Asfalto - Capítulo 01

Um conto erótico de Lord D.
Categoria: Homossexual
Contém 5981 palavras
Data: 07/01/2016 15:18:41
Última revisão: 07/01/2016 15:20:10

– Capítulo 01 –

O Anjo e o Demônio

“Destino ou acaso? Planejamento ou coincidência? A vida é realmente um mistério. Mas é bem razoável acreditar que algumas coisas só acontecem para que outras maiores sejam concebidas. Pois não é verdade que da decomposição de uma árvore surgi o renovo?”.

Miguel havia lido isso no rodapé de uma pintura em exposição a céu aberto, obra de um artista de rua. Na pintura havia a silhueta de um casal, meio desfocada. Não dava para dizer se era um homem e uma mulher ou duas pessoas do mesmo sexo. Isso havia ocorrido há uma semana, mas por uma razão que ele desconhecia, aquela imagem e sua legenda persistiam a emergir de suas lembranças. Era estranho, mas de alguma forma ele entendeu aquilo como um presságio. Um bom presságio.

O corpo de Miguel estava ali, mas sua mente não. O pastor com gestos austeros conduzia a oração final do culto do domingo:

“Divino Pai. Dirigimo-nos humildemente a sua imaculada presença, para suplicar o seu perdão por nossas falhas numerosas. Nossa carne decaída teima em pecar, mesmo tendo nossa mente ciente de Teus estatutos e leis imutáveis. Lava-nos com o sangue do teu filho e deixa nossas roupas alvas novamente. Neste tempo de grande tribulação onde o leão feroz tenta nos devorar, guarda-nos em teu baluarte justo e nos habilita a continuarmos levando ao Tua Palavra para toda tribo e nação. É o que te pedimos e agradecemos não por nós mesmos, mas em nome do teu Filho amado Jesus Cristo. Amém!”

- Amém! – a congregação respondeu em coro, erguendo a cabeça inclinada, e abrindo os olhos.

O pastor Oliveira encerrava o culto diante da congregação saciada da palavra de julgamento. Como de costume, ao final da reunião, os irmãos iam em direção uns aos outros com automáticos e cordiais sorrisos, dando fortes apertos de mãos e abraços calorosos, respeitando é claro o limite imposto entre pessoas de sexo diferente. As conversas, e as experiências com novos aprendizes da bíblia povoavam a balbúrdia pós- culto.

-... Tive que usar de muita longanimidade quando ele me disse que Deus era um assassino de guerra – dizia uma mulher jovem, ruiva, alta, de corpo bem delineado, trajando um vestido rosa de seda na altura do joelho, e um sapato cor da pele que

alongava mais ainda suas pernas brancas. Ela conversava com uma senhora de meia- idade, magra e de aspecto austero – Imagine só que tamanha blasfêmia!

- São os últimos dias irmã Fernanda, como já dizia Paulo – esclareceu a senhora para ruiva.

- É verdade irmã Josefa.

O pastor Oliveira, um homem alto e robusto, de pele trigal, aproximou-se das irmãs interrompendo a conversa:

- Querida, você viu o Miguel?

- O vi saindo juntamente com a Júlia Jadão em direção à saída – Fernanda, sua esposa, informou. – Por quê? Algum problema?

- O achei muito abatido durante o culto, mas acho que deve ser apenas cansaço. Ele tem trabalhado muito como voluntário naquele hospital – declarou o pastor, sem muita convicção.

- Isso é verdade – a ruiva voltou sua atenção para a senhora com quem conversava. – Meu enteado é um grande exemplo para nossa congregação, não acha irmã Josefa?

- Ah, ele é – confirmou a irmã idosa, com um leve risinho malicioso no canto da boca. No estacionamento da igreja, um rapaz vestido com roupas sociais, de cabelos cor de mel concentrado e com generosos cachos comportados por gel, conversava com uma jovem senhora de cabelos longos e negros, elegantíssima.

- Fiquei muito feliz de verdade por ter aceitado meu insistente convite – falava o jovem, movendo suavemente seus lábios carnudíssimos e vermelhos, que davam um tom especial ao seu rosto corado de contornos longilíneos. Os dentes escancaravam um alinhamento e brancura impecáveis; os olhos grandes e vivos encantavam com seu castanho dourado incomum. – O que achou?

- Sabe que só vim por sua causa não é Miguel? – esclareceu a mulher. – E espero que retribua aceitando aquele convite.

- Júlia, eu sou peça insignificante nessa noite. Acabamos de repetir a comemoração da ultima ceia do Senhor Jesus Cristo. – disse Miguel sonoramente esgotado. – E quanto à festa, ainda preciso conversar com meu pai.

- Nunca diga isso, que você é insignificante – Júlia segurou forte em seu ombro, encarando-o com seus olhos negríssimos, denotando certa indignação – Um jovem lindo, inteligente, delicado, sensível, gentil, complacente... Ah, o vocabulário dos adjetivos não é suficiente para você – Ela falava com muita convicção.

