Louco amor - metido a machão pegador 28

Um conto erótico de Lipe
Categoria: Homossexual
Contém 5211 palavras
Data: 16/12/2015 21:15:22
Última revisão: 16/12/2015 21:23:54

LOUCO AMOR – metido a machão pegador 28

Anteriormente:

– Caique! – disse uma garota aparecendo no nosso campo de visão, ela parecia nervosa.

– O que foi? – respondeu Caique se aproximando dela.

– Você tem visita – ela disse apontando para um local da sala com a cabeça. De onde eu estava (ainda próximo à porta) não dava pra ver quem era, porém Caique viu quem era assim que deu mais alguns passos na frente da amiga que me olhou preocupada.

Em um primeiro momento pensei que fosse Caio, mas ela estava muito nervosa e agora me olhando preocupada, tive certeza que não era ele, me aproximei pra ter uma visão completa, mas não foi preciso, a pessoa apareceu na frente de Caique.

Continuação:

– Junior...

Aquele era o Junior? O ex dele?

Confesso que fraquejei na hora, um sentimento incomodo me invadiu naquele momento, a única coisa que eu queria era sair dali o mais rápido possível, de preferencia com ele, Caique.

– O que você faz aqui? – Caique perguntou.

– Eu quero bater um lero contigo – respondeu Junior. A primeira vez que o ouvia falar, a voz era levemente grossa, compensava sua altura, com certeza ele não tinha menos de dois metros, usava camiseta e uma calça jeans skinny que destacavam seus braços, peito e pernas torneadas. Confesso que era muito bonito.

– A gente não tem mais nada pra conversar cara, tá ficando maluco?

– Você veio embora e a gente nem teve uma conversa que definisse tudo.

– Você se esqueceu de que já não tinha mais tempo nem pra dormir em casa? Quanto mais pra conversar.

– Eu sei que errei, mas quero concertar tudo. Estou com saudades de ti.

Suspirei de maneira imperceptível ao ouvir aquilo.

Caique riu de forma debochada antes de falar:

– Você realmente está maluco.

– Será que dá pra gente conversar em particular?

Laura (amiga de Caique) percebendo que a lavação de roupa surja iria acontecer bem ali na nossa frente decidiu intervir:

– Gente, por que vocês não vão para um dos quartos e conversam com calma?

Eles dois em um quarto? Sozinhos? Essa ideia não era boa, nem de longe.

– Não! – Caique disse de forma imediata ao mesmo tempo em que Junior soltava um “Ótimo”

– Ca, é melhor – Laura argumentou fazendo um sinal com a cabeça referente a mim. Ele me olhou e para minha tristeza assentiu ir conversar com aquele fdp e Junior nesse momento me olhou estranho como se perguntasse “quem é ele?”.

Caique não falou nada. Com a cara emburrada passou por ele e foi em direção a um corredor que possivelmente o levaria ao quarto, Junior por sua vez o seguiu.

Assim que os dois saíram, Laura soltou um suspiro enquanto meu incomodo por está ali naquela situação só aumentava.

– É... Acho que vou embora – digo me virando pra abri a porta, mas ela corre e me impede se pondo em minha frente como se sua vida dependesse que eu não saísse. Me assustou um pouco, só um pouco já que sua beleza não permitia tanto, ela era incrivelmente bonita, ruiva dos cabelos ondulados na altura do abdômen, olhos levemente esverdeados e um corpo de dá inveja.

Ela estendeu a mão pra me cumprimentar, ignorando por tanto o que eu havia falado:

– Laura, amiga de Caique.

– Sei quem você é. Sou Fagner, também amigo do Caique – digo apertando sua mão.

– Também sei quem você é – constata sorrindo – Ele também não para de falar como você é extraordinário, não tem como esquecer.

Coro de vergonha com aquele comentário. Ele realmente falava tanto assim de mim?

– Preciso ir, diz ao...

– Ah que isso Fagner, eu sempre quis te conhecer.

– É que tenho trabalho da escola, está muito atrasado – menti.

Possivelmente só Deus sabia o sufoco que eu estava passando dentro daquela casa, em meio aquela situação, não demoraria muito para que eu ficasse literalmente sem ar mesmo estando usando meu cilindro de oxigênio. A última vez que isso aconteceu foi na sala de aula quando briguei com Lucas...

