber que estava tão perto, mesmo que inacessível. Só de vê-lo minha alma ficava mais leve, mais alegre, respirava com mais calma.

Naquela noite, creio porque ele se mexia muito na cama, o lençol não estava sobre ele, deixando assim Mauricio exposto apenas de cueca. A imagem era um delírio, única expressão capaz de explicar a visão quase que surreal, porque por mais que eu tente descrever, palavras não há, não são capazes de expressar o estado quase que violento, que sem chance de defesa me nocauteou , brincava com meus hormônios, assanhava minha libido extremamente.

Visão de um anjo. Calmo, sereno dormia em paz. Fazia dois meses que estávamos morando na casa de Dona Maria. Fazia dois meses que nutria um tesão fora do comum por esse anjo que ora dormia transparecendo calmaria. E nestes dois meses percebi que ele era um cara idealista, que não concordava em tudo com o seu pai, o prefeito; que era responsável; incomodava-se com o futuro de Mariana, e isso por óbvio, ainda mais me cativou.

Dormindo tão indefeso. Tão quieto deu vontade de pô-lo no colo e enchê-lo de carinho, cuidados, amor. Não seria trabalho nenhum mimá-lo, mimá-lo ao extremo, pelo contrario, seria recompensador, seria uma felicidade. Vendo-o com uma mão no saco e a outra sob a cabeça um riso quis se instalar. Riso de contentamento, riso de alegria, riso de um momento que por mim poderia eternizar-se.

Vendo-o deitado, engraçado, com a mão no saco; aquele homem tão grande, musculoso, forte, agora tão vulnerável o espírito de proteção tomou conta de mim. Portanto, entendi que o algo que vingava no meu coração por ele não era só e somente carne, tesão. Não buscava somente explorar aquele corpo escultural, o que sentia não se resumia ao vinho do desejo que serve para embalar a noite de prazer, e que ao fim desvanece com a escuridão que cede ao dia.

Vendo-o feito uma criança dormir tão quieto, tão cheio de vida, tão belo. Ousei sonhar que aquele era o homem para vida inteira, para morrer ao lado dele. Para se construir uma vida, embora fosse verdade que obstáculos, embaraços impor-se-iam irredutíveis, implacáveis, furiosos. E a ciência desta previsão surgia, porque nada na minha vida veio fácil, veio de mão abanando. Mas, o mais importante, até agora nada tinha planejado, arquitetado para conquistá-lo. Nenhuma idéia. Nenhuma estratégia. Definitivamente não sabia como, qual o caminho, a tática, o procedimento a adotar. Não vinha nada a minha cabeça. Nada.

E sem tática, sem saber o que dizer, o que fazer a vida se encarregou de encaminhar as coisas, claro que do jeito delaDr. Caio tá faltando contratar ajudante de pedreiro. – Lembra-me Ricardo responsável pelo setor de contratação. Estávamos organizando um organograma de prioridades que vira e volta nos últimos dias acabava por atrapalhar o andamento da obra.

- Anota Ricardo. Isso é muito importante. – Concordo com Ricardo, mas não me estendo, pois uma onda de preocupação me incomoda. Mauricio não apareceu pela parte da manhã, e já são duas horas da tarde e nada dele aparecer, o que é não é normal. Ele sempre aparece. O horário de deixar a obra é lá pelas cinco da tarde.

Algo aconteceu, insiste minha cabeça preocupada.

- A falta de ajudante de pedreiro é um problema recorrente. – Comenta Ricardo escrevendo no computador.

Estávamos na minha sala, que era da onde as decisões brotavam. Improvisada em uma das salas do Colégio Agrícola, tinha duas mesas. Uma com notebook – a minha, que era principal-, telefone, de um lado duas cadeiras reservada para quem chegasse sentar para conversar comigo mais a vontade. E do outro lado da mesa, uma cadeira de descanso, a minha, onde, quando estava no escritório no horário do meio dia cochilava de tão macia que era. Na sala havia um sofá e outra mesa com computador próprio de mesa. Fora da sala ficava a secretaria que me auxiliava e anunciava qualquer pessoa que quisesse falar comigo cuja demanda, pelo incrível que pareça, era expressiva.

- Ricardo tu viste o filho do Prefeito pela obra hoje? – Perguntei ansioso por ouvi um sim.

- Não. Hoje não vi esse moço. - Ricardo respondeu enquanto digitava.

- Acho que vou pra casa mais cedo.

Precisava saber o que tinha acontecido com Mauricio, pois tinha acontecido alguma coisa com ele para explicar a falta, uma vez que ele não era de faltar. Mauricio estava doente, a única explicação que vinha na minha cabeça.

- Qualquer coisa de anormal eu te participo imediatamente. – Avisa Ricardo sendo prestativo.