- Não só tudo isso – Miguel falava demonstrando que havia muito mais nas entrelinhas do seu discurso do que nas palavras pronunciadas.

- Meu anjo, quantos jovens hoje em dia de 18 anos, ocuparia seu tempo livre prestando serviço voluntário em um centro de oncologia infantil? Tem noção do quanto você faz bem aquelas crianças? Se eu tiver de acreditar em Deus e em religião um dia, será por inspiração de pessoas como você. Pessoas não, anjos – Júlia falava com uma emoção que fazia o coração de Miguel sentir um alento materno.

- Obrigado! – o rapaz abriu um sorriso iluminado, abraçando ela com um pouco de pudor.

- Eu te achei um pouco abatido, distraído – Júlia observou ainda abraçada com o amigo.

– Algum problema Miguel? – Ela o olhou profundamente, afastando-se dele.

- Não... Quer dizer...

Miguel foi interrompido pelo celular de Júlia que vibrava em sua bolsa. Ela tirou sua atenção do rapaz e sacou o aparelho, fazendo uma expressão de curiosidade ao ver um número não identificado no visor do seu celular.

- Alô – ela disse, olhando para Miguel – Não. É a esposa dele que está falando.

Júlia ficou em silêncio ouvindo a outra pessoa na linha. A cada segundo que se passava sua expressão ganhava contornos de aborrecimento, abandonando a paz que ela havia adquirido com a presença de Miguel.

- Eu vou avisar ao pai dele, e em meia hora estaremos aí – ela desligou o celular e o enfiou de volta na bolsa com muita irritação – Inferno!

- Algum problema Júlia? – Miguel segurou em suas mãos, que tremiam de raiva.

- O problema Miguel, é que enquanto existem anjos como você, existem também demônios como o meu enteado. Esse rapaz não vai sossegar enquanto não destruir essa família de uma vez. Parece não se contentar com algo menos que uma catástrofe – ela falava com a respiração pesada.

- Tenha calma, por favor – Miguel tentava atenuar o clima pesado.

- Eu preciso ir meu querido – ela disse, dando um beijinho na bochecha de seu amigo e entrando num carro cinza palace muito luxuoso. Saiu em disparada para casa, tentando ligar para o telefone residencial, já que ela estava com o celular do marido por engano.

Ninguém atendia em casa.

Júlia resolveu parar de ligar pelo perigo de falar ao volante. Acelerou, sabendo que já devia ter infringido centenas de leis, mas queria descontar toda a raiva no asfalto.

No caminho seus pensamentos retrocediam há três anos quando se casara com Luciano Veronese Jadão, o bem-sucedido neurocirurgião, que transformara o pequeno hospital que o avô deixara para o pai e assim para ele, em uma referência no meio médico.

Júlia o havia conhecido em um congresso de medicina em Miami. Luciano carregava uma viuvez de dois anos. Sua mulher morrera de um aneurisma cerebral, deixando órfão um filho de 16 anos, Conrado Lima Jadão. Luciano e Júlia firmaram uma relação profissional que terminara no altar, ou melhor, no cartório, pois os dois não tinham religião e muito menos acreditavam na existência de uma entidade divina. Júlia teve como ônus dessa união, o convívio com a rebeldia desenfreada de seu enteado, que fora potencializada com o novo casamento do pai, ao qual ele acusa de ser responsável pela morte de Clarice, sua mãe.

A comemoração das recentes bodas de couro de Júlia e Luciano, fora um desastre total. Conrado surgiu no meio dos convidados, pelado e completamente bêbado. Os veículos de fofoca da cidade se esbaldaram no escândalo Jadão.

O carro dela estacionou bruscamente em frente a casa. Sem desligá-lo, ela saiu batendo forte com a porta do veículo. E pisando pesado em passos sôfregos, seguiu em direção à entrada principal da mansão. Um jardim imenso e iluminado ladeava a propriedade. Do lado direito, a gigante piscina refletia a exuberante casa.

- Seu filho foi preso de novo! – ela disse adentrando abruptamente no gabinete de Luciano, que lia um livro acompanhado de uma taça de vinho tinto.

O doutor passou a mão no rosto demonstrando total exaustão. Já não aguentava mais assistir aquele filme tantas vezes em tão pouco tempo.

- O que foi dessa vez?

- Apostando “racha” – ela respondeu como se as palavras viessem pela garganta como lâminas afiadas.

Sem dizer mais nada o casal Jadão saiu em direção ao carro da mulher, que seguiu para a delegacia cantando pneu no asfalto. No caminho, nenhuma palavra foi proferida. Júlia rangia os dentes comprimindo com força o volante, enquanto seu marido apertava com os dedos uma veia que explodia em sua cabeça em dores lancinantes.

***

- Tenho muito respeito pelo senhor e sua família doutor, mas seu filho já está extrapolando todos os limites – dizia o delegado, contra argumentando o pedido de soltura de Luciano.

- Eu sei delegado Luís, mas não houve nenhum ferido.

