Asfalto - Capítulo 17

Um conto erótico de Lord D.
Categoria: Homossexual
Contém 2856 palavras
Data: 12/01/2016 12:02:11

Capítulo 17

‘A Travessia’

UM MÊS DEPOIS...

- Nunca achei que óculos de sol combinassem comigo. – Miguel olhava-se no espelho de seu quarto. – Fico parecendo um idiota querendo ser estiloso.

- Ficou um gato, em minha opinião. – Christiane estava sentada em uma poltrona, fitando o primo.

- Meus olhos já não conseguem mais suportar a luz Chris.

Christiane levantou-se e foi até ele o abraçando por trás. O quarto estava escuro, pois a mínima luz já incomodava o enfermo.

- Às vezes fico apenas de olhos fechados, fingindo estar dormindo, para que assim o Conrado possa pelo menos ter um minuto de sossego – Miguel desabafou chorando. – Estou vendo ele se definhar junto comigo, e eu não posso fazer nada, não consigo nem ao menos pedir para que ele pare. Eu ajo com egoísmo e o deixo ao meu lado, pois sei que sem ele não vou conseguir ir adiante.

- Não é egoísmo, Miguel, vocês se amam – disse Christiane. – Conrado faz o que faz, porque ele também depende de você para prosseguir.

- E quando eu não estiver mais? Quando me tornar apenas um fantasma que vai amarrá-lo a um passado que nunca se vai? E quando eu me tornar a âncora que vai impedi-lo de prosseguir com sua vida, o afundando num mar de tristeza? – Miguel retirou do bolso uma cópia da foto em que Conrado o beijava na bochecha, quando crianças, ao lado de suas mães. – Eu o amo tanto, que chega até a doer.

Conrado estava parado do lado de fora do quarto, bem próximo da porta, ouvindo absolutamente tudo, seu coração parecia está sendo passado em um moedor.

- Quando não se pode fazer muita coisa, qualquer coisa ganha um sabor especial, como se provássemos do âmago da essência do simples ato de viver. – Miguel limpava uma lágrima. – Sinto tanta falta do nascer do sol. Ele era para mim tão revigorante, agora se tornou nocivo.

Christiane ficou em silêncio por algum tempo, apenas encarando pela janela as estrelas que começavam a surgir no céu já escurecido.

- As estrelas são tão incríveis, você não acha? – Christiane perguntou mais para si do para o primo.

Miguel não respondeu, apenas dirigiu sua atenção para o céu, que a cada segundo ia sendo cravejado de pontos brilhantes. Conrado continuava escutando a conversa.

- Mesmo depois que uma estrela morre, ela continua brilhando, nos mostrando que sua luz é capaz de superar a morte, e que é possível continuar vivendo, mesmo já se tendo ido há muito – Christiane falava de forma relaxada.

Miguel virou-se para ela, e a abraçou.

- Estou com tanto medo – disse ele com a voz embargada.

- Você não está sozinho e nunca estará – Christiane disse ao pé do ouvido dele. – E agora acho melhor que você vá descansar, afinal não queremos ver o aniversariante com uma aparência horrível no seu almoço de amanhã – os dois riram, mesmo contra vontade.

No outro dia, aniversário de Miguel, haveria um simples almoço comemorativo na casa de Luciano. Apenas as duas famílias estariam presentes.

Assim que Christiane foi embora, ele tratou de dormir, pois se sentia muito exausto, aliás, a escassez de energia era uma sensação constante. A mínima atividade já lhe exauria as forças.

Quando Miguel já havia adormecido por completo, Conrado entrou no quarto sorrateiramente, ficou velando o sono de seu amado por alguns minutos, até que disse em um sussurro:

- Tudo que você quiser meu amor, eu farei o impossível para te dar – Conrado saiu, e depois de um tempo voltou com várias latas de tinta, com um aroma floral bem sutil.

O namorado de Miguel preparou a parede defronte a cama do mesmo, e, sob a luz do luar e “Calling Out Your Name” do James Blunt, que ele escutava no celular com o fone de ouvido, trabalhou com o afinco no seu presente de aniversário para Miguel. (http://www.youtube.com/watch?v=K5kDfTYiU8U).

Quando Miguel despertou por volta das sete da manhã, ele teve uma grande surpresa ao mirar a parede que ficava de frente para o sua cama.

Um enorme e belíssimo desenho do nascer do sol estava pintado na parede, com os seguintes dizeres acima do horizonte: “VOCÊ É O MEU SOL QUE NUNCA SE PÔE”.

As lágrimas de Miguel brotaram rapidamente.

- Meu sol – Conrado surgiu no quarto. – Agora você pode assistir a alvorada sempre que quiser. Quando quiser.

- Conrado...