O que isso significava? Eu estava gostando dele agora?

Em tão pouco tempo?

– Gosta do Caique né.

– Como amigo – respondo.

– Não é só como amigo, está visível na sua cara que quer fugir dessa situação.

– Eu preciso ir embora – digo já em desespero, minha mente trabalhava e meu coração batia rápido de mais para meu pulmão doente acompanhar, sentia ele dando o máximo de si pra continuar a distribuir o oxigênio pelo meu corpo.

Ela segurou nas minhas duas mãos.

– Calma Fagner, não há chances deles voltarem, confia em mim.

Eu estava passando vexame, com certeza ela estava vendo o mal estar estampado em meu rosto. Meu Deus como eu estava sendo patético.

– Respira fundo vai – aconselhou. Fechei os olhos e fiz o que ela mandou – Isso. Não deixe o psicológico controlar você.

A cada inspiração e expiração, sentia o alivio gradativamente se apoderar de mim fazendo com que meu coração desacelerasse e meu pulso voltasse a sua frequência normal – ou quase isso.

– É realmente péssimo não é? Não poder sentir medo demasiado, angustia demasiado, nervosismo demasiado e tantos outros sentimentos que acelerem muito o coração.

Abri os olhos naquele estante e a encontrei me olhando, de uma forma generosa.

– É a primeira vez que ouço alguém que não tem a doença falando como se tivesse. Ou você já teve?

Ela sorriu.

– Não, nunca tive. Sou enfermeira. Aprendi um pouco sobre o que você tem e passa.

– Atá – respondi baixando a cabeça. Ela realmente me surpreendeu falando aquilo.

– Vamos nós sentar, a gente conversa um pouco aqui enquanto eles conversam lá.

Coragem Fagner – penso.

– Ok.

Assim que sentamos engatamos em uma conversa, na verdade ela estava bem mais empenhada de que eu já que eu não parava de olhar em direção ao corredor, respondia tudo meio que de forma automática.

– Caique vai gostar de saber – ela disse.

Tirei os olhos do corredor e a olhei de volta – pela milésima vez naquela conversa.

– De quê – indaguei sem entender.

– Que estás com ciúmes dele – ela sorrir.

– Eu não estou com ciúmes!

Ou estou?

– Você não para de olhar para o corredor – comenta ainda sorrindo.

– Só estou preocupado com ele.

– Ele é um cara legal, solteiro e o melhor: gosta de você, não entendo porque você não admite está com ciúmes de ele.

– Por que amo outra pessoa... – digo de forma imediata e até um pouco rude, mas sinto que aquela palavra havia saído meio vazia, meio sem sentindo – porque amo outra pessoa – repito baixinho para ter certeza do que senti – Amo outra pessoa – volto a repetir só que dessa vez sorrindo. Ela me olha meio gozado, sem entende nada.

– Hãn?

– Eu não amo outra pessoa – digo sorrindo feito bobo. Agora sim ela achava que eu estava louco.

Ela sorri mesmo não entendendo nada.

– Ou você ama ou não ama. Espero que não ame – finaliza elevando as duas mãos e fazendo sinal de figa com os dedos.

– Não, não amo outra pessoa – digo convicto do que falava. Era tão bom fala aquilo, era como se cada vez que eu falasse, eu me libertasse um pouco mais daquele sentimento.

Ela iria falar mais alguma coisa, mas acabou se calando assim que viu Junior passando a nossa frente pisando fundo com cara de poucos amigos. Dirigiu-se a saída e bateu a porta com força ao passar – folgado – e então desapareceu de nosso campo de visão.

– Vamos lá – disse me levantando e indo em direção ao corredor assim que percebi que ele não tinha aparecido ainda. Não fazia a mínima ideia onde ficava o quarto, mas mesmo assim fui à frente dela.

– É o último – ela apontou por cima de meu ombro.

Cheguei na frente do quarto e a porta estava aberta, ele estava sentado na cama cabisbaixo, mas parecia não chorar, estava pensativo e possivelmente triste.

– Tudo bem? – pergunto me aproximando de onde ele estava.

