O Quebrador de Almas

Um conto erótico de Knight
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 5265 palavras
Data: 14/01/2016 00:40:24
Última revisão: 21/11/2023 20:47:44

No corredor da morte de uma antiga prisão isolada entre os alpes suiços, o barulho de sapatos de salto alto chocando-se com o chão de cimento frio era inconfundível. Ainda mais para quem estava lá havia tanto tempo e não os escutava habitualmente. Foi o caso do detento 1218-A, que por alguns instantes interrompeu seu gole na pequena taça de vinho.

Pão e vinho: tudo o que ele pediu para sua última refeição. Não qualquer pão, um tipo especial, que ele próprio exigira. Como manda a práxis da etiqueta pré-póstuma para os quase executados, o diretor da prisão acatou àquele pedido final. Era noite num gélido dezembro, e lá fora a neve caía contínua e intimidadora.

Doutora Denise de Cezaro, a jovem, notável e conceituada psiquiatra havia escolhido pessoalmente o homem atrás daquelas grades. Para ela, era apenas uma cobaia, e, com sorte, um futuro prêmio Nobel. A única pessoa que talvez poderia tirá-lo de lá; apenas talvez, e se tudo corresse como o planejado. Afinal, ser a filha do Primeiro Chanceler da Nova Ordem, o recente modelo de Estado implantado autoritariamente após a Terceira Guerra Mundial, tinha lá seus privilégios. Apenas seu amor pela sua carreira superava seu medo naquele momento, e era definitivamente o motivo dela estar lá.

Durante alguns segundos, os olhares dela e do prisioneiro se cruzaram em silêncio.

- Podem abrir a cela. – ordenou para os guardas.

-Quer que entremos com a senhora?

-Senhorita! E não. Quero conversar a sós com ele.

Os carcereiros se entreolharam:

- Estaremos esperando no final do corredor. – E saíram a passos rápidos.

A garota entrou e sentou-se do lado oposto da mesa onde o homem ceava. Misteriosamente, uma segunda taça de vinho já repousava sobre a mesa como que prevendo sua chegada.

- Raul de La Vega. Esse é você? – disse ela, olhando para um dos vários relatórios que trouxera a tiracolo.

- Meu novo nome agora é 1218-A. Presente da Nova Ordem; a única coisa que já me deram de graça.

A doutora pausou por alguns instantes e prosseguiu.

- Veterano da Terceira Guerra. Condecorado com estrela de prata na batalha da Coréia do Norte. Baixa honrosa no serviço secreto...

- Muito lisonjeiro da sua parte saber de tudo isso.

Ela continuou:

Condenado a morte após a guerra por subversão, terrorismo, atentados a bomba, assassinatos e tentativas de assassinato de diversos políticos...

- Apenas negócios, doutora...

-Entre eles o meu pai! – disse com voz firme, quase exaltada.

-Esse foi por diversão.

Ela respirou fundo e continuou:

- E agora, o escolhido entre vários voluntários para o meu projeto.

- O Pós Doutorado de uma patricinha. Que honra.

- Errado, senhor Vega! Esse é o Quebrador de Almas. O maior projeto de recuperação de subversivos da história da humanidade. Desenvolvido por mim, pessoalmente. Por minha iniciativa e benevolência, e claro, um pouco de hipnose, com este tratamento pretendo transformar animais como você em pessoas normais e produtivas de novo, e essa é a sua única chance de sair daqui com vida. Ainda aceita?

O detento bebeu mais um gole do vinho e deteve-se olhando para a garrafa.

- É Serre Nuove Dell’ornellaia, doutora. Tinto, suave. Beba um gole. Estamos próximos do Natal, ceie comigo. Quero te receber cordialmente aqui na minha nova casa.

-Não quero perder meu tempo, Raul. Existem inúmeros outros iguais a você que dariam a vida por esse projeto, literalmente. – disse a doutora, sem paciência e já levantando da cadeira.

Espere! – Disse Raul segurando-a pelo pulso. A mão firme daquele homem fez o coração de Denise disparar e se segurar para não gritar. Ele completou:

- Beba uma taça de vinho e eu farei o que você quiser. – Disse olhando nos olhos da médica.

Denise sentou-se novamente e aceitou a oferta. Raul encheu a taça, que ela virou num só gole.

