O doce nas suas veias - (Capítulo 8)

Um conto erótico de Vamp19
Categoria: Homossexual
Contém 1659 palavras
Data: 01/11/2015 14:20:56

Eu fugi.

Ainda não consigo assimilar o meu conhecimento adquirido por centenas de anos com o que estou passando nesse momento, cheio de dúvidas, sentimentos humanos que imaginei terem parado de existir dentro de mim, eles vem à tona com todas as forças e deixam-me bêbado, cansam-me, devoram-me.

Ele é apenas um humano, eu digo a mim mesmo, é um humano e seu sangue não deveria me fazer sentir tanta culpa ao tomá-lo, pois é assim que as coisas são.

É assim que percebo que ainda sou uma criança. Tenho muito que aprender com os anciões, os verdadeiros vampiros. Naquela noite na qual mordi Jesus e tomei uma boa quantidade do seu sangue, eu senti tanto prazer de tantas formas ao mesmo tempo que tive certeza que iria matá-lo. Queria matá-lo. Isso me deixou tão assustado que fugi de perto dele e após mandá-lo embora eu mesmo fugi da minha casa. Daquela cidade maldita. Percebi que não iria querer voltar nunca mais e tive que tratar de ser esquecido pelas pessoas.

Menos Jesus, não acho que seria capaz de enfrentá-lo outra vez. Encarar aquele olhar de medo e nojo que me destruiu de uma forma que me fez cambalear por um instante e pensar que eu era mais uma vez humano.

Fugi daquela casa ainda sem roupa.

Mas quanto mais me afastava da cidade, menos vontade de fugir eu sentia. Sobrevoei lá de cima, numa distância grande o suficiente para que não fosse capaz de escutar o coração de Jesus nem se quisesse. Olho para as luzes de baixo e sinto-me preso a elas por conta dele.

De um humano.

Oh, Verona, mãe, ajude-me. Aleera, Marishka. Preciso de ajuda. Mas elas não conseguem me ouvir de tão longe.

Eu choro. Nunca acreditei de verdade que vampiros conseguiam chorar. Quando via minha própria mãe chorando por alguma coisa achava que era mentira, porque Verona nunca soltava uma lágrima, seus choros nunca pareceram sincero porque ela não derramava lágrimas! Como sou um tolo! Não tenho inteligência nenhuma. Uma criança ainda.

Agora que eu mesmo chorava enquanto voava sobre a cidade onde vivia o meu amado percebi. Percebi que era diferente para vampiros. Eu também não soltava nenhuma lágrima, mas estava com certeza chorando.

Meu grito é alto. Minha tristeza é imensa. É isso? Um ser sem coração, imortal e sanguinário que está se afogando em tristeza. Só por causa de um humano… Não consigo achar razão nisso de nenhuma forma. Odeio-me profundamente.

Senti a raiva nascendo em mim e tentando superar a dor daquela conexão abominante, mas era muito fácil deixar a raiva de lado quando lembrava do gosto do sangue, dos suspiros de prazer e do meu corpo dentro do dele. E então ele fica aterrorizado e me olha daquela forma tão frágil. Foi triste.

Eu me sinto triste.

Todos os vampiros são sentimentais assim? Me perguntava.

Ou era só eu? Sou uma aberração? Sou uma vergonha para minha mãe Verona? Para as noivas tão sagazes e violentas e espertas? O próprio Drácula chorava assim ou sou apenas eu, uma anomalia horrível que não merece viver no mesmo mundo que aquelas grandes criaturas da noite?

Quero fugir dali e esquecer que tudo aconteceu, mas não consigo. Desço do céu e caio numa parte da floresta bem afastada, mas ainda perto o suficiente para que eu pudesse enxergar com apenas um voo alto. Decido que preciso pensar a respeito e não tomar nenhuma decisão precipitada. Ando pelado entre as árvores imperatrizes e grandes e que nunca choram como eu estava chorando agora, o som das folhas crepitando parece rir de mim.

Sentimentos que nunca pensei que iria sentir naquela vida. Medo, tristeza, vergonha.

E amor.

Amor.

Amor.

O sol está chegando. Tento focar-me na sobrevivência.

Aqui estou eu, num buraco na terra, eu mesmo cavo e me deito e coloco a terra sobre o meu corpo. Ao menos no sono eu não consigo pensar direito. Tenho um pouco de paz.

Mas não, nem no sonho eu consigo ter paz. Paz não é para seres como eu, pelo que parece. Tenho um pesadelo onde eu estou numa cama, com medo, enquanto Jesus enfia uma estaca de madeira no meu coração. Eu estou pelado e indefeso e digo a ele que está tudo bem, que não estou com raiva. Ele aperta a estaca, e chora, seu choro ainda mais sincero que o meu porque cai lágrimas. Quando eu choro, ele não acredita em mim e me chama de mentiroso.

Lembro que nos pesadelos humanos os sonhos acabam em momentos extremos como aquele, mas eu continuo sonhando com a estaca no coração, porque quando um vampiro dorme, só acorda depois que o sol desaparece. Estou morto e tenho que escutar Jesus chorando por toda a eternidade. Nem falar consigo, para dizer-lhe que não sinto nenhum ressentimento por ele, apenas carinho e apresso. Meu garoto.

Eventualmente, eu acordo. Saio do chão e estou sujo. Ainda sem roupa e não estou nem um pouco interessado em arrumar alguma. Sinto muita sede. O último sangue que bebi foi o de Jesus e ainda posso senti-lo em mim, deixando-me calmo e estressado ao mesmo tempo. Posso adicionar esse sentimento à lista de coisas que nunca pensei que iria sentir.