Ele ergue o olhar cheio de lágrimas carregado em tristeza.

Não fala nada, apenas se levanta repentinamente e me abraça forte, retribuo segundos após. Eu já disse que não gosto de ver sofrer a quem eu gosto?

Dã, e quem gosta Fagner?

– Espero vocês lá fora – ouço Laura falar atrás de mim antes de ir.

Ficamos abraçados em silêncio por alguns poucos minutos depois que Laura se retirou. Estava com certo medo do que ele poderia me falar.

– O que ele queria? – pergunto assim que ele me solta.

Ele voltou a se sentar na cama e fez sinal para eu me sentar ao seu lado.

– Ele queria voltar – disse olhando pra baixo.

Meu coração voltou a disparar naquele momento.

– Voltar? – pergunto com a voz meio falha.

– É. Sabe, por um segundo pensei que voltar a vê-lo reacenderia o sentimento que eu já tive por ele um dia...

Nesse momento pra minha infelicidade ele faz uma pausa e parece pensar no que vai falar, pensa, pensa e pensa. Minha vontade foi de gritar pra ele continuar a falar, para que eu pudesse tirar aquele peso esmagador de meu coração ou então esmaga-lo de uma vez. Porém esperei pacientemente os incontáveis segundos – sufocantes – para que ele continuasse.

Ele olhou nos meus olhos:

– ... Mas não foi bem o que aconteceu. A única coisa que senti, ou continuei sentindo foi magoa, magoa por tudo que ele me fez.

Agora sim eu podia soltar a respiração que mesmo sem perceber prendia desde sua pequena pausa para continuar a história. O alivio voltou a tomar conta de meu corpo.

– Parece que você gostou – falando estampando um sorriso amarelo mesmo estando visivelmente triste.

– Tive medo de vocês voltarem – confesso sem pensar previamente o que iria falar. O melhor foi que não me arrependi dessas palavras impensadas, porém, verdadeiras.

Ele deixou a tristeza de lado e então deu seu melhor sorriso. Aquele que faz qualquer um se apaixonar.

– Em dado momento enquanto eu e ele conversávamos eu disse uma coisa que até agora não saiu da minha cabeça.

– O que foi? – pergunto.

– Eu disse a ele que... Que te amava. E não foi apenas da boca pra fora, eu não quero te assustar, mas eu-te-amo Fagner.

Ele não me assustou, porém me deixou sem palavras em meio a tantos sentimentos que se formavam em meu peito, nervosismo, ansiedade, receio e alegria, muita alegria. Puxa vida, era o primeiro “Eu te amo” que eu ouvia na vida – tirando é claro meus pais – e eu não sabia o que fazer. Era certo que eu não mais amava o Lucas, mas também não sabia o que sentia por ele, se apenas um “Eu gosto de você”, “Estou apaixonado por você” ou algo maior como um “Eu te amo”. Palavras quando ditas impensadamente causam estragos e não queria ser esse estrago na vida dele, era certo que eu sentia algo forte por ele, tudo que senti mais cedo provava isso, mas ainda sim precisava de tempo pra definir em um nome o que sentia.

Ele me olhava esperando alguma reação. Mas eu não sabia o que fazer.

Anda Fagner, faz algo – gritava minha mente.

– Tudo bem, não...

Antes que falasse mais alguma coisa o calo com um beijo. Sem hesitar sequer um minuto ele abre a boca dando passagem assim a minha língua que encontrou a dele em uma briga gostosa enquanto nossos lábios se mexiam de um lado a outro e sua mão encontrava minha nuca. Era certo que aquele não era nosso primeiro beijo, mas com certeza estava à altura de um. Foi carregado de um sentimento mutuo muito bom. Em anos não me sentia tão vivo.

– Fiquei com muito ciúme de você e o Junior, tanto que quase fiquei sem ar lá fora – confessei com os olhos fechados. Testa com testa.

– Sem ar? – perguntou sem entender.

– Quando fico em um misto de sentimentos, meu coração acelera muito e o meu pulmão não consegue acompanhar o ritmo, então fico sem folego.

– Está tudo bem? – ele pergunta afastando a cabeça da minha para me olhar por completo – precisa ir ao hospital? Eu te levo...

