Amor de Oficina - Parte XXVIII

Um conto erótico de Nando
Categoria: Homossexual
Contém 1245 palavras
Data: 03/06/2015 11:54:50

Sentei na cama do meu pai chorando. Eu não acreditava naquilo que eu estava lendo. Meu pai ia morrer em muito breve. Aquilo me parecia tão surreal, não dava para acreditar. Fiquei olhando aquela porra de papel até meu pai sair do banho.

Na hora que ele saiu e me viu chorando, ele perguntou:

- Filho, o que acontece... – Ele parou a pergunta, quando viu o que eu tinha na mão.

- Pai... – Lágrimas escorreram dos olhos dele. Ele se sentou do meu lado e me abraçou.

- Calma filho, tudo vai ficar bem! – Nós dois choravamos muito.

- Por que você não disse antes pai? Eu tinha ficado aqui com o senhor! – Ele se sentou e eu sentei do lado dele.

- Filho, quando você nasceu eu... eu não estava no Brasil. Eu estava em Londres, numa reunião da empresa... Peguei o primeiro voo para o Brasil e vim. Quando eu cheguei, lembro como se fosse ontem, você chorava no colo da sua mãe. Eu te peguei no colo e você parou de chorar. Você me olhou e... riu... – Ele chorava, mas feliz, com uma expressão alegremente triste no rosto.

EU fiquei olhando atentamente para o meu, esperando sua continuação.

- Depois daquele momento, eu fiz uma promessa para mim mesmo: Sempre faria de tudo para você ficar feliz. Foi por isso que eu não te falei nada. Você está tão bem, tão feliz em Itajubá!

- Mas pai... Eu quero passar todo o tempo possivel com o senhor!

- Eu também filho... Mas sua faculdade é mais importante!

- Eu tranco e fico aqui com o senhor! Transfiro pro UNIS... Sei lá! Eu sei que eu vou ficar com o senhor!

E realmente foi o que fiz.

Tomei a decisão mais dificil da minha vida.

No outro dia mesmo eu fui até o UNIS (faculdade que tem engenharia na minha cidade) e entrei com um processo. O curso de Eng. Mecanica era noturno, então eu poderia ficar com meu o tempo todo.

Em Itajubá não foi diferente. Entrei com o processo para trancar matricula. Expliquei toda a situação e meus documentos foram priorizados. Com uma semana, eu estava deixando a UNIFEI.

Não contei para ninguem. Só para o Nick. Cheguei na casa dele, ja com as malas no carro, pronto para ir embora.

Bati tres vezes na porta. Nick estava só de bermuda, olhei aquele corpo sexy, pensando que talvez seria a ultima vez que eu o veria...

- Nando, nossa! Que surpresa! A que lhe devo o motivo dessa honra? – Não resisti. Comecei a chorar. Abracei o Nick. Ele não sabia o por que disso, mas ele passava a mão na minha cabeça e falava:

- Calma, Nando! Tudo vai ficar bem. Tudo vai ficar bem – Eu soltei do abraço e falei:

- Desculpa cara... É que... Eu to indo embora de Itajubá. Não sei se eu volto... – Ele fechou a cara e me perguntou:

- Nossa, como assim? Por que? Que isso cara! – Olhei para ele e sentei no sofá da casa dele.

- Meu pai ele... ele... ele está com cancer cerebral. Estado terminal. Eu to indo embora pra ficar com ele o máximo que eu posso!

- Nossa cara, meu Deus! Não sei nem o que te falar... – Ele me abraçou. Eu chorava de tristeza.

- Não precisa falar nada cara. Eu vim aqui te agradecer... O tempo que eu fiquei aqui, o baja, você foi a melhor coisa que já me aconteceu, Nick... Então, obrigado... – Eu falei. Foi a vez do Nick escorrer algumas lágrimas.

- Cara, você também em muito tempo foi a melhor coisa que já me aconteceu. Eu espero que você fique bem! E não se iluda, você não vai se livrar de mim fácil assim. Eu vou sempre te ver cara! – Eu ri. A gente se despediu. Demos um beijo e um longo abraço.

Finalmente eu fui embora.

Cheguei em casa e fiquei com meu pai. Ele estava com a expressão cansada, triste e... doente... Nós vemos um filme juntos e depois fiz uma janta para a gente.

Depois que meu pai foi dormir, eu fui dar uma volta de carro. Sempre gostei da madrugada para refrescar a cabeça. Sentei em um barzinho vazio e tomei uma cervejinha, sozinho.

