Estradas Paralelas Parte III

Um conto erótico de J Marcos
Categoria: Homossexual
Contém 1778 palavras
Data: 08/12/2015 20:23:43
Última revisão: 08/12/2015 20:27:17

A pancada forte e rápida da porta ainda soava em meus ouvidos enquanto lágrimas quentes e salgadas deslizavam pelo meu rosto fazendo com que a dor da perda penetrasse cada vez mais fundo em meu coração.

O passado insistiu tanto em voltar que comecei a lembrar daquele dia em que o vi pela primeira vez...

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Havia acabado de estacionar meu carro em minha vaga privativa da garagem no prédio em que morava ha pouquíssimo tempo quando vi passarem por mim alguns carregadores com pesados móveis e caixas de papelão lacradas.

Me dirigi ao elevador social e dei de cara com um rosto familiar...

_ Bom dia Dr, Ciro. Falou a moça que sorriu ao ver minha cara de espanto.

_ Manoela? Que surpresa. Você veio visitar alguém aqui no prédio.

_ Não Dr. Ciro, estou indo embora do prédio. Essa mudança que estão carregando é a minha. Infelizmente o proprietário pediu o imóvel de volta e o prazo pra entrega termina na próxima sexta-feira. Graças a Deus que meu irmão Rodrigo conseguiu um lugar bem legal pra gente morar depois que chegou das férias e já estamos indo pra lá.

_ Então só posso desejar o melhor a você e seu irmão na nova casa. E mesmo nunca tendo visto vocês por aqui sinto muito que estejam de partida.

Ela ia voltar a falar quando a porta do elevador social voltou a abrir na garagem e de lá saiu um garoto que me fez prender por instantes o ar nos pulmões.

Ele era um pouco mais baixo que eu, algo em torno de 1.77 m, seu corpo era todo proporcional, seus músculos nada tinham de exagerados, sua pele era muito branca, todos os seus pelos eram vermelhos e mesmo com o corte máquina um que ostentava na cabeça ele tinha um rosto angelical e sereno. As pintas espalhadas pelos ombros e peitoral foram o que mais me chamaram a atenção. Seu olhar era firme e penetrante, o tom verde escuro das iris me fascinaram e quando ele falou sua voz fez com que meu coração acelerasse sem que eu pudesse controlar minha pulsação...

_ Ta tudo fechado la em cima, mana. E só depois olhou pra mim e já emendou... _ Desculpa, bom dia.

_ Dr. Ciro, o senhor acaba de conhecer meu irmão, Digo. Ela então falou olhando no rosto do irmão, esse é um dos Médicos mais conceituados da clínica em que eu trabalho.

Ele automaticamente alargou o sorriso de dentes retos, brancos e perfeitos e disse sem tirar os olhos dos meus:

_ Tudo bem com o Senhor? Me chamo Rodrigo... Digo só para os íntimos. E apertou com certa firmeza minha mão que estava estendida.

O toque de sua pele na minha por mais que tenha sido breve causou um certo tremor em meu corpo.

_ Espero que possa ser um dos seus íntimos pra poder chamá-lo de Digo. E mesmo sem querer tive que soltar sua mão.

_ Então Dr. Ciro, voltou a falar Manoela, já estamos indo. Uma pena não termos nos encontrado antes enquanto ainda morava aqui no prédio.

_ Eu mesmo Manoela só cheguei aqui há pouco mais de quinze dias. Lamento não termos tempos pra ficar mais amigos ainda.

_ Isso não será problema, Dr. Ciro... Minha irmã trabalha onde o Senhor também trabalha e eu trabalho na Agência Bancária em que vocês possuem suas contas, então fica fácil da gente se ver...

_ Que bom saber disso, falei no automático, só assim já sei a quem recorrer quando precisar de um empréstimo.

_ Sou um simples escriturário no setor contábil, mas garanto que um dia chego a gerência.

_ Então que isso ocorra logo pois tenho quase certeza que terei que pedir um empréstimo... E outra Digo, me chama de Ciro... Você também Manoela, lá na Clínica pode até ter essa formalidade, mas aqui fora tá liberado.

_ Se o senhor tá dizendo.

_ Que Senhor? Você esta vendo algum velho por aqui? Rimos os três e um dos funcionários da empresa de mudanças veio chamá-la e nos despedimos.

Eles então foram em direção a saída e no mesmo instante que olhei pra trás, Rodrigo me olhava intensamente e sorriu um riso que me fez querer correr até onde ele estava e não deixá-lo ir embora de jeito nenhum.

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Fui tirado dos meus devaneios com o toque do meu celular...

_ Ciro? Rafael...

_ Já estou de saída, amigo.

_ Que bom saber disso, cara. Olha só se eu não te ver chegar pode ir ter com meu avô sem problema nenhum pois já estou de saída pra fazer a ronda pelo Clínica.

_ Tudo bem. Fica tranquilo que já já chego por aí.

Praticamente voei em direção ao quarto e após me vestir rapidamente peguei as chaves de casa e do carro e saí sem saber que horas voltaria pois provavelmente só voltaria no dia seguinte devido o plantão que voltaria a ser meu.

Dirigi com certa pressa pelas ruas e avenidas quase desertas da cidade devido o horário sem tráfego nenhum e entrei no estacionamento da Clínica vinte e cinco minutos após ter saído de casa. Deixei minhas coisas no consultório, vesti o jaleco que sempre deixava no cabide atrás da porta do banheiro privado e fui até onde o dono e fundador da Clínica, Dr. Alberto de Moura Ferraz se encontrava.

