Asfalto - Capítulo 18

Um conto erótico de Lord D.
Categoria: Homossexual
Contém 1275 palavras
Data: 12/01/2016 13:25:00
Última revisão: 12/01/2016 14:24:52

Capítulo 18 -

Eu aceito!

“Eu, Miguel Fernandes Oliveira, declaro diante de todas as pessoas aqui presentes, que é de minha vontade oficializar minha união estável com meu querido Amor Conrado, apoiando-o na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Tudo farei para que nossa união seja motivada de felicidade. Essa aliança que passarei a usar, simboliza que meu coração é teu. E que desejo viver para sempre e feliz ao teu lado”, foi à vez de Miguel declarar, depois de Conrado o ter feito.

- Com o poder concebido a mim pelo Estado, declaro essa união estável selada. Agora peço que assinem – o tabelião entregou o livro primeiro para Conrado, junto com uma caneta dourada.

- Sua vez amor – Conrado passou o livro para Miguel. Ele assinou, sentindo a mão levemente trêmula.

Palmas e flashes encheram a sala. A emoção tomara conta de todos: Christiane, Luciano, Júlia, Silvia, Fernando e Vi. Era uma linda e ensolarada manhã.

Miguel e Conrado estavam bem vestidos, nada de muito sofisticado, apenas um blazer de bom corte arrematava o visual. A cerimônia ocorrera simples e formal, mas com muita emoção da parte de todos.

- Vamos ao bolo! – Declarou Christiane.

O bolo também não era ostensivo, mas muito bem preparado e decorado. Miguel, apesar da debilidade cada vez mais aparente, transbordava de felicidade, expondo a aliança na mão esquerda.

- Toda a felicidade do mundo aos recém-casados – Fernando abriu uma garrafa de champanhe.

No ambiente, tocava uma leve música instrumental de fundo. Os familiares conversavam alegremente, mas logo Miguel pediu para se retirar, pois o cansaço já tomava conta de seu corpo. Ele e Conrado decidiram subir para o quarto. Despediram-se de todos e se retiraram.

Quando se aproximaram da porta do quarto, Conrado segurou o braço de Miguel antes que esse pudesse entrar no quarto.

- O que foi? – Miguel perguntou.

- Não é assim que os recém-casados adentram em seu ninho de amor – disse Conrado.

- E como... – antes que ele completasse a frase, Conrado o pegou nos braços. – O que você está fazendo? – Miguel começou a rir.

- Tornando cada segundo desse momento mais especial – Conrado o beijou lentamente, empurrando a porta com o pé.

Sobre a cama do casal, havia uma enorme cesta com tulipas amarelas e uma caixa enorme de bombons de chocolate branco. Ao lado da cesta, um embrulho quadrado e de fina espessura, pairava sobre a cama.

- Hum... Presentinhos – Conrado levou Miguel até a cama, e o deitou delicadamente, se pondo ao lado dele no mesmo instante.

Miguel pegou dois bombons, pondo um na sua boca e o outro na boca de Conrado.

- Aí bocão – Conrado havia dado uma mordidinha no dedo de Miguel.

- Seu gosto combina bem com chocolate – Conrado lhe deu mais um beijo.

De repente Miguel ficou um pouco triste, estudando as flores amarelas.

- O que foi amor? – Conrado chamou atenção dele para si.

- Desculpa por não ter ânimo para uma lua-de-mel – disse Miguel.

- Que é isso amor – Conrado o abraçou. – Somos muito mais que sexo. A sua presença é mais do que suficiente para mim. Agora vamos ficar mais à vontade e nos livrarmos dessas roupas.

Os dois ficaram apenas de cueca, fecharam a porta e as janelas, deixando o quarto pouco iluminado, mas suficiente para se enxergar bem.

- E isso? – Miguel pegou o embrulho quadrado que estava ao lado da cesta.

- É da Júlia e do meu pai – disse Conrado lendo o nome dos dois no embrulho. – O que será que esses dois aprontaram.

Conrado e Miguel abriram o presente e se depararam com um quebra-cabeça.

- Já sabemos o que vamos fazer na nossa lua-de-mel – Conrado sorriu, despejando todas as pecinhas, que estavam soltas, sobre a cama.

Eles se divertiram muito, tentando montar o quebra-cabeça. Às vezes Conrado se irritava e ameaça desistir, quando não achava um encaixe de uma peça, e isso arrancava muitas gargalhadas de Miguel. Enfim, regados a muito chocolate e risos pueris, eles conseguiram montar completamente o quebra-cabeça, e tiveram uma grande surpresa diante da gravura que se formou. Era a réplica de uma das fotos dois, que Miguel mais amava. Eles estavam no parque, próximos ao lago em um piquenique. Miguel estava sobre as costas de Conrado, com os braços envoltos em seu pescoço, rindo de uma forma tão natural e intensa que seus olhos estavam semicerrados, e os dentes todos à mostra.

- Que lindo! – Miguel adorou o presente.

- Que acha de a gente revirar nossos álbuns? – Propôs Conrado.