Tô um poço de preocupação. Torcendo para encontrar Marcos bem, e que não passe de exagero da minha parte.

Despedi-me de Ricardo. Passei pela secretaria e a dei uma “boa tarde” cordial. Entrei no jipe disponível para pela empresa para meu uso enquanto permanecessem os serviços da estrada. Enquanto dirigia relampejou um vislumbra de esperança na empreitada de conquistar Mauricio, coisa que até aquele momento nenhuma idéia em como atingir esse fim tinha surgido. Digo até aquele momento, porque a idéia relampejou. Não era normal de o nada ele faltar, explicação que vinha na minha cabeça para justificar a falta era doença, talvez febre, ou gripe. Ou ainda os dois.

E se por ventura, confirmasse minha suspeita poderia tomar conta dele, cuidar dele, ficar mais próximo. Poderia usar o momento de fragilidade para conquistá-lo. Como diz o ditado popular “há mal que vem para o bem”. Não seria uma atitude leviana, oportunista, uma vez que meus sentimentos eram verdadeiros. Certo que estaria utilizando do momento para promover meus intentos, mas, ainda assim eram intentos dignos. Não eram egoístas. Era minha oportunidade.

Á porta da casa de Dona Maria parei o carro, desci para destrancar o portão. Notei que não há ninguém em casa aparentemente. Abri o portão. Entrei com o carro e depois fechei o portão. À tarde Dona Maria gosta de ficar na varanda se embalando na rede. É costume. Será que Mauricio passou mal e ela teve que levá-lo para Mariana? Se for, porque não me chamaram? Mauricio passa mal e não me avisam? É muita falta de consideração.

Rolei o trinco da porta e a abri.

Tem alguém em casa. Do contario, estaria trancada á chave e não só no trinco. Na sala não há ninguém. Na cozinha não há ninguém. No quintal não há ninguém. Volto a casa direto ao quarto compartilhado por Mauricio e eu. Rolei o trinco e entrei sem cerimônia, angustiado de preocupação, obstinado por saber noticias dele que até aquele momento, na minha cabeça estava doente. E também, porque achei que não teria ninguém.

Mas, para minha surpresa me deparei com uma cena tórrida que foi um soco no meu estomago. Mauricio mamava o seio de uma loira deitada na cama, que ofegante segurava a cabeça dele como que comandando a velocidade. Obviamente estavam na fase preliminar.

Estarrecido, congelei. Um soco no estomago levei ao passo que fiquei sem ação, sem fala.

Congelei.

Ambos se viraram para mim. Entreolhamos-nos. A loira puxou o edredom para esconder a sua nudez. Eu atordoado dei meia volta. A preocupação, a angústia por noticias dele converteu-se num amargo na boca, uma dor pesada cresceu por volta do coração acompanhado de um embucho na garganta.

Eu queria chorar. Gritar.

Mauricio era heterossexual convicto, aprova cabal era o que neste instante acontecia no quarto, logo jamais teria chance com Mauricio. Jamais. Ás noites que sonhei com ele, que o admirei não passou de um devaneio sem qualquer pé na realidade, uma ilusão que tinha sentido apenas nos meus pensamentos.

“Esse homem não é para mim”, e agora, qualquer duvida que reste havia sido destruído. Atônito uma única atitude tive: soquei a parede. Uma. Duas. Três vezes. Soquei como forma de extravasar, de descarregar em alguém, no caso, em algo a erupção de emoções efervescente dentro de mim, borbulhavam.

Sentei no sofá da sala com o olhar fixo na TV desligada, contudo minha atenção vagou, pois instantaneamente sou catapultado para meus pesadelos idos na adolescência. “Meu Deus, não nasci para ser feliz mesmo nesta vida”, murmuro sentindo uma lágrima teimosa queimar meu rosto. Ligeiro a limpo.

Nisto, de cabeça baixa a loira passa por mim sem dizer uma palavra. “Já acabou, assim tão rápido?” penso emocionalmente acabado. Tento tomar o controle das minhas emoções. Repito para mim mesmo que o meu passado não vai mais se repetir. Concluo pelo mais acertado das decisões tinha que dá um basta nesta historia de uma vez por toda, por um ponto final.

Era fato que jamais teria chance com ele. Mauricio jamais optaria por ter qualquer tipo de relacionamento comigo, isso era algo que nem passava pela sua cabeça. Nem por pena abriria a remota exceção, nem para trocar o óleo dado a circunstancias de dias de jejum. E por quê? Ele era heterossexual convicto. De fato não teria a menor chance. Então, o correto era matar qualquer expectativa, e havia um caminho que de uma vez por toda implementaria isso.