- Feliz aniversário meu amor! – Conrado se ajoelhou perto da cama e retirou uma caixinha de dentro bolso. – Casa comigo Miguel?

A emoção que Miguel sentiu diante daquele pedido, ele só havia sentindo quando reencontrou sua mãe. A felicidade abraçava sua alma cansada, emanando aquele calor que percorre pelo estômago, acolchoando qualquer dor.

- Então, Miguel? – Conrado continuava com as alianças estendidas na direção de seu namorado. – Aceita ser meu cordeirinho para sempre?

Miguel soltou um riso misturado com choro, tentando controlar alegria eruptiva.

- É claro que sim meu lobo-mau – ele pegou a caixinha das mãos de Conrado. – Pra sempre!

- Pra sempre! – Conrado levantou-se e repousou seu corpo lentamente sobre o de Miguel, sem despejar seu peso sobre ele.

- Nossa terceira aliança – Miguel disse admirando a joia.

- Sim – confirmou Conrado. – Mas essa é o selo final da nossa união.

Os dois se estudavam sem pressa, aproximando centímetro por centímetro suas bocas uma da outra. Sorviam placidamente o cheiro natural de suas peles, fixados no brilho do olhar que emanava, e era capaz de ofuscar em beleza e luminosidade qualquer alvorada e pôr-do-sol.

Os lábios deles se tocaram, grudando-se levemente. Conrado deslizou sua boca calmamente pelo lábio inferior de Miguel, provando da maciez e doçura que ele lhe podia oferecer. Miguel afastou suas pernas, deixando seu namorado se encaixar no meio delas, e assim os dois selaram o compromisso com beijos carinhosos e carregados de sentimentos.

Por que o amor ainda é a força que move o mundo, capaz de remediar os maiores sofrimentos e realizar as mais inacreditáveis transformações? Porque ele não é um sentimento, mas um conjunto dos melhores sentimentos e virtudes, tão complexo como nossa própria natureza; uma testemunha que nos faz lembrar, que por mais que nossa inclinação seja má, existe a inspiração divina, que invade nossos pulmões, sendo o próprio fôlego.

Conrado tomou a mão de Miguel e pôs uma aliança de ouro branco em seu dedo, depois entregou a sua para o mesmo e estendeu a mão. Miguel repetiu o gesto, e colocou também a aliança em seu namorado.

- Por que ouro branco? – perguntou Miguel.

- Foge do tradicional, mas mesmo assim continua sendo ouro – Conrado sorriu. – É como o nosso amor.

Miguel o beijou mais uma vez, e o puxou para o seu lado, onde ele pôde acariciar os cabelos de Conrado.

- Tenho direito de escolher mais um presente? – perguntou Miguel.

- Acho que seus dezenove anos está me custando muito caro. – Conrado beijou o peito do outro – Brincadeira! Pode pedir quantos presentes você quiser.

- Quero que me leve a um lugar.

***

O carro de Conrado parou no estacionamento do Hospital Jadão. Ele saltou rapidamente e ajudou Miguel a descer. O namorado de Conrado sentia um pouco de dificuldade de caminhar, devido à convalescência do corpo. Miguel usava os óculos de sol, para seu descontentamento.

Na recepção, Júlia já os aguardava.

- Meus parabéns Miguel – ela o abraçou. Como estava de plantão, era a primeira vez que o vira no dia.

- Obrigado Júlia.

- Tenho uma feliz notícia para você, aliás, para os dois – Júlia transbordava contentamento.

- Do que se trata? – Conrado se mostrou mais curioso.

- Queria ir primeiro ver as crianças – falou Miguel, com a voz cansada.

- Você vai vê-las – disse Júlia com um sorriso constante. – Me acompanhem.

Os três seguiram pelo corredor principal, virando na direção da ala em que ficava a Oncologia Infantil.

- Eu vou voltar para visitar vocês, e vou pedir muito a Papai do céu que curem vocês também – uma criança falava no recinto. Miguel, Júlia e Conrado escutaram por um momento, parados diante da porta fechada, até que a doutora resolveu abrir.

Liara estava conversando com as crianças, de costas para a porta, ao lado de um casal, que repousavam suas mãos nos ombros da garota.

- Tio Miguel! Tio Conrado! – as crianças gritaram.

Miguel caminhou até bem próximo delas, e foi alvejado por abraços sôfregos.

Todos lhe enchiam de perguntas, o beijavam, apertavam seu pescoço.

- Ei! Eu não ganho nem uma fração desse carinho – Conrado fez um bico. – Quero também beijo de todo mundo, ou vou fazer cócegas em vocês até darem cãibra na barriga de tanto rirem.

Os beijos, abraços e apertões no pescoço, migraram para Conrado.

- Tio Miguel – uma voz suave o chamou.

Miguel direcionou sua atenção para Liara, de pé, feliz, a encará-lo.

