A Rotina

Um conto erótico de Nassau
Categoria: Heterossexual
Contém 3903 palavras
Data: 26/11/2015 20:34:59

Capítulo II

No outro dia teve início o que foi, sem favor nenhum, a pior fase da minha vida. Notei que não seria fácil conseguir me desculpar com Lívia e tentar uma reaproximação assim que cheguei ao colégio, pois depois de reunir toda a minha coragem e ir conversar com ela, sequer consegui chegar perto, pois ao perceber que eu me dirigia até onde ela estava, simplesmente virou as costas e começou a conversar animadamente com um cara mais velho que sequer participava da nossa turma. Fiquei por perto esperando uma oportunidade de vê-la sozinha, o que não aconteceu até o momento em que bateu o sinal e tive que me dirigir para a sala de aula.

Veio o recreio e lá estava Lívia ao lado do cara. Aquilo me enfurecia, pois sabia que Edmundo, esse era o nome dele, já tinha vinte anos de idade, enquanto Lívia e eu estávamos com 16 anos, inclusive, ela era alguns meses mais nova que eu. Não estudávamos na mesma classe em virtude de eu ter sido reprovado dois anos antes, o que me deixava em uma série abaixo da dela. Então, sendo uma diferença de idade de quatro anos ou mais, eu pensava que o cara iria se aproveitar dela.

Não sei se foi isso que aconteceu, quero dizer, se ele se aproveitou dela ou se foi ela que queria se entregar a ele, pois a partir daquele fatídico dia, passaram a serem vistos diariamente em companhia um do outro e daí a serem considerados namorados, bastou o fato de serem vistos se beijando pelos cantos da escola e irem embora juntos e abraçados quando as aulas terminavam.

Isso para mim doía muito. Eu descobrira que tinha algum sentimento pela garota tarde demais. Avançamos o sinal e fiquei impressionado por ela ter chupado meu pau na primeira vez que ficamos e, como a maioria dos homens, deixei-me impressionar negativamente pelo fato dela ter feito aquilo, pois também achava que haviam mulheres para namorar sério e outras para transar. A vida estava me dando a primeira lição.

Sentindo que havia perdido a parada para um cara mais velho que eu e que não tinha a menor chance de conquistar Lívia, procurei disfarçar minha timidez e passei a ser mais ativo com as garotas e também a ter uma companhia mais constantes com meus amigos considerados os comedores. Desta forma, trocava constantemente de ficantes. Essas trocas eram feitas entre nós mesmo que não tínhamos nenhum pudor em dar a ficha de uma garota que tínhamos transado para o cara que agora estava ficando com ela.

E a coisa começou a ficar melhor ainda, ou pior como entendo hoje, quando, depois de termos ficado com todas elas, combinamos de começar a praticar o sexo em grupo em festinha que nós mesmos organizávamos. Essas festinhas que não tinham nada de inocente. Eram regadas a muita bebida alcoólica e cigarros. Não demorou muito e os cigarros comuns passaram a serem substituídos pelos “cigarrinhos do capeta” e então a coisa começou a degringolar de vez.

As garotas frequentadoras dessas festinhas recebiam apelidos dados por nós mesmos e era comum sequer nos lembrarmos de seus nomes verdadeiros. Então tínhamos a companhia de engolidora de cobra, xotinha de veludo, rabinho de ouro, rainha da DP e outros que, como esses citados, indicavam muito bem a preferência de cada uma delas na hora de transar. Bem, talvez não fosse bem as preferências delas, mas sim as nossas, pois jamais perguntávamos a uma delas o que gostavam e a penas a usávamos como mulheres que estavam ali com o único objetivo de satisfazerem os nossos desejos sexuais.

Essa aceitação da parte delas tinha uma justificativa. Em nosso grupo de amigos, todos pertenciam às famílias abastadas e era comum algum de nós usarmos veículos de nossos pais antes mesmo de completarmos dezoito anos e conseguirmos a CNH. Somando a isso o fato de o pai de dois de meus amigos serem pessoas conhecidas na mídia, tínhamos o cenário perfeito para vivermos sendo assediados por garotas. Desta forma, era comum excluirmos qualquer garota depois que todos já tivessem transado com elas, bastando para isso surgir outra interessada em pertencer ao nosso grupo, e isso sempre havia. Então, aquela que não estivesse à altura de nossas exigências sexuais era congelada, deixando de ser convidadas para nossas festinhas.

Hoje, pensando nisso, fico perplexo em saber que agíamos como perfeitos idiotas. Quero dizer, não tão perfeitos assim, pois não existem idiotas perfeitos. As garoas então, pobres garotas, como pode um ser humano se deixar usar daquela maneira apenas para se manter em evidência junto ao grupo de garotos mais cotado da escola?

