O Pecador- Capítulo 15

Um conto erótico de Gabriel
Categoria: Homossexual
Contém 4669 palavras
Data: 29/10/2015 04:25:45

Gabriel Narrando.

Eu estava tão sobrecarregado, tão cansado... Eu só queria que o Marcelo fosse embora e o Gustavo parasse de implicar com o próprio amigo. O Ricardo tava sendo tão legal comigo, escutou todo o meu desabafo e até me deu um abraço... Se bem que fui eu quem o abraçou, mas ele retribuiu, certo? Ele tinha acabado de me convidar para dormir na casa dele e eu sinceramente fiquei muito na dúvida se iria ou não. De um lado na minha mente vinha a imagem dos meus irmãos, que com certeza não concordariam com isso e de outro lado vinha o alívio de não ter que encarar o Max nem o Marcelo. Apesar de que entre eu e o Mawell não era nada grave e que nós dois logo voltaríamos a nos falar, eu só tava querendo um pouco de ar para colocar a cabeça no lugar. Talvez na casa do Ricardo, me distraindo com o video game eu consiga ficar melhor, mas mesmo assim fiquei com medo da reação dos meus irmãos depois.

- Olha eu não sei se é uma boa ideia, eu nem te conheço direito...- Eu disse com um certo... medo?

- Cara eu sou amigo do seu irmão, e agora além de amigo dele eu sou seu amigo e seu mestre também.- Ele se defendeu.

- Ai é que ta. O Gustavo não vai gostar nada disso...

- Deixa que com o Gus eu me resolvo depois. O problema dele é comigo e não tem porque você se colocar no meio disso.

- Eu não sei não... estou com medo de sobrar pra mim depois.- Eu estava realmente receoso.

- Vamos cara, por favor... você não me parece muito bem e se continuar assim só vai ficar pior.- Ele estava realmente com muita vontade que eu fosse pra casa dele pelo visto.

- Mas como eu vou? Eu to sem nada aqui e eu ainda nem falei com ninguém, é quase certeza meu pai não deixar e...

- Mano você ta com suas roupas pra se trocar ai não ta? Então, La em casa você veste elas e sobre o seu pai é só você ligar e falar que vai pra minha casa. Ele me conhece tanto por eu ser amigo do Gus quanto por eu trabalhar aqui. No dia que ele veio aqui, fui eu quem o recepcionou.- Não é que eu não quisesse ir. Aquele convite era muito tentador, é só que meus irmãos... Ele viu minha cara de duvida e disse.- Ah quer saber? Faz o que você quiser... to aqui tentando ajudar e você fica nessa? Vou dar minha aula que eu ganho mais!- Ele pareceu meio revoltado.

- Não, espera! E-eu vou ligar pro meu pai ta bom? Se ele deixar eu vou.- Ele voltou para perto de mim e ficou esperando a ligação. Meu pai logo atendeu.

- Oi filho, algum problema?

- Pai é que o Ricardo, meu mestre, lembra dele?

- Claro que lembro filho, ele é amigo do seu irmão. Gosto muito dele.- Ponto pro Ric.

- Então... é que ele me chamou pra dormir na casa dele hoje, porque ele comprou um jogo novo e a gente ta muito afim de jogar.- O Ricardo me olhava sério.- Deixa eu ir?

- Hum, não sei não... seu primo ta la em casa e seria bom que você fizesse companhia a ele. Fora que você anda muito mal educado comigo.- Nossa isso era tudo o que eu não queria ouvir. Isso de certa forma me impulsinou a não querer voltar pra casa naquele dia.

- Me desculpa por aquilo pai, mas Vai, deixa por favor... Você sabe como pra mim é dificil fazer amizade, não estraga isso agora. Lembra do que a psicologa falou?- Atingi seu ponto fraco. Aquela história ainda mexia com ele.

- Ta, ta. Tudo bem então, eu deixo. Mas me deixa falar com o Ricardo.

