O babaca. [4]

Um conto erótico de Gabriel
Categoria: Homossexual
Contém 1984 palavras
Data: 16/06/2015 04:11:56
Última revisão: 22/12/2015 02:10:17

Acabei cochilando, ou melhor, acabei hibernando, isso porque, como já tinha dito antes, eu realmente estava bastante cansado, a semana tinha sido bastante puxada. Acordei com o barulho do interfone. Fui meio cambaleante em direção a cozinha e atendi, nem tinha notado que a toalha tinha ficado na cama.

G: Oi. – Falei quase bocejando.

?: Opa, seu Gabriel? Aqui é o Marcos da portaria. Tem um amigo seu aqui, o André, posso deixar subir?

Caralho, tinha esquecido completamente, ou melhor, nem deu tempo de lembrar acordei agora! Porra, o quê que eu faço? Puta que pariu! Entrei em desespero, olhei pra o relógio que ficava na parede da cozinha e já eram 21:45. Fiquei pensando no que fazer. Desistir? Deixar um cara que praticamente conheci hoje entrar no meu apartamento? E se eu dissesse que encontraria ele lá na balada? Será que ele ia ficar muito puto?

M: Seu Gabriel? – Fui tirado dos meus pensamentos pelo porteiro.

G: Ah, Pode mandar ele subir Marcos.

Droga! O apartamento tava uma zona e não tem eufemismo nessa frase não. Não tinha nada muito sujo na cozinha, mas a casa toda estava repleta de roupas, tênis, havaianas, etc. Não sou uma pessoa organizada, tenho um sério problemas com roupas, isso porque assim que chego em casa já tiro logo a roupa e acabo deixando pelo caminho. Daí junta as roupas sujas espalhadas pela casa com as roupas limpas que saio estendendo pela casa, quem mora em apartamento sabe como é difícil estender lençol, edredom, toalhas. Enfim, corri pra sala pra tentar esconder a bagunça. Saí catando o que pude e joguei no quarto. Nesse meio tempo a campainha tocou, quando estava indo em direção a porta notei que estava pelado, voltei correndo no quarto e peguei a primeira toalha limpa que encontrei.

G: Já tô indo, não precisa derrubar a porta! – Falei já perdendo a paciência com aquele barulho infernal.

Prendi a toalha na cintura, dei duas voltas na chave e abri a porta. Ele estava com o ombro direito encostado na parede e a mão esquerda estava ainda apertando a campainha. André parecia se divertir me irritando, ele ainda estava de cabeça um pouco baixa como se fitasse o chão e pelo formato das suas bochechas parecia estar sorrindo. Como nesse primeiro momento tudo aconteceu de forma meio repentina eu não analisei muito bem a sua roupa, o que me lembro é de ter achado ele diferente, isso porque era a primeira vez que o via com roupas que não aquelas de academia.

Quando abri a porta ele deu mais uma buzinada e depois foi subindo lentamente o olhar, que parecia fitar o chão. Ele endireitou a postura e eu vi o ângulo dos seus lábios voltarem para uma posição neutra. Ele ficou me encarando por alguns segundos, pela primeira vez pude notar que os seus olhos eram algo amendoados, tons mais claros que o meu. Comecei a ficar um pouco constrangido. Uma das minhas mãos estava no trinco da porta, então, com a outra mão chequei se a toalha ainda estava na minha cintura. Sabe quando te olham e parece que você tá pelado? Resolvi quebrar o silêncio.

G: Achei que a gente tivesse combinado as 22h. – Falei de forma descontraída.

A: Ah, é que eu pensei que você pudesse, sei lá, esquecer, ou quem sabe atrasasse, aí, tipo... – Parei de ouvir a partir daí, não tava entendendo mais nada, acho até que ele tava um pouco envergonhado, não sei, isso porque ele baixava o olhar e depois meio que tentava me analisar, no caso o meu corpo, mas ele percebia que eu o fitava nos olhos, então rapidamente ele fixava os olhos nos meus. Foi até engraçado, eu sorria não pra parecer simpático, sorria porque estava achando tudo aquilo cômico mesmo.

G: Tá bom, tá bom. – Falei o interrompendo – Eu ainda não tô pronto, na verdade estava pra entrar no banho agora, mas entra aí. Eu me arrumo em dois tempos.