E novamente o calo com um beijo.

Isso era bom, deveria fazer mais vezes.

– Estou bem, sua amiga me ajudou.

Ele sorriu.

– Ficou com ciúme de mim?

– Fiquei – falei meio envergonhado – sei que você está esperando eu dizer o que sinto por você...

– Não precisa, é sério. Sei que precisa de um tempo.

– Acho que as palavras devem ser pensadas antes de ser ditas. Sinto algo muito forte por ti, mas não sei o que é ou sei... sei lá – sorrio da minha enrolação – a verdade é que eu quero ter certeza absoluta do que estou sentindo.

– Eu entendo, tem todo tempo do mundo. Quero que saiba que quando eu disse que te amava ao Junior foi por impulso, mas não algo impensado. Analiso e estudo esse sentimento desde o dia em que nós conhecemos lá no shopping.

– Huuum – digo sorrindo. Ele também sorri e me beija.

Narrado por Lucas:

Olhei totalmente atordoado pra ela que mesmo com o empurrão que dei, se mentia em pé com uma faca de mesa na mão apontada pra mim. O que me deu mais medo foi sua feição, era como se estivesse possuída... Ou louca.

– Larga essa faca e vamos conversar, sei que você não quer fazer isso – digo.

– É aí que você se engana, quero muito fazer isso, eu te odeio – disse com um olhar de pura fúria.

O pior era que eu não via traços em seu olhar de que estivesse blefando.

– E então passar boa parte da vida na cadeia e então ter que se desapegar de seu filho logo nas suas primeiras semanas de vida?

Vi sua feição fraquejar naquele momento. Percebi que essa era a deixa, então continuei:

– Matar seus pais de desgosto e ter que conviver com eterno desprezo da pessoa que você diz amar? A dor que você vai sentir não vai compensar o prazer que vai sentir ao me matar.

– Você destruiu minha vida – disse voltando a chorar, porém ainda mantinha a faca apontada pra mim. Era primeira vez que vi em seu olhar que não mais faria nada, então dei alguns passos a frente enquanto falava:

– Eu sei, eu sou o culpado de tudo que está acontecendo, eu entendo que esteja com raiva de mim, muita raiva na verdade – agora só mais alguns passos.

– Eu também te entendo – disse voltando a chorar.

Eu parei imediatamente com o que ela falou. Como assim ela me entendia?

Com as costas da mão em que segurava a faca ela limpou as lágrimas. Baixando assim a guarda, porém nem aproveitei pra desarma-la, pois estava muito ocupado em tentar entender o que ela acabara de dizer.

– Você consegue me entender? – perguntei.

– Claro! – exclama antes de se sentar no sofá que estava logo atrás de si. Ela deixa a faca cair no chão – Ele é Caio, é apaixonante e envolvente. Qualquer uma ou qualquer um se apaixonaria por ele, só não sabia que ele pudesse se apaixonar em uma dessas aventuras e ainda mais pelo meu melhor amigo.

Me sento sorrateiramente perto dela e então ouso entrelaçar meus dedos nos seus. Ela olha pra mim e me passa um sorriso afetado. Retribuo.

– Nada justifica o que eu fiz...

– É passado. Eu também tenho culpa em ter dado tanta liberdade a ele. Confiei demais no meu taco. Me desculpa por esse showzinho... Eu... Eu não sou assim – disse baixando a cabeça e então tapando o rosto com a mão.

Ainda achava essa mudança repentina de humor muito estranha, mas mesmo assim decidi ser solidário. Era o mínimo que eu poderia fazer a ela.

– Eu mereci. Não precisa se culpar.

– Ninguém merece morrer – ela sorri.

– Há controvérsias – digo também sorrindo.

Há um silêncio meio longo. É agonizante cada milissegundo que passa sem nenhum de nós falar nada, mas não sei o que dizer.

– Como está o bebê? – pergunto por fim olhando sua barriga.

– Está bem – disse ela passando a mão na barriga – fiz o pré-natal há alguns dias, se é o que vai me perguntar.

– Mas como assim Teresa? Você sabe que Caio queria acompanhar.

Ela não responde nada, apenas baixa a cabeça. Decido não a pressionar nesse assunto, não por enquanto.