- Valeu mesmo pai. Ah e liga pro Gus não vir me buscar.- Preferi que meu pai falasse com o Gustavo. Tirei o telefone celular da orelha e apontei para o Ric.- Ele disse que quer falar com você.- Ele pegou o celular da minha mão e colocou na orelha.

-Hum... ok... certo... sim senhor- Ele respondia o meu pai.- Vou, vou cuidar sim, não se preocupe. Abraço.- Ele desligou o telefone.

- O que ele te disse?

- Que era pra eu cuidar do filhinho dele.- Ele falou com voz de deboche.- E pra não deixar nada acontecer com você.- Ele começou a rir da minha cara de envergonhado. Valeu ai pai.- Anda, vamos para a aula que esse papo nos atrasou muito.

Andamos até a sala e ao chegarmos na porta, todos os olhos se voltaram para nós, porém um desses olhares era de raiva. O olhar do Isac, claro. Eu não liguei.

- Onde vocês estavam? Perguntou o Mestre Matheus.

- Nós estavamos resolvendo um problema do Gabriel, Mestre.- O Ric respondeu por mim. O Mestre me olhou e provavelmente percebeu que eu havia chorado.

- Ta tudo bem com você garoto?- Apenas acenei positivamente com a cabeça.

- Bom, então podem ir treinar. Ricardo, você cuida do Gabe hoje.

- Beleza Mestre.

Começamos a treinar. O Ric sabia explicar os movimentos bem melhor que o Jorge e o legal era que iamos conversando sobre diversas coisas durante o treino. Ele sabia me fazer rir e isso me deixou mais leve. O treino passou até mais rápido nesse dia. Como nós iriamos pra sua casa, deixamos para tomar banho quando chegassemos lá. Chegamos e Encontramos uma Senhora de olhos tão verdes quanto os do Ric. Ela era muito linda e estava sentada no sofá.

- Oi mãe, esse é o Gabriel, ele é meu aluno e meu amigo. Ele é irmão do Gustavo e Vai dormir aqui hoje, tem problema não né?- Ele nem tinha perguntado pra sua mãe se eu poderia dormir la? Como assim? E se ela não deixasse?

- Claro que não tem problema meu filho, você sabe que eu não ligo pra isso. Tudo bom Gabriel? Eu me chamo Ana, muito prazer e seja bem vindo.- Ela estendeu a mão e eu a apertei.

- Tudo sim, Senhora. Muito obrigado.- Largamos as mãos.

- Mãe a gente vai subir agora e tomar um banho, na hora do jantar a gente desce.- Ele falou subindo as escadas de sua casa e quase me arrastando. Entramos no seu quarto.- O banheiro é logo ali, pode usar.- Falou apontando para uma porta que ficava dentro do quarto mesmo.

Entrei no banheiro e logico que tranquei a porta. Não ia correr o risco de ele entrar lá. Tirei a roupa e comecei a tomar banho. Aquele tempo sozinho estava me fazendo lembrar de algo que a muito tempo não vinha a minha mente, a surra que levei na porta da escola. Como aquilo foi humilhante... o pior de tudo foi quando aqueles garotos começaram a mijar em mim... eu me senti um deposito de degetos humanos, pior que um vaso sanitário, eu me senti o que há de pior no mundo. Toda vez que eu lembrava daquilo eu sentia nojo de mim mesmo e começava a me limpar com mais e mais força. Nessa altura do campeonato eu ja estava chorando com aquelas cenas. Os socos, os chutes,foi tudo tão horrível... eu fiquei ali por mais um tempo e desliguei o chuveiro. Me sequei e vesti a roupa dentro do banheiro mesmo. Saí com a toalha no ombro. O Ric estava sentado em uma poltrona que tinha em seu quarto assistindo tv. O mais legal de lá, é que era como se fosse um apartamento dentro de uma casa, pois seu quarto é muito espaçoso e tem uma poltrona, muito legal, tem aqueles puffs jogados no chão, uma cama king size enorme, seu gurada roupas ocupava quase uma parede toda e sua televisão era enorme. Aquele cara devia ter vida de rei naquela casa, ainda mais sendo filho único.

