Histórias da Minha Vida - Parte 182

Um conto erótico de Phabiano
Categoria: Homossexual
Contém 1272 palavras
Data: 24/11/2015 01:01:20

A primeira impressão é sempre a que fica, mas as vezes ela nos engana e só descobrimos depois que a merda já foi feita.

O Gabriel era um demônio de dezessete anos, que fez meu mundo decair!

O Marley morreu, meu filho e minha filha ainda não sabiam de nada, eu não sabia como dizer. É difícil você tentar explicar pra uma criança que o animalzinho faleceu.

Pensei em varias maneiras, de varias formas e em nenhuma delas eu me via explicando de forma que os dois não ficassem entristecidos.

Eles estavam na casa da Estela curtindo um final de semana de cinco dias e nesse curto tempo eu teria que dar meus pulos.

O Igor estava fascinado com a neve que caiu na cidade que a mãe mora, ela me enviou algumas fotos dos dois correndo em volta do carro, rolou até um video da sogra se espatifando no chão.

Um final de semana maravilhoso aos olhos dos meus dois pequenos corações!

Aqui eu resolvia de algumas maneiras ou tentando resolver pelo menos.

Fui no petshop tentar comprar um cão, mas nenhum deles me lembrava o Marley, pensei em comprar um outro cão, mas mesmo assim eu teria que explicar para as crianças!

O William me olhava as vezes com pena, as vezes com revolta e noutras com compaixão, ele me abraçava e tentava me animar de todo jeito.

Eles vão entender meu amor, eles vão sentir falta, mas as crianças lidam melhor com isso do que a gente pensa.

A Laurinha já entende bem sobre essas coisas e o Igor vai esquecer uma hora, infelizmente não podemos trazer o Marley de volta, mas podemos fazer com que tenham recordações boas.

Era uma terça feira por volta das onze horas da manhã, escuto a buzina do carro.

Meu coração gelou, me deu medo, felicidade e desespero tudo ao mesmo tempo, adultos não sabem lidar com perdas, e aquela seria a primeira experiencia do Igor, a Laurinha já sabia como era perder algo ou alguém importante, não que daquela vez fosse diferente! Para ela era duro, dolorido também, mas graças a Deus estava se tornando uma menina forte e corajosa.

Escutei os risinhos dos dois, o Igor com a primeira janelinha dele e minha filhona linda com a cara amarrada porque o vento havia estragado os cabelos rs.

Vieram aos pulos pra cima de mim, os dois querendo me contar sobre a fantasia da cidade de neve, do frio, do chocolate quente com biscoitos, das comidas deliciosas, da mãe que contará varias histórias, da caneca de pau com canudo que tomaram chá ruim e amargo e do churrasco que era diferente do nosso e da falta que sentiram da gente.

Foi duas horas sentados na varanda numa discussão dos dois que queriam falar coisas distintas ao mesmo tempo: um de cada vez eu dizia.

E um atropelava o outro rs.

Ficamos aquela tarde contando histórias, brigas e risos, até o William chegar e ouvir tudo que eu já tinha escutado.

Minha mãe nem pode me contar as novidades direito e enquanto os dois azucrinavam o William eu fui ajudar minha mãe na cozinha.

Ela: filho amanhã eu vou falar com a mãe do Gabriel!

Mãe! Não temos mais nada que conversar com aquela família de loucos.

Sim Fabiano, temos sim!

Ele veio aqui pra dentro de casa, ganhou a confiança dos meus netos, e se ele tivesse feito algo com um dos dois?

Binho nada justifica um ato errado, ele fez com o Marley, mas poderia ter feito com um de nós, mas eu e você sabemos como nos defender.

A Estela quer levar o Igor pra morar com ela!

Eu: Hã? Oque você disse?

Você ouviu Binho!

Mãe! O Igor não vai morar longe de mim, isso está fora de cogitação.

Pai, pai.... Fui interrompido por eles dois!

Já imaginando qual seria a pergunta, eu carreguei os dois no colo e os levei até o sofá.

