Sangue Quente: Outra visão da história

Um conto erótico de V.
Categoria: Homossexual
Contém 2465 palavras
Data: 04/01/2016 21:05:34
Última revisão: 06/01/2016 12:41:23

O cheiro de terra entrava pela varanda do quarto. Aquele cheirinho de terra era reconfortante, me fazia lembrar de casa. New Falls. Deus, a quanto tempo eu estou longe de casa, pensei. Lágrimas estavam nos meus olhos, lembranças boas e ruins me invadiram. Eu ainda não acreditava que tinha acontecido. Rebekah, minha pequena bekah. Uma vampira, e o pior, foi transformada por uma das pessoas que eu mais confiava. Foi mordida pelo Octavian.

Eu sacudi a cabeça, tinha feito silêncio para ele desde aquele dia. Eu havia perdido os sentidos quando ele me contou. Se Thomas não tivesse me segurado, eu jurava que podia ter desmaiado. Agora me encontrava no quarto, esperando a nova Rebekah voltar da sua pequena caçada. Aquilo ainda me revirava o estomago. Naquele país eu não podia interferir, pelo que soube, quando liguei para Anna, França era um dos territórios dos filhos da noite. Eu não podia interferir a menos que isso implicasse em uma matança sem limites e eles seguiam bem as leis.

- Meu amor. - Falou Thomas na porta. Ele tinha um tom de preocupação escondida, mas eu podia sentir. Nossa sintonia aumentava a cada segundo juntos. - Rebekah voltou e está te esperando na biblioteca.

- Tudo bem. - Sussurrei. Quando eu ia me virar, Thom estava ali, perto de mim. Me surpreendi com seu abraço e sua respiração na minha orelha. Era fria e reconfortante. - Obrigado.

Fui andando calmamente até a biblioteca. Minhas mãos tremiam um pouco. Eu ainda não superava ver Rebekah daquele jeito. Diferente. Chegamos a uma porta dupla de madeira entalhada em rosas e anjos. Chegava a ser irônico. Minha mão travou na maçaneta de ouro. Respira Nicco, pensei e entrei na sala.

Estava surpreendido por duas coisas. Primeira, a biblioteca era maior do que eu já tinha visto uma casa ter, maior que da mansão que eles tinham em New Falls, eu poderia supor que teria qualquer livro que eu estivesse disposto a procurar. A sala tinha aquele cheiro puído e de mofo que livros antigos tinham e que eu adorava. A segunda coisa foi a imagem de uma garota loura prateada me olhando com certa surpresa e desconfiança. Ela não usava mais a roupa preta, o que fazia um clima um pouco melhor. Usava uma camisa azul escura com um casaco branco, que parecia um blazer, por cima. Sua pele não parecia mais um papel, estava um pouco rosada. Sangue de outra pessoa corria por suas veias. Tentei não pensar nisso enquanto me encaminhava para sentar na mesa redonda a minha frente.

Conseguia reunir o máximo de calma que conseguia. Eu não podia surtar logo agora. Seus olhos agora estavam mais azuis do que violetas e isso me dava mais forças. Os olhos de minha Rebekah.

-Então, o que o senhor quer comigo? - Perguntou minha irmã com sua voz um pouco alterada. Parecia mais alegre, com mais vida.

- Eu... Eu quero saber como...como... - Você virou minha inimiga e esqueceu que somos irmãos! As palavras não saiam da minha garganta. Mesmo sozinhos, eu não conseguia pronunciar.

- Renasci?

- Sim... - Disse surpreso.

- Bem... eu ando meio confusa com as coisas imagens que aparecem na minha cabeça, mas isso eu posso contar... - Começou a tagarelar como antes. - Mas é uma história confusa e longa... Tem certeza?

- Tenho... - Eu segurei firme minha mão para não tremer.

