Como eu me apaixonei pelo meu amigo? - Capítulo 2

Um conto erótico de Maurício
Categoria: Homossexual
Contém 1548 palavras
Data: 23/10/2015 22:52:52
Última revisão: 23/10/2015 22:55:29

DETALHES E COMENTÁRIOS

Olá pessoal da Casa, gostaria inicialmente de agradecê-los por acompanhar a história e pelo feedback dado através dos comentários, e irei responde-los aqui embaixo.

Gostaria de falar um pouco sobre o que me motivou a escrever este conto antes de começar a responder todos! Bom, sou exatamente como Miguel é descrito e passei exatamente pelas mesmas coisas que verão ele passar, quando você é diferente do padrão imposto acaba levando uma vida onde é hostilizado, as pessoas cometem abuso e te excluem. Não consigo mencionar quantas vezes eu fui agredido nessa vida, nem quantas vezes fui excluído de coisas que eu era capaz de desempenhar porque julgavam que minha aparência ou comportamento não era “adequado”. E isso vinha sempre por meio de ‘opinião’, ‘só uma questão de gosto’ e outras formas de amenizar o preconceito.

Quando você é diferente precisa lutar em dobro para mostrar profissionalismo, pois um erro seu não será apenas um erro comum como o de qualquer pessoa! Você, quando erra está errando por toda uma classe na qual você representa. As vezes que errei ouvi coisas como “isso que dá colocar viado para fazer isso”, “falei que viado não dava conta de uma coisa dessa” e isso me doía muito, não por ter errado pois isso me fazia acertas na próxima, mas porque todos os outros gays de certa forma estavam errando comigo.

Por um outro lado, nunca experimentei de representatividade! Não havia cantores gays afeminados, ou super-heróis gays afeminados ou qualquer coisa sequer. Para sociedade nós temos que viver a margem dos gays, sendo o último nível, o menos aceito e sendo rejeitado até por outros gays que são mais “discretos”, como eles preferem se denominar.

Eu nunca aceitei isso, e a cada vez que eu era agredido fazia questão de me levantar e agir com a mesma postura de sempre, eu seguirei em frente independente do que aconteça. Pode ser que ninguém me ame (alguém que é assim como eu já percebeu o quanto é difícil alguém que assuma gostar de nós?), por mais que fique sozinho (coisa que felizmente não vai acontecer pois há que me ame) eu estarei de pé e vou representar em algum lugar todos que são como eu. E por isso resolvi escrever esse conto, colocando um pouco da minha vida e mostrando um personagem divertido, vencedor e que chamou a atenção de uma pessoa totalmente diferente e que talvez poderia estar inserido nos padrões impostos pela sociedade.

Espero que gostem do conto. É um prazer escrever para vocês.

R. Ribeiro: Só deu tempo de fazer um! Infelizmente... E cara, tenho certeza que você é inteligente em muita coisa, que tem seus talentos e pode mostrar isso ao mundo. Seja forte, a nossa maior arma é a indiferença e a resistência. Resista a tudo e continue de cabeça erguida.

Irish: s2 Preconceito contra as manas é coisa de babaca! Infelizmente temos muito disso dentro da própria comunidade Gay, mas vamos continuar lutando por nossos direitos como sempre fizemos.

Senpai: Você não imagina o quanto ele é!  Obrigado por acompanhar.

Lipe: Veremos... hahaha

Prireis: Sim! É exatamente uma máscara.

Helloo e Geomateus: obrigado por acompanharem! 

FASPAN: Sim! Há dor. Muito obrigado por ter ligo, espero que continue agradando.

DigoS2: Obrigado!  Vamos continuando... Abraços.

S2DrickaS2: Ele e muito especial.

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CAPÍTULO 2 – PRIMEIRA VEZ

Desejei não ter perguntando no outro dia, durante o jogo de verdade ou desafio quem Miguel tinha beijado pela primeira vez. Era comum fazermos perguntas o zoando, mas ele ficou realmente constrangido embora ninguém tivesse percebido e ele inventou o nome de alguém que eu não conhecia para disfarçar.

