Meu macho, meu amor. (Parte - 08)

Um conto erótico de Carter26
Categoria: Homossexual
Contém 2687 palavras
Data: 02/09/2015 23:20:38
Última revisão: 03/09/2015 00:42:39
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Parte: 08 - Vítor.

Flávio: O que foi? Bruno? Vc ta bem?

Eu sinto algo dentro de mim. Euforia. Medo. Alegria. Raiva. Tudo misturado. Tudo confuso. Tudo explodindo dentro de mim. Sussurro sem olhar pra ele: Ele voltou por mim. Vítor está aqui por mim.

Flávio: Bruno, o que foi? Fala alguma coisa, meu amor.

A raiva me faz explodir: Não me chama de amor, porra. Vc me enganou e não sei até que ponto vc me usou em suas investigações de merda. Não sei no que confiar em vc.

Ele fica apático e vejo dor nos seus olhos: Bruno, eu não te usei... nunca foi minha intenção.

Eu ainda seco: Vc me dá náuseas, pare com esse teu teatro.

Ele em tom suplicante: Não, Bruno. Não diga isso... eu te amo.

Eu: Chega! Eu me sinto usado e o que mais me dói é em pensar em uma coisa. Me responde, e se vc tivesse ficado comigo e não tivesse gostado de mim, vc iria só investigar e depois me deixaria não é mesmo?

Ele: Mas acontece que eu te amo. Que me apaixonei por vc. Isso é o que importa!

Ele se aproxima e eu me afasto: Mas se não tivesse sentindo nada me deixaria. Isso que me dói pq desde o primeiro momento eu gostei de ti, não em termos de amar... mas chegou perto disso... Flávio, eu não consigo viver mais longe de ti, mas não sei mais se devo ficar perto.

Ele: Bruno, não...

Eu: Me dá um tempo tá bom? Preciso pensar.

Me afasto e ele fica parado sem me impedir. No momento em que deduzi que Vítor estava aqui pra me ver, eu senti uma alegria doentia. Então a razão me invade e sinto dor, uma dor que eu já não sentia havia um tempo já. Ando a esmo sem saber o que fazer ou aonde ir. Chego no jardim da frente e olho a rua abarrotadas de carros. Não havia ninguém alí e então eu caio no choro. Flávio gostava mesmo de mim e eu não desconfiava disso em hipótese alguma, eu tinha falado aquilo tudo pra que me desse um tempo, para eu pensar e aquietar meus planos, caso contrário ele não me deixaria fazer a besteira que estava prestes a fazer. Eu iria ver Vítor.

*

Flávio estava se sentindo péssimo. A pessoa que ele mais amava no mundo estava magoada com ele e isso o deixava enjoado. Foi até os amigos dele que riam.

Jess: O que vc tem Flávio?

Diogo: Cara, tu ta abatido. E tem sangue descendo do teu nariz.

Flávio não ligou: Vcs viram Bruno por aí?

George: Ele deveria estar contigo, não?

Jess: Vcs brigaram?

Flávio: É. Queria ver se ele estava bem antes de ir embora.

Diogo: Pelo visto foi feia, parece que teve até parada - ele apontou pro nariz de Flávio.

Flávio sabia muito bem como Bruno se sentia, traído, com desconfiança e com medo de sofrer de novo. Flávio viu dor nos olhos dele e foi burro em deixar ele se afastar, ele podia fazer alguma besteira. Deu um sorriso aos amigos de Bruno e disse que não era nada de mais, só DR de praxe. Então ligou pra Bruno, mas como esperado ele não atendeu. Pegou a ran e foi olhar no tablet onde Bruno estava, só que lembrou que o carro de Bruno estava na casa dele. Sim, Flávio colocou um localizador quando mandara fazer a revisão, mas apenas para ter uma noção de que Bruno estaria bem quando sumisse. Assim Flávio saberia que ele não estava em perigo. E agora Flávio não tinha ideia onde ele estava, procurou de ponta à ponta da casa novamente. "Calmo como água parada", pensou. Bruno estava em algum lugar próximo... Não iria fazer nenhuma burrice. Iria?

- Como pude ser tão idiota. Não devia ter deixado ele se afastar. Ah meu Deus, faça com que ele esteja bem.

*

Desligo o celular quando vejo que a ligação é de Jess. Antes dela, Flávio, George, Diogo, Caio e novamente Flávio, tinham ligado. Não quero ser interrompido, penso, não agora. Falo com o porteiro, seu José e peço minha chave de praxe. Ele ri meio desdentado e pergunta.