- Você demorou em?- Ele falou olhando ainda para a tv e logo em seguida me encarou. Sua feição passou de descontraída pra séria num piscar de olhos.- Tá tudo bem? Você estava chorando?- Meus olhos deveriam estar vermelhos pra ficar tão evidente assim. Eu não iria incomodá-lo com aquilo.

- Tô bem sim é que caiu shampoo no meu olho.- Forcei um sorriso para que ele acreditasse.

- Tem certeza?- Ele continuou na duvida.

- Claro, foi só isso mesmo.

- Então ta bom, agora eu vou tomar banho, fica a vontade aí.- Ele entrou no banheiro e eu me sentei em sua cama. Ainda eram por volta de cinco da tarde e na minha casa eu geralmente dormia esse horário e acordava só na hora do jantar. O hábito fez com que o meu corpo fosse se deitando lentamente em sua cama e sem que eu percebesse acabei dormindo ali.

Ricardo narrando.

Eu estava tomando banho enquanto o Gabriel estava no meu quarto me esperando. Eu tenho certeza que ele chorou no banho, mas relevei ja que ele não quis me contar mesmo... Não demorei muito e saí enrolado na toalha. Quando cheguei na porta do banheiro, me deparei com uma das cenas mais lindas que eu poderia ver: Um anjo dormindo em minha cama. Ele estava deitado de lado, com os joelhos um pouco encolhidos e as duas mãos servindo de "travesseiro", apoiando sua cabeça. Como ele era sereno, transbordava paz, calma, leveza... Quem o via assim nem imaginaria a barra que ele passava em casa. Sua pele agora limpa e livre de suor era sedosa e lisa. Seu rosto não tinha espinhas e as vezes ele me parecia até uma peça de porcelana. Seus cabelos, ainda humidecidos pelo banho, ajudavam a dar formato a aquele rosto tão bonito. Era engraçado o fato de eu achar ele muito bonito e o Gustavo nem tanto, tendo em vista que os dois são muito parecidos. Eu tinha vontade de acariciar seu rosto, envolver seu corpo no meu, protegê-lo do mundo, ter ele só para mim. Sua boca estava entreaberta e seus lábios eram de um tom de rosa tão perfeito que chegava a dar água na boca. Ele estava sem camisa, com apenas uma bermuda então pude analisar seu corpo. Ele não era malhado, nem magro, nem gordo. Era apenas lisinho e com alguns sinais espalhados pela sua pele branca. Quem diria que eu algum dia ficaria cerca de dez minutos apenas admirando um garoto dormindo? O que diabos aconteceu na minha vida, no meio do caminho? Que parte da minha história foi essa que eu perdi, onde eu apareço de uma hora pra outra perdidamente encantado por um outro cara? O que deu em mim?

O que eu sentia por ele era tão forte, que mesmo os meus pensamentos mais racionais não tinham vez com aquilo que saia do meu coração. Era algo quente...

Finalmente despertei do transe e fui me vestir. Ele estava dormindo, então me troquei ali mesmo. Eu fico envergonhado só de lembrar o que aconteceu da primeira vez que nós ficamos pelados um na frente do outro. Foi quase impossível me controlar, mas agora eu tinha que manter a linha. Algo começou a passar pela minha cabeça... e se o Gabriel não tivesse interessado em mim? Eu nunca tinha parado pra pensar nisso! Eu só tô ligado no meu interesse por ele, mas não sei se isso é recíproco. Ele nunca deu indícios disso, deu? A unica coisa que ele fez foi me abraçar na academia, mas isso qualquer um no lugar dele faria. Ele é um menino carente e o que ele fez foi depositar na unica pessoa que ouviu ele, no caso eu, todo o afeto que ele estava precisando. Mas enfim, se ele não gostava de mim dessa forma, eu teria tempo bastante para tentar algo... isso se ele for realmente gay né? Mas isso era meio perceptível, apesar de ele não ter jeito nenhum de gay, nenhum cara hétero que eu conheço é desse jeito. Eu queria tanto que ele estivesse gostando de mim também, pois pelo menos eu não estaria me sentindo tão culpado atoa.

