Apaixonando um Carente Cap.1 de 4

Um conto erótico de Marcelo
Categoria: Homossexual
Contém 1206 palavras
Data: 31/05/2015 23:33:52
Última revisão: 01/06/2015 22:26:58

- Marcelo, está em casa ?

- Sim Paulo, estou aqui - falei, ouvindo os passos dele até onde eu estava.

- Minha mãe pediu pra eu trazer isso para a sua avó - falou, me entregando uma tigela .

- Ah , obrigado, ela estava precisando - falei, indo até a cozinha e colocando a tigela sobre o balcão - ela disse que vai fazer um bolo de chocolate pra mim hoje.

- E você deixa eu comer ?

- Claro que sim, o que eu não deixaria você comer Paulo ? - ele sorriu. Sentei mais uma vez em frente ao piano, ele sentou ao meu lado.

- E o que você está fazendo aqui ?

- Sei lá, dedilhando o piano - falei, passando os dedos pelas teclas.

- Posso tentar ?

- Pode - falei, vendo ele deixar a magica dos seus dedos acontecerem. Sempre me inspirei nele, pois ele tocava muito bem o piano. Tocou um trecho da música My Heart Will Go On.

Paulo era meu melhor amigo. Meu vizinho. Morávamos no mesmo bairro em São Paulo. Ainda éramos crianças. Sutilmente me via estranhamente atraído por ele. Uma vontade de estar perto. De ouvir a voz. De sentir o abraço. Eu não sabia que era homossexual naquela época. Apenas sentia.

- " Quando a luz dos olhos meus, e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar..."

- Porquê a senhora sempre fica cantarolando essa música ? - perguntava eu, ouvindo minha vó cantarolar um trecho da música Pela Luz dos Olhos Teus.

- Foi a música que seu avô cantou pra mim no nosso primeiro encontro - dizia ela, mexendo a massa do bolo.

- A senhora ama ele ainda ?

- Amo meu filho. Acho que ele vai ser o único amor da minha vida - sorri.

- Mesmo ele não estando mais aqui ?

- Humrum. Não o troco, mesmo ele já tendo nos deixado - meu avô havia falecido a uns 6 meses. Eu morava com eles desde que nasci, pois meus pais faleceram um ano depois que eu nasci, em um assalto. Dai minha avó me criou com meu avô, me dando toda a educação e amor que eu precisava. Mas a lei da vida já estava começando a transparecer, e a cada dia que passa era maior o medo de que ela me deixasse, pois ela era tudo pra mim.

TEMPO DEPOIS

- Marcelo ?- escutava uma voz me chamar pela manhã, no momento que eu mais queria era dormir. - ei ?

- Hum... - abri os olhos e vi aquele rosto mais uma vez.

- Paulo ? - me sentei na cama, esfreguei os olhos, estava caindo de sono.

- O que você faz aqui ?

- Vim te dar um presente - falou, me entregando uma caixa.

- Não podia esperar até mais tarde ?

- Vai, abre logo - olhei pra ele e vi que ele estava empolgado. Abri a caixa e vi um urso de pelúcia dentro dele. Médio, branco, muito fofinho.

- Oh meu deus, que fofinho - falei, olhando direitinho aquele bichinho. Percebi que aquele urso cheirava ao perfume que ele usava - por que você me deu isso ?

- Eu, eu vou embora Marcelo.

- Embora, como assim embora ?

- Meu pai foi transferido de filial na empresa e vamos ter que ir junto com ele.

- Ah...- fiquei triste , não queria que ele fosse.

- Fica triste não tá ? Continuaremos melhores amigos. E pode ocorrer de eu voltar pra cá.

- Sério ?

- Humrum- fiquei o observando , pensando em como seria viver sem ele. Com quem eu conversaria ? Parecia que todos os que eu mais me importava estavam indo pra longe de mim e me deixando sozinho - e pensa bem, você pode ter outros amigos - falou, me abraçando intimamente. Foi um abraço forte, de despedida.

- Vou sentir sua falta - falei, com algumas lágrimas nos olhos.