– Onde você estava esse tempo todo?

– Acho melhor você dá um jeito nesse braço antes – diz ignorando minha pergunta.

– Droga! – digo ao perceber que ainda sangrava, e o pior: estava manchando todo o sofá. Como tinha parado de arder tão rápido? Como eu havia esquecido?

– Eu já volto, não sai da aí. – digo subindo as escadas – É rápido – grito ao dobrar o corredor.

Depois de limpo, deu pra perceber que o corte tinha sido médio, nada que um bom curativo não resolvesse. Por fim passei um pouco de água no rosto para ver se minhas expressões se suavizavam. Era evidente que eu estava tenso, muito tenso com aquela situação, ela havia mudado de humor tão rápido e ainda havia me pedido desculpas. Era de se estranhar. Não quero duvidar dela, mas também não quero acreditar cegamente no que ela me falasse.

Saí do banheiro e voltei pra sala, mas quando estava descendo a escada, não a vi no sofá, por impulso corri até a porta e a abri, olhei de um lado a outro da rua, mas não a vi, tornei a entrar e então a chamei pelo seu nome, mas não obtive resposta, fui até a cozinha e nenhum sinal dela. O que ela estava aprontando? Outra mudança repentina de humor?

Voltei a sair só que dessa vez fui um pouco mais longe, fui até a esquina do lado direito da minha casa: nada dela. Fiz o caminho contrário até a outra esquina, nenhum sinal, havia desaparecido mais rápido que fumaça.

Ao desistir de procurar, voltei caminhando sem animo algum pela calçada até avistar uma pessoa vindo do outro lado, meu coração acelerou mesmo estante. Nada menos e nada mais que Caio. Ele usava um calção de praia, estava sem blusa, à mesma no alto do seu ombro, seus músculos morenos estavam banhados em suor e seu jeito de andar, bem largadão e másculo, sempre foi algo que me deixava com um puta tesão.

Apressei os passos para que eu pudesse entrar em casa sem ter que passar por ele, mas era tarde demais, ele acabara de passar na frente do portão de minha casa.

Ele enquanto andava me olhava com um olhar meio enigmático. Eu por minha vez evitava encara-lo o máximo possível.

– Oi – eu disse primeiro. Mas esse “oi” foi como se eu falasse pra um conhecido qualquer que depois que retruca com outro “oi” vai embora sem ao menos olhar pra trás.

– Oi – respondeu e passou por mim.

Como assim? Pensei que ao menos ele fosse puxar assunto, mas ao invés, ele acabou seguindo o meu roteiro. Meu coração deu uma apertada naquele momento, engoli em seco aquela atitude.

– Caio – chamei no impulso. Eu sei que iria me arrepender se o tratasse apenas como um conhecido. Ele representava pra mim algo bem mais que isso.

Ele se virou no mesmo estante e tentou esconder um sorrisinho que se formava no rosto.

Nós aproximamos.

– Como foi o jogo?

– Foi legal, nossa sala está na semifinal – disse abrindo um sorriso.

– Fez muito gol? – pergunto sorrindo.

– O que você achar – disse se achando o tal.

– Convencido – digo rindo mas logo volto a ficar sério – desculpa não ter acompanhado.

– Eu não entendo... Não é querendo ser convencido, mas... sei que você gosta de mim e eu gosto de você, porque a gente não volta?

– Não é tão fácil. Só mais um tempo – argumento lutando pela milésima vez com a vontade de agarra-lo ali mesmo – Quando você me beijou hoje mais cedo, o único pensamento que veio em minha cabeça foi a imaginação de você a correspondendo naquele beijo. Tenho medo que isso aconteça de novo. Por isso tenho que ter certeza.

Ele suspirou fundo e disse:

– Tudo bem, eu espero.

– Obrigado – sorri.

Meu Deus por favor resolve essa bagunça dentro de mim – implorei mentalmente.

Ele ia se virar pra ir embora quando me lembrei do acontecimento intitulado “Teresa” esquecido no meu subconsciente desde o momento em que o vi. Acho que ele deveria saber.

– Vi Teresa agora há pouco.

– Onde? – perguntou meio surpreso.

– Ela esteve aqui em casa, tentou me matar e depois me perdoou – digo como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

– Hãn? tentou te matar?