Théo passou caminhando do outro lado da rua, com seus amigos. Eu sorri bobamente quando eu vi ele. Não sei se ele me viu ou não, mas o negocio é que depois disso, eu fui para minha casa.

Custei a dormir, mas acordei no outro dia com cheiro de panquecas.

- Bom dia, pai!

- Bom dia, filho! Fiz panquecas! – Ele estava feliz. Fiquei feliz, por ele.

- Eu percebi mesmo! Está cheirando muito bom!

Eu e meu pai comemos. Logo após tomarmos o café, ele se levantou e falou:

- Bom, a vida não para né? Tenho que ir trabalhar filho...

- Mas pai...

- Filho, o que eu vou ficar fazendo dentro dessa casa? Eu gosto do meu trabalho! Preenche minha cabeça com algo mais que um tumor... – Ele sorriu para mim. Com essa frase percebi que ele já aceitara seu trágico fim.

- PAI! – Eu falei, meio bravo. Ele riu, beijou minha cabeça e saiu pela porta.

Fui até o Unis, verificar minha situação. Por azar (ou sorte) não conseguiria aproveitar nenhuma matéria. Teria que fazer tudo de novo, sem choro nem reza. Mas tudo bem, pelo meu pai eu faria isso sim.

Depois eu fui até o centro da cidade comprar alguma coisa qualquer. Fiquei atoa, pensando o que eu faria se eu tivesse em Itajubá. Baja, é claro. Aula, Nick, Nat. Bateu uma puta saudade deles...

Nick conversava direto comigo no Whatsapp. Nat não sabia ainda que eu tinha vindo embora. Somente Nick e o capitão geral do Baja sabia.

Resolvi começar minhas aulas somente no ano seguinte, já que eu não ia aproveitar nada. Nesse meio tempo tive que arrumar algo para eu fazer... Saí dali e fui andar a toda pela cidade.

Não encontrei nada para fazer de legal e voltei para a casa.

Minha vida em Varginha se resumiu nisso. Eu ficava em casa, jogando video-game, saia com meu pai e só. Nem com meus amigos eu saia. Acho que eles nem sabiam que eu estava em Varginha.

Nick e Nat vieram me visitar algumas vezes. Nat quase me espancou por eu não falar para ela que eu estava indo embora, mas entendeu meu lado da história.

Isso se ocorreu até o começo de dezembro. Meu pai ia regularmente ao médico. Ele fazia acompanhamento, tomava alguns remédios de memória e alguns outros para manter tudo funcionando o maior tempo possivel.

Eu me lembro como se fosse hoje. Era 10 de dezembro. Eu estava na sala, montando lego (sempre fui apaixonado por esse brinquedo que compro até hoje). Ele chegou até mim, sentou do meu lado e perguntou:

- O que você está montando?

- Montando esse carro, olha que legal como um brinquedo consegue ser tão perfeito – Eu disse mostrando a suspensão feita de lego. Ele riu, vendo a minha facinação.

- Filho, fiz uma decisão hoje.

- O que foi pai?

- Nós vamos passar férias na Europa. Já comprei nossas passagens. Vamos daqui 7 dias! – Ele disse olhando o relógio.

- Como assim, pai?

- É filho! Nós vamos para a Europa. Lá é bonito e legal. Quero ir lá antes de... Você sabe...

- Nossa. Por que o senhor não me falou nada!?

- Presente de natal – Ele sorriu e eu ri.

Europa, eu iria viajar com meu pai. Fiquei feliz. Mas instantaneamente depois, fiquei triste. Sabia que essa era a minha ultima viagem com meu pai.

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Comentários

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Sad, mas ao menos você esteve/está aproveitando bem seu pai. Nick é muito fofo, e a Nat é meio estranha, mas gosto dela.

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Meu querido! Me desculpa mas vou ser obrigado a fazer nova crítica. Ao que me parece você se perdeu em sua estória nesses últimos capítulos. Foram muitas mudanças drásticas que não combinam com os personagens. Se me permite um conselho como leitor e seu fã, volte a idéia inicial da estória, com sensibilidade e delicadeza. Seu conto é um dos melhores da cdc. Tenho certeza que com seu talento indiscutível saberá dar continuidade a estória, que ainda tem muito pra dar, de maneira magistral. Um grande abraço com muito carinho!!!

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Estou muito triste 😢 por isso, mais é a vida nada é pra sempre principalmente quem amamos.

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Que droga, doença maldita vem logo em alguem que a gente ama, fazer o que é a vida!

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