A: Aí, tá vendo, eu já sabia que você ia se atrasar. – Falou tentando contornar a situação.

G: Sei. – Falei com desdém – Agora, vê só, não reclama da minha bagunça não, ok? Sou bagunceiro mesmo. – Falei dando espaço pra que ele entrasse no apartamento.

Ele entrou, colocou as mãos no bolso e deu uma rápida visualizada na sala. Com ele de costas reparei como ele estava vestido. Na verdade, não tinha muito o que reparar, ele vestia um jeans básico com uma t-shirt preta, igualmente básica, e um sapatênis. Até que ele não estava mal. Tava até atraente pra um babaca. Fui impedido de continuar minha tomografia computadorizada do André porque notei que ele havia se virado pra mim e olhava curioso.

G: Ah, então, senta aí no sofá – Dei um sorriso – Essas roupas ai estão limpas, não precisa se preocupar.

Ele falou alguma coisa em resposta, mas eu não ouvi bem e depois não perguntei também. Entrei no banheiro, tomei banho e tudo mais. Saí do banheiro quase correndo e fui pra o meu quarto, isso porque odeio ficar esperando, então não gosto de deixar as pessoas esperando também. Vesti algo de boa também, uma camisa branca com listras verticais em azul marinho, uma calça vermelho-escuro, não sei o nome da cor mas é quase tendendo para o preto, e um sapatênis. Já que é pra entrar no jogo, coloquei o meu perfume favorito, uso ele quando vou à caça, hehehe. Quem nunca sentiu o Armani Code, fica a dica. E não, não tô recebendo porra nenhuma pela propaganda, hehehe. Encontrei o André na sala, praticamente esparramando no sofá, meio distraído mexendo no celular.

G: Vamo nessa? – Falei meio que batendo uma palma.

Acho que ele tava realmente distraído, por ele deu tipo um salto do sofá.

A: Opa, bora. – Falou já de pé.

Antes de sair, ainda rolou um bate-boca porque eu queria ir no meu carro, porque odeio ficar dependendo dos outros pra ir embora e tudo mais, mas ele ficou insistindo pra irmos num carro só, no caso o dele. No fim a gente acabou indo no dele mesmo e entramos em um acordo que ele não beberia muito porque voltaria dirigindo e tudo mais. Não vou dar um de hipócrita e dizer que não dirijo depois de beber, mas eu evito ao máximo. Já cansei de deixar carro largado pela cidade e pegar táxi. Graças a Deus nunca me envolvi em acidentes e acredito que isso se deva ao meu excesso de precaução. Enfim, ele não beberia muito ou eu voltaria dirigindo, caso eu estivesse melhor do que ele.

A conversa dentro do carro não teve nada muito importante. A gente só falou amenidades e nos conhecemos um pouco melhor. Descobri que ele era engenheiro civil, mas parecia mais um servente de pedreiro, hahaha. Brincadeira gente, mas, de fato, o André é um cara simples mesmo, acho que já falei que ele é meio caboclo né? Acabamos indo na Fabric mesmo. Não sei se já falei antes, mas eu tinha combinado de sair com uns amigos, então eu resolvi desmarcar com eles e me assegurar que eles não iam pôr os pés lá nesse bar. Isso porque eu acho que seria uma forma meio errada começar, tipo conheci o cara praticamente hoje e já apresentar pra os meus amigos, sabe como é né? Até porque a Lari iria também, e essa daí faz amizade até com uma porta e pra mim já bastou o desastre dela ter se tornado amiga do Bruno. Preciso dizer que sou ciumento? Ah, só relembrando que o relato é praticamente unidirecional, tipo, eu falo o que eu sinto e as impressões que tenho das pessoas, então não vão me achar um marrento idiota não, blz? No fundo sou um cara legal, hehehe.