- Até quando não haverá Luciano? – Luís tirou o tom da formalidade. – Falo agora como o seu amigo: você precisa dar algum tipo de lição no Conrado. Parar com essas atitudes dele.

Luciano apenas ficou em silêncio. Ele era um homem muito bonito. Um quarentão com pinta de trinta. Cabelos loiros escorridos, olhos azuis, corpo másculo e viril, e uma voz marcante.

- Bem, pague a fiança e ele estará liberado. Mas é bom que entenda: da próxima vez eu não serei complacente.

- Obrigado Luís – agradeceu Luciano, sendo encaminhado ao lado de Júlia, até a sala onde estava seu filho Conrado, depois de afiançar o delito.

Um jovem alto de regata branca colada no peito, camisa xadrez amarrada na cintura, uma bela calça jeans rasgada e um tênis cano médio, estava largado sobre uma poltrona, ao lado de mais dois garotos e duas garotas.

- E aí, “papai”? Já pagou minha diversão de hoje? – Conrado se levantou encarando seu pai e sua madrasta, que o olhavam com desprezo.

- Vamos logo de uma vez Conrado – ordenou secamente Luciano.

- E meus amigos? Se eles não forem liberados eu também não saio daqui.

- É isso aí meu parceirinho – disse um rapaz de cabelo moicano todo tatuado, sendo acompanhado pelo coro dos os outros três: uma garota loira de cabelo comprido, uma morena de cabelo curtíssimo e um gordinho.

Luciano, engolindo a raiva com se esta fosse vidro quebrado, com a cabeça a ponto de explodir, resolveu pagar as fianças dos demais marginais, pois ele sabia que se não o fizesse, Conrado daria um show, e ele não estava disposto a encarar um embate, pelo menos não ali. Estava tão saturado, que às vezes cedia a alguns absurdos, na tentativa de evitar danos maiores. Pelo menos era o que ele pensava está fazendo.

Conrado era lindo, parecia muito com o pai. Cabelos e olhos da mesma cor do progenitor. O corpo do jovem era bem definido proporcionalmente, não fisiculturista, mas malhado no ponto certo. Seu rosto tinha traços fortes e ousados, de lábios levemente carnudos e queixo viril, que era marcado por uma rasa covinha ultra sexy.

Os três deixaram a delegacia. Luciano e Júlia em silêncio ouvindo as provocações de Conrado. Em casa gritos e insultos ecoaram por todas as paredes, enchendo as portas de ouvidos curiosos dos empregados.

- O que você quer? Matar-nos? – gritou Júlia.

- Você adivinhou? – ele disse rindo ironicamente. – Um prêmio para minha madrasta oportunista.

- Acha que isso é uma diversão? Pois saiba que está se afundando no mesmo poço em que quer nos jogar! – rebateu Júlia.

- Ótimo! Acha que eu faço questão de viver nessa vida de merda? De olhar pra esse assassino e pra essa sua cara de mulherzinha ordinária?!

Sua fala foi interrompida por um bofete violento que seu pai lhe dera.

- Cala essa sua merda de boca seu moleque inconsequente! Eu já estou cansado de você Conrado. Não é mais uma criança ou um adolescente! Quando você vai virar homem?

- Então por que não se livra de mim, como fez com a minha mãe? Vamos! Acaba comigo como você fez com ela! Movimente seus brinquedinhos de médico. – Conrado gritava com ódio e revolta. Mas bem no fundo dos seus olhos o sofrimento explodia em carne viva.

- Não quero ver seu rosto mais essa noite. Saia da minha frente! – gritou Luciano, totalmente descompensado.

- Pelo menos em uma coisa nós concordamos – Conrado subiu as escadas forçando um assovio.

- Eu não sei mais o que fazer Júlia! – Luciano se jogou no sofá da sala, enquanto sua mulher preparava uma dose forte de uísque para os dois.

Numa virada só, o liquido saiu queimando suas gargantas, aliviando parte da tensão.

- Eu estive pensando no que o Luís disse – falou Júlia fazendo uma massagem nos ombros de seu marido – Você precisa dar uma lição no Conrado, mas tem que ser alguma coisa que o faça aprender algo.

- Como assim? Quer que eu o mande para um acampamento militar?

- Não seria uma má ideia – disse Júlia forçando sorrindo discretamente.

- Vou amadurecer isso, mas agora eu preciso de você meu amor – Luciano puxou sua esposa para o colo, e se perdeu em sua boca macia e convidativa.

O casal Jadão se acomodou no grande sofá confortável da sala em posição de conchinha. Tudo que Luciano e Júlia queriam naquele momento estava ali: um ao outro. No quarto, Conrado se deliciava assistindo ao vídeo que fizera do “racha” que provocara a sua prisão de algumas horas antes.

“Vamos acabar com esses otários!” Ele gritava na filmagem, encostando o rosto na lente, enquanto desdenhava dos adversários.