- Mas o que faz aqui num sábado e tão tarde, seu Bruno? E com essa roupa?

Eu dou um risinho simpático e falo: Vim matar a saudade do meu velho apê.

Era o lugar onde Vítor e eu tínhamos tido os momentos mais felizes das nossas vidas. Bom, pelo menos pra mim foram fantásticos aqueles meses ali. Depois de ele ter ido embora, descobri que ele tinha comprado o lugar e colocado no meu nome. Eu fui ali umas duas vezes, três agora, para simplesmente sofrer sozinho. As contas do lugar vinha e eu pagava normalmente. Quando entro eu vejo que tudo está em seu devido lugar, o sofá cheio de poeira e todo poido de traças ainda esta no meio da sala assim como os demais móveis. Tudo com um acúmulo de poeira grande e quase tudo invocado havia uns dois anos. Ligo as luzes e descubro que um só ascende, as outras estavam queimadas. Eu me sinto um idiota por ter vindo aqui, ele não estava aqui. Quando vou para a porta eu ouço.

- Ta bonito, primo. - A voz fala e eu sinto meu sangue enfriar.

Olho pra Vítor e vejo como ele havia mudado. Estava bronzeado e com uma barba bem feita e rala que cobria boa parte de suas bochechas. Usava uma jaqueta de couro branca e uma calça jeans preta. Seu rosto bem escultural estava mais duro e uma cicatriz lhe era bem notável na sua testa. Seus olhos azuis brilhavam na semi escuridão e eu senti um medo. Vítor lembrava muito ao cantor Diogo Nogueira e eu sempre fazia essa comparação com ele e ele não gostava muito. Fazia bem uns dois anos que eu não via ele e nem ele a mim, entretanto ele me olha como se tivéssemos nos falado agora há pouco.

Tento parecer normal, mas a verdade era que eu estava tonto. Falo: Obrigado, Vítor.

A jaqueta cobre todo o seu braço e não vejo as tatuagens dele, o que era bom.

Vítor: Como sabia que eu estaria aqui?

Eu: Não sabia. Mas achei que estaria. Ou que talvez "você" soubesse que eu vinha e veio heim.

Ele ri sarcástico: E pq eu viria aqui? Por vc?

Eu: Vi um carro bonito com o vidro fumê na rua da minha casa hoje antes de ir pra festa dos meus pais. Carro esse que estava na frente da casa dos teus pais e que tbm ficou na frente da minha casa há umas madrugadas atrás. Vi ele aqui tbm e então deduzi isso.

Ele arregala os olhos impressionado e eu dou um riso: Pq voltou, Vítor?

Ele fixa os seus olhos azuis hipnotizadores nos meus e eu sustento o olhar com firmeza, sem me mostrar abalado.

Vítor: O que vc acha, Bruno? Já que sabia que eu estava atrás de vc, o que acha que vim fazer aqui de novo?

Eu: Não se responde uma pergunta com outras, ou além de traficar vc virou usuário?

As feições dele mudam e vejo ira nelas. Ele fala: O que foi que tu disse? Repete fela da puta!

Eu tremo na base, mas mantenho a pouse: Ta surdo? Fumou tanto que perdeu alguns dos sentidos?

Então ele vem até mim e me pega pela gola da camisa, sua boca vermelha e linda a centímetros da minha e o hálito dele (suave e com leve toque de menta) invade meu nariz. Vítor está mais alto e forte, e quase sou levantado por ele pelo colarinho: E se vim aqui pra te matar heim? Acha que sinto algo por ti, é?

O corpo quente dele me deixa arrepiado e eu sinto o perfume amadeirado dele: Se vc quisesse me matar já tinha feito isso. Mas se quer fazer algo, aproveite.

Ele da um murro, mas na parede. A força do golpe é tamanha que a parede afunda um pouco. Sangue sai da mão dele mas Vítor não liga e diz: Talvez eu esteja aqui por vc. Talvez.

Eu: Se não for isso então o que é, cara.

Ele me estuda, me solta e vira de costas. Estou tonto e novamente começo a chorar quieto. Era muita coisa pra minha cabeça, eu iria pirar. Meus joelhos vacilam e eu deixo meu corpo cair no chão. Vítor vem até a mim, se ajoelha e apoia parte do meu corpo nas suas pernas e vejo preocupação em seu rosto.

Ele: Hey... tu ta bem?

Eu olho pra ele e vejo que ainda amo ele, que talvez ele me ame. Mas e se eu estiver enganado... e se ele estiver com filhos. Com sua vida normal.