Eu subo numa árvore e encaro o céu nublado de um galho seco e sem folhas, percebendo que nem as estrelas desejam olhar para alguém como eu.

A minha sede aumenta com o tempo, mas eu não procuro nada para beber. Não desejo. Vou dormir aquele dia sem beber nada de novo e o próximo dia também. Estou morrendo de sede. Três dias sem beber nada é o suficiente para deixar qualquer vampiro subindo pelas paredes do seu racional e forçá-lo a matar insanamente. Se eu não estivesse tão desgastado e saturado de tantas outras emoções, a sede poderia ter algum espaço. Não vou embora nem volto para a cidade.

Covarde. É tudo que sou nesse momento.

Sei que devo ir à procura da minha mãe e minhas tias, mas em vez disso eu começo a voar novamente e flutuar sobre o céu da cidade, daquela vez mais perto. Relutante, eu deixo os meus sentidos se expandirem. Ouço os corações espalhados por todos os cantos e minha sede quase me obriga a avançar e beber de dois ou três corpos de uma vez só.

Então eu consigo sentir o coração familiar estendido na rocha em cima da colina. A rocha cujo conhecimento é só meu e de Jesus, além do seu tio, mas não desconheço razões para o velho ir até lá. Todos os outros corações somem da minha cabeça e só consigo sentir o dele. Sinto uma alegria imensa de saber que ele está lá, sei que não devo sentir muitas esperanças. Ele deve achar que fui embora. Pode estar lá olhando a cidade e o céu porque é bonito de se olhar.

Mesmo assim, sou velho e forte, sou um vampiro. Posso enfrentá-lo. Não devo sentir tanto medo. Devo parar de sentir tanta pena de mim mesmo. Mesmo que ele me odeie e sinta nojo de mim, e medo…

Isso dói só de pensar e mais uma vez fico receoso. Por mais que surjam ideias de lugares que eu devo ir, para minhas tias, para o norte frio, para o oriente, sei que não vou conseguir tirar minha mente daquela cidade pequena e daquele humano sem tê-lo enfrentado.

Realmente me arrependo de não ter arrumado roupas. Porém também não faço nenhum esforço para ir em busca delas. Eu só quero uma coisa nesse momento.

Estou fraco, sem beber por dois dias seguidos, quase três. Estou nu. Desço na maior velocidade que posso e caio na beira da colina rochosa com Jesus bem na minha frente, segurando uma tocha. O som do seu coração é música para os meus ouvidos.

Ele se vira para mim por causa do vento que minhas asas causam no pouso. Mas ele só me vê ali parado e pelado quando aponta sua tocha para mim.

Vejo-o engolindo em seco e dando um passo para trás, seu cabelo loiro começando a ficar grande e voando com o vento. Jesus tenta colocar um rosto neutro e sem medo, mas eu ainda consigo ver o horror que seus olhos verdes expelem só de me verem e isso me queima por dentro.

Apesar de todas as chances de tudo dar errado, Jesus está ali para me ver e consigo enxergar uma pequena luz no fim do túnel que pode me levar a compreensão com ele.

Dou um passo adiante e Jesus dá um passo para trás.

‘Acha que vou machucá-lo?’

Ele faz uma careta cujo efeito é cortante em mim.

‘Eu sei o que você é.’ Tanto ódio e medo em sua voz me penetra profundamente e luto para não deixar os soluços chegarem. Eu me ajoelho diante dele.

‘Ao menos me escute, Jesus.’

‘Certo, vou escutar’ ele diz nervosamente, de um jeito que indica o tamanho ínfimo da minha futura chance de ser levado a sério.

Tudo que consigo escutar é o som do seu coração.

(

(

Helloo: imagina só você descobrir que alguem q tu conhece é um vampiro q pode te hipnotizar e matar gente, nossa senhora ahahahah, bem, vc só vai descobrir no próximo ep. hem hem. desculpa. kkkkkkkkk. obrigado, coisa foda... eu ia dizer fofa e escrevi foda, então fica fofa e foda.

Kempzz: obrigado<333 realmente só escrevo pra agradar vcs. como eu disse aí em cima, a gente pode compreender jesus... só nos resta esperar pra saber oq ele vai fazer eita... kkkk.

lu6454: HAHAHA ADORO VER VCS PREOCUPADOS KKK.

Edu19>Edu15 : bem inconsiderável da parte dele haaha <3

WhiteChocolate(*) : parece que terei de tomar conta com vc q tá colocando as peças juntas aí, hmm. veremos, né fofo? enfim, to rindo com a preocupação de todos vcs, vc principalmente (corre, eduardo) kkkkkkkkk;

crys12: tomara... não posso falar nada se não é spoiler, hahhaa. mas o próximo cap já tá escrito.

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Comentários

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É só eu sair da casa por umas horinhas que o senhor faz acontecer de tudo!Olha o Jesus foi um cagão medroso. Fiquei com pena do Eduardo,o fato dele ter mordido o Jesus na hora do sexo só mostrou o quanto ele gosta do pequeno, é o que eu acho!!! Eu não acredito que o Jesus agora vai virar Judas e trair o Eduardo! Ô meu baby,só consegui postar agora porque sabe como é né??? a net... só agora eu consegui conectar! Eu já li os capítulos anteriores! Eu gostei muito viu? Bjos e até.... . A.

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você. é mal muito mal. mas Eduardo sobreviverá bjs. ..,

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Obrigado pelo elogio... Não tenho nada mais a dizer sobre a sua "crueldade" ♡♡♡♡ e a não mate o Eduardo!

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NÃO DEIXA MATAREM O EDU POR FAVOR. eu to muito ansiosa pro próximo capitulo. Posta logo, Bjs.

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