- Amanhã tem mais papai – ele soltou um sorriso escancarado, mudando logo de fisionomia quando seus olhos encontraram o retrato de uma mulher pendurado na parede. Ele a olhou com orgulho, como se acabasse de fazer algo incrível para ela. Era sua mãe Clarice. Conrado continuou a encarar, até que adormeceu sem perceber.

***

- A senhora Jadão demonstrou interesse pela Bíblia? Seria uma surpresa – disse o pastor Oliveira para seu filho Miguel.

Haviam terminado o café da manhã. Fernanda, a esposa, tirava a mesa enquanto pai e filho conversavam.

- Ela esteve na Comemoração, isso é um começo, não acha? – disse Miguel com a voz rouca de recém-acordado.

A manhã estava no início. Miguel usava shorts e camiseta, para logo mais praticar sua caminhada diária.

- Não é do meu agrado essa sua proximidade com aquela família – declarou o pastor – O marido e a esposa têm a mente cheia de filosofias humanas, desacreditando na Palavra e em seu Autor. O filho é um delinquente, arruaceiro, vândalo. Não há nada de proveitoso ali pra você Miguel.

- Não é bem assim – o jovem respondeu.

- Não quero discutir esse assunto outra vez com você – encerrou o pastor com pouca vontade. – Mas há outro assunto que quero falar-lhe.

- Sim? – Miguel deu total atenção ao pai.

- O que está acontecendo com você? – o pastor foi direto, fuzilando seu filho com seu costumeiro olhar perfurador.

- Nada – Miguel respondeu de cabeça baixa.

- Nada? – o pastor juntou as mãos sob o queixo, apoiando os cotovelos na mesa. – Você anda distraído, desleixado com o serviço teocrático, anda distante, triste, abatido. E acho que anda chorando às madrugadas.

- Antônio? – tentou intervir Fernanda, dizendo em gestos para o marido que ele não estava usando de tato.

- Sem rodeios Fernanda – o pastor Oliveira levantou a mão sinalizando que a mulher não devia se meter. – Sabe como sou.

- É só uma fase – disse Miguel. – Todo mundo tem um momento ruim.

- Fases estão ligadas à dúvida. Dúvida é a pedra de tropeço da fé – o pastor era implacável. – E momentos ruins são precedidos de motivos fortes. Então?

- O quer que eu diga? – Miguel o olhou com um grama de coragem.

- Ora, a verdade – o pastor achou a pergunta óbvia.

- Eu estou em uma fase ruim, coisas minhas – respondeu Miguel. – Satisfeito?

- Nem um pouco – afirmou o pastor. – Mas vou dar a você tempo para apurar esses motivos ocultos, então voltaremos a falar disso.

- Posso ir para minha caminhada? – Miguel levantou-se da mesa.

- Pode – o pastor disse segurando no braço do filho. – Mas não perca o foco da verdadeira corrida. O paraíso é a chegada, mas o inferno está no nosso calcanhar.

Miguel saiu, e nada acrescentou ao que o pai havia dito. Mas as palavras do pastor martelaram na sua cabeça por alguns instantes, até ele comtemplar a agradável manhã.

O dia estava realmente muito lindo. Miguel caminhava pela calçada arborizada com uma leveza de um bailarino, murmurando uma música da igreja. As ruas ainda estavam calmas, com poucos estabelecimentos abertos. Ele permitiu que a brisa agradável soprasse suas muitas preocupações.

Naquela manhã, Miguel resolveu caminhar mais do que de costume. Seu plano era esperar o pastor sair com a esposa para a evangelização diária. Assim, por hora, se livraria das perguntas do pai. Perguntas que ele não queria responder, e que se arrependia muito de tê-las desabafado para sua prima Christiane alguns dias atrás; a única pessoa com que se sentia mais a vontade para falar de assuntos “proibidos”. “Miguel isso é a coisa mais natural e normal hoje em dia”, Christiane sempre lhe dizia no alto de sua convicção.

Mas por que ele? Por que não podia ser normal com os outros? Por que Deus se recusava em responder às suas súplicas? Por que não lhe dava uma resposta? Melhor. Uma solução, já que era Dele a onipotência?

Miguel se sentiu um pouco sufocado, e se deu conta de que já era tarde, ou melhor, que já havia dado tempo mais do que suficiente para se livrar de seu pai. Ele olhou para o outro do lado da rua e viu o sinal fechado, então esperou para poder atravessar. Nesse instante, um carro esporte luxuoso preto passou por ele. Os vidros estavam abertos pela metade. Um rapaz muito bonito estava no volante. Estranhamente, Miguel e o belo motorista ficaram se encarando, como se tentassem se reconhecerem. No carro havia outras pessoas, que foram totalmente ignorados pelos olhos do filho do pastor. O dia iluminado, aquele olhar profundo do motorista, fizeram com que Miguel sentisse pequenas descargas pelo corpo, despertando algo diferente nele.

O carro se afastou, mas o motorista continuou encarando Miguel pelo retrovisor.

- Algum problema Demolidor? – perguntou o cara de moicano no banco do carona.