Estava firmado, naquele momento, o pacto entre os dois.

Denise surpreendeu-se com o vinho. Aquele homem realmente tinha bom gosto. Após sentir o aroma da uva doce e amadeirada tomar suas papilas, teve uma sensação de catarse por um milésimo de segundo. Libertação, limpeza em sua mente, uma leve tontura que surpreendentemente a fez se sentir muito bem. Pareceu recuperar-se rápido do baque. Olhou para o prisioneiro e prosseguiu:

- Podemos começar, senhor de La Vega?

- No seu tempo, doutora.

O primeiro contato consistia em uma breve sessão de hipnose para autoconhecimento, verificação e observação entre médico e paciente. Denise colocaria dois pequenos eletrodos medidores de ondas cerebrais em ambas as frontes de Raul, e após hipnotizá-lo em sono alfa, faria algumas perguntas. Até então, tudo corria bem. Era apenas um teste para as fases posteriores, bem mais complexas. A doutora fazia perguntas corriqueiras e recebia respostas triviais, se é que algo naquela noite poderia ser chamado de trivial. Enquanto esboçava anotações de punho próprio em seu caderno, resolveu aumentar a frequência elétrica cíclica em ambos os eletrodos, foi quando chegou o momento em que seu sangue congelou dentro das veias e suas mãos tremerem a ponto de derrubar a caneta ao chão.

- Jade, eu sei quem você realmente é! – ele disse.

Ainda trêmula, ela repetiu a pergunta, desconcertada:

- O que você disse?

- Jade! Este apelido é bem apropriado para uma mulher com olhos desta cor. Agora faz sentido.

Ela pensou em acordá-lo, fugir correndo daquela cela, continuar o projeto com outro prisioneiro e nunca mais olhar para aquele homem que dormia em sua frente. Mas sua curiosidade foi maior, mesmo com tais revelações causando um terremoto em seu âmago e fazendo sua alma trincar em mil pedaços como cristal.

Há muito tempo, a bela e então estudante de medicina Denise, tinha seus segredos. Antes de todos os acontecimentos que levaram à Nova Ordem, uma garota de beleza chamativa, com longos cabelos cor de trigo, corpo esguio e curvilíneo, e olhos verdes ressaltados por sua pele branca, descontava suas fantasias mais íntimas em forma de literatura na internet para um público restrito e que nunca vira seu rosto. Ela expunha da forma mais clara e crua as maneiras e métodos de como gostava de ser dominada, ter seu corpo explorado em cada canto mais profundo e intrínseco; ser por alguns instantes uma escrava sexual. Seu pseudônimo na literatura erótica: Jade.

Ela guardara esse segredo como se fosse de outra encarnação, e assim deveria permanecer. Mas agora, naquele momento intimista, todo o seu profissionalismo e altivez se quebravam ante tal revelação. Pela nova lei de crimes sexuais imposta pela Nova Ordem, ela seria enquadrada nos quadros de perversão; uma depravada, e em outras palavras: subversiva. E ela conhecia muito bem o destino de todos os subversivos naquele novo mundo, entre os quais aquele que agora, mesmo dormindo hipnotizado, a fazia sentir tanto medo. Seria o fracasso não só de sua carreira, como de sua vida, a qual ela poderia passar perpetuamente trancada em um manicômio judiciário, vítima do tratamento que ela mesma havia inventado. A filha do novo líder supremo, envergonhando desta forma sua família. Era aterrorizante, pavoroso, intimidante. Raul então abriu os olhos sem ela ordenar que ele despertasse, estava acordado o tempo todo, e pela primeira vez desde o começo do encontro, sorriu:

- Essa é a hora em que você grita, Jade.

Por instinto, foi o que a garota fez, rapidamente atraindo os dois guardas no corredor. Raul de súbito levantou-se e, antes que o primeiro carcereiro pudesse golpeá-lo com o cassetete levantado acima da cabeça, acertou o sentinela com um chute preciso na lateral da perna, quebrando seu joelho, fazendo o oficial despencar ao chão e largar o porrete. O segundo sacou um revólver do tipo taser elétrico apontado na direção de Raul, que abraçou o corpo da doutora e virou-o na direção da arma, fazendo com que ela fosse atingida pelo impacto dos fios de alta voltagem e caísse trêmula ao chão. Virou-se de volta e golpeou o segundo vigia na traqueia, estômago e queixo em movimentos quase simultâneos, fazendo-o desabar inconsciente. O primeiro guarda, no chão, já arrancava o rádio comunicar do cinto para chamar reforços, mas sequer teve tempo de apertar o botão de fala, sendo desmaiado com mais um chute no rosto. Ambos agora estavam fora de combate.