- Perfeito! – Exclamou Miguel.

Conrado juntou todos os álbuns, enquanto Miguel admirava seu nascer do sol particular. E assim foi a lua-de-mel dos dois; em um dia fresco, eles passaram o tempo entre beijos e bombons de chocolate branco, revivendo cada momento registrado nas fotos, chorando, rindo, comentando, nostálgicos por aquilo que se foi. E talvez isso seja o que mais dói quando olhamos o registro das boas lembranças: a certeza de que elas não voltarão. Mas quer saber o que mais dói mesmo, é perceber que depois de um tempo tudo se tornará resquícios de um passado remoto, e que quando os que viram fecharem os olhos, tudo será apagado.

- Não sei o que está acontecendo comigo – Miguel riu, deitando-se. – Não consigo manter meus olhos abertos. – Minhas forças estão exauridas, e o sono é incontrolável...

Ele adormeceu, e logo Conrado também. Ficaram abraçados, por sobre as fotos, o quebra-cabeça e a cesta. Respirando relaxadamente, estavam entregues ao poder anestésico do sono.

***

Já havia anoitecido, quando Miguel despertou. Conrado ainda dormia ao seu lado, com a perna passada por cima dele. Miguel levantou-se sutilmente, com cuidado para não o acordar e desceu para sala.

Luciano tomava uma taça de vinho, enquanto lia um livro sentando no sofá. Estava totalmente absorto no conteúdo, por isso nem percebeu a aproximação de Miguel de imediato.

- Já é noite? – Disse Miguel quebrando o silêncio da casa.

- Ah, Miguel – Luciano virou-se para ele, fechando o livro. – Já despertado?

- Sim – Miguel se aproximou, sentando-se perto de Luciano.

- Está tudo bem com você?

- Fiquei um pouco nauseado – Miguel fez uma cara de como estivesse tomando algo amargo.

- Pus uma equipe de sobreaviso, para não perdermos tempo caso...

- A bomba-relógio estoure – Miguel soltou um riso sarcástico sem forças. – Às vezes eu quero acreditar que um milagre possa acontecer. Nos momentos felizes, finjo para mim mesmo que estou bem. Mas na maioria das vezes, percebo que é algo irredutível.

- Eu queria ser bom com palavras de conforto, Miguel – Luciano se sentou mais perto dele, e pôs a mão sobre seu ombro. – Queria poder dizer que tudo vai terminar bem, mas não posso te dar essa certeza.

- E eu agradeço pela sua franqueza – disse Miguel. Os dois se abraçaram como pai e filho.

- Na próxima semana, o Hospital Jadão estará completando 60 anos – disse Luciano. – Eu tinha planeja uma grande festa, desde o ano passado, mas não vejo razão alguma para uma grande comemoração diante do seu estado.

- NÃO! – Miguel levantou-se abruptamente. – Por favor, Luciano, não cancele a comemoração por minha causa.

- É só uma festa Miguel. – Disse Luciano

- Não Luciano – insistiu Miguel – Não é apenas uma festa, é o fruto de todo o trabalho de sua família ao longo dos anos. Eu agradeço por toda a consideração, de verdade, mas eu me sentiria muito mal se a festa não acontecesse por minha causa. Não faça com que eu me sinta um estorvo. Realize a festa.

Luciano pensou por alguns instantes, até que respondeu:

- Tudo bem.

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Bora comentar povo, que está acabando. Vocês que acompanham o conto, se lembram como estavam em 2012? Quando o conto foi publicado pela primeira vez? Precisamente no dia 21 de agosto de 2012, saiu o 1º capítulo.

Mais tarde tem mais dois capítulos.

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Comentários

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Meu querido estou amando essa estória! É de una sensibilidade incrível! Com tantas estórias e contos fuleiros neste blog essa aqui é um louvor! Todos os jovens deviam ler!! Muito obrigado por ter tanto trabalho em criar algo tão bonito! Gratidão demais!💙🙏

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Dizer que esse conto é excelente acho que Nem faz sentido mais né... Saboreando cada capítulo, pena que está acabando... Não sei se fico mais curioso Com os capítulos finais, ou para saber como foi a primeira versão... Um grande abraço! Obrigado pelo conto!

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To muito nervoso para saber o final desse conto.Espero que tenha um final feliz.Quando começei a ler este conto não imaginei que eu choraria tanto...S2S2S2S2

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Muitas emoções para um só capítulo. Parece até a primeira vez que leio Asfalto.

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esse conto é perfeito choro a cada paragrafo sei que a vida não é só feita de felicidade por isso estou preparada pra o que vier..há tbm fui tj por muito tempo. beijo seu lindo.

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Eu já estou com os olhos inchados aqui de tanto chorar!! Vc vai publicar Egeug?

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Me surpreendo a cada capítulo, fico olhando a cada 5 minutos pra ver se ja tem o novo, cara seu conto é perfeito, me fez rir, me fez chorar e muito, PARABÉNS, VC ESCREVE PERFEITAMENTE, ancioso pelo próximo capítulo.

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