Mostrei-lhe o braço cortado – Foi o que ela conseguiu fazer. Acho que ela não está nas sua perfeitas condições mentais pois acabou mudando muito rápido de humor e me perdoou.

– Cadê ela? Está na sua casa? – disse já indo em direção ao portão da minha casa, o segurei pelo braço.

– Ela foi embora, no momento em que eu fui limpar o ferimento ela saiu.

– Droga! – vociferou com raiva.

– Essa preocupação é com seu filho ou com ela – pergunto.

– Claro que é com ele, como ele está cara?

– Parecia está bem, ela disse que já fez o pré-natal e não acusou nada de errado.

– Ela fez sem mim? – perguntou indignado.

– Eu disse a ela que você iria gostar quando soubesse.

– Eu vou matar ela – disse com raiva – Está tudo bem contigo? – perguntou praticamente me revistando – Só foi esse corte mesmo?

– Foi Caio, eu estou bem não precisa se preocupar.

– Está sozinho em casa?

– Estou.

– Quer que eu fique com você até seu pai chegar? Para caso ela volte e der uma de louca?

– Não precisa, eu sei me defender – digo sem intenção alguma de parecer grosso ou ingrato a preocupação (fofa) dele. Mas eu já tinha dito e meio que não quis concertar.

– Tudo bem. Eu vou indo – disse se virando visivelmente chateado.

– Você não acha melhor contar aos pais dela que ela está gravida?

– Depois eu vejo isso – disse sem parar de andar.

Orgulho. Orgulho foi o que me impediu de concertar o que disse.

Suspirei o vendo se afastar e então entrei em casa. Me joguei na cama e dormi praticamente toda tarde.

Acordei por volta das 18 horas pensando que tudo que havia vivido naquela tarde, não tinha passado de um simples sonho, até ver o corte em meu braço, prova concreta que aquilo havia acontecido.

Loucura. Essa palavra resumia bem.

Agora com a cabeça mais séria, pensei no que aconteceu e...

Eu tinha acabado de sofrer uma tentativa de homicídio e incrivelmente estava bem e vivo. Um calor mórbido transpassou todo meu corpo naquele momento. Aquilo de alguma forma pareceu bem mais sério agora.

Senti meu celular vibrar em baixo de mim. Como é que ele foi parar ali?

Sem resposta pra essa pergunta o peguei e vi que tinha duas mensagens, uma de meu pai de duas horas atrás em que dizia que iria chegar mais tarde hoje, por volta das 22 horas e a outra mensagem era de poucos minutos atrás, era de Fagner, nela dizia que ele e Caique estavam na frente de minha casa, respondi que já estava indo, corri pra jogar um pouco de água no rosto e então desci.

– Estava dormindo dorminhoco? – brincou Caique percebendo meu rosto levemente inchado enquanto eu abria o portão.

– Hoje foi o dia mais empolgante da minha vida – comento ao entrarem.

E claro eles indagaram o porquê daquele comentário. Sentados no sofá contei toda a história.

– Nossa, estás bem? – perguntou Fagner.

– Estou sim, só foi um susto.

– Que menina louca cara – comentou Caique – já falasse para o Caio isso?

– Sim, quando a fui procurar, o avistei vindo do inter-classe.

– Hum, ele está muito mal cara, sei que ele vacilou contigo mas era verdade quando ele disse que iria te contar. Ele te ama.

Iria argumentar, mas Fagner saiu em minha frente.

– Agente sabe disso Caique, o que Lucas está fazendo é só dá um gelo nele pra que ele pense duas vezes antes de pensar em fazer isso de novo.

Caique sorriu.

– Ah, então é isso. Pode dá certo.

– Daria se o Lucas não fosse tão mole.

– Ei, eu não sou mole – digo sorrindo.

– Nossa, fique com medo de ti agora – disse Caique olhando pra Fagner rindo.

– É só andar nos trilhos – retrucou Fagner rindo.

O que estava acontecendo ali produção?

– Vocês estão namorando? – perguntei animado.

– Ainda não, por enquanto só nós conhecendo melhores – disse Caique sorrindo, hora pra mim, hora pra Fagner.