Denise, sem conseguir falar, ainda atordoada pela carga elétrica que corria em seu corpo, mas semi-consciente, foi pega no colo por Raul que colocou-a sobre a cama e checou suas pupilas e sua pulsação. Nada grave, ela se recuperaria em alguns instantes. Ela conseguiu observá-lo tirando e vestindo o uniforme de um dos guardas desfalecidos ao chão, mais dois pares de algemas e uma pilha de chaves de todo o complexo, para em seguida colocar a garota sobre seus ombros e conduzi-la pelo corredor até uma sala desconhecida.

O novo quarto tinha paredes acolchoadas e, empilhados num canto, algumas macas, camisas de força e uma cadeira de rodas. Apenas aquilo teria que ser o suficiente para os planos de fuga. Deitou o corpo da garota, ainda amolecido, sobre uma das macas e tirou-lhe toda a roupa, inclusive as íntimas. Por baixo do elegante tayeur e dos sapatos de salto, ela usava uma lyngerie combinando calcinha e sutiã pretos, a peça de baixo pequena, com o fino fio de tecido sumindo entre as nádegas redondas e bem moldadas. A de cima expunha o contorno dos belos seios rígidos e firmes. “Definitivamente é você, Jade”. Mas não havia tempo para divagações ou pensamentos impróprios. Vestiu-a de volta com uma túnica típica dos internos da prisão e colocou por cima a camisa de força, imobilizando os braços de Denise. Sentou-a na cadeira de rodas e prendeu com as algemas ambas as pernas na haste de metal do utensílio. Ela balbuciou enquanto lentamente recobrava a consciência: “Você é louco, não vai sair daqui vivo...”, mas antes de terminar foi interrompida com sua própria calcinha colocada em sua boca e presa com fita isolante. Ela estava completamente imobilizada e incapaz de se expressar de qualquer forma. No paletó do terno da garota, Raul encontrou um distintivo privativo apenas para membros da Nova Ordem. Praticamente um salvo conduto para qualquer lugar que ele quisesse ir. Seria extremamente útil naquela situação.

Vestido como um dos guardas e carregando a cadeira de rodas com a garota inerte e fixada ao veículo, andou cuidadosamente pelos corredores que levavam ao pavilhão feminino. Lá a segurança seria consideravelmente menor. Usando as chaves roubadas dos guardas, alcançou a rampa de acesso que levava ao estacionamento do local. Ao encontrar uma das ambulâncias esquecida com a chave no contato, foi abordado por um vigia que gritou em sua direção segurando uma lanterna e já com a outra mão sobre o coldre de sua arma. Denise começou a debater-se desesperada vendo ali a oportunidade de livrar-se daquele pesadelo. Raul fitou o guarda e disse:

- Ela está agressiva demais. Acabou de nocautear dois guardas no setor A, e deve ser levada urgentemente para o quartel na cidade. São ordens do diretor. – Disse mostrando o distintivo da Nova Ordem e a pilha de relatórios que Denise havia trazido, passando-os por prontuários. Ao ver tal combinação, o guarda não questionou.

Colocou Denise atada na traseira da ambulância, sentou-se no banco do motorista e ligou o motor. Quando as sirenes da prisão começaram a tocar anunciando a fuga, eles já estavam dezenas de milhas distante de lá.

A nova rodovia expressa, reformada com oito pistas após os bombardeios da guerra, estava tranquila naquela noite de intensa tempestade de neve. Após algumas horas de viagem, alcançaram uma cidade em escombros onde podia-se avistar fortes luzes vindas do alto de uma torre em ruínas. Era o que havia restado da Torre Eiffel, e aquilo era o que havia sobrado de Paris. Pelas ruas, barricadas militares com soldados e tanques dividiam espaço com bêbados brigando e prostitutas oferecendo seus corpos em troca de qualquer coisa que lhes permitissem passar mais um dia vivas. Entraram em um grande galpão onde podia se ler, pintado improvisadamente no alto da entrada “Long Live a La Resisténce”, não sabia-se ao certo se com tinta ou com sangue.