Parei de pensar nisso um pouco, desliguei a televisão e fui fazer os trabalhos da faculdade na minha escrivaninha enquanto ele dormia. Passou-se cerca de duas horas e minha mãe veio avisar do jantar e logo saiu. Ela iria para a casa de uma amiga fazer sei la o que. Eu tive que acordar ele para podermos jantar, mas ele estava em um sono tão calmo... Ele permanecia na mesma posição em que o encontrei. Fui me aproximando dele e cheguei bem perto, com uma vontade enorme de tocá-lo.

- Gabriel? Gabe acorda- Foi inevitável não passar a mão em seu rosto. Passei a costa dos dedos em sua bochecha e nossa, como sua pele era macia. Senti ele se mexer e puxei meu braço para trás o mais rápido possível. Ele lentamente foi abrindo os olhos e aquele castanho mel lindo foi aparecendo aos pouco.- Já está na hora do jantar...- Cocei a nuca, fiquei com um pouco sem graça de tê-lo acordado.

- Nossa cara, desculpa... eu nem percebi qeu eu dormi. É que na minha casa eu geralmente durmo esse horário pra aguentar o pique.

- Tudo bem rsrs sem problemas, eu aproveitei para adiantar uns trabalhos da faculdade. Mas e aí? Vamos comer?

- Vamos.- Ele levantou e se espreguiçou. Eu ja estava começando a ficar com raiva de mim mesmo por achar tudo o que esse garoto faz, a coisa mais linda do mundo. Até se espreguiçar se tornou algo que ele fazia mais bonito que os outros.

Chegamos na cozinha e começamos a conversar.

- Cara, o seu quarto é muito da hora.- Ele puxou assunto.

- Valeu. É que como sou filho único, essas despezas a minha mãe so tem comigo.

- Ricardo eu posso te perguntar uma coisa?

- Claro.

- Como foi que o seu pai morreu?- Ele tinha tocado no meu ponto fraco. Eu odiava falar sobre esse assunto. Ele me olhou e provavelmente percebeu o meu desconforto.- Olha não precisa falar se você não quiser.

- Tudo bem, eu confio em você. Você desabafou comigo hoje e eu não tenho porque não te contar. Eu era criança, mas me lembro como se fosse ontem. Eu tinha 10 anos e ele me levou pra logar bola na pracinha que tem aqui perto numa tarde. Nesse dia a praça estava particularmente deserta. Foi quando chegou um homem e o abordou.- Nessa hora passou um filme na minha cabeça e as lágrimas vieram.

" - Meu irmão passa o celular pra ca!- Falou o assaltante.

- Você ta maluco? Eu não vou dar porra nenhuma pra você!

- Ah não vai não é?- De repente o ladrão tirou uma faca do bolso.- Então acho que seu filho vai ter que pagar por isso. Ele se virou e veio em minha direção, só que no meio do seu caminho meu pai se jogou em cima dele e caíram rolando no chão. Eu fiquei lá parado, sem reação e não demorou muito para que eu ouvisse um grito do meu pai.

- AAAAAAAAAHHH.- O bandido saiu de cima dele, puxando a faca da sua barriga e a enfiando de novo mais duas vezes. Meteu a mão em seu bolso, pegou o celular e saiu correndo. Meu pai ficou no chão todo ensanguentado pedindo por ajuda e eu não conseguia chegar perto dele. Eu só conseguia chorar desesperadamente enquanto ele se debatia no chão. Teve uma hora que ele parou de se debater.

- N-n-não. Não p-pode ser. O meu pai não. NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!- Eu tinha acabado de presenciar a morte do meu pai e não consegui fazer nada. Absoulutamente nada. Eu tinha ficado totalmente travado e ele tinha morrido de uma forma horrivel na minha frente. Eu saí correndo e chorando até chegar em um beco e me esconder entre umas caixas de papelão."

- É tudo o que eu lembro desse dia.- O meu choro ja estava bastante forte quando terminei de contar a história ao Gabe.