'' Então, tudo começou com escuridão e dor. Meu corpo todo doía e um grito vinha de longe me chamando. Mas isso não durou por muito tempo. Eu tinha voltado ao vazio. Foi quando eu acordei. Eu estava em uma caixa e aquilo foi muito desesperador. Conseguia ouvir coisas mas não podia vê-las. Eu gritei, gritei bastante. Perdoe me se eu estiver te assustando....

' Então foi quando eu consegui colocar a mão para fora da caixa e caiu terra sobre mim. Caia muita terra e eu não sabia o que fazer. Tentei com outra mão e mais terra vinha, misturada com bichos. Mas eu não desisti, sentia uma atração e eu devia segui-la, devia sair dali. Cavei pela terra, descobri que não precisava respirar de verdade, além de não ficar cansada com facilidade.

' Consegui chegar até a luz da noite. Mas chovia tanto e minha garganta ardia mais ainda. Não sabia o que fazer, apenas deixei meus instintos me guiarem. Eu ouvia um coração pulsando e senti o cheiro. Não era um cheiro muito bom, mas o coração era o que me guiava. Acho que foi assim que eu cacei a primeira vez. Um cervo grande. Não tinha um gosto muito bom, porém era o que eu tinha ao meu dispor no momento. Só que o mais esquisito aconteceu.

' Homens com asas apareceram com laminas bastante afiadas e que quando me tocavam causavam a mesma queimação que eu tive na transformação. Mesmo chovendo eu conseguia ver cada detalhe deles. Os dois tinham peles claras e rosadas, feito bebês. Seus olhos eram grandes com as pupilas bastante dilatadas, fazendo parecer que suas íris eram apenas anéis finos. Cada um tinha uma cor diferente de olhos. Um era lilás e o outro verde oliva. Mas a cor não para somente nos olhos. Seus cabelos tinham uma coloração engraçada. O de olhos lilás tinha cabelos negros como a noite e seu amigo parecia ter uma coloração de rosa bem claro. Eram realmente bonitos. Seus corpos, mesmo cobertos por armaduras, pareciam fortes. Eles falavam em uma língua que eu não entendia, mas sabia que queriam que eu fosse na frente.

' Acabei chegando em um pequeno buraco em uma árvore. Foi quando um deles foi para a minha frente e pegou uma chave que mais parecia uma rosa e abriu uma fechadura que antes não estava ali. Era um portal, que me levou para um lugar diferente. Parecia que estávamos debaixo da terra. Ali seus aromas eram maravilhosos, minha garganta voltou a arder e meus dentes doeram. Eu podia sentir duas feridas no meu lábio inferior, eram as minhas presas.

'O homem com asas da frente me olhou de relance e aumentou os passos. Eu conseguiria supor que o que estava as minhas costas tinha a lança apontada para mim. Foi quando chegamos a uma porta com mais três guardas, que os meus sequestradores ficaram mais aliviados. A porta parecia ser feita de barro, mas quando aberta, tinha uma cortina de várias espécies de flores diferentes. Minha garganta ardia cada vez mais que aparecia um ser com asas.

' O guarda apontou para a entrada e falou algumas palavras para mim. Eu não entendia seu idioma, isso era frustrante. Quando passei pela cortina eu fiquei deslumbrada. Era imenso, parecia um outro lugar, não dava para perceber que era debaixo da terra. O chão era coberto de grama e flores silvestres. Tinha animais espalhados pelo jardim. Animais que eu tinha consciência que nunca tinha visto na minha existência. Além de várias outras criaturas pequenas com asas que passavam por mim e sussurravam coisas umas para as outras. Um grande lago que tinha mulheres metade peixe nadando por ele e uma cachoeira, onde algumas delas ficaram me observando curiosas. Eu avancei com uma velocidade mágica que não estava acostumada.