Denise teve uma venda colocada sobre os olhos antes da porta traseira da ambulância ser aberta. Foi solta da cadeira de rodas e da camisa de força, quando tentou reagir inutilmente, sendo rapidamente contida por Raul.

- Você não vai escapar dessa!

- Eu tenho meu passe de saída.

- Esse distintivo não terá nenhum valor em breve!

- Estou falando de você.

Foi então conduzida por um extenso salão, sem poder ver nada, apenas sentindo o assoalho sobre seus pés descalços, tendo repentinamente seus braços levantados e presos em fortes grilhões de metal que pendiam segurados por correntes no teto. Rapidamente seu macacão de prisioneira foi arrancado, deixando-a nua. E, por fim, a venda nos olhos. Estava ela em uma redoma quadrada de vidro exatamente no meio de um imenso salão, como aqueles em que se realizavam os bailes da realeza no século XVIII, que curiosamente estava intacto após a guerra. Seu pavor aumentou quando inúmeras pessoas, homens vestindo ternos bem cortados e mulheres com longos vestidos adornados, todos com os rostos completamente cobertos, aglomeraram-se ao seu redor. As mulheres, com máscaras de baile apenas sobre os olhos, os homens, encarapuçados em misteriosos disfarces ornados com feições e bicos de águias, abertas apenas na viseira. As taças de champagne em mãos, comemorando a recente fuga de Raul, intrigavam Denise. Como eles já poderiam estar sabendo? A multidão se juntava para observar a nua e indefesa garota dentro da cápsula de vidro, como cães famintos observando um belo pedaço de carne sob as vitrines de um açougue. Alguns, incrédulos, já começavam a questionar a identidade da garota ali exposta.

- Senhores! Como podem ver, eu não apenas me livrei de minha colônia de férias forçadas, como também lhes trouxe um presente! – bradou Raul.

Aplausos em uníssono e taças agora levantadas num brinde coletivo.

- Ela será o entretenimento da noite de vocês! E apesar dos esforços de seu pai em nos forçar ao contrário, vamos mostrar-lhe que ainda somos civilizados! Apresento a vocês: Denise de Cezaro, A filha do Supremo Chanceler da Nova Ordem. Ou melhor! Como todos nós a conhecemos: Jade, a escrava sexual mais devota e submissa de todas!

O público grita e comemora numa espécie de transe coletivo. As paredes de vidro são baixadas, e mais garrafas de champagne estouradas, com os jatos de espuma já alcançando o corpo nu de Denise. Diversas pessoas se aproximam para tocá-la. Mulheres tiram suas luvas de cetim para sentir diretamente nas palmas e dedos o belo corpo e a pele macia da garota. Uma alta música começa, num ritmo hipnótico de batida trance, como nas antigas raves que Denise, ou Jade, frequentou em sua adolescência.

Mulheres começam a deixar cair seus vestidos longos, ficando apenas de salto e máscaras, acariciando-se ora entre si, ora pelos homens ao redor, e ora dirigindo suas atenções para o corpo de Denise. Raul se aproxima dela, que pergunta apavorada:

- Onde estamos?

- Dentro das suas fantasias, Jade.

- Por favor, eu faço o que você quiser. Convenço meu pai a te libertar e não te incomodar mais. Apenas me deixe ir embora.

Raul a olha, e sorri como raramente faz:

- Jade, dentro da sua imaginação as situações se dividem em duas: sonhos ou pesadelos. Você escolhe qual será a desta noite.

- Isso é loucura! Não, por favor....