O apartamento estava na penumbra e ele olhava fixamente o teto. Quando as luzes foram acesas por mim ele então esboçou um sorriso como se tivesse me reconhecido.

_ Boa noite, Dr. Ciro. Falou com sua voz firme apesar da idade.

_ Boa noite Dr. Alberto. Como o Senhor esta se sentindo? E fui até sua cama para poder acomodar melhor os travesseiros.

_ Bem cansado. E sorriu pra mim.

_ Seu neto me falou que o Senhor...

_ Eu sei o que ele pediu Ciro. Eu o mandei chamar você. E temo não ter tempo pra lhe contar o todo dessa situação. O mais simples seria dizer que Eu nada tenho e nunca tive nada de anormal organicamente falando. Eu sou um homem velho e lucido... Eles querem que eu saia de cena de uma maneira humilhante e totalmente derrotado.

A firmeza da sua voz me fez ficar em alerta. Ele não demonstrava nenhum tipo de emoção. Aquele homem que estava na minha frente em nada lembrava um paciente psiquiátrico. E devo dizer que isso me deixou espantado... Pra dizer o mínimo.

_ Dr. Alberto eu não estou entendendo. O Senhor...

_ Eu não sou louco e nunca estive depressivo como algumas pessoas da minha família e desse maldito Conselho aqui da Clínica querem alardear aos quatro cantos do mundo. Eu não confio em nenhum deles. Eu tô assustado com o que esta acontecendo aqui e no seio de minha própria família.É sórdido demais, é nojento demais... E sabe o que é pior, Ciro/ Eu junto com minha esposa, ajudei a colocar no mundo um punhado de víboras.

Quando ele terminou de falar a porta abriu e Rafael entrou. Automaticamente o Dr. Alberto voltou a ficar apático e seu olhar fixou na parede em frente a cama em que ele estava.

" ESSE CARA DARIA UM EXCELENTE ATOR "... Foi tudo o que pensei numa fração de segundos.

_ Dr. Rafael como foi a ronda?

_ Graças a Deus tudo normal, Ciro.

Ele assim como eu voltamos nossas visões até o leito em que seu avô estava e uma pergunta foi dirigida a mim:

_ Ele falou alguma coisa com você, Ciro?

_ Na verdade não, Rafael. Faz pouco tempo que cheguei e assim que subi vim direto pra cá. Seu Avô estava como esta agora olhando fixamente a parede e parece nem ter me ouvido falar com ele.

Rafael o olhou e voltou a falar comigo...

_ Ele me pediu para chamá-lo pois precisava falar com voc~e e de repente ficou assim. Só posso crer que ele esta mais perdido ainda.

_ Calma Rafael. Como você mesmo me disse - EU FALAVA MAIS PARA O DR. ALBERTO DO QUE PRO SEU NETO - o chefe da psiquiatria nos deu trinta dias de prazo para que pudéssemos reverter essa situação e se você não se importar eu gostaria de começar imediatamente a por em pratica meus métodos para que no prazo final tenhamos uma melhora considerável ou mesmo fazer com que o Dr. Alberto tenha o controle total de sua vida novamente.

_ É isso que admiro em você, Ciro. Você é um homem que apesar de ter esperança e fé é um verdadeiro humanista. Que assim seja. Você terá seu mês de prazo e quem sabe as coisas não venham a mudar por aqui e tudo isso que meu avô criou ainda fique intacto por mais alguns anos.

_ Obrigado Rafael. Farei até o impossível para que ele continue bem e entre nós.

Voltamos a ficar sozinhos por pouco tempo pois Manoela entrou no quarto trazendo a medicação prescrita pelo chefe da psiquiatria. Com a voz bem impessoal ela disse:

_ Tenho que dar a medicação ao paciente em questão. Se o Senhor não se importar...

_ Pode sair, eu mesmo darei a medicação ao paciente.

_ Tenho ordens expressas para que eu mesma...

_ Você me ouviu bem enfermeira? Eu mesmo cuidarei da medicação. Agora queira sair.

Em nenhum momento ela me olhou, apenas girou nos calcanhares e saiu. A porta só não bateu por conta do dispositivo que impedia que isso acontecesse.

_ Obrigado, Ciro. Falou o Dr. Alberto. Se você puder sentar, nossa conversa será bem longa.

_ Se depender de mim, o Senhor já pode começar a me dizer o que quiser.

E ele falou por quase três horas seguidas. E o que ele havia descoberto me deixou muito, mais muito preocupado fazendo com que eu começasse a temer pela sua vida.

Quando saí do quarto do Dr. Alberto me dirigi ao meu consultório já com um plano totalmente de ação traçado e com toda a equipe que me ajudaria a partir do dia seguinte, que na verdade já começara desde o momento em que voltara a Clínica, a pô-lo em prática.

O dia amanhecia quando sou despertado por uma voz totalmente alterada dentro do meu consultório...

_ O QUE DIABOS VOCÊ FEZ COM MEU IRMÃO, SEU VIADO NOJENTO? E a enfermeira Manoela partiu pra cima de mim sem nenhum vestígio de respeito ou medo...

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O meu sincero agradecimento a todos os amigos que acompanham essa trama e aproveito para dizer que fiquei feliz e surpreso pela quantidade e e-mails que já recebi. Abraços a cada um de vocês e em especial...HELLO, ONIXY, KZIN, RU/RUANITO, ANITAOFICIAL.

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