' Quando me deparei, estava de frente para um trono. Um trono com ramos, galhos, flores, retorcidos, mas maravilhosamente bonitos e no seu assento tinha a criatura mais elegante que já vira. Um mulher, de cabelos rosados, pele branca meio esverdeada e olhos bem grandes com íris esverdeadas. Sua boca era fina mas seus lábios eram avermelhados, como rosas. Seu aroma era de flores exóticas, me fazia ficar tonta. Sua roupa era legante, um vestido lilás que parecia ser feito de grandes pétalas de uma flor e tinha uma leveza tão sutil. Seus pés eram descalços mas eram adornado com mais flores. Suas asas eram as maiores que eu vira até aquele momento. Eram tão grades, lembrava a borboletas e era azuis com suas pontas negras.

- Bem vinda a meu reino, vampira. - Disse a mulher com a voz soprano aguda.

' Então era isso que eu sou, pensei naquele momento. Eu sou uma vampira. Bem, eu não sabia o que era uma vampira, e não sabia porque estava ali.

- Você foi acusada de tomar sangue do Grande Cervo Branco. Um animal sagrado e puro. - Seus movimentos eram graciosos e calmos. Seu rosto em formato de coração poderiam parece de uma criança. - Você, ser mancomunado com o diabo, infectou um dos raros Cervos meus. Isso é uma grande afronta que deve ser paga pela sua vida.

'Eu tinha acabado de acorda na terra, estava suja e com a garganta ardendo, e aquele ser estava agora falando que eu ia morrer. Meu dia estava indo de pior a horrível.

' Contudo, quando eu já estava aceitando meu fardo, foi quando a minha atração, a atração que tinha me tirado da terra passa pela cortina verde. Ele veio caminhando calmamente. Um ponto negro, elegante, em toda aquela natureza. Quando percebi, o homem já se encontrava do meu lado.

- Desculpe milady, mas não será possível essa ordem. - Falou a voz de veludo. Ele era tão lindo. Branco como a lua, cabelos negros e revoltosos com um ar de rebeldia. Seus olhos eram negros e seus cílios tão grandes e sua boca era bem desenhada. Ali estava o ser da minha existência. - Como o criador deste ser, eu sou total responsável pelas suas atitudes. - Ele era verdadeiramente seduzente e sabia disso.

- Octavian, não creio que fez essa loucura. O que seu pai iria dizer? - Disse a mulher com asas.

- Rainha das fadas, sabe como é, as vezes fico entediado e preciso fazer alguns joguinhos com os humanos. - Octavian parecia atrevido.

- Bem, mas as leis são severas, uma vida pela outra... - A rainha o olhava com cobiça.

- Elora, me desculpe ser rude, mas a lei se aplica quando a criatura está consciente dos seus atos. - Disse Octavian. - Essa pobre recém criada nem sabe o que são as leis. Essa punição não pode ser infligida a ela.

'Eu podia ver a rainha Elora, ficar ruborizada, talvez pelos encantos do meu criador ou por ele estar certo. Mas sua mente era perspicaz, ela sabia o que estava fazendo.

- Octavian, meu querido - começou a jogar seu charme. - Você pode leva-la, mas com uma condição. - Eu poderia supor qual era. Octavian apenas balançou a cabeça concordando e a fada esboçou um sorrido radiante. - Ótimo, meus guardas a levarão em segurança.

- Tenho sua palavra?

- Tem - Falou constrangida.

' Foi quando os homens fadas me levaram de volta para a floresta e fiquei lá sentada, de frente para o portal esperando. Eu podia escutar a vida noturna na floresta. Eu estava muito curiosa para ver o mundo, mas não podia. Quando o sol começava a nascer, saiu Octavian, desesperado. Me levou em seus braços para uma pequena caverna e me explicou tudo.

' Eu era uma vampira. Teria que beber sangue para a sede passar e eu poder viver. Era restrita a viver na noite a não ser por um amuleto feito pelas feiticeiras. Ele era meu senhor, até que me libertasse. Minha vida agora pertenceria a ele e eu teria que viver na França com sua guarda até o momento certo.