- Problema? Claro que não Pezão – Conrado respondeu meio desconcertado, por ter olhado tanto tempo para aquele garoto de cabelos cacheados e lábios tão vermelhos.

- Você ficou tão sério de repente – observou um gordinho no banco de trás.

- Tudo certo. Agora para de pensar em merda, e vamos logo botar esse bagulho pra frente.

O carro acelerou e sumiu em uma esquina.

Miguel atravessou a rua, dobrou a esquina e se aproximou de uma loja de conveniência de um posto de gasolina, para tomar alguma coisa. Sentiu um frio na barriga, quando viu o carro que passara por ele parado à porta da lanchonete. Seus sentidos ficaram tão desligados do mundo real, que ele não percebeu nada de estranho, seguindo para dentro da lanchonete. De repente, sem ele se dá conta, foi jogado no chão com violência, e ouviu alguém chorar desesperadamente.

- Fica quietinho aí, ou arrebento sua cabeça seu viadinho?! – um cara encapuzado apontava uma arma para Miguel. A loja e os poucos clientes que estavam ali, estava sendo assaltados por três bandidos encapuzados com meias. E o choro que Miguel ouvira, era de uma mulher grávida que foi jogada ao chão como ele.

- Calma senhora, vai ficar tudo bem – Miguel olhava para ela com confiança.

- Eu não quero perder meu filho – a mulher choramingava.

- Você não vai perdê-lo – Miguel lhe garantiu.

- Você não entendeu – a mulher se esforçava para falar. – Eu estou perdendo meu filho.

- Cala essa maldita boca, sua vadia! – gritou um dos bandidos. – Quer que eu te faça pari aqui mesmo filha da puta?!

- Ela está perdendo a criança! – argumentou Miguel com coragem. – Pelo amor de Deus, me deixem levá-la para o hospital?

O bandido que derrubou Miguel, o agarrou pelos cachos pressionando suas costas contra seu peito, em posição de refém, pondo a arma em sua cabeça.

- Quer partir mais cedo para o inferno seu viadinho de merda?

Miguel sentia a respiração quente do bandido em seu pescoço, mas o medo não lhe torturava.

- Ela está sangrando – Miguel insistia. – Por favor, não a deixe morrer.

O homem ficou paralisado por alguns instantes ao ouvir a súplica de Miguel. Era como se sua mente tivesse sido levada abruptamente para outro lugar. E neste lugar, a única cosa que ele via era um adolescente sendo segurado por homens de branco, enquanto

chorava e gritava desesperadamente: “Não a deixe morrer!”. Mas logo ele foi trazido de volta pelos companheiros que gritavam por ele:

- A limpeza foi feita, vamos cair fora porra!

- Não! – ele respondeu para os seus companheiros.

- O que você disse? – o outro não estava acreditando no que ouvira. – Ficou maluco?! Quer fuder com a gente?!

- Vão logo, depois a gente se encontra – o bandido que ainda mantinha Miguel, não sabia por que estava fazendo aquilo, ou melhor, não tinha tanta certeza. Então resolveu agir por impulso.

Sem dizer nada, ele soltou Miguel e pegou a mulher no colo, para surpresa de todos.

- Que merda essa cara? Que tu tá fazendo? – perguntou o companheiro irritado, sem entender a atitude do outro.

A resposta não foi esperada, os outros dois fugiram deixando o outro para trás.

- Vamos levar ela – o bandido disse a Miguel, pondo a arma por dentro da calça. – Não deixem esse bandido fugir! – algumas pessoas gritavam.

- No momento a vida dela é mais importante – Miguel empurrou Conrado para fora da loja, antes que alguém viesse para cima dele.

Para a sorte deles, um taxi estava parado próximo à loja deixando um passageiro.

Sem demora os dois já foram entrando no veículo às pressas.

- Para o Hospital Jadão – disse a grávida com dificuldade devido às dores que sentia. Miguel apenas positivou com cabeça para o taxista, logo segurando com força em uma das mãos da mulher. Eles partiram.

Em uma contração violenta, a mulher agarrou com força na meia que cobria o rosto do bandido, arrancando ela fora. Miguel quase teve um susto quando viu o rosto. Era o mesmo cara que o encarou do carro. O belo rapaz, agora com o rosto exposto, ficou muito constrangido, mas a situação pedia que Miguel concentrasse suas atenções em quem estava necessitado.

- Qual o seu nome? – o filho do pastor perguntou para grávida.

- Leonice – ela respondeu pesadamente.

- Leonice, nós vamos conseguir, você está me ouvindo? Deus está conosco, e ele vai nos guiar para a vitória, tá?

A mulher apenas concordou com a cabeça, respirando ofegante. Miguel começou a fazer uma oração em silêncio.

Por sorte o trânsito estava tranquilo e eles chegaram ao destino rapidamente. No hospital, depois de dar entrada, ela foi encaminhada para a sala de parto e recebeu todos os cuidados necessários. Miguel conseguiu entrar em contato com o marido de Leonice, que logo chegou ao hospital. Ele pôs o homem a par de tudo e depois se despediu desejando todas as bênçãos sobre a família. E só na saída, é que Miguel percebeu que o bandido-herói, havia desaparecido.