Outra vez tivemos um encontro no banheiro, notei sua tristeza mais uma vez e nessa ocasião resolvi perguntar o porquê.

– Outra hora te falo! – Ele disse e saiu.

No fim da festa apareci no seu quarto e cobrei pela resposta. Ele ficou bastante incomodado.

– Não foi uma boa experiência Maurício! De toda forma não vai entender... Melhor não mexer com essas coisas.

– Mas eu quero saber! Sou seu amigo...

Ele se sentou na cama, pensou por alguns segundos e começou a falar baixo e tristonho como nunca fizera antes. Me disse que foi doloroso, pois ele era ingênuo, tinha apenas doze anos quando um amigo da família (que ele não disse o nome) deu em cima dele e o fez fazer muitas coisas que não queria. Na época ele não entendia o que fazia e como aquilo iria doer nele pela vida toda, mas a sua primeira vez tinha sido um abuso sexual. Ele estava aos prantos quando terminou de me contar, como se revivesse tudo aquilo, eu não sabia o quanto doía, mas me sentia mal por não ter sabido disso muito antes.

– Enfim, foi isso! ¬– Ele disse tentando não me encarar.

Eu o abracei como fazia quando nós éramos pequenos, quando não havia pudores ou malícias e podíamos ser quem quiséssemos não nos preocupando com o ódio de ninguém. Miguel sempre fora meu melhor amigo e embora eu tivesse sido o maior babaca, em momento algum ele me abandonou! Ele foi o abandonado na história.

– Eu sinto muito! – Eu disse.

E sentia mesmo, só eu sabia o quanto me doía. Eu ainda acho Miguel a pessoa mais forte do mundo, isso porque mesmo caindo como todos nós ele não se deixa abater, olha para frente e não perde a classe, continua adiante.

– Quero que voltemos a ser como antes! Como quando éramos pequenos lembra? – Eu continuei – Fui o maior idiota em me afastar de você, talvez de alguma forma eu poderia te ajudar a evitar ou ajudar a passar por isso tudo.

Peguei nas mãos de Miguel, ele tentou tirar a direita um pouco desesperado, mas fora tarde demais e quando passei minha mão levemente no seu pulso senti algo que embora fosse pouco visível estava claro que era uma cicatriz. Algo havia acontecido e o olhar tristonho de Miguel entregava, ele tentara suicídio!

As lágrimas escorreram nos meus olhos e o mesmo ocorreu com Miguel mais uma vez, ele soluçava e me abraçou.

– Eu não devia ter feito isso! Fui um covarde... – Confessou – Mas prometi que jamais deixaria as coisas me abalarem dessa forma, jamais seria usado pelas pessoas e venho tentando cumprir embora minha situação seja pouco favorável a isso.

– Você não foi um covarde! Você resiste muito mais que eu, no seu lugar não teria postura que você tem hoje. E se alguém tentar fazer algo assim com você mais uma vez, você me avisa imediatamente Miguel! É sério.

Acabamos assistindo filmes até tarde, acabei dormindo no sofá do quarto do Miguel. Ele me acordou no outro dia para irmos a aula, já estava vestido e não parecia nada com o garoto frágil do dia anterior. Agora tínhamos uma cumplicidade, eu conhecia um pouco das suas dores e poderia ajudá-lo caso fosse preciso. E foi...

Quando chegamos na sala de aula Miguel começou suas conversas em voz alta com Laura.

– Eu estou dizendo gata, meu trabalho vai lacrar! Boatos que desde que eu comecei a programar só se escuta o choro e o desespero das inimigas.

Ele falava de um trabalho de programação, e eu junto com toda a sala estávamos com dificuldades com exceção dele que praticamente vai a aula para garantir presença.

– Eu fico vi-ra-da na cadela com essa situação de eu não poder faltar. E Maurício, pode se preparar para estudarmos.