Comecei a enjoar disso no dia em que, mais sóbrio que os demais, assisti sem fazer nada para evitar o acontecimento em uma das festinhas. Quem armou tudo foi o Cleber, filho de um dos dois pais que eram famosos e estarem sempre em evidencia na mídia. Nesse dia, estávamos ele, eu e mais cinco rapazes e, não sei como ele conseguiu, mas deu um jeito para que apenas uma das garotas comparecesse à sua casa, local onde era mais comum nos reunirmos, diante da eterna ausência de seus pais e da incapacidade dos empregados de sua família tomarem qualquer atitude contra nós.

A privilegiada, segundo eles, era a Aninha. Na verdade, Ana Clara, uma loirinha de olhos azuis que fora introduzida no grupo por uma sua prima. Ela era nova na cidade, tendo vivido quase que a totalidade dos seus dezessete anos no interior e tinha ido morar com os tios para se preparar para iniciar os estudos na Faculdade. Estávamos todos no último ano do colégio. Então, na hora marcada, estávamos todos lá quando ela chegou. Foi cumprimentando os sete presentes e já sendo obrigada a da um beijo de língua em cada um de nós. Logo começou a rodada de bebidas e desta vez não havia sequer cerveja, mas apenas várias garrafas de uísque, uma de Martini, uma de conhaque e duas de batida pronta, sendo uma de coco e outra de abacaxi. Aninha logo estranhou a ausência das outras garotas e perguntou:

– Onde estão as meninas? E a Joyce? Ela me disse que me encontraria aqui.

– Seguinte, – foi explicando Cleber já meio tocado pelo álcool ingerido, – hoje você vai ser a nossa homenageada especial e não vai ter outra garota aqui.

Aninha olhou para ele e sorriu, demonstrando entender que aquilo era uma brincadeira dele. Não demorou e o cigarro de maconha foi aceso e começou a girar na roda de amigos. Ana Clara quis recusar, porém, foi vaiada e, depois de alguma reclamação de alguns dos rapazes, praticamente forçada a dar um “tapinha” no baseado. Eu, sabendo que uma recusa em aceitar participar da “rodinha da fumaça”, apenas suguei a fumaça, segurei alguns segundos e depois exalei, sem tragar. Fiz isso porque já havia me dado conta que, embora a sensação sobre o efeito da droga me fizesse agir sem minha timidez costumeira, a ressaca que vinha depois era de matar. Por esse motivo, decidira não fumar mais e moderar na bebida, se bem que essa segunda era fácil, pois nunca fui muito de beber, sendo que, depois de ingerir um pouco de bebida alcoólica, o prazer em continuar bebendo desaparecia e era substituído por uma sensação de enjôo e fastio, o que me embrulhava o estômago e me forçava a parar.

Enquanto eu maquinava como iria fingir que já estava sob o efeito da droga da bebida, não percebi o que se passava ao meu redor e, quando me dei conta, Aninha já estava sem a blusa, sem sutiã, trajando apenas um shortinho e sentada no colo de Cleber que a segurava no colo enquanto dois Caê e Zé Carlos sugavam cada um de seus seios. Não demorou e Caio, o mais bem dotado de todos os sete que estávamos lá, tirou o pau pra fora e o aproximou do rosto dela. Ela aparentava estar um pouco zonza e nada noiada, pois tentou evitar que o pau grande e duro de nosso amigo se encostasse em sua boca, porém, Cleber notou esse seu gesto e, segurando firmemente em seus cabelos, manteve o rosto dela imóvel. Vi que a garota fechou os olhos e manteve os lábios firmemente apertados para impedir a invasão, quando Cleber falou alto para que todos ouvissem:

– Que foi agora biscatinha? Você veio aqui para isso e agora quer fazer doce? Se você não colaborar nós vamos tirar fotos suas e distribuir para a escola toda.

Ana Clara ainda olhou para ele, incrédula, mas viu apenas uma expressão dura, embora zombeteira, de uma pessoa já dominada pelo álcool e pela droga e não teve outro jeito senão ceder. De onde estava via as lágrimas escorrendo por seu rosto branquinho, com algumas sardas, enquanto Cleber, ainda agarrado aos cabelos dela, forçava a boca dela para ser invadida pelo monstruoso pau de Caio ou ficava a fazer movimentos de vai e vem, fazendo com que o amigo fodesse a boca da garota. Quando Caio gritou que estava para gozar, os dois que chupavam os seios da garota se levantaram para que o outro gozasse em seus seios. Imediatamente uma toalha foi entregue a ela com a ordem que se limpasse.