Eu choro mais: Pq eu estaria bem, Vítor?

Então ele funga e fala: Me perdoa, Bruno. Eu fiz aquela monstruosidade contigo pq tinha que sair da cidade. Mas eu sempre te amei, meu pequeno. Eu só queria que vc me odiasse e tocasse sua vida. So que uma vez a mãe me falou que vc parecia um morto e eu me descontrolei, eu precisava te ver. Eu precisava ao menos te explicar para que vc me perdoasse. Eu ainda te amo. Quero me redimir.

Eu olho ele e pergunto: Com o quê vc se envolveu, Vítor?

Ele limpa as lágrimas do rosto e fala: Não posso falar, mas foi com coisa grande e perigosa.

Eu: Vc ainda ta nessa vida de crime?

Ele: Tenho que estar. Nos jogos do crime, ou se ganha ou morre.

Eu: Oh, mas isso é grave.

Ele afaga meus cabelos e fala: Lembra de quando te pedi pra casar comigo alí naquela varanda?

Eu apenos faço quem sim com a cabeça. Ele prossegue: Foi um dos momentos mais incríveis da minha vida.

Eu: Vc espera o quê com esse retorno?

Ele: Reconquistar vc.

Eu dou uma risada amarga e levanto dos braços dele: Não é assim que as coisas andam, Vítor. Eu posso ter te esquecido.

Ele: Eu sei que não. Pq vc estaria aqui?

Eu: É por mim, não por vc. Eu precisava ver vc pela última vez e te dizer uma coisa.

Com dificuldades eu levanto e fico em pé. Ele se aproxima e faz algo que eu não esperava, se inclina para baixo para poder me beijar. Os lábios dele tocam os meus, os mesmos são suaves e macios, como eu me lembrava antes. Então o corpo grande dele gruda no meu, suas mãos envolvem minha cintura e sinto a boca dele invadindo a minha com vontade. Vítor nunca fors tão delicada e suas pegadas eram sempre brutas, nisso ele não havia mudado nada. Coloco as mãos nos ombros dele e deixo me levar naquele beijo delicioso.

Eu quero o corpo dele, eu quero Vítor. Então eu afasto minha boca dele e ele ri.

Vítor: Como senti saudades da tua boca. De vc, amor.

Eu: Eu tbm... e muita. Eu ainda te amo de mais Vítor. Vc me traumatizou com aquela sua despedida. Ainda sonho com vc, ainda sinto o cuspe na minha cara.

Ele me abraça forte: Me perdoa, amor. Por Deus, eu sofri de mais tbm. Virei um ser sem emoções e me lancei ao crime. Esse foi meu maior erro, ter me afastado de vc. Ter feito vc sofrer. Não posso mudar o passado, mas posso reconstruir um futuro.

Eu: Vítor, no crime eu nunca terei uma vida. E acredito que vc não tem tbm.

Ele: Não posso mais voltar atrás.

Eu: Eu tbm não posso voltar atrás.

Ele: Como assim?

Dou um beijo forte nele e falo: Eu te amo, mas aprendi a amar outra pessoa. Não tinha percebido, mas eu amo outro... outro que tbm me ama.

Vítor: Mas eu te amo tbm, Bruno.

Eu me afasto dele e falo: Desculpa, Vítor. Mas superei vc.

Ele segura minha mão e eu sinto raiva no seu toque: Bruno, não! Eu sou seu e vc é meu. Só meu.

"Calmo como água parada", relembro o que Flávio tinha me ensinado sobre os truques de meditação. Flávio. Flávio. Flávio. Flávio. O nome me enche de felicidade e percebo que a alegria que eu senti na hora que descobri que Vítor estava aqui era um sentimento errado. Aquela era uma alegria doentia. Essa era proporcionada naturalmente.

Vejo que Vítor está com raiva: Vai me bater se eu tentar ir embora agora?

Vítor desmancha a brutalidade e fala: Jamais te machucaria, amor. Eu não quero seu mal.

Eu vou até ele e seguro seu rosto: Obrigado por ter voltado. Vc me abriu os olhos.

Dou um beijo nele e quando vou saindo ele diz: Vou lutar por vc, Bruno. Nem que isso me custe a vida.

Pego a chave da porta e entrego a ele: Esse lugar não é mais meu.

Antes de sair vejo as lágrimas brilhando no rosto dele.