- Conrado, que merda foi aquela que tu fez? Por que tu foi bancar o herói pra socorrer aquela puta grávida? Tá querendo ferrar com a gente mermão? – Pezão queria saber. Estavam no apartamento de Conrado, algumas horas depois do ocorrido.

Conrado apenas fitou Pezão, o do moicano, e Azeitona, o gordinho.

- Hei! Aquieta esse rabo aí – disse ele indo em direção a geladeira pegar uma cerveja. – Quando foi que eu furei com nossos esquemas, hein? – perguntou ele bebendo direto da garrafa, enquanto se lançava no sofá muito confortável na sala do apartamento.

- Eu sei cumpade, que tu é firmeza – ponderou Pezão, acariciando seu moicano. – Mas foi muito vacilo ir socorrer aquela mulher. Por acaso ela era alguma coisa tua? Não me diz que foi tu que encheu ela? – Pezão soltou uma gargalhada malandra.

- Sai pra lá maldição! Ficou pirado das ideias foi Pezão? Claro que eu nunca vi a barriguda na vida.

- Não tô entendendo então – se manifestou Azeitona, que até então estava ocupado com um pacote enorme de batata frita.

- Olha, isso é uma parada minha – Conrado foi definitivo. Sentia-se muito desconfortável em falar do ocorrido, era como se a mulher grávida o fizesse lembrar-se de algo doloroso, e por isso ele agiu movido por uma espécie de obrigação inconsciente. Além do mais, dividir seus sentimentos mais profundos com Pezão e Azeitona, não era uma coisa que ele estava disposto a fazer. – Agora deixa de lero-lero e põe logo em cima da mesa os ganhos do dia.

Pezão despejou em cima do sofá: dinheiro, algumas joias, cartão de crédito, talão de cheque.

- Acho que dá pra cerveja e pras vadias. – disse Conrado, repousando a garrafa de cerveja vazia na mesinha de centro. Ele sacou um cigarro de menta e ascendeu, jogando a carteira pro seus dois companheiros.

- Cara tu é muito loucão mesmo – observou Azeitona, dando uma tragada funda.

- Desenvolve – disse Conrado jogando um dos braços em apoio à nuca, enquanto apoiava suas pernas na mesinha.

- Teu pai tem dinheiro até o teto da mansão, tua mãe ti deixou mó grana preta, só pra tu. E por que porra é que tu vai se envolver em assalto de ninharia, correndo o risco de ser preso, se tu tem o que tu quer?

Conrado soltou uma gargalhada temperada de humor cruel.

- Diversão! – ele respondeu. – Fazer o velho aumentar os seus cabelos brancos. É isso.

- Cara por que tu odeia tanto ele? – Azeitona ficou curioso.

- O quê que é, hein Azeitona? Por que esse interrogatório agora? Tá querendo me encher o saco hoje?

- Foi mal, véi – disse Azeitona temendo levar uns sopapos de Conrado, que ficava furioso quando o assunto era sua relação com a família.

- Usa tua boca só pra comer, por que falando só sai merda daí.

- Vamo deixar o papo furado pra depois e partir pra ação – interveio Pezão.

- Roteiro de hoje: mostrar para os filhos da puta quem manda no pedaço; aterrorizar os manezão, e comer buceta até o pau inchar – disse Conrado.

- Agora falou meu Demolidor – Pezão comemorou. Os três caíram na gargalhada.

***

Quando Miguel chegou a sua casa, seu pai e sua madrasta já estavam. Ele achou melhor não dizer nada sobre ocorrido, pois os interrogatórios do pastor Oliveira eram intermináveis. Mas havia algo que ele desejava dizer ao pai. Era mais um pedido, na verdade.

- Os Últimos Dias de fato „são difíceis de manejar‟ – suspirou o pastor, organizando uns livros na prateleira de seu gabinete.

- Está atrasado para o almoço – disse o pastor, assim que Miguel cruzou o umbral da porta do gabinete.

- Desculpe-me – disse Miguel humildemente.

- Aceitarei suas desculpas quando perceber que não cometerá mais o erro. – o pastor virou-se para o filho. – O que aconteceu?

- Não percebi o tempo passar – disse Miguel.

- Hum! – o pastor lhe deu as costas novamente.

- Eu queria pedir uma coisa ao senhor, mesmo sabendo que o mais provável é o senhor negar o pedido – disse Miguel meio sem graça, depois de alguns minutos de silêncio.

- Se já sabe qual é a minha decisão, então não precisa pedir – declarou secamente seu pai, puxando um exemplar de capa azul.

- Vou tentar mesmo assim – Miguel respirava vacilante. Ele sabia o quanto era difícil pedir algo para o pastor Oliveira. – A senhora Júlia me convidou para um jantar na casa dela.

- E com certeza você disse que não tinha minha permissão – completou o pastor.

- Pai, eu sei que o senhor me fez prometer que não iria frequentar a casa deles, mas é um jantar beneficente.

