Sankofa: o retorno e o recomeço (cap. 6)

Um conto erótico de Mmaah
Categoria: Homossexual
Contém 1837 palavras
Data: 19/05/2015 20:57:28

Setembro chegou, e com ele meu aniversário. Havia dito que era virginiana? Nem lembro, mas acho que já é bem óbvio. Uma semana antes da data, Ci e eu estávamos conversando na casa dela, quando ela me disse que exatamente no dia do meu níver, a vó – dela - iria fazer um exame na capital e ela não sabia onde era a clínica. Me mostrou os exames e eu sabia da localização. Falei que iria levá-las. Ela disse que não, que era meu aniversário e que gostaria de passar o dia comigo. Falei que também gostaria, mas se a vó precisava de mim, porque não? No bendito dia, nós fomos. Lá chegando deu tudo errado. Faltou um documento, sei lá o que. Nem em lembro mais, acho que escrevi no outro conto com mais detalhes (O caminho das Borboletas). Eu me estressei logo de cara. Putz, perdi meu dia com nada. Sei que a culpa não era da vó, mas ela deveria ter ficado atenta às coisas. Quando eu levava a minha ao hospital, eu levava exames que tinha sido solicitados por outros médicos. Sobre os documentos, levava até a carteira de vacinação da cadela, rs... Tô zoando, mas quero dizer que sempre fui precavida. Eu entrava no carro já checando:

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Eu: Vó, tá levando RG?

Ela: Tô sim, filha?

Eu: CPF? O cartão do Hospital? Comprovante de residência?

Ela: Sim. Fique tranquila.

Eu: E os outros exames?

Ela: Também estão aqui.

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A Thy queria me ver pra me dar um presente também. Então o combinado seria: levar a vó na clínica, Thy passar lá pra me ver e depois irmos pra casa de Ci. Mas nada disso aconteceu. Eu me estressei logo, falei que queria ficar só e que ela levasse a vó pra casa. No outro dia nos veríamos. Brigamos feio e ela foi. Liguei pra Thy.

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Ela: Oi Mah. Tô chegando no centro já (A clínica era no centro).

Eu: Deu tudo errado. Aff! Que raiva. Quero fazer alguma coisa. Vamos nos ver.

Ela: Como assim? Você não ia viajar depois daí?

Eu: Tô com raiva, Thy. Perdi a manhã aqui, era meu aniversário. Putz, deu em nada. A Vó nem o exame fez Cibely, é muito irresponsável mesmo. Olha, tô indo pro Shopping. Me encontra lá.

Ela: Tá. Tô indo pra lá então.

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Peguei um ônibus e fui. Cheguei no Shopping ainda bufando de raiva. Sentei na praça de alimentação e fiquei esperando ela chegar.

Ela chegou e me deu um abraço: Feliz aniversário, viu? Sei que não foi o melhor, mas tenta aproveitar o resto do dia. Ainda não acabou.

Eu: Rs... Você tem razão. Vamos comer?

Ela: Vamos.

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Comi porcaria, pra variar. E ela comeu sushi, acho.

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Ela: Já ia esquecendo. Esse aqui é seu presente.

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Estendeu a mão com uma caixa na mão. Abri e havia uma caixa de madeira, toda personalizada com coisas minhas: havia fotos da nossa viagem a Foz, com minha vó, com ela, com outros amigos, e um pequeno texto escrito por ela. Abri e dentro havia uma garrafa de vinho e uma taça, junto com muitos papeis coloridos. Agradeci e fiquei meio lesada com meu presente, rs... Sou boba com essas coisas. Quando o almoço se foi, ela me disse:

Thy: E agora, quer fazer o que?

Eu: Huuum... queria ver o mar!

Ela: Então vamos. Vou te levar numa praia bem tranquila.

Saímos do Shopping e entramos no carro.

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Ela: Coloque o cinto.

Eu: Sim senhora.

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Chegamos na praia e andei até a areia. Sentei embaixo de um coqueiro e ela sentou ao meu lado. Fiquei olhando o mar um tempão em silêncio. Ela respeitou meu momento, e nada disse.