Então, a Fabric é tipo um bar/balada, sei lá. É um bar que toca house e algumas bandas também se apresentam, geralmente indie, pop, soft-rock. Ah, lá é uma balada alternativa, tipo, não é GLS, mas ninguém liga de duas pessoas do mesmo sexo se beijarem. O ambiente é bastante legal, as paredes são cheias de pôsteres e a iluminação é muito foda. Enfim, a gente entrou e fomos direto pra o bar. O André comprou as fichas de cerveja dele (ele praticamente só bebe cerveja) e eu comprei dois shots (pra esquentar/relaxar e ser menos eu, ou seja menos marrento) e mais algumas fichas de cerveja. A banda tocava um repertório bem diversificado, lembro que tocou algumas músicas da florence and the machine, mais precisamente spectrum e dog days are over. A gente conversou mais um pouco, demos algumas risadas, dançamos, até aí tudo ok, tava até uma saída bacana. Lembro bem dessa hora, porque a banda tinha mudado de spectrum pra man down, música da rihanna que tem uma pega mais de reggae. Então a gente foi pra uma mesa que tava vazia. Lá na Fabric tem várias mesas dessas altas com bancos igualmente altos, que na verdade a galera só usa pra apoiar a bebida e descansar, porque não tem garçons. Então do dada, sério, foi do nada mesmo, o André me beija, na verdade foi um selinho porque eu não cedi à investida. Eu literalmente tomei um susto.

G: Que foi isso? – Falei dando risada.

A: Ah, você, não tá afim? – Falou meio sem jeito.

G: Vou ali no bar pegar uma água beleza? Volto já. Dei um sorriso.

Não que eu não estivesse afim, eu tava afim na verdade. Mas sério, foi do nada, e não tinha clima nenhum. O André definitivamente não sabia/sabe paquerar, acho que deu pra notar pela forma que ele aborda e age. Apesar disso, acaba que é um pouco fofo essa forma desajeitada dele, mas as vezes dá nos nervos também. Não sei se deu pra notar, mas esse excesso de vírgulas e esses ’buges’ do André é porque ele é meio gago, hehehehe. Mas só depois descobri isso, ele na verdade não gagueja cortando a palavra, ele tipo da uma pausa entre uma palavra e outra, isso ocorre geralmente quando ele fica nervoso ou encabulado. Na verdade não sei bem o que provoca essa gagueira, porque se ele fica muito puto ele não gagueja, enfim.

Fui ao bar e comprei minha água, eu havia decidido parar de beber. Ah, pra quem não sabe, a ressaca é praticamente sinônimo de desidratação, porque o álcool bloqueia um hormônio e blá, blá, blá. Então, se hidratando de forma adequada as chances diminuem muito de você ter uma ressaca no outro dia. Voltei pra mesa e o André estava sentando de pernas abertas em um dos bancos altos com as costas na parede e a cara meio emburrada. Me servi da água e ofereci pra ele também.

G: Quer?

A: Não, valeu. – Falou dando um gole da sua Budweiser.

Bebi da água e me aproximei dele ficando entre as suas pernas. Sentado no banco ele ficava praticamente da minha altura. Ele pareceu não se importar muito com a minha aproximação, acho que já descrente devido as suas investidas falhas. Ele permaneceu fitando a pista de dança até coloquei uma mão na sua coxa e com a outra mão afaguei a sua nuca. Ele permaneceu imóvel, ainda desengonçado encostado na parede, mas os seus olhos fitaram os meus automaticamente. Fui subindo a mão que estava repousada sobre a coxa e aproximando o meu rosto, até que ficamos a poucos centímetros um do outro. Então eu falei.

G: Não é que eu não queria, só não tinha clima naquela hora.

Fui fechando os meus olhos e avançando metade do caminho para que ele avançasse a outra metade sinalizando que também estava afim. Ao invés de sentir seus lábios, senti um solavanco dele se desequilibrando ao tentar avançar ao meu encontro. Soltei um riso na hora.

G: Fica quieto. – Falei entre um sorriso e outro.

O prensei contra a parede e o beijei.

[Continua]

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Comentários

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[Tay Chris; Senpai; prireis822; Jeffo8; Marcos Costa; B Vic Victorini] = Não sei de onde vocês tiraram que o André é fofo, HAHAHAHA, fofo sou eu U.U , hehehe.

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[prireis822] = Oi, Muito obrigado (:

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[Tay Chris] = Que bom que voltou a ler xD

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Ótimo cara divide o André comigo pfvr!!!!!! Cara muito fofo ele ta de parabéns Não demore muito pra postar essa ansiedade da nos nervos parabéns

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Oi Gabriel. Boa Tarde estou amando seu relato adoro a.sua maneira de escrever vc relata de uma maneira sincera e divertida. O André é muito fofo. bjos. Pri :)

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Simplesmente apaixonado pelo André!! muito bom

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