- Nossa Ricardo. Eu sinto muito mesmo por isso, se eu soubesse que isso mexia tanto com você, eu nem teria perguntado.- Ele segurou minha mão por cima da mesa.

- Eu passei mais de cinco anos fazendo terapia. E nada que os psicologos disseram foi capaz de tirar a culpa que sinto até hoje.- Falei limpando as lágrimas que desciam pelo meu rosto.

- Mas claro que você não tem culpa Ricardo, você era apenas uma criança.- Ele segurou a minha outra mão também.- Eu não gosto de te ver assim, me desculpa por ter tocado no assunto.

- Não, ta tudo bem. Eu que quis falar... as vezes é bom colocar tudo pra fora...- Sequei as lágrimas que agora pararam de cair.-Vamos subir pra jogar?- Mudei de assunto.

- Claro.

- Me da seu prato aqui pra eu lavar.- Ele me deu o prato e eu fui pra pia, ficando de costas pra ele.

- Ric?

- Oi.

- Obrigado por confiar em mim.- Ele disse.

- Obrigado você, por confiar em mim. Eu sei que você não é de se abrir tanto pra alguém, ainda mais pra mim. Não sei que milagre você aceitou vir pra ca!

- É que eu gostei de você... no começo pensei que você era igual ao Gustavo, mas quando me defendeu, vi que estava enganado.

- Na verdade eu até era igual a ele, mas quando eu te conheci isso mudou.- Virei para ele e o encarei. Ficamos nos olhando por algum tempo. Ele pareceu meio tenso e não respondeu nada.

- Vamos subir?- Ele disse quebrando a tensão.

Chegamos no meu quarto, ligamos a TV e o vídeo game, nos sentamos na minha cama com os controles em mãos e começamos a jogar... O jogo era de estratégia e continha partes de lutas, era bem interessante. Ficamos jogando por mais ou menos uma hora e eu ja não aguentava mais de calor. Em casa eu era acostumado a ficar só de cueca e as vezes até pelado, se estivesse no meu quarto.

- Cara que calor filho da puta, você se importa se eu ficar só de cueca?- Perguntei pra ele sem segundas intenções, juro!

- Eu ja te vi em situações piores mesmo...- Ele pareceu envergonhado e eu fiquei com o dobro de vergonha, mas isso não me impediu de tirar a bermuda pois o calor era maior. Minha mãe só me deixava ligar o ar condicionado quando eu fosse realmente dormir, pois a conta de energia ja era muito cara devido aos outros aparelhos. Eu tinha consciencia disso e respeitava.

Continuamos jogando e nos divertimos bastante. Conversamos mais um pouco e descobrimos mais coisas um do outro. Ja passava das duas da manhã e nós ainda jogavamos. Estavamos deitados na minha cama um ao lado do outro de frente para a televisão.

- Vai Gabriel, sua vez de jogar.- Ele nada respondeu. Olhei para o lado e ele ja havia adormecido. Que garoto dorminhoco em? Ele ja tinha dormido a tarde e mesmo assim dormiu primeiro que eu.

Acabei desligando a tv, o video game e a lampada, ligando o ar condicionado e cobrindo ele e a mim com um edredom. Peguei no sono muito rápido. Por volta das quatro horas da manhã eu acordo ouvindo uns gemidos e sentindo ele se mexer na cama.

- hum... não, por favor não faz isso comigo... eu nunca fiz nada pra vocês- Seu rosto era ilumiado apenas pela luz amarelada do abajur.- Parem com isso, por favor.- Ele falava todas essas frases enquanto dormia. Seu rosto era de puro sofrimento e ele chorava muito enquanto dormia. Nunca tinha visto aquilo acontecer era um desespero que chegava a dar falta de ar.- Me soltem... cadê o Gustavo que não chega para me ajudar?- Ele falava essas frases desconexas.

- Gabriel? Gabriel, acorda.- Comecei a cutucar seu braço.- Cara você está sonhando. acorda!- Mas era em vão, ele não acordava.