A doutora é interrompida por duas garotas que ajoelham-se ao seu redor, nuas, apenas com as máscaras que lhe escondem os olhos e deixam a boca livre. Levantam a perna direita de Denise e começam a fazer sexo oral na garota. Simultaneamente, as duas línguas quentes e molhadas serpenteando em sua vagina e seu ânus. A repulsa inicial faz com que ela tente lutar, se livrar dali, mas Raul a prendeu firmemente, ela não irá a lugar algum. Em completude, diversas mãos, masculinas e femininas, seguram e exploram seu corpo, não liberando-a para nenhum movimento. A sua frente, Raul abre o zíper de sua calça e revela seu pênis. Ela fixa a visão no enorme membro quando o vê pela primeira vez. Seu instinto não lhe permite desviar o olhar, e rapidamente Raul também é abocanhado e sugado pelas duas garotas que chupavam Denise. Uma delas, antes de começar, olha sensualmente para Denise e diz: “-vou prepará-lo para você”. Sua resistência começa a ceder, golpeada por seus desejos e banhada por seus hormônios. Ver seu algoz em sua frente, possuindo outras garotas daquela forma, a deixa atiçada. Rapidamente, outra garota, alta e loira, assume o papel das anteriores e começa a lamber e sorver-lhe o clitóris, afagando-o com a ponta dos dedos. Pelo salão, homens e mulheres despem-se e passar a acariciar-se e amar-se entre si, numa grande orgia que Denise só havia presenciado em suas fantasias, mas que, visualmente e combinada com os estímulos em seu corpo, a excitam intensamente. Volta sua visão para a dianteira e vê Raul vindo em sua direção, já completamente nu, com o pênis imenso e intimidador, ereto, todo para ela. Denise já não faz objeção a mais nada. Tem seu corpo rodeado por seu sequestrador que a toca e a admira, envolve sua cintura com as mãos pesadas e quentes, abraçando-a, juntando os corpos, pegando-a com força. Beija seu pescoço, lentamente, subindo até a boca. Toca a cabeça do pênis entre o clitóris e a entrada da vagina. A batalha entre seu lado racional e suas fantasias atinge o ápice. Denise versus Jade, apenas uma prevalecerá. O calor dos corpos a entorpece, fazendo sua cabeça girar, e todas as suas criações sexuais a invadirem conjuntamente, entorpecendo-a mais energicamente que a mais poderosa das drogas. Ondas de choque fazem o grelo de Denise pulsar, como se todas as terminações nervosas de seu corpo fossem milimétricamente ligadas numa acentuada e vigorosa corrente elétrica. Ela aceita o beijo, e tem sua boca invadida pela língua feroz e poderosa de Raul, que levanta as duas pernas da garota envolvendo-o. Penetra-a devagar, progressivamente, obrigando-a a sentir todo o membro adentrando e apoderando-se de sua gruta, ocupando seu interior paulatinamente de forma a acomodar-se como legítimo detentor daquela parte de seu corpo. Abriga-se dentro do corpo de Denise, beijando-a na boca, pescoço e ombros até ela se acostumar com o intenso volume de carne agora fixo dentro dela.

Ela mexe seus quadris, ele começa um contínuo vai e vem, evolutivo, cada vez mais rápido, acelerando o vigor da penetração até o momento em que a estoca com movimentos longos e profundos, cada vez mais enérgicos. A relutância de Denise está vencida. Ela agora geme e rebola, corrompida e pervertida pela invasão sexual que a acomete. Aceita tudo o que lhe for imposto, é a submissa que sempre sonhou intimamente ser. Beijos, carícias, o toque de Raul com a ponta dos dedos em suas costas, descendo até a entrada de seu ânus, instigado com uma leve pressão. Os orgasmos de Denise são tão intensos e sucessivos que ela mal pode estabelecer quando um começa e outro termina. Como se toda a energia percorresse seu grelo e sua vagina, fazendo-a gozar como uma tempestade que faz seus sucos internos jorrarem pelo pênis, por suas pernas e pelo chão. Uma estocada com mais força, mais funda, mais forte, e ela sente o líquido másculo de Raul esguichar por suas profundezas, enquanto este a puxa pelo cabelo levantando seu rosto e dando-lhe uma longa lambida no pescoço. Sua vagina e seu baixo ventre estão cobertos pelo sêmen de seu captor, e ela só consegue pensar nisso como o melhor e mais sincero momento de sua vida. Raul lhe dá mais um beijo, carinhoso, apenas tocando os lábios.

Solta a garota das correntes que a prendem e o corpo amolecido e cansado cai em seu colo. Sob os olhares de todos os presentes naquela sala, agora concentrados na cena que se desenrolava, ele aproxima seu rosto do dela e pergunta:

- Qual o seu nome?

Denise sussurra algumas palavras em tom baixo, e ele repete a pergunta:

- Qual o seu nome?

- Meu nome é Denise de Cezaro, sou psiquiatra e filha do supremo líder da Nova Ordem.