A moça nem acabara de se limpar que Roberto e Zé Carlos desabotoaram se short e puxaram pelas pernas abaixo, juntamente com a calcinha, deixando-a completamente nua. O que se passou a seguir foi um massacre. Na verdade, algo que me envergonho até hoje de ter permitido que acontecesse. Sem se importarem com os pedidos de Aninha que implorava para que não fizessem aquilo com ela, os meus seis amigos (até aquele dia) partiram para cima dela e fizeram tudo o que desejaram. Primeiro se dividiram em dois grupos de três e o primeiro grupo teve Roberto, Cleber e Elton. O segundo era formado por o Caê, Zé Carlos e Caio. Roberto, o mais velho entre nós e também o mais dotado dos três, perdendo no quesito apenas para Caio, se deitou sobre um colchonete e Aninha foi obrigada a cavalgar sobre ele. Sem preparação nenhuma, ela teve sua buceta invadida por um pau considerado grande. Mal se acomodou nessa posição, teve seu corpo empurrado para frente para se inclinar e Cleber invadiu seu cuzinho, enquanto Elton se posicionava diante dela e a obrigava a chupar seu pau. Não demorou para que os dois primeiro gozassem enchendo a bucetinha e o cu de Ana Clara de porra e ela conseguisse se desvencilhar do pau de Elton em sua boca, fazendo com que ele gozasse em seu rosto.

A toalha foi usada para secar o rosto de Aninha que, nessa altura, demonstrava estar zonza com a droga, a bebida e a bestialidade de meus companheiros. Os outros três então tomaram o lugar dos três primeiros e fiquei com pena da garota ao ver que Caio estava se preparando para invadir o rabinho dela com seu pau enorme. Ouvi o seu grito de dor e um começo de choro que logo foi calado pelo pau de Caê que ela se viu obrigada a engolir.

– Agora vai você e os dois que estavam comigo, – disse Cleber batendo em meu ombro. – Eu quero ficar só assistindo essa gostosa levando pica.

Abaixei a cabeça e tentei disfarçar o fato de que sequer estava tendo uma ereção. Estranho que é normal a gente querer esconder uma ereção e eu, naquele momento, me via na situação inversa. A de esconder que não estava de pau duro. Jamais havia passado por isso, porém, encontrando uma explicação não sei onde, respondi:

– Acho que não vai dar não cara. Eu tomei um remédio pra gripe que me deixou meio brocha. Acho que vou ficar apenas olhando.

Cleber me olhou com uma expressão de dúvida, mas acabou aceitando e anunciou que não tinha problema, pois ele iria em meu lugar.

E assim teve o prosseguimento da tortura que foi imposta naquela tarde com a pobre da Ana Clara. Foram mais de três horas em que ela teve que se submeter a todo tipo de sevícias daquele grupo de doidos. Foi mais ou menos que, a esta altura, meus olhos se cruzou com o dela e notei o desespero e sofrimento que existia naquele olhar azul e naquele rosto infantil. Nessa hora, os seis rapazes estavam largados no sofá enquanto refaziam suas forças e combinavam como usar a menina a seguir. Não conseguindo mais resistir àquela crueldade, peguei a toalha que eles usavam para limpar a garota e joguei sobre ela. Em seguida, me abaixei e juntei sua blusa e o short, não encontrando a calcinha e ignorando os sapatos. Peguei ela no colo e saí dali, sob os protestos dos outros. Fui até o carro de minha mãe que estava usando, sem o conhecimento dela, pois nem era habilitado para dirigir, coloquei o corpo de Ana Clara que choramingava no banco traseiro, dei a volta e entrei. Quando já estava saindo pelo amplo jardim da casa de Cleber, vi os seis correndo para tentarem me impedir e percebi que minha sorte foi que eles tinham gasto algum tempo para vestirem suas bermudas ou calças, o que permitiu que eu saísse da casa antes que eles me alcançassem.

Rodei por ali alguns minutos e então olhei para trás, vendo o corpo da garota ainda coberto sobre o corpo dela. Peguei a blusa e o short e entreguei para ela pedindo para que ela se vestisse. Uma buzina impaciente do carro de trás me informou que o sinal de trânsito se abrira e coloquei o carro em movimento. Não rodei nem cem metros, com a mente febrilmente trabalhando para me fazer encontrar um local para levá-la, quando ouvi um barulho estranho vindo do banco de trás. Diminui a velocidade me aproximando do passeio e me assustei ao olhar para trás e ver uma gosma estranha escorrendo da boca entreaberta de Aninha que parecia estar sem conseguir respirar. Aquilo me deixou apavorado e, sem saber o que fazer, parei bruscamente o carro e saí para a rua no exato momento em que uma viatura da polícia se aproximava. Acredito que, pela expressão de meu rosto, os policias se deram conta que havia algo errado e pararam ao meu lado.