- Alguém me ajuda, por favor!! N-não isso não, vocês não podem urinar em mim, isso é muito humilhante. O meu estômago dói tanto... eu só peço que por favor...

- GABRIEL ACORDA!!- Gritei e o chaqualhei. Ele abriu os olhos e puxou o ar com toda a sua força, como se estivesse sufocado. Ele se jogou com toda força em cima de mim e me abraçou como nunca. Seu abraço era tão apertado que eu sentia suas unhas arranharem minhas costas. Ele escondeu o rosto no meu peito. Eu estava de joelhos na cama e ele se sentou de frente para mim, me abraçando.

- R-ric socorro, me ajuda!! E-eles estão, estão atrás de mim, eles querem me bater, por favor não deixa!!- Ele começou a chorar com muita força. O pânico que ele sentia era quase paupável. Ele tremia muito e a cada minuto que passava seus braços me apertavam mais.- Por favor Ricardo...

- Ei, ei, ei calma gabe, foi só um pesadelo, eu estou aqui agora e não tem mais ninguém aqui.- Envolvi meus braços ao redor do corpo dele com um pouco de força também para tentar acalmá-lo.

- M-mas foi tão real, a dor, eles me batendo, tudo...- Ele não parava de chorar.

- Xiiii... passou, eu estou aqui. Eu vou protegê-lo. Segurei se rosto com as duas mãos e ele me encarou com a face cheia de lágrimas.- Eu te prometo que não vou deixar nada nem ninguém fazer algo com você entendeu?- Ele apenas confirmou com a cabeça de uma forma um tanto desesperada. Eu ainda segurava seu rosto, só que agora de uma forma mais delicada. Nossos rostos estavam muito proximos um do outro. Meu nariz quase encostando no dele e eu era capaz de sentir sua respiração quente vindo de encontro ao meu rosto. Como ele era lindo... Eu finalmente estava podendo contemplar toda aquela belza da distancia que eu queria. Ele também não tirava os olhos do meu. Eu fui aproximando cada vez mais nossos rostos e consequentemente nossas bocas...

Gabriel narrando.

- Espera.- Eu falei e Ele parou de avançar. É que eu nunca fiz isso antes.

- Nem eu... eu nunca beijei um cara antes, mas com você é diferente. Eu nunca me imaginei ficando com um garoto antes, mas você tem algo que me deixa maluco e eu não consigo parar de pensar em você um minuto...- Nossa me surpreendi com aquela quantidade de informações. Eu não sabia que ele sentia isso tudo por mim.- Quando eu te vi pela primeira vez eu te achei muito diferente, algo despertou em mim, uma vontade de te ter pra mim, de te possuir, de falar "esse garoto é meu" pra todo mundo e ao mesmo tempo veio uma confusão gigantesca na minha mente por estar fazendo algo que eu sempre recriminei. Mas por você eu esqueci tudo aquilo que eu pensava, porque pra mim, só o que faz sentido são as coisas que me deixam feliz e se você é uma dessas coisas, foda-se o resto.

Eu só poderia usar uma palavra pra definir tudo isso. "waaaw". Aquilo foi a coisa mais bonita que alguém ja me disse. Eu senti sinceridade em cada palavra, tudo o que ele me disse me fez ficar mais encantado do que eu ja estava. Ouvir aquilo olhando para aqueles olhos verdes me deixou com uma vontade louca de beijá-lo.

- Nossa Ricardo... Eu estou sem palavras pra descrever tudo isso que você me falou, mas eu estava me referindo a beijar... E-eu nunca fiz isso antes.- Eu abaixei minha cabeça com vergonha e meu rosto provavelmente estava bem vermelho. Ele pegou no meu queixo e levantou minha cabeça. O Ric estava com um sorrisinho no rosto.

- Você nunca beijou ninguém? Sério?

- Sério, eu quase não falo com ninguém e nunca me envolvi com pessoas, além do mais eu...

- Eu acho isso muito fofo sabia?- Ele cortou minha frase.- Então quer dizer que eu vou ser o seu primeiro?

- S-sim.- Encarei meus dedos, mas ele novamente me fez olhar para ele.