-Que pena. – Conclui Raul.

Mais uma vez a garota é imobilizada por ásperas cordas, com os braços atrás das costas e as pernas unidas pelos calcanhares. A venda é colocada de volta sobre seus olhos. Sem força para reagir, ela é colocada no banco traseiro de um veículo que não pode identificar. Escuta o barulho do motor ligando, e então percorre um longo caminho, ainda sem ter ideia de onde estava ou para onde ia.

Ela então é retirada do carro e colocada sobre o chão, apenas seus braços são soltos e uma ordem é dada.

- Você está livre. Fique ajoelhada e conte até cem antes de tirar a venda e a corda das pernas. Em voz alta. Caso contrário, voltamos e atiramos em você. Entendeu?

Ela acenou positivamente com a cabeça e obedeceu à ordem estritamente. Ao completar a contagem, tirou a venda dos olhos. Estava sentada sob os escombros do que um dia foi o arco do triunfo, no centro da praça Charles de Gaule. Sozinha e nua no meio da avenida Champs Elyseé. Escutou vozes e tentou desesperadamente desatar as cordas das pernas, mas estavam apertadas e fixas demais. Começou a ver vultos saindo das sombras e avançando em sua direção. Reconheceu a língua, falavam argelino, a mesma língua da maioria das gangues de imigrantes da antiga Paris. Cuidadosos de início, aproximaram-se devagar. Ao chegar perto e identificar uma garota nua e indefesa, começaram a rir, comemorando o “presente” deixado por alguém, dividindo uma garrafa sem rótulo de vodka. Quando chegaram perto a ponto de tocar Denise, esta implorou, tentou gritar e começou a chorar. Foram surpreendidos pelo barulho de um tiro de fuzil disparado para o alto, e puseram-se a correr.

Era uma patrulha de soldados, usando fardas e capacetes, acompanhados por um tanque com o brasão da Nova Ordem. Denise sentiu-se aliviada por alguns instantes, até se lembrar que novamente estava nua na frente de um bando de homens desconhecidos. Esperava que os militares, reconhecendo-a, pudessem ser mais cordiais. Ledo engano.

- Eu sou a filha do Supremo Chanceler! Me tirem daqui!

- Mais uma prostituta bêbada, Sargento? – perguntou um deles.

- Provavelmente. – respondeu o soldado.

- Então, vamos ensiná-la a respeitar o toque de recolher noturno.

Caminharam na direção de Denise com os fuzis em punho. O sargento, líder da patrulha, sacou do colete uma afiada faca de caça e cortou as cordas que prendiam suas pernas com um rápido movimento.

- Essa pelo menos cheira melhor do que as putas habituais daqui. – Comentou enquanto os outros riam.

- Não! Por favor! Vocês não estão me reconhecendo...

- Calada, vadia!

Agarraram-na e a debruçaram sobre o capô de um jipe militar, afastando suas pernas e imobilizando-a, enquanto ela gritava e se debatia.

- Se esses buracos estiverem largos demais, você morre aqui! – Disse o soldado enquanto abria suas calças.

Não teve tempo sequer de completar o ato. Uma rajada de metralhadora cortou o silêncio da noite e acertou em cheio a cabeça do soldado, que caiu morto com as calças arreadas. Antes dos outros sequer terem tempo de se posicionar e reagir ao ataque, são atingidos por disparos vindos da escuridão. Os três restantes caem agonizantes e sem forças.

Da penumbra sai Raul. Segurando a metralhadora Thompson com o cano ainda fumegante. Ele agora usava um smoking que, fez Denise lembrar dos filmes de James Bond. Sabia que havia sido, naquele momento, seu salvador, e por incrível que pareça, pela primeira vez ela estava feliz em vê-lo.

- Eu sabia que você não duraria muito sozinha nessas ruas. Só queria te testar. Agradeça ao seu pai e aos capangas dele pela desordem atual. São esses caídos aí ao seu lado.