- Beneficente? A obra não tem valor algum perante Deus, quando não há fé.

- Então é importante que um cristão esteja lá, para declarar as Boas Novas do reino – Miguel era esperto, e sua relação com Júlia Jadão havia lhe dado um quê de persuasão.

- Não use a Palavra para pleitos pessoais Miguel – o pastor sentiu uma pontada, com a insistente e incomum argumentação do filho.

- Então o senhor permitirá que eu use a Palavra em prol da divulgação para esses incrédulos, não vai?

O pastor sentiu-se acuado pela primeira vez.

- Tudo bem Miguel – ele respirou fundo. – Mas, que esse seja o seu primeiro e último envolvimento com essa família. Eu não vou tolerar um comportamento rebelde de sua parte.

- Vou me comportar como um cristão digno – prometeu Miguel, a ponto de explodir de felicidade.

- Assim espero – o pastor disse.

O rapaz correu para o quarto e ligou para Júlia Jadão, confirmando sua ida. Já fazia quase um mês que ele recebera o convite, e tentava criar coragem para tocar no assunto com o pai. No final das contas, não foi tão difícil.

Durante todo o dia Miguel revirou o seu guarda-roupa atrás de algum traje apresentável, mas nada adequado ele encontrou. Seu pai era um pastor honesto e responsável, então se contentava apenas com o essencial, ou seja, nada de roupas sofisticadas. Miguel, no entanto, tinha uma prima que era dona de uma loja muito badalada na cidade. Os dois eram muito amigos, apesar da oposição do pastor que achava ela uma péssima influência. Christiane, a prima, presenteava Miguel com muitas roupas, o que lhe garantia um visual mais elevado, em comparação com a maioria dos seus irmãos de fé.

- Alô, Chris.

- Oi Miguel! Como vai meu anjo?

- Vou bem linda. Preciso de sua ajuda.

- Vai fugir dos grilhões do pastor?

- Não sua boba – Miguel começou a rir ao telefone.

- Que pena – riu Christiane. – Mas então, em que posso lhe ser útil gatinho?

- Preciso de uma roupa bacana, barata, e com pagamento em várias parcelinhas suaves. E não aceito presente.

- Ocasião especial?

- Sim. Muito especial.

- Hum... Quero nomes e detalhes – Christiane se mostrou curiosa.

- Nem vem Christiane – Miguel conhecia o jogo de sua prima. – Não é nada do você está pensando.

- Você não sabe o que eu estou pensando – defendeu-se Christiane – Dá uma passadinha aqui na minha loja agora.

- Chego aí em dez minutos – disse Miguel, desligando o celular.

O pastor Oliveira estava em seu gabinete preparando o discurso do próximo culto, Fernanda havia saído para dirigir um estudo bíblico. O terreno estava livre para uma escapadela.

- E então? O que achou? – perguntou Christiane, depois de aprontar Miguel com um smoking bem alinhado e de corte inglês.

- É demais pra mim Chris – disse ele olhando-se no espelho. – Não tenho dinheiro pra isso. Eu estava pensando em fazer uma pequena retirada da minha poupança, coisa pouca, nada que o meu pai percebesse.

- Então você leva o smoking em regime de aluguel – propôs Chris.

- Se não tiver problema pra você, eu topo – concordou o primo. – E quanto eu te devo.

- Miguel, se você falar em dinheiro eu corto esses seus cachinhos, entendeu? – disse Christiane dando um tapa na bunda do primo. – Mas ficaria muito satisfeita se você aproveitasse a vida, e se descobrisse.

- Chris, você prometeu que não tocaria mais naquele assunto – Miguel ficou com o rosto em chamas.

- Miguel, não vem com aquela historinha de que você superou, até por que isso não existe. É loucura dessas religiões como a sua.

- Olha – Miguel segurou o rosto da prima – Aquilo, foi apenas uma insanidade. Um descontrole momentâneo de minhas faculdades de raciocínio.

Christiane fez uma cara de incrédula e impaciente.

- Eu até já beijei uma garota, e gostei muito – continuou ele. – Como eu disse, tudo era apenas uma fase ruim.

- Você não vai fugir da homossexualidade por muito tempo – Christiane soltou de uma vez.

- Eu não sou... Isso aí – disse Miguel sussurrando. – Eu não vou para o inferno por causa de uma tentação do inimigo.

- Eu desisto, por hora, mas grave uma coisa nessa sua cabecinha confusa – ela tocou com o dedo na testa dele. – Quando você encontrar um cara legal, o que não vai ser difícil, não vai ter Bíblia, pastor, igreja que vai dar jeito. Sabe por quê? Porque esse é você.

Miguel apenas a fitou, com os olhos cheios de tormento e medo.

- Eu preciso ir – ele a beijou no rosto e saiu com a cabeça a mil, pois no seu inconsciente, ele sabia que seria tão fácil dominar esses sentimentos que brotavam nele, quanto adestrar um leão faminto.