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Thy: Se sente melhor?

Eu: Um pouco.

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O telefone tocou e era Ci. Não quis atender, passei pra Thy.

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Ela: Oi Ci, sou eu. A Mah tá aqui amuada.

...

Huuuum

...

Ela vai sim, fica tranquila.

...

É que ela se zangou. Tenta entender também, neh? Era aniversário dela.

...

Tá bom, então. Eu vou dizer. Beijos.

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Thy: Ela quer que você vá pra lá.

Eu: Não tava mais a fim, sabe? Era meu primeiro aniversário com ela por perto. Tinha outros planos. Deu tudo errado.

Ela: Eu sei. Mas vai, e lá vocês se acertam.

A Thy sempre me apoiou, mas quando ela achava que a Ci estava errada, ela falava mesmo.

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Bonus – Thy

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Thy aqui. A Mah me convidou pra escrever algumas coisas também, e eu aceitei. Se é pra falar de mim, então que venha também o meu lado da história, né?

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Sempre fui uma pessoa super comunicativa, adorava fazer novas amizades e estando na universidade não seria diferente. Conheci algumas pessoas quando entrei no curso. Como eles diziam, eu era “fera”. Me colocaram num grupo de whats app, e como de costume fui lá ver o povo. No começo por incrível que pareça, não tive coragem de falar com o pessoal, porque pensava: qual assunto um “fera” como eu pode ter? Duvido muito que alguém me dê moral, então não falei mesmo. Passou-se mais ou menos dois meses, e o administrador desse grupo quis socializar ainda mais a gente. Vou ser sincera: achava “mó leseira o que eles falavam”, mas mesmo assim entrei no papo. Papo vai, papo vem e txanram, entra uma guria que acredito eu nunca ter visto na UF, mas entrou no papo e até achei ela bacana, pela primeira vez alguém falando coisas legais. Gostei! Quando ela entrou na conversa só vi o nick “Mah”, e de imediato fui olhar a foto e foi nisso que tive a surpresa: no lugar da foto tinha um desenho de uma boneca brava. Tive medo, claro, mas mesmo assim fiquei curiosa pra saber quem era.

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Fui para o privado e chamei: Mah?

Ela: Eu

Eu: Então, você faz esse curso mesmo?

Ela: Sim fera, rs.. Por que?

Eu: Manda uma foto, quero ver quem é. Será que já falei com vc?

Ela: Garanto que não, você iria lembrar.

Eu: Nossa!

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Pensei comigo: xiii pareceu grossa, mas talvez seja minha interpretação que esteja ruim.

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Até que ela me mandou a foto.

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Olhei, olhei, e olhei de novo, e disse: Mah, você tem certeza que é do curso?

Ela: Rs... Claro, oras bolas!

Eu: Rs... Você anda por onde, criatura? Nunca te vi por lá!

Ela: Ando pelo subsolo, rs

Eu: kkkkkkkk Nossa, vc deve andar mesmo, porque conheço tanta gente já lá na UF e nunca nem lhe vi passar no corredor!

Ela: kkkk, eu ando por lá mesmo, mas eu sou tímida, aí fico no meu canto...

Eu: Jogue fora essa timidez, não faz bem não. Tipo eu, já fui tímida uma vez na vida, mas hoje, olha só como sou rsrsr

Ela: Tô vendo como vc é tímida! Kkkk

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E assim foi indo..

A partir daí nos falávamos todos os dias, eu sempre com medo de atrapalhar ou dela me dar um fora kkkkk.

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Uma manhã eu estava na sala e a Ana entrou esbaforida: Thy, a Mah tá lá fora e quer conhecer você. Anda. Vem.

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Quando eu fui “rebocada” da sala, e a vi pela primeira vez, olhei ela da cabeça aos pés meeeeesmo - ela narrou essa parte bem -, até que fixei os meus olhos nos olhos dela, levantei a sobrancelha, dei um risinho bobo e toda sem jeito, falei: Oi Mah, foi um prazer, desculpa minha pressa, mas é porque preciso ir mesmo, e saí correndo, literalmente.