- Como a vida é engraçada não é? Ela sempre querendo que eu seja seu professor.- Ele tinha um sorriso no rosto que chegava a dar inveja. Ele passou a mão em meu rosto. Como sua mão era grossa, grande, máscula... Eu fechei os olhos e esfreguei meu rosto mais ainda em sua mão. Como era bom sentir seu toque. Senti a mão dele me puxando de encontro ao seu rosto e de repente senti aqueles lábios carnudos e humidos tocando os meus. A sensação era muito boa. Primeiro ficamos num selinho bem demorado e logo senti sua língua invadindo a minha. Como aquilo era bom! Se eu soubesse tinha feito antes. Seus braços envolveram o meu corpo me puxando para um abraço apertado enquanto sua língua brincava com a minha. Será que eu estava me saindo bem? Ficamos assim por um bom tempo e quando paramos estavamos completamente sem fôlego.

- Waaw.- Eu disse respirando fundo.

- A sua boca... é a mais gostosa... que eu ja beijei na vida.- Ele falava enquanto respirava pesado. Nós estavamos ajoelhados na cama um de frente para o outro.

- Hum você acha que...- Ele não me deixou completar a frase, logo ja estava com sua língua enfiada em minha boca novamente. Aos poucos ele foi se deitando e me puxando para cima dele. Eu estava deitado por cima e ele envolveu suas pernas na minha, alem de passar seus braços fortes ao meu redor.

- Eu poderia passar a minha vida toda assim sabia?- Ele sussurrou no meu ouvido enquanto roçava sua barba rala no meu rosto. Fiquei todo arrepiado com aquela sensação. Ele começou a beijar meu pescoço também e era algo maravilhoso. Eu logicamente também nunca tinha experimentado aquilo e era muito prazeroso. Voltamos a nos beijar mais um pouco...

- Eu quero que você durma bem agarradinho comigo hoje ta bom?- Ele falou em meio aos selinhos.

- Obrigado Ric. Você é demais.

- Ta agradecendo pelo que Gabe?

- Por cuidar de mim. Por tirar esse tempo pra ficar comigo.

- Não precisa agradecer... eu fiz com o maior prazer, mas se você quiser tem um jeito de me pagar...- Ele abriu aquele sorriso mais uma vez.

- Como?- também sorri.

- Assim.- E me beijou mais uma vez. depois de algum tempo que paramos, olhei o relógio e ja eram cinco horas da manhã.

- Agora nós precisamos dormir.- Falei com um sorrisinho no rosto. A tempos eu não me sentia tão feliz assim.- Eu nem sei que horas vou amanhã para casa.

- Depois do almoço eu te levo, o carro da minha mãe vai estar aí.- Ele me deu mais um selinho.

Eu deitei minha cabeça em seu peito e ele ficou alisando meus cabelos, fazendo cafuné. Logo ele me virou de lado e me abraçou por trás, me puxando contra seu corpo. Fiquei acordado por mais um tempo. Aquilo tinha sido real? Aconteceu mesmo ou foi um sonho? Ele beijou minha nuca e me arrepiei todo. Não, não era um sonho. Foi real e foi uma das melhores coisas que eu ja fiz na vida.

De repente algo veio a minha mente. E agora? O que vai acontecer depois disso? Ele ainda vai querer saber de mim ou foi algo passageiro? Foi só uma ficada, ou a gente vai levar isso a diante? E o Gustavo? e o Max? Eu passaria o resto da minha vida enganando minha família? Porque eles com certeza não vão me aceitar, ainda mais com a nossa religião. Pode parecer precipitado, ja que foi apenas a primeira vez que isso aconteceu, mas o meu futuro era totalmente incerto! Eu não sei o que vai ser de mim daqui pra frente, não sei mesmo. E foi com esses pensamentos que adormeci.

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Comentários

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Quero mais😢😢😢😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭😭

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como que vai fazer ficar esse tempo todo no mistério

ps. seu conto esta otimo

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bom assim esses rotulos que a sociedade nos impõe é só para dividir as pessoas. . . Seu conto é muito bom estou adorando. . . Volte logo!

