Hétero até te ver - Parte 1

Um conto erótico de Giovanni Gonzales
Categoria: Homossexual
Contém 1082 palavras
Data: 08/07/2015 22:29:29

Saí do mar exausto, carregando minha prancha de surf embaixo do braço. Ao caminhar pela areia em direção ao lugar onde havia deixado minhas roupas e minha toalha, percebi que um grupo de três garotas observava não tão discretamente meu corpo queimado de sol, enquanto faziam comentários que eu não podia ouvir. Duas delas eram muito bonitas, especialmente uma de pele negra e longos cabelos crespos, que não hesitava em me encarar. Sentei-me na areia não muito longe delas, de modo que ocasionalmente dava uma olhada para conferir se ainda estavam me observando — e em todas as vezes que arrisquei, os olhos da morena encontravam os meus. Lancei-lhe um sorriso, logo retribuído e seguido de risadinhas animadas das três. Estava ciente que um conjunto de fatores me favorecia naquele momento: primeiro, eu sei que sou um cara bonito — meus cabelos quase loiros, meus olhos castanho-esverdeados e meu corpo definido sempre atraem olhares femininos e masculinos na rua; além disso, confie em mim, poucas coisas causam mais impacto numa praia do que uma prancha embaixo do braço. "Dane-se", pensei. "Eu estou de férias!". Levantei, recolhi minhas coisas e me aproximei delas.

— Oi, meninas! Vocês se importam se eu me sentar com vocês? Meus primos me deram um perdido e tô meio isolado.

— Claro que não, senta aí! — respondeu a ruiva, também muito bonita. — Como é seu nome?

— Giovanni — respondi. —, e os seus?

— Eu sou Larissa, e essas são a Janaína e a Lucila.

Janaína, a negra que me atraíra desde o primeiro momento, apertou minha mão e abriu um espaço para que eu pudesse sentar entre ela e Lucila, garota loira que também tinha seu charme, mas que era ofuscada pela beleza estonteante das duas amigas.

— Você mora aqui? — perguntou Janaína, me oferecendo uma cerveja tirada do cooler que tinham levado.

— Quem me dera! Aluguei uma casa com meus primos para passar o verão. Eles ainda devem estar curtindo a ressaca da balada de ontem, porque ficaram de me encontrar aqui e até agora nada.

Passamos o resto da manhã conversando sobre nossas vidas, sobre aquela praia, sobre as baladinhas daquela pequena cidade de veraneio. Perto do meio-dia, meus primos, Victor e George, finalmente chegaram à praia e não disfarçaram a surpresa e a alegria ao verem de quem eu estava acompanhado. O Victor deve logo ter ficado animado com a perspectiva de pegar uma delas, já o George... bom, ele ama conhecer novas pessoas, mas acredito que o interesse deve ter parado por aí, uma vez que ele é gay. Todos se deram muito bem, e quando foram mergulhar e me deixaram sozinho com a Janaína tomando conta das coisas, acabamos nos beijando.

O beijo foi interrompido pelo toque do celular de Lucila. Janaína conferiu o número e atendeu sorridente:

— Oi, Tales, é a Jana! A Lu tá na água e deixou o celular comigo. Sim, sim, estamos aqui, no mesmo lugar de sempre. Vem! — e desligou. — Era o namorado da Lucila. Ele está estacionando.

Por preconceito meu e pelo estilo das meninas, achei que o namorado da Lucila seria algum playboy ou um surfista como eu. Qual não foi minha surpresa quando Tales chegou: todo alternativo, tinha cabelos e barba pretos e um corpo moderadamente sarado e cheio de tatuagens. Mas, mesmo tendo um belo conjunto da obra, nada chamava mais atenção que seu rosto: poucas vezes eu havia visto alguém com um rosto tão bonito em carne-e-osso. Seus olhos azuis e meio fechados, como se estivesse sempre sorrindo, não deixavam a desejar a nenhuma celebridade brasileira ou gringa. Mesmo gostando de mulheres, nunca tive problema em enxergar a beleza em homens, e ele era um dos mais belos que já havia visto.

— Tales, esse é o Giovanni. Conhecemos ele e os primos hoje aqui na praia.

— Prazer, cara. — mas sua atenção estava longe, lá na água — Com quem é que a Lucila está conversando?

Percebi que, enquanto Victor e Larissa já se beijavam na água, Lucila estava muito próxima de George, rindo bastante.

— Ah, é meu primo. — respondi. — Não se preocupe, ele é viado.

— Nah — falou ele, acendendo um cigarro —, tá tranquilo!

— Tava vendo sua camisa... você curte Arctic Monkeys? — perguntei, meio que pra quebrar o clima.

— Pra caralho! É minha banda favorita!

— Você tem outro cigarro aí pra mim?

Passamos tanto tempo conversando sobre os álbuns e as músicas da banda que nem nos tocamos que Janaína, se sentindo excluída, havia voltado sua atenção para o celular. Depois de uns vinte minutos, os quatro saíram do mar e se juntaram a nós.

— Uaaaaau, Lucila — exclamou George, encarando Tales — Você não tinha me preparado para essa visão que é seu namorado.

Todos riram, e acho que a partir desse momento qualquer dúvida que Tales tivesse desapareceu.

— Amor, tira essa camisa preta! Você deve estar assando! — pediu Lucila.

— Naaah, o sol vai zoar minhas tattoos.

— Deixa de besteira!

Contrariado, Tales tirou a camisa. Seu corpo era lindo: sarado, mas sem exageros, tatuado em diversos pontos diferentes e com poucos pelos, tão ralos que quase não atrapalhavam a leitura da frase que ele tinha escrita no peito.

— Meu Deus! Esquentou aqui, né? — disse George. Fuzilei-o com o olhar.

— Mas sim, Tales — eu disse — Eu os vi ao vivo no Lollapalooza!

— Quê? Eu também tava lá!

Conversamos tanto durante o resto da tarde que eu quase esqueci que estava ficando com a Janaína, a não ser por uns breves selinhos que lhe dava apenas para constar. Quando começou a anoitecer recolhemos nossas coisas e fomos nos preparando para ir embora, pedi o telefone dela.

— Vocês podiam dar uma passada lá na nossa casa mais tarde — ofereci. — Temos bebidas, violãozinho e comida!

— Vamos sim! — afirmou Larissa, que estava tendo dificuldades para largar Victor.

— Me passa seu telefone também — pediu Tales — Porque mesmo que a Jana não vá, eu passo lá com a Lu.

Depois de salvar meu contato, ele se despediu com um abraço, o que me fez sentir um frio na barriga que na hora não entendi. Dei um selinho em Jana e fomos cada um para sua casa.

Uma hora mais tarde, recebi uma mensagem de Jana dizendo que não poderia ir à minha casa. Fiquei triste e me sentindo culpado, pois tinha certeza que ela estava chateada por ter sido deixada de lado mais cedo. Mas a tristeza não durou muito, pois logo em seguida meu celular vibrou novamente:

TALES

Fala, Gio. Eu e a Lu adoramos conhecer vocês.

Me passa o endereço que mais tarde vamos chegar aí.

Abraços.

Continua...

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Comentários

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Amei o título, o personagem, a sua escrita e to com gostinho de quero mais, ta de parabéns autor

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Continua, muito bom seu conto! Posso apostar que vai ser um sucesso, escreve bem

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Amei o conto e já curti o Tales, tatuado com barba e curte arctic monkeys, perfeito!

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Nossa! Incrível. Uma história diferente, além de bem escrita! Ganhou um fã. Abraços.

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