Decidido entrei no quarto, onde Mauricio estava compelido a dá um basta de uma vez por toda.

- Foi um erro a idéia de dividirmos o quarto.

Eu estava colérico, decepcionado e frustrado, a voz sobrecarregada saiu ríspida.

Mauricio vinha do banheiro envolto em uma toalha.

- Tu tá falando isso por causa do episodio a pouco, não é?

Não dei valor às palavras dele. Queria apenas implementar minha decisão.

- O correto era tá no Colégio Agrícola. Certamente que lá teria evitado muitas coisas. – Disparo fuzilando Mauricio com os olhos, bem como reprovando qualquer justificativa da parte dele.

- Entendo que o quarto é nosso, logo não posso usá-lo, digamos para privilegiar minha privacidade a despeito da tua. Mas, o fato é que não pensei que voltarias esse horário para casa. E aproveitei que tanto os filhos de Dona Maria como ela saíram. Estava sozinho em casa. – Argumenta Mauricio precisamente na gaveta de cuecas escolhendo, que ficava na cômoda ao lado da sua cama.

- Tu não entendeste. – Digo na mesma posição e com o mesmo misto de sentimentos.

- Entendi sim, e sei que tu tá correto. Mas, moço você precisa entender o meu lado, tô há três dias sem sexo. - Revela como se fosse algo muito relevante capaz de justificar tudo.

- Não, tu não entendeste. – Cruzo os braços procurando força para terminar o que havia começado.

- Te devo um pedido de desculpas. – Escolhe a cueca e com ela na mão volta à atenção inteiramente para mim. – Me desculpa Caio. Errei.

- Quando digo que foi um erro a idéia de dividirmos o quarto, tô dizendo que, se tivesse ficado no Colégio Agrícola, talvez você não fosses uma constante na minha cabeça. Talvez, você não dominasse os meus pensamentos da forma que domina. Talvez, eu não te queresse na intensidade que te quero. – Sou uma metralhadora descontrolada, porque se parasse para pensar, talvez voltasse atrás.

E tô decidido que tem que ser feito.

Mauricio nitidamente leva um espanto.

- O que?- Franziu o cenho ainda com a cueca a mão.

- Isso que você ouviu. – Reforço todo meu discurso.

- Tu és viado? Como pode? Não pode ser. Tu comeste a Letícia. Não pode ser. – Mauricio estar completamente perdido. Ele Senta na cama e me dar às costas, incrédulo aparentemente. Perdido em seus pensamentos.

- Eu estou apaixonado por você. E é por isso que foi um erro dividir o quarto. Mas, estou concertando esse erro agora, neste momento. Vou mudar assim que possível para o Colégio Agrícola.

Um peso sai de sobre meus ombros. Falei. Sinto-me mais leve, mais em paz comigo mesmo. Embora, exista um turbilhão de emoção inundando meu ser, principalmente pela falta de ação de Mauricio que sentado na cama com uma cueca boxer á mão absorto virou uma parede silenciosa e intransponível.

Não me chingou, não me ofendeu. Não me quis dá um soco na cara. Pelo contario, fechou-se num invólucro perdido no pensamento, ou talvez incrédulo pelo baque da notícia. A questão importante era apenas uma, tinha dado o basta de uma vez por toda, tinha matado qualquer resquício de expectativas. O mais provável é que, quando a ficha caísse não mais quisesse nenhum tipo de aproximação comigo. Talvez, me respeitasse mais ao longe, sem conversa, sem intimidade, sem amizade. O básico que caracterizasse o profissionalismo, talvez preservasse, mas restrito a fronteira do profissional. O que para mim já era muito bom.

Respiro fundo. Dou meia volta e saio do quarto. Agitado era a palavra exata para me defini a essa altura. Precisava fazer alguma coisa, ocupar minha mente, meu juízo que estava a mil por hora.

O que fazer? Vou a cozinhar procurando o que fazer. Nada. Quando dei por mim, estava no quintal. Agitado na mente, no coração, na minha carne. Por trás da casa percorri a área reservada para carros e encontrei uma torneira com uma mangueira comprida. Larvar o jipe. Eis a solução. Era isso que faria como forma de extravasar. Ainda questionei o fato “se Mauricio tá em casa, então porque o carro dele não estar”, porém o questionamento desvaneceu na mesmo proporção que ligeiro nasceu.

"Vou larvar o jipe." Pensei a fim de ocupar a cabeça.

Continua...

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Comentários

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Poxa, o Maurício magoou o coração do Caio, infelizmente as decepções fazem parte da vida!!! 🙍👏👏✌

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O caio tem q dá um gelo no Maurício. vai pov do Maurício. o caio queria o que? O cara é hetero, só não gostei do caio não revidar as piadas machistas do Maurício

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