Ele realmente estava apaixonado, era visível no olhar dele.

Ficamos lá jogando conversa fora até eu ter a brilhante ideia de preparamos algo para nós jantarmos, era uma maneira de prender eles um pouco naquela minha noite solitária e carente. Séria uma maneira de não sofrer uma tentação de ligar para Caio. De acordo com Fagner estava sendo mole com ele e infelizmente ele tinha razão, precisava ser um pouco mais duro. Não sei como iria conseguir ser mais frio do que já estava sendo com ele.

Como já estava tarde e estávamos com fome, pesquisei no google alguns pratos rápidos, fáceis e gostosos de se fazer. Apareceu muita coisa, ficou até difícil de escolher. No final acabei optando por um prato chamado: regú de carne seca. Tinha uma cara boa pela foto e o preparo era uns dos mais rápidos.

– Está ansioso Caique pra amanhã – perguntei assim que nós sentamos a mesa. Me referia ao reencontro com os seus pais.

– Muito, nem sei se você conseguir dormir hoje – disse com os cotovelos na mesa, esfregando as mãos uma na outra em sinal de nervosismo – Meu irmão te chamou pra ir também?

– Chamou, mas não sei se vou...

– Hum, faz parte do gelo né?

– Acho que sim. Você vai ficar chateado se eu não for?

– Não, fica tranquilo, eu te entendo. Mas te peço que pense melhor.

– Vou pensar, não se preocupe. Vocês vão no carro de Caio?

– Sim.

– Não. – disseram Caique e Fagner juntos.

– Porque não? – perguntou Caique se virando de lado na cadeira para encara-lo.

Temi ele falar do que havia rolado mais cedo na escola e então estremecer a amizade deles.

– Ah Caique eu não me dou bem com ele, a gente só vive em pé de guerra, ele é meio paranoico – se virou pra mim – sem ofensas Lucas – e então voltou a falar com Caique – pensei que fossemos em sua moto.

– Ah, mas é porque Laura também queria ir e moto não cabe três. A lendo mais a viagem é longa – argumentou Caique.

Fagner suspirou.

– Porque não manda Laura com Caio e vai com Fagner na moto?

– Mas eles dois tem que se entenderem Lucas – argumentou Caique.

– Deixe comigo, eu vou fazer eles se tornarem melhores amigos, só faça o que eu disse – digo sorrindo e piscando pra Caique.

– Essa eu pago pra ver – comenta Caique rindo.

– Impossível. Vocês vão perder tempo – disse Fagner sorrindo.

Era bom estar entre amigos, ainda mais quando você está prestes a ruir. Depois do jantar conversamos mais um pouco e então eles tiveram que ir embora. Com um abraço se despediram. Fechei a porta e então olhei o relógio na parede, marcava 21 horas, a casa ainda ficaria em silêncio durante uma hora até meu pai chegar. Como estava sem sono decidi espera-lo deitado no sofá, enrolado em lençóis assistindo um bom filme cujo nome não me lembro pois não prestei muita atenção. Era difícil estar sozinho e não se pensar bobagens. Tudo que pensei vocês já sabem. Caio, Teresa, beijo, confiança e saudades eram as palavras chave para decifrar os meus pensamentos.

– Está tudo bem filho.

Sem prestar atenção que meu pai tinha chegado, tomei um susto ao ouvir sua voz ao meu lado, quase caí do sofá.

Ele por sua vez riu de mim.

– Que susto pai – disse com a mão na testa, respirando fundo pra poder acalmar meu coração – Nem te vi chegar.

– Também estava ai no mundo da lua. Parecia que estava dormindo de olhos abertos. Está tudo bem?

Me sentei no sofá, dando espaço para que ele sentasse e falei:

– É a minha situação com o Caio pai.

– Ainda está na mesma?

– Mais ou menos. Recebi um concelho de dá um gelo nele, mas está sendo muito difícil pai.

– Sei como é. Ainda acha que ele não te ama?

– Acho que ele me ama, mas é confuso, porque mesmo assim ele não hesitou em beija-la – digo.

– Ele é uma boa pessoa filho. Ele cometeu um erro, todos nós cometemos erros, sei que ele te traiu, mas sei que ele verdadeiramente te ama e que talvez só precise de outra chance.

