Cap.14
Estava a comer, sentado no refeitório com ele a minha frente falando de seus antecedentes.
- Bem... Depois da morte da minha bisavó meu pai recebeu uma boa notícia, acabou sendo promovido. Ai ele ficou todo feliz, decidiu comprar um apartamento maior e então nos mudamos para esse bairro. E aí eu tive que mudar de escola também, se não ficaria longe demais para mim.
- Entendo - falei, comendo as batatas - pega.
- Obrigado - falou, tirando uma.
- Essa camisa ficou ótima em você - quando ele ouviu, tirou o olhar de mim e olhou para a camisa.
- Você acha ?
- Eu tenho certeza !
- Ficou nada. Nenhum uniforme fica bem em alguém.
- Pois em você ficou ! Não acredita em mim ? - ele sorriu de canto.
- Acredito... - olhou para o lado, pro outro, e então parou o olhar quando viu Gabriel e Pedro entrarem juntos, sorrindo e brincando um com o outro - e então ? Qual é a história longa que envolve você e aquele casal ? - perguntou, logo focando o olhar em mim.
- Bem... Eu gosto muito do garoto baixinho. Assim que cheguei no colégio, ou melhor, voltei para o Colégio, ele foi uma das primeiras pessoas que falei, depois dos meus amigos antigos. Ele tentava alcançar um livro lá no alto, escorregou e eu acabei o segurando, salvando-o da queda. Desde então eu me tornei amigo dele, fiz milhões de coisas legais para ele, o levei para sair, enfim...
- E então ? Vocês ficaram ? - perguntou, com menos entusiasmo.
- Não... Ele é apaixonado pelo outro. Sempre foi, eu fui meio que um intruso na relação deles. Acontece que eu vi uma brecha depois que eles brigaram, e decidi investir.
- Eles brigaram ?
- Sim. Por algum motivo que eu não sei qual é, eles brigaram. Ele chorou que só, e aí eu apareci. Até tentei ver se rolava algo, mas percebi que ele gostava do outro. Daí decidi intimar a paixão dele, e então eles ficaram juntos.
- Nossa, mas porque fez isso ? Se você queria por Que não lutou ?
- Porquê se ele namorasse comigo, não seria plenamente feliz comigo. Ele não sente nada por mim além de amizade - falei, baixando a cabeça e fechando os olhos, enquanto tentava Não me deixar afetar pela paixão que ainda doía.
- EI ? - levantou minha cabeça com a mão - fica assim não ! Infelizmente, nós apaixonados estamos condenados a sofrer por amor... É o mal daqueles que se apaixonam...
TEMPO DEPOIS
Infelizmente não estudavamos na mesma sala. A dele era a Sala ao lado da minha, então ficamos muito tempo separados um do outro. Mas não nego que fiquei por muito tempo pensando nele, segurando o coração no meu peito, nervoso, sem entender o porquê.
SEMANAS DEPOIS
Nas semanas que se seguiram, nossa relação foi apenas se afunilando ainda mais. Não nego que me afastei um pouco de Gabriel, pois passei a ter com ele a relação que tinha com Gab. Éramos muito amigos. A ponto de ele me convidar para ir até a sua casa.
- Oi Michel ? - falou, se jogando levemente sobre mim.
- Aí seu louco ! Como está ?
- Muito bem. Ei ? Você não quer ir até a minha casa na próxima sexta ?
- Fazer o que ?
- Ah, sei lá. Ver filmes, jogar vídeo game, comer besteiras... Enfim... Quer ?
- Quero, claro !
- Que bom... - falou, sorrindo - está lindo hoje.
- Obrigado. Você também está !
- Sério ?
- Sim - de repente então ele beijou o meu rosto, por algum motivo me deixando inteiramente vermelho.
- Obrigado também - acabei sorrindo vendo aquele ato. Sim, ele conseguia fazer o meu coração bater forte. Meu coração fazia "tuc tuc tuc" descompassadamente, eu já não conseguia controla-lo. Eu tinha ciência de que não era apenas mais amizade o que eu sentia. Eu continuava envergonhado, quando vejo aquele rosto aparecer pelo corredor. Nunca mais imaginei rever aquele rosto. Aquele rosto, marcante, perfeito e inesquecível. Eu não acreditava no que via.
Continua
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