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Ah e pessoal, já deixo sob aviso que próximo capítulo so semana que vem, pois esse final de semana vou estar muito ocupado e não vou ter tempo de escrever... Eu sei que a ansiedade é grande até porq também sou leitor e sei como é chato ficar esperando um novo capítulo, a gnt se torna meio dependente da história... mas entendam que nós autores (Eu pelo menos)tenho vida social e quem me dera ter 100% do meu tempo para me dedicar somente ao conto, mas infelizmente não da. Abraço e espero que entendam, beijos e abraço a todos que acompanham.

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Hiding entendo o que você quis dizer. Mas gostaria que você (e todos os outros) soubessem que esses pensamentos machistas, que rotulam as pessoas, ou que esteriotipam alguém, são somente do personagem e não meus. Assim como os seres humanos reais, os personagens também tem sua personalidade e pensamentos próprios e características que são atribuídas somente a eles. Não é como se a minha personalidade e o que acho eu acho seja exatamente igual ao que os personagens pensam (apesar da história ser escrita por mim rsrs). Percebam que o Max é mais ciumento, o Gustavo é mais agressivo, o Ric apesar de meio machista, É mais carinhos... e nem todas essas características me pertencem. Sobre essa frase do Ric, eu quis retratar alguém que a muito pouco tempo atrás vivia em um mundo completamente diferente, onde ele era homofobico, era acostumado a esteriotipar mesmo as coisas e do nada se descobre assim. É normal que ele n tenha um entendimento muito bom sobre isso. Fora q ele provavelmente (seguindo a linha que ele frequenta academias desde criança) era acostumado com heteros métodos a machoes e tudo mais. Enfim, entendi o que você quis dizer e espero que tenha entendido o meu ponto de vista. Um abraço a você e a todos que acompanham o conto.

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Eu realmente estou sem palavras,simplesmente maravilhoso.

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Oi, não sei se já comentei antes mas amo esta história e a forma como você aborda temas complicados e sensíveis em uma narrativa envolvente torna ela muito boa de acompanhar. Só não gostei da parte em que o Ricardo diz que "nenhum hetero seria assim". Não sei se é um pensamento do personagem devido à recente descoberta dele sobre homossexualidade. Confesso ter entendido o que você quis dizer, mas não consegui evitar de pensar que pareceu um comentário meio estereotipado. Não é nenhuma crítica que estou fazendo, apenas gostaria de sugerir que você desenvolvesse isto um pouco mais nos próximos capítulos. Eu pelo menos acho que a linha entre a homossexualidade e a heterossexualidade muito tênue para usarmos "regras" para determinar quem é um ou outro. Espero também que o Gabre consiga amadurecer mais e seja mais seguro de si, de forma a construir uma relação de mais igualdade entre ele e o Ric. Abraços. Eapero que entenda o que eu quis dizer. :)

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Nossa apaixonado pela sua história, pq pra mim já deixou de ser conto faz tempo. fiquei feliz pelo que rolou entre os meninos, porém prevendo confusão vindo do Gustavo pro lado do Ricardo. Não demora a postar continuação.

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Muito lindo esse capítulo. Simplesmente demais o primeiro beijo desses dois. Tomara que o Gabs vá ganhando mais segurança e confiança em si mesmo. Abraços

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Simplesmente perfeito esse capítulo. O Ric finalmente declarou seu amor por Gab, muito fofo e o primeiro beijo então nem se fala. O Gab sofreu mais que as Marias da saga das novelas mexicanas, PQP, e depois dessa vai vim mais treta por aí. Só quero ver como ele vai enfrentar os irmãos, o Marcelo (Que ele era pra ter aplicado aquele golpe que ele deu no Max nele também) e os pais. Corta pro sexo kkkkk. Bom demais, ansioso pelo próximo, volte logo!

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Nossa! Que capitulo foi esse ? Mas como tudo se tem um preco, nem quero imaginar a chegada do Gabriel em sua casa. Abracos man...

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