***

A casa da família Jadão estava mais bela do que nunca. O jardim, onde seria o jantar beneficente, estava bem iluminado e com uma decoração impecável. Pela quantidade de mesas, notava-se, que o número de convidados era razoavelmente grande.

Quando Miguel chegou à mansão, depois de ouvir um sermão completo de seu pai em casa, ele foi logo recebido por Júlia, que o conduziu até uma mesa de senhoras distintas.

- Esse é o nosso anjo, de que lhes falei – Júlia apresentou Miguel, deixando-o muito corado.

- Além de tudo ele é lindo, é um anjo mesmo – comentou uma das senhoras.

Todas queriam saber sobre sua dedicação com as crianças da oncologia do Hospital Jadão. Miguel falava com um brilho no olhar e uma satisfação, como se estivesse provando o suprassumo das delícias. Era incrível como ele era naturalmente encantador e simples ao mesmo tempo. Observá-lo, era o mesmo que contemplar uma obra-prima renascentista.

- Que bom que você veio Miguelzinho – Luciano Jadão se aproximou da mesa de Miguel.

- Boa noite senhor – disse Miguel se levantando para cumprimentar.

- Estou feliz em vê-lo meu filho – Luciano desejava tanto que Conrado fosse metade do que era Miguel, que acabava se referindo ao moço com paternidade – Puxa! Você está muito elegante.

- Obrigado senhor Luciano.

- Sem o “senhor” Miguelzinho – pediu Luciano. – Assim me sinto um velho, já basta você está mais elegante do que eu.

Todos riram.

- Vamos Miguel, quero que você conheça uns amigos meus da faculdade – Júlia o arrastava com se ele fosse um troféu que ela queria expor.

Os dois passearam de mesa em mesa, conversando alegremente. Miguel se sentia livre. Anestesiado de todos os seus conflitos internos. Não havia nada de mal, como seu pai sempre declarava.

Depois de tanto andar com Júlia, Miguel pediu para ir ao banheiro. Queria lavar o rosto. Ele estava cozinhando dentro do smoking. Júlia explicou onde ficava o mais próximo, e liberou o rapaz.

Miguel estava muito admirado com a beleza e o tamanho da casa. Os móveis eram bem dispostos e sofisticados. Era um palacete, sem dúvidas. Ele encontrou um belíssimo banheiro e se refrescou. Quando olhou para o espelho, sentiu pela primeira vez que enxergava um Miguel mais autêntico.

Na volta, distraído, Miguel esbarrou em alguém, e quando seus olhos de mel miraram a pessoa, foi tomado por um grande susto.

- Você?! – era o ladrão da farmácia, que socorrera a mulher grávida.

Rapidamente o rapaz empurrou Miguel contra a parede e colocou um canivete na sua garganta.

- O que você está fazendo aqui? – Conrado perguntou com uma cara que metia medo no filho do pastor. Era impossível de acreditar que seu recente refém estivesse ali na sua casa. O teria seguido?

- Eu só vim ao banheiro, mas já estou voltando para o jardim – Miguel estava trêmulo.

- Sei... Você vai lá fora me entregar pra ele não é seu viadinho X-9?

- Não. Eu nunca faria isso – disse Miguel convicto, sentido a ponta do canivete na sua garganta.

- Talvez não faça, se eu cortar sua garganta.

- Eu sei que você não vai fazer isso. Você não é mau. – Miguel sentiu que suas palavras impactaram um pouco o rapaz. E como ele era lindo, pensou ele.

- Você não sabe nada ao meu respeito.

- Vendo você acudindo aquela mulher, mesmo correndo o risco de ser pego, não posso acreditar que seja mau.

Há muito tempo Conrado não ouvia alguém reconhecendo uma qualidade sua.

- O que está acontecendo aqui? – Luciano surgiu de repente. – Solta o Miguel Conrado! Os dois apenas o fitaram. Estavam um pouco assustados com a aparição repentina do dono da casa. Miguel em especial ficou extasiado com o que acabara de ouvir. O ladrão da loja, que demonstrara preocupação pela grávida, era o tão mal falado Conrado Lima Jadão?

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Comentários

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Mal comecei a ler e estou envolvido. Qiero ler até o último capítulo

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Aqui vamos nós de novolendo pela terceira vezme emocionando sempre <3

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Esse é o conto que eu mais amei ter lido nesse site em todos os tempos. Na época eu nao tinha um perfil pra comentar, mas acompanhava todos os dias sua pagina pra ver se tinha capitulo novo. Vou reler com certeza!

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Nossa,já gostei. Agora que li o primeiro,mas espero que vc poste todos. Vlw e 10

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Finalmente um conto com tudo o que eu gosto:Boa escrita,personagens bonitos kkkk,jovens rebeldes e um lindo romance.Uma Pergunta:Esse é o tão famoso Asfalto que eu sempre ouvi falar e que foi retirado da CDC??Se for ja faz jus a grande fama.O conto ta perfeito na narração,tamanho e detalhes.Por favor não pare.S2S2S2S2

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