Contos de uma noite chuvosa I

Um conto erótico de Vhugo
Categoria: Heterossexual
Contém 1343 palavras
Data: 17/07/2015 17:40:20
Última revisão: 15/01/2020 10:16:48

Lentos movimentos ritmados a minha frente. Mãos ao céu, quadris movendo-se vagarosamente em rotação insinuante. Coxas se esfregam inquietas, aliviando sua deliciosa angustia. Sua pele, branca como a neve, contrasta como a escuridão noturna. Faz frio, vapor sai por sua boca a medida em que expira. Com a cabeça inclinada para trás, olhos fechados e boca levemente entreaberta, ela me ignora em sua dança solitária. Eu a observo. Não há música além do som da chuva lá fora, molhando a madrugada silenciosa. A música está na mente dela, a dança na minha.

Encostado na poltrona afrouxo minha gravata, desabotoo três botões da camisa. Ela ainda se move. Ainda me ignora. Eu ainda a observo.

Suas mãos passeiam pelo próprio corpo, deslizando no delicado tecido do vestido. Assim como eu, também anseia por algum contato humano. Vivemos rodeados de pessoas frias, em uma cidade chuvosa. Não mantemos contato com nossas famílias. Não cultivamos amizades. Não temos ninguém. Temos como companheira a solidão, e em seus braços cúmplices descansamos todas as noites. Ela anseia pelo carinho que eu a nego. Nego até que me peça. Até que me implore aos ouvidos em pequenos e sussurros de desespero.

Como ela sempre faz.

Agora me olha e sorri. Eu a olho sério os olhos, assim com seus cabelos, castanhos como o outono. Meu coração bate mais forte a cada passo que da em minha direção. O som do salto, se projetando contra o assoalho de madeira, ecoa pela sala. Olhos lascivos fixos aos meus. Levanta em parcimônia o vestido, somente o suficiente para esticar sua perna direita e em sequencia a outra. Ela esta em meu colo. Minhas mãos não a tocam, descansam no braço da poltrona. As mãos dela passeiam pelo meu peito por cima da camisa, sua cabeça descansa no meu ombro. Sinto o calor de seu copro. Fecho meus olhos enquanto aspiro seu perfume, nossos cheiros se confundindo. Eu sei que cheiro a whisky. Também sei que ela gosta disso.

Percebo sua mão acariciar meu rosto. Tem a pele macia e seu toque emana calor. Ela tem os olhos fechados enquanto sinto seu cabelo roçar meu pescoço. Não sinto cócegas desde a infância. Seu rosto se aproxima ao meu. Agora sinto meu próprio cheiro. O álcool não sai do seu corpo com facilidade, assim como o seu cheiro. Seus lábios tocam os meus em um beijo delicado. Somente um selinho leve e carinhoso. Sua bochecha desliza rente a minha barba por fazer, enquanto ela leva a boca em direção ao meu ouvido.

- Eu quero ser sua. Por favor, eu quero ser sua por essa noite.

Sou sempre convidado ao seu interior, nunca um invasor.

- Eu preciso ser sua essa noite. Preciso de você hoje.

Ela sempre me faz sentir bem vindo. Sempre à vontade. Sempre em casa.

- por favor. Eu preciso disso.

Como ela sempre faz.

Sorrio escutando-a me pedir para preenchê-la.

Agora nossos jogos acabam. A pego em mãos cheias a altura da cintura. Lábios voltam a se tocar. Bocas abertas. Línguas duelam entre si. Ela tira às pressas minha gravata e camisa. Minha mão esquerda empurra com vigor suas costas em minha direção, fazendo nossos corpos colarem um ao outro. Minha mão direita segura firme seus cabelos na raiz, e assim forço sua cabeça a inclinar-se pra trás.

Ela geme. Perde o ar o puxa novamente em desespero, preenchendo seus pulmões.

Eu beijo seu pescoço. Ela geme em maior intensidade.

Nos beijamos mais uma vez, em urgência, antes que eu a erga e me levante. Agora com os dois em pé, agarro seu pescoço antes de dar um ultimo beijo, agora lento, carinhoso e demorado. Nos olhamos por alguns segundo antes que eu a jogue na poltrona. Não digo uma palavra. Ela me olha ansiosa, sabendo o que virá em sequência. Me ajoelho devagar a fim de prolongar sua expectativa. Não paramos de nos olhar nem um por momento. Ele sorri em empolgação, abri as pernas, morde os lábios me encorajando com um olhar lascivo.

- vem.

Diz sorridente.

Ergo seu vestido a altura da cintura, ela veste uma lingerie preta, como o vestido, da qual não tomo conhecimento e tiro em urgência, jogando-a de lado. Ataco seu sexo. Sinto que esta completamente lisa, sempre se depila antes de nos encontrarmos. Não porque eu faça questão, ela é quem faz. Gosta de estar sempre bem maquiada, depilada e cheirosa. Eu gosto de seu esforço e atenção aos detalhes. Com uma mão abro seus lábios, faço movimentos circulares com a linga em seu clitóris, como ela gosta. Com a outra mão penetro seu interior. Seus gemidos se convertem em gritos, sua mão força minha cabeça em direção a sua fonte maior de prazer. Força também o quadril em minha direção, desesperada em alcançar o clímax tão desejado.