- Oi meu amor – Miguel a abraçou.

- Liara está recebendo alta, Miguel – disse Júlia. – Os exames revelaram ausência total de qualquer resquício cancerígeno. Ela está curada.

- Ah, meu Deus – Miguel se emocionou. – Deus seja louvado!

- Não sabemos como agradecer a você meu rapaz, por tudo que fez por nossa Liara – disse um homem de uns 40 anos.

- Sua presença na vida de nossa filha foi essencial para sua cura, não temos a menor dúvida quanto a isso – afirmou a mulher ao lado do homem. Ela era mais jovem, e rechonchuda.

- Esses são os pais da Liara, Miguel – informou Júlia.

- Prazer! – Miguel estendeu a mão para o homem.

- Jonas – o homem apertou a mão de Miguel.

- Lucia – a mulher também se apresentou.

- Tinha pedido para meus pais me levarem até sua casa, tio Miguel. Não podia sair sem antes agradecer a você por ter estado comigo esse tempo todo. – disse Liara.

- E a gente te perdoa por ter nos abandonado – Joãozinho disse, fazendo todos rirem.

- E nesse tempo em que você não pôde vir, nós preparamos uma surpresa para sua volta

– continuou Liara. – Na verdade duas.

- Duas? – Miguel limpava as lágrimas.

Liara segurava um embrulho enorme, que pretendia entregar para ele em sua casa, mas como Miguel se encontrava alipresente para mim? – Miguel recebeu um embrulho soltando as amarras.

Havia um enorme desenho emoldurado, feito com capricho e assinado por todas as crianças; Miguel de frente para Conrado, um segurando a mão do outro, e defronte ao casal, um homem sentando em uma cadeira, os fitavam. Uma volumosa plateia assistia aos dois, no que parecia ser um matrimônio. O cenário era outonal, com pétalas e folhas ao vento, enfeitando o ambiente.

Miguel mostrou o quadro para Conrado, em estado de pura alegria. Ele via aquela imagem como o futuro, do qual ele talvez não fizesse parte, o qual talvez estivesse sendo confiscado dele.

Enquanto os dois namorados analisavam o desenho enternecidos, lendo o nome de todos os coautores, eles não perceberam quando as crianças se organizaram em coral e começaram a cantar “Hallelujah”.

(https://www.youtube.com/watch?v=SBt5Lr1KVdo).

Liara puxava a música, e os outros a acompanhavam com uma afinação bem ensaiada. Miguel estava encantado com a surpresa, assim como os demais que assistiam a apresentação das crianças. Havia esperança no ar.

- Sabe Miguel – a mãe de Liara falou perto de seu ouvido, enquanto o rapaz se deleitava com a homenagem das crianças. – Eu não acreditava em milagres, até conhecer você.

- Mas eles são o milagre – Miguel olhou para mulher, emocionado.

***

No caminho de volta para a mansão, Miguel aparentava vigor, que não era físico, pois o seu abatimento permanecia igual, mas luminosidade parecia ter voltado com toda sua força. Ele sentia um alívio, uma espécie de conforto, conformação. Era uma sensação boa, de dever cumprido para com a vida, para com o ser humano.

As pessoas geralmente não entendem o que significa mudar o mundo, talvez pelo fato de não compreenderem o que é o mundo. O mundo na verdade é o pedaço da existência que é dado a cada um de nós, e quando você muda esse pedaço que lhe concerne, você muda o mundo. Mas, aqueles que aceitam tal missão devem estar preparados para o anonimato, pois fazedores do bem quase sempre passam despercebidos. E isso é bom, pois assim o ato sobrepuja a glória.

Quando o carro de Conrado passou em frente à casa do pai de Miguel e da igreja, que estava fechada; Miguel avistou o pastor, sentando na varanda da casa, de cabeça baixa.

- Preciso tanto de você – Miguel disse em pensamento, lançando um olhar de súplica para seu pai, que não o viu.

Assim que o carro sumiu na curva, o pastor Oliveira ergueu os olhos, sentindo algo no coração, como se o pedido de Miguel tivesse atingindo o mesmo. O pensamento do homem foi transportado para o passado, e ele pode ver nitidamente Miguel correndo quando criança, cabelos ao vento, sorriso enorme. O pastor e ele brincavam juntos. As lágrimas de Antônio vieram á tona profusamente, arrancadas sofridamente. Seu soluço convulsivo lhe estremecia o corpo, num choro sufocado, somado a sentimentos machucados e reprimidos. Sim. As muralhas do pastor Oliveira, parecia caírem uma a uma, e era tarde demais para evitar que seu sentimento paterno rebentasse.

Por volta do meio-dia, ecoava risos e conversas animadas pela mansão. A família de Miguel e a de Conrado estavam juntas diante de uma mesa farta, era o almoço de aniversário de Miguel.