Ela correu e o abraçou instintivamente, que colocou-lhe um sobretudo para protege-la do frio. Agora, sem amarras ou vendas, abriu a porta do passageiro de um velho Aston Martin DB5 estacionado logo atrás e convidou-a a entrar. Ela hesitou, mas não tinha muita escolha. Quase acabara de ser morta pelos soldados subordinados ao seu próprio pai, e agora realmente se questionava sobre o que havia se tornado aquele selvagem pedaço do velho mundo. Raul ofereceu-lhe duas opções: poderiam acabar com tudo agora, e ela voltaria para casa e para sua velha vida. Acordaria sã e salva em sua própria cama, segundo as palavras de seu legítimo captor. Ou, poderia escolher continuar e descobrir até onde vai a toca do coelho. “Não irá se arrepender, Jade” – prometeu ele. Entreolharam-se dentro do carro, e por iniciativa própria ela escolheu continuar. Raul deu a partida no automóvel, e então ela foi conduzida ao lugar onde o próximo ato se realizaria.

Pela primeira vez ela conseguia raciocinar claramente e quase digerir o que estava acontecendo naquela noite surreal. De tão distraída em seus pensamentos, pareceu como se tivesse sido teletransportada para seu novo destino. Estava no palco recém reconstruído do Moulin Rouge. O lugar era grande e imponente, um verdadeiro anfiteatro, no qual ela sentia que em breve seria protagonista de alguma peça solitária e privê, apenas para Raul. Este, conduziu a garota para a frente das imensas as cortinas e, surpreendentemente carinhoso, tomou-a em seus braços e tirou-lhe o sobretudo, desnudando-a novamente. Ela não ofereceu resistência, nem quando ele conduziu-a para um pequeno cavalete no centro do púlpito e mandou-a debruçar-se sobre o aparelho, em seguida atando-as mais uma vez, braços e pernas, fixos por uma corda de nylon aos pés do objeto. Mais uma vez ela estava exposta e indefesa, presa com a bunda empinada para o ar, mas não sentia o mesmo medo como anteriormente.

Raul começou a lhe acariciar o corpo todo com as palmas das mãos. Rosto, ombros, seios, barriga, coxas, e então deteve-se nas apetitosas e macias nádegas da garota. O corpo dela era tênue e bem desenhado. Apalpou e apertou a carne tenra alternando carícias com alguns tapas, firmes mas afetuosos. Deslizou seu dedo médio pela fenda por entre os glúteos e correu-a cuidadosamente do ânus ao clitóris. Denise já não continha seus suspiros e gemidos. Seu corpo sucumbia delicadamente aos toques. Com dois dedos fazendo movimentos rápidos e circulares ao redor do clitóris, ela teve seu primeiro orgasmo ali.

- Qual o seu nome? – Mais uma vez Raul perguntou.

- Raul... – disse ela ofegante -...eu não sou a Jade. Isso é um segredo do meu passado. Por que você insiste nisso?

Ele não respondeu. Caminhou até uma pequena mesa ao lado da armação que prendia Denise e pegou algo. Caminhou até a frente da garota e exibiu-o.

- Você sabe o que é isso?

Ela olhou cuidadosamente e respondeu:

- É um plug anal.

- Menina esperta!

Voltou as atenções para a traseira da garota, e com um pouco de carinho e muita saliva introduziu-o no ânus de Denise, cautelosamente, pressionando bem devagar, milímetro a milímetro, até o orifício engolir totalmente o acessório deixando apenas a base para fora. Ela agora o sentia vibrar em suas entranhas mais íntimas enquanto os dedos de Raul exploravam o interior de sua vagina.

- Sabe Jade; você acertou apenas uma parte da minha última pergunta. Sim, é um plug anal, mas não um dos normais. Este, é recheado com explosivo semtex, 50 miligramas, o suficiente para explodir a nós dois, este teatro inteiro, e tudo mais num raio de dois quarteirões. Está programado para fica estável a trinta e seis graus e meio, a temperatura do seu corpo. Se isso mudar um décimo de grau para mais, ou para menos, nós dois explodimos juntos.

Ela ouviu a tudo desesperada e incrédula. Gritou e esbravejou com Raul, mas de nada adiantou. Ele então completou:

- Em breve você entenderá as minhas razões. Entre Denise e Jade, apenas uma sobreviverá a esta noite.