Era impossível não rir de Miguel o dia todo, no fim do dia ele já tinha imitado a Marília Gabriela para zoar a Laura que estava gostando de um menino que não ligava para ela, e vendo ele assim eu não imaginava que fosse possível odiá-lo. Mas enquanto íamos saindo Miguel foi empurrado novamente, dessa vez por um aluno da sala. “Sai da frente, tenho paciência com viado não”, disse o imenso idiota e naquele momento eu não respondia pelos meus atos. Quando me dei conta tinha derrubado o rapaz no chão e já havia arrancado sangue de seu nariz, Miguel me puxava para longe da confusão.

– Você vai acabar levando a culpa por isso! – Ele disse. – Eu sei como revidar sem violência, não se preocupa.

E sabia mesmo, pois pelo que eu me lembrava, ninguém fazia algo ruim com Miguel e saia impune, e poderíamos esperar que ele iria ferrar esse cara em algum trabalho, espalhar algo comprometedor ou etc. Mas valeu a pena socar o idiota.

Fui ao banheiro e lavei o sangue das minhas mãos, Miguel tinha ido embora quando eu saí. Falei com Sabrina, mas não estava pensando nela enquanto respondia ‘aham’ para sei lá o que ela falava. Eu gostava de Sabrina, mas nesse momento só pensava em como Miguel se sentia, se não havia algum sofrimento escondido naquela tranquilidade... Pensei em Miguel o dia todo enquanto fazia trabalhos, cheguei em casa e ele falava com a mãe no telefone.

– Eu acho que vou embora da cidade mãe... – Ele dizia meio desanimado.

Não o abordei naquele momento e não sei porque aquilo me abalou tanto, talvez eu tivesse entendido errado, não parecia se ro Miguel que eu conhecia, ele não era de desistir de um sonho (ele sempre quis fazer engenharia da computação assim como eu)! Será que tinha mais alguma coisa que eu não sabia?

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Comentários

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Amo/sou afeminado, as gays que são melhores, elas que nos mostram ser feliz e o pior é que não basta a sociedade julgarem gays afeminados, é outros gay julgarem afeminados, onde pode isso é ridículo. As pessoas têm que ser respeitadas na sua integridade e devemos sempre procurar nos unir

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Nossa miguel , estou torcendo fortemente por tu , eu sei mt bem como é ter que se fazer de forte e feliz , manter o sorriso , mas no fundo do coração aguentar uma dor , uma tristeza do tamanho do mundo , (estou chorando aqui) . Beijos de sangue e fogo de um targaryen .

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Eu estou adorando seu conto!!! Nota dez pra você.

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Nao tem como não se emocionar com tua história. Miguel é especial sim e ainda tem nome de anjo,o qual vai protegê-lo.

Bjos baby. A.

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Tá lindo o conto e a dor de Miguel é a mesma de tantos... Fico chocada com o preconceito com os afeminados vindo de outros gays. Estao todos no mesmo barco e ainda assim o "discreto" se acha melhor que o outro. Na verdade a coragem dos afeminados serem o que sao é exemplo para todos nós: exemplo de que nao devemos esconder nossa verdadeira essencia por causa dos outros.

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É muito triate por tudo o que ele passou :'(, obrigado por essa leitura muito boa . . . E Passar Por Essas Coisas É Barra Chagamos Pensar Que Não Vamos Conseguir Mas Na Verdade Conseguimos Sim. . . Obrigado pelas palavras

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Que conto realista e triste. Essa história é bem escrita e tem um jeito bem caracteristico.. Não sou fã de afeminados, mas respeito

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Muito bom! Todos nós somos Miguel. Uns mais outros menos, mas de alguma forma somos todos Miguel. Abraços

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Só sabe dar aquele que sente na pele as dores de ser diferente na família.

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Muito profundo mesmo, emocionado pra caramba. Me vejo muito no Miguel. Abraços :)

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