- Enfim noivos! – exclamou Christiane. – A tia Silvia já não aguentava mais esperar por uma atitude de homem sua, Conrado.

Todos riram.

- Vocês vão desfrutar dos prazeres que é está com a forca no pescoço – disse Fernando.

- E que forca Fernando – apoiou Luciano.

Os dois maridos levaram um tapa de suas respectivas esposas.

- E tratem de me darem logo um sobrinho – Ivy se pronunciou.

- É Miguelzinho, vocês vão ter que se concentrar bem na lua-de-mel para realizar o pedido de Ivy – soltou Christiane.

- Christiane! – as esposas repreenderam-na.

- Bem, gente, piadas à parte, eu quero dizer algo nesse di, que pra mim está sendo um do melhores da minha vida desde que... – ele hesitou um pouco. – Que me encontro nas atuais circunstâncias.

Miguel se levantou e se posicionou por trás de sua cadeira.

- Primeiro eu gostaria de falar para você Júlia – os dois compartilharam um sorriso de amizade. – Nos conhecemos num momento em que eu estava tão confuso e perdido, e você com paciência, respeitando o meu tempo, me ajudou a enxergar o mundo como ele é de fato. Meus eternos agradecimentos.

Júlia comprimiu os lábios, e sorriu para ele.

- Luciano, só o fato de você ter me dado o cabeça dura do Conrado, já lhe renderia os maiores agradecimentos, mas não satisfeito, você fez mais. Sempre me tratou como um filho, suprindo tantas necessidades paternas das quais eu careci na minha adolescência, além de conselhos que guardo e pratico até hoje. Meu muito obrigado.

- Você é sim um filho para mim Miguel – disse Luciano.

- Chris, a minha doida varrida que eu mais amo. Dona dos “choques de realidade” que eu mais precisei na vida. Você sempre foi a minha amiga do peito, aquela em que eu confiei meus primeiros segredos e que sempre pude contar. Dizem que os amigos são uma família que a gente escolhe, com você eu tive dupla sorte. Meu muito obrigado.

- Te amo – Christiane sussurrou.

- Mãe – ele voltou-se para Silvia. – Deus é minha maior testemunha de quanto eu desejei encontrá-la, e fui atendido depois de tantas preces. Eu te amo tanto, você não é só uma mãe, é a mãe que eu desejei ter, e consegui.

Silvia não conseguiu dizer nada, embargada pela emoção.

- Ivy – continuou Miguel. – Minha irmãzinha linda, que ganhou meu coração por completo. É impossível não te amar. O seu carinho, doçura e inteligência, contagia qualquer um, sou gamado em você guria – Miguel riu.

Ivy limpou uma lágrima.

- Fernando, você é o que eu chamaria de a “Salvação”. Esteve ao lado da minha mãe nos momentos mais difíceis, e foi o responsável pela sua reabilitação. Meu eterno agradecimento.

- Valeu filhão – disse Fernando fazendo um gesto de força com as mãos.

- Conrado... – Miguel pôs a mão na boca. – Não vou conseguir falar, então acho que só posso cantar.

“Nunca se esqueça, nem um segundo Que eu tenho o amor maior do mundo Como é grande o meu amor por você”.

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Olá gente boa, vamos começar a nos despedir de Asfalto, principalmente para quem está lendo pela primeira vez. Estamos entrando na final, provavelmente até amanhã as repostagens terão sido concluídas. Por favor, aos que já leram, nada de spoilers.

Responde a algumas coisas: Plutão, pode ficar tranquilo que assim que Asfalto for totalmente repostado, "Mário e Eu" e "Irresistível Atração" serão retomados. Este último será bem pequeno, mas "Mário e Eu ainda vai render mais um pouco". Engraçado, eu recebi um e-mail de um leitor que diz não gostar de comentar no conto. No e-mail ele dizia que tinha certeza que Lord D. era mais de uma pessoa, pois a escrita de Asfalto é muito diferente de "Mário e Eu" e de "Irresistível Atração". Alguém que já leu teve a mesma sensação? Bom, a explicação é muito simples: Escrevi Asfalto em 2012. Ainda era muito imaturo em relação a vida e muitas questões. Eu mudei muito daquela época para lá. Descobri novas coisas e novas pessoas, por isso a diferença.

Drica (Drikita): Sim, minha família é T.J., e eu fui por alguns anos, mas evolui e me tornei uma puta.

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Comentários

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Não queria que esse momento chegasse...o momento que o conto esta proximo a acabar e teu conto é maravilhoso deveia ter 1000 capitulos

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Ai, meu Deus! Reta final do conto e as emoções estão a flor da pele.

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Ai meu deus!! Lord que emoção, eu tenho tua história salva e sempre me emociono quando leio.

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