Nisso minha mãe vem, encosta no batente da porta e fica me olhando, o William senta ao lado da Laurinha e acaricia o cabelinho loiro dela.

Querido, o Marley passou muito mau, adoeceu, ficou doentinho.

Ele perguntou."é muito sério, onde ele está? Ele vai morrer?

Eu me assustei com a expressão do rosto dele e perguntei; você sabe o que é morrer filho?

"Como o pai do Simba?" ele perguntou.

Ele adora assistir esse desenho.

"Isso filho, é igual ao pai do Rei Leão" Minha idéia era tratar o assunto com delicadeza.

Eu não precisava explicar tudo sobre a morte de uma vez só.

Nós ainda tínhamos tempo, mas ele precisava entender ou assimilar.

Igor, o Marley comeu algo que estava estragado e fez muito mau pra ele, papai levou ele no veterinário, mas o Marley não aguentou e morreu.

Eu já não sabia o que estava falando, é um menino de apenas quatro anos.

O William pegou nosso filho no colo e explicou:

Filho o Marley foi para o céu dos animais, lá estão todos os animais, onde.... Igor interrompeu.

"Pare, pare" dizia ele.

Seus olhos estavam brilhantes e avermelhados.

Silêncio.

"Marley morto" disse ele finalmente. Ele pulou do colo do William e foi até a lavanderia onde o Marley ficava, gritou com a máxima vontade, mas o amigo não veio até ele.

Voltou chorando e tentou bater na perna do William.

Eu disse a ele:

"Tudo bem, você ficar bravo por ele morrer".

Mas, isso só vai fazer você se sentir mal depois.

Saiba que o Marley te entende, porque ele te amava muito, assim como nós amamos vocês dois".

A Laurinha chorava no sofá, me perguntando o porque ele havia morrido e eu a abracei forte sem dizer nada.

E outra vez eles perguntaram onde estava Marley.

Nós somos uma família religiosa. Eu acredito que temos almas, é impossível pensar que assim que morremos, acaba!

"Ele está no céu."

Eu fiz um desenho bem rudimentar sobre almas subindo aos céus. Meus filhos tinham uma expressão interrogativa em seus rostos, mas sua irmã sabia qual a mensagem do desenho.

No dia seguinte, no café da manhã ele me falou todo risonho:

Papai eu quero ir para o céu.

"Para que você quer ir para o céu?" perguntei.

"Pra ver o meu Marley".

Percebi então, que devo ter feito o paraíso parecer bastante realista.

"Filhão, o Marley está no céu, mas ele vai esperar até o dia que for necessário, agora você é muito pequeno para ir lá."

Percebi que minha mãe e o William estavam desconfortáveis em mencionar a morte de Marley.

Eu não sabia se atribuía isso ao fato dele ter quatro anos de idade ou ao vazio que a morte parece trazer.

Seu melhor amigo havia morrido e quase nada havia sido dito sobre isso.

Ele não foi privado por esse descuido, no entanto, a maioria das pessoas ofereceria então os seus pêsames, algumas ofereceriam histórias sobre os seus animais que tinham perdido.

Por diversas vezes Igor veio até mim dizendo: " Porque os animais morrem papai".

Eu nunca consegui explicar.

Mas ele me dizia que o Marley vinha visita-lo nos sonhos e eles brincavam a noite toda.

Eu fiquei muito feliz por ele e perguntei "o que ele fez?".

Ele me respondeu "Ele dormia na cama, ele comia, nós andávamos." Eu perguntei a ele "Que legal!

Você está triste?"

"Não, tô feliz". Ele realmente parecia estar feliz.

O Iago até quis doar outro cãozinho para o Igor, mas eu me recusei a aceitar, prefiro que o Igor esqueça o Marley antes, não quero que ele transfira as lembranças para outro cão.

E eu precisava resolver sobre o assunto da Estela!

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Comentários

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O nosso escritor que e um fofo. Belo capitulo. Vc escreve muito bem e consegue passar os sentimentos dos personagens. MILHAO PRA VC, mas nao seja tao pão duro com o tamanho do conto, heheheheh. Abraço

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