– Qual o problema aí meu jovem?

Era um policial de idade avançada que, pelas divisas no ombro devia ser o mais graduando deles. Consegui apenas balbuciar as palavras “minha amiga”, apontando para o carro que ele olhou para trás e disse algo. Um outro policial saiu da viatura e se dirigiu a carro, deu uma breve olhada para o banco de trás e voltou a falar com o seu superior.

Não sei dizer o que eles conversaram. As cenas se passavam como se eu estivesse vendo um filme e não fazendo parte de tudo aquilo. Vi o policial que falara comigo sair do carro e também olhar para Aninha para, em seguida, falar exaltado com os demais. Um terceiro policial foi até o carro, abriu a porta, ajeitou o corpo de Ana Clara e empurrou o encosto do banco do motorista para poder entrar ali atrás, ajeitou o corpo dela no banco e começou a beijá-la. Depois fiquei sabendo que ele, na verdade, estava fazendo respiração boca a boca nela que tivera uma parada respiratória. Ordens eram dadas, havia comunicação da viatura pelo rádio e todos falavam exaltados. Alguém me disse alguma coisa que não consegui responder e me senti empurrado para o banco de trás da viatura. Ainda vi o policial que atendia Aninha se ajeitar para que o encosto do banco retornasse a posição original, o primeiro guarda que descera tomar o assento a frente do volante e o barulho de uma sirene bem alto que de repente começou a se distanciar. Também vim a perceber depois que não era a sirene que se distanciava, mas sim eu que estava me apagando no banco traseiro da viatura.

Acordei numa cama de hospital com uma enfermeira ao meu lado. Uma jovem negra de rosto muito bonito sorriu para mim e, pensando estar me tranqüilizando, me informou que meus pais já estavam chegando. Meu desejo foi o de desmaiar novamente.

Em menos de quinze minutos o céu havia desabado sobre mim. Fui informado que os policiais militares haviam chamado um Delegado da Polícia Civil e eu já estava envolvido em um caso de estupro. Apesar da situação, fui me tranqüilizando ao saber que Ana Clara fora atendida e que seu estado era estável, não correndo perigo de morte. De ruim, o fato que seus tios estavam no hospital e que, naquele exato momento, a policia estava tentando invadir meu quarto para me agredir. Diante da gravidade da situação, resolvi abrir o jogo e contei toda a verdade ao meu pai que só não acreditou que eu não havia participado dos maus tratos que fizeram na garota. Mas a vida é assim mesmo, os pais, os professores e a polícia nunca acreditam na gente.

Enquanto meu pai ligava para o seu advogado, minha mãe foi conversar com os tios de Ana Clara para revelar o que havia acontecido. Meia hora depois, na presença de meu pai e um advogado, eu repetia todo o ocorrido para um Delegado de Polícia que, apesar de se dar a ares de importante, aparentava ter menos que vinte e cinco anos.

O resto da história foi o que se pode esperar em uma situação como essa. Dois dias depois nos apresentamos todos numa delegacia, fomos interrogados e mantive minha versão. Assim, os pais dos outros seis se mobilizaram, prometeram mundos e fundos aos policiais e aos parentes de Ana Clara, inclusive, uma bolsa de estudo para ir morar na Inglaterra durante seis anos e o caso foi abafado.

Mas o mais surpreendente aconteceu no ambiente escolar onde todos nós envolvidos estudávamos. O fato foi informado à direção da escola, pois houve a necessidade de transferir Ana Clara e a prima dela para outra escola e fomos chamados para que mantivéssemos o mais absoluto segredo sobre o assunto e, como tudo que é segredo desse tipo, meia hora depois todos os alunos, professores e funcionários da escola estavam sabendo do ocorrido.

Na semana seguinte eu já estava me arrependendo de ter sido o delator de toda a história. Por incrível que pareça, as demais garotas continuavam assediando meus colegas que permaneciam ainda mais inseparáveis e eu fora totalmente isolado. Assim, evitava permanecer em qualquer lugar onde houvesse aglomeração de alunos. Estava assim voltando para a sala de aula de onde saíra para uma rápida passagem no banheiro quando fui abordado por alguém que me disse:

– Parabéns cara. Deve ter sido muito difícil para você tomar essa atitude. Mas fique sabendo que eu te admiro por sua coragem.