Ela não entendeu o que ele quis dizer. Ainda estava perplexa quando Raul encostou o pênis na entrada de sua vagina e a penetrou. Desta vez com força, deitando-se sobre ela, que sentia o tórax musculoso do homem sobre suas costas. Segurando-a selvagemente pelos cabelos, fodeu-a de forma feroz cravando os dentes em seu pescoço e ombros. O plug latejava dentro do ânus de Denise, e ela sabia que se perdesse o controle de seu corpo tudo iria pelos ares, literalmente. Ela lutava contra seus instintos e seu desespero. Não iria aguentar muito tempo, já sentia seu corpo esquentar quando Raul aproximou a boca de seu ouvido e disse:

- Quem sabe, no seu último segundo nesta vida, você queira finalmente, por um instante, ser realmente quem você sempre foi, e nunca teve coragem.

Ela tentava contrair seus músculos vaginais dificultando a penetração, mas a resistência só excitava mais a Raul. Seu corpo e sua mente a traíam descaradamente. Não havia como negar sua vocação natural: escrava, submissa, ainda mais após uma vida inteira reprimindo-se a si própria. Penetração, corpos se chocando, tesão, humilhação, excitação, medo, torpor, fantasias, sonhos. Ela sentiu a onda de choque expandindo-se em seu ventre e propagando-se pelo corpo. Foi o orgasmo mais intenso de sua vida. Com a devida licença poética: explosivo.

Dizem que um segundo antes de morrer toda sua vida passa a frente de seus olhos. Com ela não foi diferente. Ela pode ver as cortinas se abrirem, e atrás dela todo o seu mundo antigo: Seus pais, familiares, amigos, colegas e cientistas companheiros da universidade e do partido da Nova Ordem, e à frente, o grande líder; seu pai. Todos a fitavam sem expressão nas faces, apenas olhando-a, enquanto ela gozava um vulcão de volúpia e desejo intenso, e gritava:

- JADE! MEU NOME É JADE!

Ela então acordou com a visão turva. Estava sobre a cama da cela onde a fatídica noite começara. Observada por Raul, que a amparou e a acalmou em seu pico de desespero. A tensão passou rápido. Ela se sentia leve, estranha, mas de um jeito curiosamente melhor, como se outra alma agora habitasse o mesmo corpo. Era outra pessoa, definitivamente. E essa nova pessoa já era bem conhecida por ela. “Somos agora Coringa e Arlequina, minha cara Jade”.

EPÍLOGO

Um certo tipo de pão, bem específico, como Raul pedira em sua última refeição. Segundo suas próprias e distintas especificações, só é elaborado artesanalmente por um peculiar confeiteiro do interior da Suíça. O segredo deste pedido não é necessariamente o pão, mas sim o fungo que ele gera quando combinado com o álcool do vinho, a luz e a temperatura certas. Seu nome é Amanita Muscarias, capaz de gerar alucinações, delírios fortíssimos e sono instantâneo em quem o ingere, mesmo quando suas migalhas são depositadas sobre o fundo de uma taça de vinho. A mesma que Denise bebeu em apenas um gole e, como dito, “naquele momento estava firmado o pacto entre os dois”.

Indução de sonhos é uma arte especial, que por Raul foi estudada e desenvolvida para o meio militar. Foi um dos pioneiros disso, e durante seu tempo usou-a de forma hábil e eficaz. Algumas batalhas foram ganhas assim, sem sequer um tiro disparado, apenas com a captura e indução de oficiais inimigos que, desta forma, eram persuadidos e acordavam desorientados, mas seguiam rigidamente as ordens impelidas em seus cérebros. Então, quanto ao que veio depois da garota cair no sono; apenas criação da mente fértil de Denise, agora Jade. Imaginação esta, apenas um pouco atiçada e direcionada por Raul.

“Ela pensou que iria me hipnotizar, acabou hipnotizada. Ela pensou que iria me “salvar”, e acabou salva, de fato. Temos um longo caminho pela frente. Já saímos desta prisão uma vez, e dentro de alguns instantes sairemos de novo, agora no mundo real. A filha do grande líder agora é minha escrava, o passe para a liberdade não apenas minha, mas do mundo”.

Muito prazer: Eu sou o verdadeiro quebrador de almas.

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Comentários

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Muito obrigado a todos que comentaram e gostaram. Will, Arthurzinho, jornalista77 e Betto. Quanto a continuação, deixarei no ar. Quem sabe logo. Abraços

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Wow.. Excelente conto!! Aguardo ansiosamente pelo próximo cap. Parabéns pelo trabalho :D

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