- Eu também - nos olhamos, e eu fiquei extremamente surpreso quando ele me deu um selinho. Mais que surpreso, fiquei extasiado e sem saber o que fazer ou falar. Apenas o soltei, e vi ele sair do meu quarto. Fiquei com aquela cena por diversas vezes na minha cabeça, a espera de uma repetição.

TEMPO DEPOIS

- Está triste não é ?- minha avó perguntou, vendo eu olhar ele e sua família e entrarem no carro.

- Sim. Vou sentir muita falta deles - falei, limpando os olhos.

- Eu também meu filho - falou, acariciando meus cabelos - mas você vai ter outros amigos.

- Eu sei - nos olhamos pela última vez, antes dele entrar naquele carro. Eu sabia que iria sentir muita falta dele, depois que ele fosse. E assim foi. Ele entrou no carro e ficamos nos olhando, até o carro partir e sumir no horizonte. A cada minuto eu lembrava do beijo que ele havia me dado, e como ele ficaria na minha memória como o único beijo que eu dei.

5 ANOS DEPOIS

- Você compôs a música pra banda Marcelo ?- meu amigo Lucas perguntava.

- Não. Não consigo me inspirar.

- Mas porquê ? Você nunca teve problemas pra compor.

- Eu perdi minha avô Lucas. A pessoa que mais me inspirava a viver e a compor me deixou. Você não acha que isso é motivo suficiente pra ficar sem inspiração ? - falei, pegando minha mochila e saindo andando.

- Pô meu, me desculpa, Eu só estou preocupado com a nossa banda.

- Eu sei ! Só quero que vocês tenham calma, não é fácil encarar a morte ! - falei indo até pra casa, andando.

TEMPO DEPOIS

Na porta, fiquei olhando ao redor. E lembrando dos momentos que passava com ela. E a falta que ela me fazia.

"-Bem vindo filho - dizia ela, guardando meu casaco mais uma vez - eu fiz um achocolatado pra você, venha tomar"

"- Aqui está a roupa que descosturou filho.

- Ficou ótima vovó"

"- Pois amanhã mesmo você vai devolver esse lápis filho.

- Mas tava sem dono vó.

- Com certeza não, se ele estava lá é porquê tem dono !"

Minha avó, que sempre me dava conselhos e me inspirava a continuar escrevendo havia me deixado. Como eu disse, não tinha mais ninguém pra cuidar de mim. Agora com 16 anos, eu era obrigado a morar sozinho na casa que eles haviam me deixado. Como meu pai de sangue havia me deixado uma pensão vitalícia, eu tinha como manter todos os meus gastos. Mas o fato de perceber que você é completamente sozinho e solitário doi. Ia pra frente do teclado que havia comprado, e ficava dedilhando algumas notas, sem nada que me desse inspiração pra compor. Eu e meus amigos havíamos montado uma banda, na qual eu era compositor e cantor. A banda havia conseguido até uma agência e estava muito bem, mas essa perda me abalou. Eu olhava pra todos os lados e não via ninguém e nem nada que pudesse me causar felicidade. Olhava pra mim mesmo, via um garoto branco, bonito, de olhos castanhos, cabelos lisos pretos que ficavam muito bem em mim. Mas nem minha própria aparência me inspirava. Foi então que olhei para aquele ursinho. Aquele mesmo, que Paulo havia me dado enquanto eramos crianças. E me lembrei daquele selinho. Aquele que ficou marcado como o único beijo meu até hoje. Me lembrei do que sentia por ele naquela época. Algo inexplicável para uma criança, mas que eu sabia muito bem do que se tratava agora mais velho.

" Aquele beijo me marcou

Como uma noite de amor

Um menino inconsequente

Apaixonando um carente..."

Onde será que Paulo estaria nos dias de hoje ?

Continua

Bem gente, este é dividido em quatro partes. Espero que gostem. Beijos

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Comentários

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Nossa que conto emocionante amei de mas!!!

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Amei.o seu potencial para escrever é muito bom.

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Muito bom, nao demora com a continuação, ta Perfeito, PARABÉNS ...

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Paulo vai voltar... Historias teens com fins previsíveis são ótimas. Continua logo! <3

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