Olhei assustado e me deparei com o rosto moreno e trigueiro de Lívia que apoiava sua mão esquerda no meu ombro. Sorri e agradeci e já ia saindo quando ela insistiu:

– Você não quer me pagar um suco? Esqueci de pegar dinheiro com meus pais hoje e estou com muita sede.

– E o seu namorado? Ele não vai brigar comigo? – disse quando consegui me superar da surpresa.

– Eu não tenho namorado. Se você se refere ao Denis, já acabou faz tempo.

Assenti com a cabeça e saímos andando em direção à lanchonete. Como eu me recusava a abrir a boca, Lívia voltou a comentar.

– Se você não estivesse tão ocupado fazendo parte da turminha dos comedores, agora estupradores, teria percebido que há meses eu não fico mais com ele.

– Ele quem?

– O Denis! – Você não estava preocupado com ele.

– Ah é!

Tomamos o suco quase que em silêncio. Ao terminarmos, sorri para ela e fui em direção à lixeira para e livrar do copo. Lívia foi junto e junto a mim permaneceu quando tomei a direção da minha sala de aula.

– Ei cara. Você não precisa ficar fugindo de mim. Eu quero te desculpar por aquele dia.

– Desculpar de que?

– De ter sido muito afoita e ir te atacando daquele jeito. Acho que te assustei, não?

– Não. Eu só não sabia que você era assim.

Lívia avançou e ficou a minha frente, impedindo que eu continuasse a andar. Colocou então a mão em meu peito e falou.

– Olha Tiago, tem uma coisa que você precisa saber sobre mim. Já que você nunca demonstrou ter nenhum interesse em mim, eu resolvi te conquistar e agi daquele jeito. Eu nunca tinha ficado com nenhum garoto e não foi fácil para eu tomar a iniciativa em fazer aquilo, onde eu tive que tomar a iniciativa. Fui boba eu sei. Achei que assim você poderia se interessar finalmente por mim e não deu certo. Em vez disso, você achou que eu fosse uma biscatinha que vivia por aí dando para todo mundo.

Fiquei apenas olhando para ela sem saber o que dizer. Ao ver que eu não diria nada, ela continuou:

– Você pode acreditar ou não. Agora nem importa mais, mas quero que você saiba que naquele dia eu ainda era virgem.

– Era virgem? Como assim era virgem? Quer dizer que agora não é mais?

Lívia virou o rosto como se lhe custasse muito me olhar nos olhos e então confessou que havia entregado sua virgindade para Edmundo. Sem saber o que dizer e sentindo uma raiva enorme a me dominar, tirei sua mão do meu peito, a empurrei para o lado e sai andando rápido para me afastar dela, o que foi em vão, pois praticamente correndo, ela me alcançou e, sem tentar me fazer parar desta vez, caminhou ao meu lado enquanto dizia:

– Desculpe te fazer passar por isso, mas eu sempre olhei para você. Caso não saiba, estudamos na mesma escola no Fundamental e eu olhava para você e nunca era nem notada. Eu até prometi que você seria meu primeiro homem quando tinha apenas doze anos, mas isso não foi possível não é! Afinal, você não me quis.

Eu continuava a andar, com a cabeça a mil e desejando me afastar dela que não desistia e continuava a falar.

– Tudo bem Tiago. Nunca mais vou te incomodar. Mas tem uma coisa que você precisa saber e parece que não está entendendo. Eu te amo. Eu amo você desde que te vi pela primeira vez aos sete anos de idade.

Aquilo me fez parar e olhar para ela. Agora, parado, percebi seus olhos escuros e intensos me fitando. Suas narinas meio que dilatadas, não sei se pelo esforço que fez para me acompanhar andando ou por ter dito o que diz. Os lábios entreabertos mostravam seus dentes brancos e perfeitos. Então, sem dizer nada, me curvei, aproximando meu rosto de seu a beijei seus lábios enquanto enlaçava sua cintura. Lívia levou as duas mãos à minha nuca e correspondeu ao beijo de forma intensa, colando seu corpo ao meu. Quando finalmente, depois de longos minutos, nossos rostos se afastaram, consegui dizer:

– Não sei dizer se te amo ou não. Sei que penso muito em você. Te ver com aquele cara para mim foi uma tortura difícil de aguentar. Mas como isso pode ser amor se ao mesmo tempo eu sinto uma vontade muito grande de transar com você?

– Seu bobo! Você acha que quando se ama não existe o desejo de sexo? Muito pelo contrário, pois quando há o amor, o sexo fica muito mais gostoso.

Em seguida sorriu radiante, sorriso que apaguei beijando desesperadamente aquela boca.

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Uma história que vai fazer a gente ficar ligado esperando os próximos

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