– Como tem tanta certeza?

– Naquele dia que ele veio aqui e falou umas poucas e boa para sua mãe...

– Como assim? Que dia?

– Você não sabe? – perguntou meio espantado.

– Não – respondi sem entender nada.

– Então ele não te falou.

– O que pai? Fala logo, o que ele fez?

– No dia em que sua mãe disse aquelas coisas horríveis a você. Ele veio aqui e te defendeu, te defendeu como eu nunca te defendi na vida. Até acho que foi por causa dele, que ela repensou no que fez e decidiu tomar um ar. Ele te ama filho.

Eu não consegui segurar as lágrimas com aquilo que acabara de ouvir. Eu não sabia daquilo, que ele havia confrontado minha mãe, me defendido. Foi naquele momento que percebi que estava sendo injusto com ele, que ele tinha errado, mas eu também errei lá no começo, eu não sou melhor que ele.

Como se aquilo fosse o empurrãozinho que faltava para eu quebrar meu orgulho e me jogar nos braços dele me levantei abruptamente do sofá e olhei a hora.

22h24min

– Eu preciso ver ele pai – digo.

– Está tarde, deixa pra amanhã – argumentou se levantando.

– Eu preciso fazer isso agora – digo o olhando.

– Então vai filho, vai atrás da sua felicidade – disse beijando minha testa.

– Obrigado pai – digo num misto de alegria, medo, saudade e ansiedade, muita ansiedade.

De repente aqueles poucos minutos de caminhada até o apartamento dele se tornou horas.

Parado em frente à porta dele meu coração zabumbava em meu peito, respiração ofegante e o medo crescente de que mesmo assim eu não consiga perdoa-lo.

Toquei a companhia uma, duas, três vezes até a porta se abri a minha frente, usava uma camiseta e calção de pano fino. Ele sorriu e não me aguentei. Colei meu corpo no corpo moreno dele e o beijei, ele retribuiu sem hesitar sequer por um minuto.

Nada de imaginação macabra, nada de raiva e nada de desconfiança estragou aquele momento. Como eu conseguir ficar sem aquilo por tanto tempo?

CONTINUA...

Para a alegria de alguns, finalmente as coisas estão se encaminhado para o Fagner e para o Lucas, com essa reconciliação ai que já estava na hora né? Rsrs.

Bem, queria agradecer a todos vocês, sério mesmo, amo ler os comentários que vocês me deixam, apesar de não te muito tempo hoje pra responder a cada um sem deixar esse capítulo pra amanhã – pois sei como é chato esperar – levo todos em consideração. No capítulo 27 comemorei aqui com vocês pois tinha batido recorde em votos no episodio 26, 20 votos ao total, coisa que aumentou pra 22 – seria 24 se algumas pessoa não esquecessem de votar kkk então não esqueçam kkk – mas bem, fiquei mega feliz com isso, e hoje venho comemorar que no episodio anterior, o 27, mantemos os votos na faixa dos 20 além de por dois dias seguidos, a leitura ficar a cima de 200. Quase dancei a macarena aqui kkk. Amo vocês :)

E ah, próximo episodio talvez seja o último ou penúltimo dessa temporada. Então até lá.

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Comentários

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Capitulo massa. Já era tempo esses dois se reconciliarem. Espero que agora o Caio aprenda a lição. Tão fofo o Caíque e o Fagner e a Teresa apareça e coloca a cabeça no lugar. Abraços!

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Aguardo, ansioso, a continuação. Um abraço carinhoso,

Plutão

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sua nota e 10000000000.....mil ja sabe ne kkkk, adoro demais seus contos, to sem tempo pra comentar, por favor nao páre continue ok, beijos..

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Cap sensacional , kkkkk tudo perfeitamente se encaixando, amando ver os casais juntinhos kkkkk tirando a louca da teresa neh credo ta doidinha coitada,,,,ate o proximo cap bjs

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Ñ nossa já ta acabando? :( vo sentir sdds.Continua *-*

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Dance a Makarena meu amigo kkkkkkkkkkk ilario isso. . . esta otimo seu conto muito bom.

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Perfeição em palavras... Ansioso pelo próximo 👌👏👌👏

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