' Foi quando eu cheguei em um avião com o meu amuleto. Era um pequeno anel com uma pedra azul chamada lápis - lazúli. Aqui fui treinada e informada de tudo o que eu era.

Eu estava surpreso com a história. Minha cabeça girava. Mas eu precisava fazer a pergunta. Aquilo estava me torturando a cada segundo.

- Rebekah... - Comecei com minha voz tremida. - Você se lembra de mim?

- A verdade? - Perguntou curiosa. - Eu vejo você em algumas imagens, mas não sei como conectá-las. Quem é você...?

- Eu? Eu sou... Eu sou... Seu amigo...

- Isso parece... Bom! - Disse com sua voz delicada. Eu tinha perdido minha Rebekah, mas essa em minha frente parecia uma que eu gostaria de conhecer. - Bem... Eu preciso ir, Octavian está me chamando.

Fiquei ali enquanto ela saía. Apenas encarei as estantes de livros.Minha cabeça estava a mil anos dali. O que aquele maldito estava planejando? Eu sentia raiva, uma raiva muito grande. Aquela maldita biblioteca. Eu odeio isso tudo! Quando percebi, estava andando pelas estantes. Rebekah passou por coisas que eu nunca previa. Meu deus, ainda tinha a loucura da existência de fadas. Em minha floresta! Aquilo ficava mais louco a cada dia. Eu andei pelas fileis cada vez mais. Foi quando percebi que estava chorando. Quantas vezes eu já chorei essa semana? Eu to virando um chorão, ri com esse pensamento.

Senti algo estranho. Alívio. Sim, eu tinha minha irmã bem ali, e ela tinha lembranças de mim. Talvez com o tempo ela acabe recuperando a memória. Eu tinha minha irmã de volta! Aquilo me deixou mais feliz do que eu poderia imaginar.

Thomas apareceu do meu lado. Ele parecia confuso, bem não poderia culpa-lo. Tinha lagrimas nos olhos e um sorriso na boca. Ele daqui a pouco vai me internar em um hospício.

- Oi - disse por fim.

- Oi, você parece feliz! - Seu rosto se alegrou junto com o meu.

- Eu tenho uma irmã de novo. Vampira, mas minha irmã Thom! Eu to tão feliz! - Eu o abracei e o beijei.

Ele me levou para fora daquela biblioteca. Só que quando passei pela porta, eu senti uma coisa. Algo que me chamava ali mas eu não sabia o que era, então deixei Thomas me guiar pela casa.

Eu estava ansioso. A chuva continuava lá fora e eu tinha vontade de ligar para Miah a algum tempo. Mas fui interrompido no momento em que ia pedir para Thomas me emprestar seu telefone. O vampiro ficou imóvel, os olhos não pareciam enxergar a nossa frente e sim a algum lugar longe dali... Ou talvez perto.

Escutei um grito grutural em alguma parte daquela casa, e vi Lorenzo, acompanhado de Sarah e mais um outro vampiro que não sabia quem era, passar por um corredor a nossa frente. Outro grito e eu saltei. Algo estava acontecendo e eu queria ver o que era. Thomas entendeu meu olhar e fez uma negação com a cabeça, mas ele sabia que isso não ia me impedir. Soltei sua mão e comecei a seguir os outros vampiros.

Consegui, depois de algum tempo, seguir um deles. Ele parecia nervoso e andava muito rápido. Sentia Thomas atrás de mim, o garoto ia falar alguma coisa, só que olhei para ele com meu olhar de caçador e preferiu ficar em silêncio e me seguir.

Quando percebi, estávamos em uma grande sala. Baltasar na minha frente e outro vampiro ajoelhado no meio. Era ele que gritava e eu entendi o que era.

Era um julgamentoOi genteeee!!! Espero que estejam gostando do começo do nosso pequeno fim. As coisas vão começar a ficar interessantes a partir de agora! Não percam nenhum capitulo porque o tio porrada e bomba vai começar logo logo.

Bj Bj do V

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