E ele vem.

Todo o seu prazer em forma líquida vem a tona em minha boca. Aprecio seu sabor enquanto escuto palavras desconexas.

Ela agora suspira aliviada. Eu a pego no colo e levo-a ao quarto.

Uma vez dentro do quarto a coloco sobre a cama, ela sorri. Tiro seu vestido e revelo seu corpo. Já recuperada, desabotoa meu sinto, tira minha calça e cueca. Estando os dois nus, pego na parte de trás de sua cabeça e levo-a de encontro ao meu membro. Ela sabe o que fazer.

Enquanto me proporciona prazer oral, eu a observo de quarto a minha frente. Seu corpo em perfeito desenho, assim apoiado em seus quatro membros, é quando revela todas as suas nuances graciosas e delicadas.

Preencho meus dedos com seus cabelos e dito o ritmo. A ouço engasgar enquanto por reflexo tenta expulsar meu membro de sua boca. Seguro firmemente sua cabeça não deixando que recue um único centímetro. Percebo sua mão apertar os lençóis, seus pés se contorcem e olhos lacrimejados me encaram. Permito que ela recue a cabeça apenas o suficiente para recuperar o folego. Volto a impor meu membro a sua boca delicada, sinto sua língua enquanto invado cada vez mais veloz.

A olho nos olhos com aprovação. Gosto que ela se esforce em me agradar. Sei que ela é uma mulher de classe e não esta acostuma ao oral nessas condições. Libero seus cabelos e beijo seu rosto com ternura.

- Vira.

Dou a ordem ao pé do ouvido.

Ela sabe o que fazer. Se vira e apoia a cabeça no travesseiro. "senti sua falta" eu queria dizer. Mas não digo. Apenas a seguro pelas ancas, ela me ajuda com a mão e logo eu a estou penetrando. Demonstro toda a minha saudade em forma de estocadas firmes , aumentando gradativamente o ritmo até encontrar a velocidade ideal. Continuo segurando firme sua traseira. Ela geme e grita. Me faz pedidos. "Mais fundo" "mais rápido" "me come". Atendo a todas as demandas com prazer. Não demora e chagamos juntos ao clímax. Deixo que meu corpo caia sobre o seu. Beijo sua nuca e ela segura a parte de trás da minha cabeça.

Ficamos assim durante um tempo. Sem sair de dentro dela, afaço seus cabelos e a ouço dizer que me ama.

Adormecemos.

Manhã. Acordo. Procuro o corpo de minha amante. Não acho.

Levanto ainda nu e caminho em direção a sala.

Sorrio com sinceridade quando a vejo sua costas nuas, contente por ela ainda estar ali.

Ela se vira e aos prantos olha-me e diz que foi um erro. Um terrível erro.

Meu sorriso se desfaz.

Veste-se às pressas, pega suas coisas e se dirige a porta a passos largos. Eu não discuto. Não a sigo. Ainda parado escuto a porta bater.

E ela volta ao seu casamento sem amor.

E eu volto a minha vida sem amor.

A solidão é minha senhora, ela minha amante.

Vou ao banheiro, ligo o chuveiro em entro debaixo de águas acolhedoras. Enquanto a água quente me relaxa os músculos cansados, eu penso em quando seu marido vai viajar novamente. Quando vou sentir seu perfume, ver sua dança. E ela vai me implorar ao ouvido para possui-la por uma noite. E vai cometer seu terrível erro novamente.

Como ela sempre faz.

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Comentários

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Nossa, quanto talento com as palavras! Impossível não se reconhecer em algum trecho. Adorei a forma como ele demonstrou estar com saudade! Às vezes, só falar não é o suficiente. Ganhou uma fã!

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Caro Vitor, através do teu comentário, vim ver seus contos. Encontrei um autor de primeira, com estilo próprio para quem aprecia uma boa peça literária. Este, lembrando a ¨nouvelle vague¨, faz o leitor refletir e imaginar. Além da sensualidade e erotismo inerente num encontro de amantes, demonstra a carga psicológica que a protagonista vive com seus conflitos entre o arrependimento e a entrega ao desejo adultero. Minha nota só pode ser um dez com louvor. Quanto à sua pergunta, não publiquei em outros sites. Apenas estou dando um tempo aqui, meio desmotivado por teus meus contos detonados com notas zero de pessoas quem não postaram nenhum comentário e com certeza, nem leram eles. Infelizmente, os administradores do site , mesmo altertados, não tomam nenhuma providência. Abração!

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Belo, belíssimo. Pode apimentar mais, dar lubricidade, alongar a descrição do ato mesmo. Nota dez, decerto.

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Perfeito! Há muito tempo não lia uma estória assim.

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