*

Mandei uma mensagem pro meu amor e disse que era pra ele me esperar na nossa casa. Quando o táxi para nos três prédios em formato triangular eu pago o motorista com gordas notas e saio correndo. Corro sorrindo sem me importar que os outros olhassem pra mim, olho pro céu e vejo a lua linda brilhando, algumas estrelas cintilando e o quanto tudo era lindo. Enquanto eu corro um filme passa por minha cabeça: Vejo Flávio nele, vejo Vítor tbm e me vejo. Vítor havia me deixado e eu fiquei desolado, sem vida, oco. Mas veio Flávio e me encheu de vida. Me deixou alegre e me fez "gostar" dele. E me vejo, entre os dois homens que muito significaram na minha vida. Um eu soube o que era amar, me mostrou maravilhas e fez de mim o cara mais feliz do mundo. O outro pegou meus cacos, colou todos com cuidado e amor e me ensinou a viver normalmente de novo. O filme terminava com Flávio e eu juntos. Mas uma sequência podia estar a caminho e essa sequência se chama Vítor.

Dou um "oi" ao porteiro e vou aos elevadores. Estão ocupados e não espero. Vou pra escadas e subo com rapidez. Tiro os sapatos e os deixo no meio das escadas. Jogo a gravata longe e subo rindo. Paro e arfo cansado e dou uma risada desequilibrada. Faltam dois lances de escada ainda e sinto minhas pernas doerem. Quando chego no corredor eu corro feito um demente, rindo e dessarrumado.

Eu me sinto em um daqueles filmes onde todos os acontecimentos passam como um flash na minha frente enquanto um rock toca ao fundo. November rain. November rain.

Chego na porta e abro ele de súbito. E lá está ele. Parado e com os olhos vermelhos e inchados. Olho Flávio e balanço a cabeça rindo.

Flávio: Bruno?

Eu: Shiii... Não fala nada.

Vou até ele e ouço a música gritar na minha cabeça.

"Nada é para sempre e corações podem mudar."

Chego bem perto de Flávio e beijo ele com ternura: Flávio, eu descobri hoje que já senti isso por ti há nuito tempo, mas não admiti por que sou um idiota.

Ele respira pesado e lágrimas saem dos meus olhos: Você fez meu coração mudar e eu descobri que te amo.

Dou um selinho nos lábios dele e ele ri tristonho: Bruno, pensei que ia perder vc.

Eu: Vc não vai me perder. Mas temos um problema.

Ele: Qual?

Eu: Eu te amo e estou perdidamente apaixonado por vc.

Se eu ia falar sobre Vítor, penso e logo concluo que não iria dedurar meu primo e naquele momento eu resolvo apagar ele da minha cabeça. Deixo a boca de Flávio invadir a minha e sinto o amor dele por mim e agora sinto o meu por ele... o amor pelo meu macho, meu amor.

ContinuaPois é. Queria dizer que acabou o conto aqui e que fiquei feliz com Flávio até hoje. Mas na vida nem tudo são flores heim. Vítor voltou e isso era um problema e eu logo perceberia que ele cumpriria o que ele tinha dito sobre lutar... Enfim. Abração a todos vcs, meus lindos.

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Comentários

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Maravilhoso o conto! Que bom que o Bruns caiu na real! Fantasmas do passado que tem de ser exorcizados! Passei por isso c meu ex...

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Que bom que finalmente você descobriu que ama o Flávio. Torço demais por vocês. A história está perfeita.

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Estou acompanhando teu relato e o acho maravilhoso. Espero que tudo tenha corrido bem par ati e para Flávio e que Vítor tenha saído de vez de tua vida. Desejo isso não como punição mas para que tenhas uma vida sem sobressaltos, pois sei que ainda amas o Vítor, não cmo homem, mas cmo primo. Um abraço carinhoso para os dois (Bruno e Flávio),

Plutão

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olha ta muito bom.

agora sim, o amor gera estabilidade.

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Cara gostei que bom que vc percebeu que ama o flavio mais já vi que vai ter muita treta com essa *fita do vitor. . . Esperando o proximo apreenivo já. . . E como sempre otimo seu conto. . . E sim para quem não sabe "fita" aqui onde moro é uma giria. . . " com essa fita do vitor" = com essa situação do vitor. . . pronto explicado rsrsrs

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Estou digitando com os pés porque minhas mãos estão ocupadas te aplaudindo. Como eu amei essa história <3 <3 Espero que voce nao suma viu? Abraços

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Ai. Que bom que você não foi tão otário quanto eu pensei! Chega deu orgulho de você. Mas se você ama o Flávio, por mais difícil que seja e tal, vocês vão conseguir passar!

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Owww que tenso e intenso... Que loucura hein... Ta muito bom!!!

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