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No caminho pra casa eu vim pensando algumas coisas meio doidas, de como chegaria pra conversar com ela, uma vez que eu saí parecendo uma destrambelhada. Eu pensei até no texto do whats da próxima conversa. Meu retorno inteiro foi uma discussão comigo mesma: por que eu não fiquei?

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Quando finalmente nos abraçamos a primeira vez, foi como um pedido de desculpas da minha parte. Ela havia ido à minha sala e eu não dei muita bola pra ela. Na verdade, o que aconteceu ali foi uma crise de ciúmes, porque imaginei que ela havia ido lá pra me ver, mas na verdade, ela ficou de papo com a Ana. Quando ela me escreveu, logo que saiu da sala, me dei conta do que havia feito. E quis ir lá me redimir e lhe dar um abraço. Avisei que estava indo, e ela saiu da sala. Nosso primeiro abraço na frente da sala dela, eu estava meio constrangida devido aos meus próprios pensamentos bobos. Já no abraço, primeiro eu senti seu cheiro, depois os seus braços me envolvendo.

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Eu: Que cheiro bom ^^

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[Era um cheiro doce, embora não fosse enjoado. Fazia meu coração acelerar, mesmo que eu estivesse em repouso. Na minha cabeça, o cheiro da Mah me transmitiu paz, tranquilidade e verdade].

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Ela toda vermelha e sem me olhar, virou o rosto de lado e deu um riso torto, dizendo: Tá me deixando sem graça, rs...

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Cada tempinho com a Mah era muito bacana. Começamos a ganhar confiança, e eu já estava meio que ligada na sexualidade dela. Apesar disso, vi nela uma amiga mesmo, sabe? Até que comecei a tentar colher coisas, pra saber se o que eu pensei sobre ela era verdade rs.

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Eu: Então Mah, fala mais de você.

Ela começou a me falar umas coisas, mas logo disse que ia tomar banho e se arrumar, eu falei: Vai ver o namorado?

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[Detalhe, essa minha pergunta era pra ver se ela me corrigia dizendo que não era namorado e sim namorada, mas ela não me corrigiu, me dando a certeza que seria impressão minha. Mesmo ela não falando dela, comecei falar umas coisas minhas do meu passado. Falei de um encantamento que tive por uma mulher, e de um envolvimento que tive com outra, e foi só então que ela começou a falar dela. Que tinha uma namorada, que estava muitíssimo apaixonada e que não via a hora de um tal de “abril” chegar, que era o mês que ela iria noivar].

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Abril chegou e ela noivou. Depois de um tempo, quando foi visitar a namorada na cidade em que ela morava, me ligou, conversamos um pouco e ela me falou: Thy, gostaria que vc falasse com a Ci, você pode?

Eu:Claro Mah, posso sim.

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Conversei um bom tempo com a Ci, e em algumas vezes tive a impressão de que ela falava as coisas como que quisesse me impressionar. A princípio tive a sensação de que ela vivia uma história com a Mah, mas a Mah vivia um linda história de amor com ela. Não falei nada pra Mah, por respeito.

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Os dias se passaram e chegou o dia da Mah voltar pra cidade dela. Eu tenho certeza que eu estava mais ansiosa do que ela, por esse retorno rsrs. Mantivemos o contato e tudo que acontecia comigo e meu namorado ou só comigo, eu falava com ela, e ela da mesma forma.

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Gente, agradeço muito as pessoas que começaram a acompanhar ou me acompanham desde o outro conto. Muito obrigada mesmo. Isso me estimula a continuar a escrever. Muito obrigada mesmo.

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Beijos

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Mah

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Sankofa

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Comentários

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Eeeeeee D. Thy... continue a escrever tb rs... o outro lado da historia sempre eh muito bao... amo as duas. bjo.

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Adoro teu conto,vc escreve mto bem guria.. E Thy.. Seja bem vinda guria,escreva mais por aqui..o/

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